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História A Madrasta - Day and night. Night and day!


Escrita por: AnaSykes-

Notas do Autor


💀 Boa leitura! 💀

Capítulo 21 - Day and night. Night and day!


Fanfic / Fanfiction A Madrasta - Day and night. Night and day!

Justin Bieber

 

Me considero um completo babaca, um animal por ter, infelizmente, acordado cedo em minha folga. 

Dormi tão irritado, bravo ontem à noite que esqueci de desativar o despertador do meu celular, e por culpa exclusivamente da minha burrice, acordei assustado às oito da manhã.

Tentei pegar no sono, virei de um lado para o outro na cama, mas de nada adiantava, pois o sono havia ido embora, o que me deixou ainda mais irritado.

Optei por aceitar a realidade de ser um trouxa por ter acordado cedo em um dia que deveria acordar depois das dez da manhã, se bobear depois do meio-dia, e devo dizer que por conta disso a vontade de me jogar pela janela era enorme, ainda mais pela dor de cabeça infernal que acordei sentindo por conta da discussão com Charlotte.

Inspirado pelo belo dia que fazia nessa quarta mediamente ensolarada, o sol ainda não estava forte e o ar tão fresco, que chegava ser um pecado não aproveitar tal coisa, tomei a decisão de sair para correr pela orla da praia.

Fiquei tentado em continuar minha corrida quando bateu uma vontade avassaladora de entrar na água salgada cristalina do mar de South Beach. Obviamente não me controlei e entrei no mar cristalino aproveitando o fato da praia estar praticamente vazia para deixar meus pertences na areia com um casal de velhinhos, que estavam sentados perto da água molhando seus pés e riam, ao que parece por sentir cócegas naquela aérea do corpo.

Aproveitei o quanto pude a água gelada e gostosa, ainda mais pelo mar não estar agitado.

Na maior parte do tempo que estive ali tentei reorganizar meus pensamentos, em questão de tudo... principalmente Scarlett, mas também meu pai.

Estou farto dele se metendo em minha vida, se metendo onde não foi chamado, dando opinião quando nunca pedi. É chato, ridículo e estressante!

Contudo, o que me intriga, chateia e irrita é o fato de Charlotte ficar fazendo queixa de mim para Jeremy, como se ele fosse uma espécie de pai para ela, ou seja lá o que for.

Okay, entendo que ambos têm um relacionamento invejável de sogro e nora, até gosto dessa amizade deles, mas duvido que Charlotte iria gostar caso eu começasse a reclamar dela e do nosso casamento para sua mãe.

— Senhor, Bieber! Acabou de chegar uma correspondência para o senhor. — O porteiro avisou, assim que me viu passando em frente ao balcão da portaria. O mesmo apressou-se em pegar para me entregar, um pacote mediano embrulhado no papel alaranjado.

— Obrigado, Martin. Tem mais alguma coisa pra mim?

— Sim, essa aqui é para a senhorita Charlotte, sua esposa. — Martin respondeu, entregando em minhas mãos um simples envelope. — Agora acabou!

Educadamente desejei um bom dia para ele e dirigi-me até o elevador do prédio, que não tardou a chegar. Entrei no elevador espaçoso e vazio, torcendo fielmente para que chegasse de uma só vez, sem paradas em outros andares, ao meu destino, que no caso é a cobertura do prédio.

Porém, infelizmente, o elevador deu uma "freada" brusca e parou no décimo quinto andar, faltando apenas mais oito para chegar no meu andar.

Maldito seja!

— Você? — Falamos em uníssono.

Tão surpreso quanto ela, fiquei olhando a morena se juntar ao elevador comigo e apertar o botão para o térreo.

— Pelo que sei ainda moro aqui. Agora... e você? O que faz aqui, Kétlyn?

— Não posso morar aqui? Que discriminação é essa, Bieber? Só porque tenho um trabalho humilde? Tem algum preconceito com minha profissão de babá? Fique você sabendo que é por minha escolha. 

