História A lua mais brilhante - O Frio e o Alecrim

Pata de Alecrim abriu os olhos verdes e respirou profundamente o ar fresco da manhã. Sentou em sua cama de musgo e suspirou alto, mas ninguém iria ouví-lo, a toca estava vazia. Sacudiu o pelo amarronzado e saiu da toca sentindo raios de sol quentes penetrar o seus pelo. Suspirou outra vez. O sol já estava alto e ainda não tinha saído para treinar, nem ninguém havia lhe chamado. Procurou pelo mentor em seu alcançe de visão, mas ele já sabia aonde Rabo de Lama estava. Caminhou tristemente até a toca do curandeiro, sua cauda arrastava no chão e suas orelhas estavam coladas na nuca. Adentrou a pequena caverna encontrando o gatão marrom claro deitado em uma cama de palha. Pela terceira vez, suspirou. Sentou-se, observando o grande gato peludo. Rabo de Lama era o guerreiro mais experiênte do clã e recusava-se a se aposentar. Claro que com a idade, veio as limitações. Ele agora passava a maior parte do tempo na toca de Passo Apressado. Seja por uma dor nas costas ou por cançasso.

_Pata de Alecrim?- murmurou Rabo de Lama. O pobre velho gato tossiu e de forma lenta se sentou.

_Não se esforce muito, mestre!- Pata de Alecrim tinha se acostumado a se dirigir à seu mentor como "mestre". Para ele, Rabo de Lama era como um pai. Vento Frio nunca deu muita atenção para os filhos.

_Irmão?- a gata tão bem conhecida pelo aprendiz listrado surgiu de um canto escurecido. Ela lhe tocou a cabeça com o nariz e lhe lambeu a orelha, ronronando.

_Vim ver como está Rabo de Lama.- cochichou no ouvido da irmã.

_Entendo que está preucupado com ele irmão, mas receio que logo Rabo de Lama tenha que se juntar aos anciãos. Quer ele queira ou não.- miou firme. Pata de Alecrim ronronou.

_Certo, Pata Arrepiada.- Pata Arrepiada era uma gata cinza-claro, listrada e com um belo par de olhos azuis, herdados da mãe. Ela era aprendiz de curandeiro e uma de suas características marcantes era o otimismo.

_Parem de falar como se eu não estivesse aqui!- reclamou o gatão. Os aprendizes ronronaram e a felina cinzenta se afastou, indo arrumar algumas ervas.

_Pata de Alecrim...- o aprendiz marrom-dourado se aproximou do mentor.- Vá treinar com Perna de Bambu. Ele é um ótimo mentor. Prometo que assim que me recuperar nós voltamos a treinar. Agora vá.- o gato malhado assenou positivamente e saltitou para fora da toca de pedras.

_Pata de Alecrim!- o sibilo irritado fez o felino se virar e encarar o representante furioso.

_O que está fazendo aqui? Por que não está treinando?- rosnou Vento Frio. O menor retesou as orelhas e fitou as patas.

_Rabo de Lama está doente e eu... eu estava indo...- foi interrompido por um uivo indignado vindo do representante acinzentado.

_Rabo de Lama é um gato velho e rabugente! Só ele que não admite! Até hoje eu guardl rancor por terem te dado um mentor tão inútil!- a última palavra fez o coração do pequeno se amargurar e ele desembainhou as garras, cavando o solo seco.

_Não!- rosnou.- Rabo de Lama é meu mestre e com certeza haje mais como meu pai do que você!- um alívio percorreu o corpo de Pata de Alecrim ao proferir tais palavras. Despejou tudo o que queria falar para Vento Frio há muito tempo. Os olhos do representante formaram fendas e a cauda dele serpenteou.

_Pois bem.- miou em uma calma gélida- Então vamos meu filhinho. Vamos treinar com o papai...- disse agarrando a orelha do aprendiz com os dentes e o arrastando para fora do acampamento.