— Não!

— Não?

— N-não foi isso que quis d-dizer.

— Não precisa gaguejar, por mais que seja fofo. — Ela implicou, lançando-me um sorriso lindo que tive vontade de fotografar. — Dormi na casa da minha amiga depois de uma boa noitada.

— Noitada em plena terça? Nossa! Parabéns.

— Ontem foi meu dia de folga, mereço um pouco de diversão. Seus irmãos dão um trabalho danado!

— Aqueles pestinhas... — Murmurei risonho.

— Não sabia que morava aqui!

— Quando falei: "Moro a duas quadras da praia" não estava de brincadeira.

— O prédio é lindo.

— É porque não foi no meu apartamento, ou por que não dizer, meu quarto? Mas sábado você terá a oportunidade de conhecer.

— Sábado? Quê?

— Depois te conto senhorita curiosa...

— Conta agora!

— Não dá, anjo... é o meu andar. Tchau, depois a gente se fala, Ket! — Beijei rapidamente sua bochecha e saí do elevador apressado, assim que a porta abriu liberando passagem.

Ao entrar no meu apartamento deixei o envelope de Charlotte sob a mesinha de centro. 

Curioso para saber o que poderia estar dentro da caixa, abri a mesma da forma mais rápida que consegui.

Grudada na caixa, após ter tirado o papel que embrulhava a mesma, havia uma espécie de carta que não demorei em abrir.

"Amado, Justin... querido filho, neto... somos nós, seus avós, Diane e Bruce. Nós estamos bem,  não se preocupe. E também muito felizes pelo nosso menino, que agora é um homem, estar feliz e iniciando sua própria família. Mocinho, agora que está casado espero que em breve nos dê bisnetos, a vovó e o vovô estão doidos para ter um novo Justin na família e pegar no colo antes de morrer. Obs: Pode ser menina também, amaremos da mesma força.

O motivo dessa caixa, é que alguns dias quando seu avô e eu estávamos arrumando o porão, encontramos algumas fotos, fitas, objetos... enfim, coisas suas de quando era criança e morava conosco, são recordações suas e de sua mãe.

Se estiver se perguntando o motivo de estarmos mandando essas coisas só agora, depois de tanto tempo, é simples: Primeiro, só lembramos de tudo isso agora. Segundo, é direito seu ter de volta, pois além de serem suas coisas e da sua mãe, seu pai roubou esse direito seu quando nos proibiu de mandar todas essas boas lembranças de volta pra você quando Jeremy o levou embora da gente.

Juntos, nós achamos justo e que estava na hora certa de te mandar, portanto esperamos que possa te ajudar nas pequenas e poucas lembranças que você tem da sua agitada infância e de sua mãe, nossa filha, Pattie! 

Querido, venha no visitar, estamos morrendo de saudade do nosso menino. Ah, e traga sua esposa contigo porque queremos conhecê-la e não temos nem ao menos uma foto dela para saber se está a sua altura e mesmo que não esteja, queremos saber se o caráter é aprovável, não fique bravo. Te amamos!

Com amor, vovó e vovô."

 

A carta dos meus avós já tinha me deixado abalado, e confesso que sou emotivo até demais, assim que vi as fotos da minha mãe sozinha, ou comigo, automaticamente comecei a chorar feito um bebê. Me esforçava para conseguir parar com aquilo, contudo parecia que quanto mais tentava, a situação piorava.

Desde que fui embora da casa dos meus avós, após minha mãe ter falecido em um trágico acidente de carro, não tive muitas fotos da minha mãe, ao não ser duas que escondi comigo, de Jeremy, por todo esse tempo.

Uma era dela sozinha no simples e pequeno jardim da casa dos meus avós. E a outra em que estávamos nós dois, ela me segurando em seu colo e eu era apenas um recém nascido.

Sempre quando pedia fotos de Pattie para Jeremy ele alegava não ter, ou dizia que ficar vendo fotos dela me faria mal e diversas vezes tentou arrancar as duas lembranças que guardei comigo por todos esses anos.

Nunca tive uma conversa com Jeremy sobre minha mãe, ou sobre eles dois... sobre quando éramos uma família, nunca tive coragem o suficiente, e quando tinha ele me cortava da maneira mais rude possível.

— Justin... amor... — A voz de Charlotte, foi como um choque de realidade pra mim. Rapidamente, temendo que ela me visse aos prantos, sequei minhas lágrimas e coloquei tudo na caixa de volta.  — Você está chorando?

— Não é da sua conta. — Respondi grosso, desviando de seu toque.

— Justin, calma! Por que está chorando?  O que são essas coisas na caixa? Vamos conversar!

— Me deixa em paz! Não quero conversar...  só me deixe, Lottie. — Falei, saindo às pressas da sala direto para meu quarto.

Tranquei-me no cômodo, voltando a ver as fotos de Pattie e tudo que havia dentro da caixa, como desenhos meus, cartões que fiz para minha mãe, alguns brinquedos que de imediato reconheci, como por exemplo os que criei com meu avô.

Sorri admirado para casinha de caixa de fósforos e alguns outros materiais que usei para criar o brinquedo para o meus bonecos de guerra.

E em pensar que aquele foi um dos meus primeiros projetos como "arquiteto". Impressionante como criança tem uma mente tão criativa e inovadora, sinto orgulho de ter sido uma criança assim.

Ignorei as batidas na porta e os chamados insistentes de Charlotte, dispensando sua preocupação em saber se estava tudo bem comigo, e antes que eu explodisse mais uma vez com minha esposa decidi tomar um banho para esfriar a cabeça e acalmar meus ânimos muito afloradas naquele dia que mal havia começado.

Guardei a caixa com as recordações em um canto escondido do meu closet, e coloquei um pano qualquer por cima da caixa. Por mais que não tivesse nada demais ali, não queria que Charlotte ficasse sabendo e muito menos que mexesse nela.

 

¤¤¤

 

— Bom dia, amor... — Charlotte desejou, quando adentrei a cozinha para tomar café da manhã. A mesma me abraçou de lado e tentou me beijar, porém desviei a tempo e sua boca encostou em minha bochecha.

— Bom dia. — Falei secamente, sentando-me na cadeira.

Em silêncio comecei a me servir e a tomar meu café sem trocar qualquer outra palavra, ou olhar com Charlotte, mas sentia perfeitamente os olhos da morena fuzilando-me, provavelmente intrigada pelo meu mau humor e a forma fria que estou a tratando.

Se ela fosse inteligente, saberia muito bem o porque.

— Está mais calmo?

— Nunca estive nervoso. — Resmunguei, bebericando o café com leite, forte do jeito que gosto. Passei a geléia de maracujá na torrada e logo a comi, talvez me acalmasse um pouco mais.

— Tudo bem... já vi que não está afim de conversa.

— Oh, você percebeu? — Debochei, a morena bufou revirando os olhos.

— Podemos não brigar? Por favor... já basta ontem, amor. Vamos dar um tempo e aproveitar nossa folga juntos! — Charlotte suplicou, cansada, ela segurava em meu braço e acariciava com suas longas unhas pintadas de um rosa bebê e alguns detalhes brilhantes.

Suspirei pesadamente, preferindo ficar quieto e voltei a comer minha salada de frutas calado.

— Planejei nosso dia e...

— Ah, você planejou?

— Sim, Justin! E tenho ideias ótimas! — Ela disse entusiasmada, não notando o deboche em minha fala. — Podemos ir ao Jardim Botânico e ao Aquário, depois iremos almoçar naquele restaurante italiano e você sabe que amo comida italiana! Temos tudo para ter o dia perfeito, nós dois juntos... vamos nos divertir!

— Bons programas, gostei... — Dei uma pausa, Charlotte abriu um grande sorriso e levantei da cadeira levando em mãos o copo cheio com suco de laranja. — Mas não irei!

— O que?

— Isso mesmo que ouviu, Charlotte. Não vou sair contigo!

— Por que, Justin? Caralho!

— Pelos motivos de ontem... e também porque não estou afim.

— Para de palhaçada, Justin! Você tem a sua opinião e eu tenho a minha.

— Não é questão de opinião, mas não importa. Eu não vou contigo, Charlotte!

— Está sendo infantil.

— Me deixa ser criança em paz então...

— Deve ter algum outro motivo para estragar o nosso dia juntos!

— Pior que tem e você não vai querer saber o que é.

— Fala de uma vez!

— Melhor não... vai ficar chateada.

— Diz de uma vez, Bieber!

— Não quero ficar perto de você, não quero falar contigo, não quero pagar de casalzinho feliz na rua quando na verdade não estamos felizes um com o outro, Charlotte. — Friamente, cuspi as palavras sem remorso algum.

Observei a morena, sentar-se no sofá chocada com minha fala, parecia desnorteada, de cabeça baixa. Charlotte tentava falar, mas estava travada para conseguir tal coisa.

— Consegue entender que foi você que quis ouvir tudo isso, certo?

— Você está estragando nosso casamento, o nosso amor, Justin...

— Amor? Charlotte, que porra de amor é esse?

— O amor que sinto por você!

— Bem, eu chamo de paixão, sabe por quê? No amor não somos egoístas, na paixão sim e é isso que você é, totalmente egoísta. Só se importa com você, com o que sente e foda-se o que idiota aqui sente! No seu mundo, só existe você, você e você. — Acusei, impiedoso. Charlotte se levantou e caminhou até mim, seu olhar raivoso não me intimidou. — O que acontece entre a gente, fica aqui, entre a gente e não com outra pessoa!

— Duvido que não converse sobre nosso relacionamento com seus amiguinhos. Principalmente o Ryan!

— Posso até conversar, mas ele não se intromete no nosso casamento igual o meu pai se mete. Viu a diferença?

— Esse é o motivo para estar bravo comigo? Se for, eu paro de conversar com o seu pai! Não é isso que quer?

— Gostaria que fosse o único motivo, porém não é. E essa atitude tem que partir de você, Charlotte! Você já fez o estrago, já deixou Jeremy dar palpite em nossa relação e acabando com essa intimidade que deu para ele, não irá diminuir o nível que estou chateado com isso!

— O que quer que eu faça, Justin?

— Que me dê um tempo. — A morena arregalou os olhos, incrédula. — Não estou falando de "tempo" para a gente se separar, estou dizendo tempo para pensar e é por isso que não vou sair contigo, porque não estou aguentando ficar perto de você, sem ficar irritado e vontade de ser grosso contigo. Entende?

— Você está levando nosso casamento para o fim desse jeito, sabia? Me afastando de você, me tratando desse jeito nojento e sendo um cretino comigo! Seu pai querendo nos ajudar e você fazendo o contrário, estragando tudo!

— Okay, Charlotte... — Dei uma pausa, ficando pensativo por alguns segundos. Tomando coragem para dizer, o que não queria. — Devemos pensar que, talvez, então eu não seja mais o homem certo pra você. Me desculpe, por não sou mais o cara certo pra te fazer feliz!

— Vai começar o drama?

— Chame do que quiser. Mas pelo que estou percebendo, não sou mais homem pra você e se não está mesmo satisfeita comigo, com que temos, peça o divórcio!

— Divórcio, Justin?

— É o mais sensato da tua parte!

— É o que você quer? Se divorciar?

Sim, Charlotte é o que eu quero! Gostaria muito de ter dito isso.

— Só estou dizendo o que você deve fazer, já que está insatisfeita e infeliz com nossa relação...

— Saiba que não vou te dar o divórcio, porque vou lutar pelo nosso casamento e o amor que sentimos um pelo outro, vai falar mais alto! É só uma má fase... — Balancei a cabeça negativamente, indignado pela assistência da morena.

— Que seja, Charlotte. Já te dei a solução e agora não quero mais discutir sobre isso!

— Não vai mesmo sair comigo? É um dia para nós dois, Justin!

— Sem condições, já falei o motivo e não me force a falar de novo... vá você, sozinha curtir a sua folga, mas comigo junto não vai rolar mesmo!

— E o que vou fazer? Planejei um dia para casal!

— Você é criativa, sei que vai conseguir se divertir sem mim. — Tentei encorajá-la, sorrindo fracamente.

Depositei um carinhoso beijo em sua testa, deixei Charlotte sozinha na sala de estar e fui até o quarto, trocar de roupa decidido a dar uma volta, ficar em qualquer lugar, menos ali.

Mexi por uma última vez em meu cabelo, deixando meu topete ainda mais arrumado e sem qualquer fio fora do lugar. Arrumei a camisa de botões xadrez, azul e preta, em meu corpo dobrando as mangas até a altura do meu cotovelo e a deixei aberta, pois vestia uma camiseta branca por baixo.

Após dar uma última verificada em minha roupa e ter a confirmação de que estou bonito, com vontade de me beijar.

Guardei a carteira e celular no bolso da calça jeans preta, com pequenos rasgos no joelho, e me retirei do quarto carregando em mãos minhas chaves.

— Vai sair? — Charlotte perguntou, surpresa, quando passei por ela pelo corredor. Apenas assenti, não olhando-a. — Justin, você prefere não ficar comigo, para sair sozinho?

— Eu só não quero a tua companhia, estou chateado contigo. É tão difícil assim de entender?

— Caralho! Um tapa na cara doeria menos do que ouvir isso de você!

— Okay, dá próxima vez que tornar a fazer a mesma pergunta, te dou um tapa na cara. Satisfeita? — Ironizei, tentei passar por ela, mas a morena segurou em meu braço, impedindo-me. Bufei, começando a me irritar. — Que é agora, Charlotte?

— Pra onde você vai?

— Isso é mesmo da sua conta? — Perguntei, rude e soltei-me dela.

— Eu sou sua esposa, Justin!

— Exatamente, esposa! E pelo o que me lembro você não é minha mãe!

— Graças a deus, imagine se fosse? Agora eu estaria morta.

Fitei-a chocado demais para dizer algo, até mesmo conseguir xingá-la até a sua última geração, ou jogá-la contra aquela parede e machucá-la por ter feito um comentário tão inútil.

Apenas balancei a cabeça negativamente, repreendendo-a com o olhar, enquanto Charlotte continuava estática, de olhos arregalados e as mãos tampando a boca. Retirei-me dali, caminhando em passos largos e pesados até a porta de entrada do apartamento.

— Amor, perdão! Não quis falar isso!

— Me solta, porra! Não encosta em mim! — Bruscamente, afastei-me de seus toques insistentes em meu corpo e lhe dei um violento empurrão, que a fez cambalear e quase cair. — Se antes não queria ficar perto de você, agora mesmo que não quero... nem que esteja pintada de ouro. Nem morto quero estar perto de você, Charlotte! A tua presença, hoje pra mim, é totalmente nojenta e inútil. Fique bem longe de mim até segunda ordem, entendeu bem? Não apareça tão cedo na minha frente, Charlotte! — Com o tom de voz exaltado, falei nervoso.

— Só quero saber para onde você vai, Justin! É o meu direito como sua esposa!

— Por que você não enfia esse direito no... — Respirei fundo, descontei minha raiva num dos vaso preferidos da morena, dando um forte chute nele que o fez quebrar em segundos ao colidir tanto com meu pé e o chão. Charlotte fitava-me apavorada. — Quer saber pra onde vou? Pois bem, irei para um lugar que me faça ficar o mais longe possível de você. Ficarei em algum lugar que me faça esquecer tua existência e todo o inferno, que você desde ontem, causou. Irei para um lugar que tenha pessoas que me façam bem. E, definitivamente este lugar e essa pessoa não é você, Charlotte!

— Justin! Espera!

— Tchau, e tenha um péssimo dia! — Sorri falsamente e saí apressadamente do apartamento, fazendo questão de bater a porta com força, fazendo um estrondo.

 

¤¤¤

 

Dei voltas, e mais voltas pela cidade de Miami, tentando reorganizar meus pensamentos e diminuir a raiva que estava sentindo por Charlotte, chegava a ser algo anormal, pois quanto mais tentava amenizar, a raiva aumentava cada vez que eu lembrava dela tirando sarro da morte de Pattie.

Ela poderia ter dito qualquer coisa, menos aquilo.

Beleza, saí de casa com o intuito de me distrair com algo, ou alguém, mas cheguei a conclusão de que não havia ninguém.

Porque Ryan não estava de folga, liguei para ele agora a pouco e ele me informou estar em uma obra resolvendo alguns problemas, Chaz também estava trabalhando e não seria liberado tão cedo, pois pegaria plantão a noite no hospital que trabalha. Kétlyn também está trabalhando... sobra Scarlett.

Porém o clima entre Scarlett e eu ainda está estranho, por mais que tenhamos conversado, brevemente, na noite anterior. E não sou burro, notei que ela estava seca e séria, tanto que antes que eu pudesse conversar com ela, desligou na minha cara sem me dar chances de falar uma só palavra.

Talvez essa estava sendo a chance perfeita de ir até a mansão, conversar e tentar me acertar com ela. Pedir desculpas pelo beijo e pelo que falei, por mais que eu quisesse mesmo levar aquilo adiante e estivesse disposto a não me enganar mais.

E estou decidido, Scarlett querendo ou não, vai conversar comigo! Nem que eu tenha que amarrá-la para conseguir ter essa conversa.

 

¤¤¤

 

Come direito! Meu deus! Você é uma peste, Jaxon! Suma da minha frente, garoto! — Assustado, pelo tom de voz grosseiro e alto usado pelo pai, espionei a conversa que Jeremy tinha com Jaxon.

O loirinho estava encolhido na mesa, de cabeça baixa. Semicerrei os olhos, observando.

— Digo e repito, você é a porra de um bastardo imprestável! Maldita hora que Scarlett engravidou de você, garoto!

— Por que você não gosta de mim, papai? — Jaxon questionou, ainda de cabeça baixa e a voz chorosa. O jeito como meu irmãozinho estava e a pergunta dele, partiram meu coração. — Também sou seu filho!

— Não! Apenas Jazmyn e Justin são meus filhos! Você é a merda de um bastardo indesejado e a vaca da tua mãe sabe disso!

— Não xinga minha mamãe! — Jaxon exclamou, bravo, estufando o peito. Arregalei os olhos perplexo, quando o pequeno jogou, sem pestanejar, a água que estava em seu copo no rosto de Jeremy.

Não pensei duas vezes antes de invadir a sala de jantar, ao ver que Jeremy se preparava para acertar uma palmada em Jaxon. Quando o mesmo me viu, abaixou de imediato a mão enquanto meu irmão, corria em minha direção e pulava em meu colo, amedrontado.

— Não deixa o papai me bater, maninho... — Ele sussurrou, amedrontado com o rosto escondido em meu pescoço. Apertei-o em meus braços, o protegendo de qualquer medo que ele pudesse estar sentindo do mais velho.

Jeremy estava sem graça enquanto secava o rosto com o guardanapo. Não deixei de encará-lo um segundo, com o meu melhor sério e mortal, demonstrando que sua atitude não me agradou.

— Jaxon, vá brincar um pouco. O maninho vai ter uma conversa com o seu pai! Tá bom? — Ele assentiu, dei um beijo em sua testa e o coloquei no chão, Jaxon correu para fora do cômodo e fechei a porta, para que nenhum dos empregados ouvisse nossa conversa. — Qual é a porra do teu problema? — Questionei, aproximando-me ameaçadoramente dele. Ficando frente a frente com o moreno de cabelo raspado.

— Tem uma explicação para o que você ouviu e viu, filho!

— E qual é a sua explicação? — O cortei antes que ele falasse, forçando uma risada. — Seja qual ela for, pra mim não importa!

— Como não? Jaxon come feito um animal, não tem educação...

— E isso é motivo para chamar o garoto de "bastardo imprestável" Jeremy? Que eu saiba o Jaxon é seu filho, tem o seu sangue!

— Eu tenho minhas dúvidas!

— O que está insinuando?

— Que a vadia da sua madrasta, a mãe dele, me traiu!

— Oh, olha quem fala! O santo do pau oco! Fico indignado com a tua cara de pau!

— O que é isso? Me respeite Justin!

— Quando você conseguir respeitar o teu filho, que aliás é uma criança de apenas cinco anos de idade, voltarei a te respeitar, Jeremy. Ah, e se a Scarlett te traiu, foi porque você mereceu!

— Como é, que é?

— De repente ficou surdo? Que pena!

— Justin, me respeite! Eu exijo que... — O interrompi.

— Você não está em condições de exigir caralho nenhum de mim, pai! Você não tem moral pra isso! — Jeremy, cerrou os punhos e sorri debochado, disposto a provocar mais. Não veria problema algum em acertar um soco na cara dele, caso ele tentasse me bater. Do jeito que estou nervoso, descontar minha frustração, raiva nele estaria de bom tamanho. — Mesmo que Jaxon não seja teu filho, ele merece respeito por ser uma criança!

— E eu não mereço respeito?

— Não quando você o ofendeu! Chamou uma criança... C-R-I-A-N-Ç-A de merda, falou que ele é um filho indesejável. Qual o seu problema? Você tem noção do quanto as tuas palavras podem ter pesado na cabeça dele?

— Okay, admito que errei... — Rendeu-se arqueando as mãos. — Mas ele também não é uma criança fácil, Justin. Você não convive vinte e quatro horas por dia com ele para entender e...

— E você convive? Ou pelo menos tenta conviver, pai? — Ri forçadamente, negando com a cabeça. O moreno ficou sem graça. — Não, né? Porque é ocupado demais com as vadias que dão pra você pelo teu dinheiro!

— É bom que eu não conviva, ou estaria louco! — Jeremy exclamou, vestindo seu paletó.

— Só consigo sentir pena e nojo de você...

— Nojo? Ah, faça-me o favor, Drew! Eu sou seu pai!

— Apenas Deus sabe o quanto desejo que não fosse... — Dei uma pausa. — Não depois da cena desprezível que presenciei, teus argumentos são tão ridículos quanto você!

— Justin, olha aqui..  — Semicerrei os olhos, encarando-o de forma superior quando ele segurou-me pelo colarinho da camisa, completamente irritado.

— Que é? Vai me bater? Eu não sou inofensivo como o Jaxon e sei me defender muito bem... papai. — Ironizei, fitando-o.

Jeremy permaneceu agarrando-me pela camisa enquanto me mandava um olhar mortal, se fosse um desenho animado, neste momentos fogo estaria saindo de suas íris castanhas.

— Ei, ei, ei! O que é isso aqui, gente? — Scarlett questionou, adentrando a sala de estar. Não a encarei por estar ocupado retribuindo o olhar sério do mais velho, mas pelo tom de voz dela pude reconhecer o quão assustada deveria estar. — Jeremy solte o Justin! Agora! — A ruiva ordenou, entre os dentes.

Jeremy me soltou bruscamente, sem desviar o olhar de mim e da maneira mais debochada possível, retribui sorrindo enquanto ajeitava minha camisa, amassada, no corpo.

— Posso saber o que deu em vocês?

— Não é da sua conta, Scarlett! Não se meta onde não foi chamada! — Jeremy disse, severo. Ela revirou os olhos, dando de ombros.

— Fale direito com ela! — Exigi, a defendendo, mesmo sabendo que não precisava e que estou fazendo papel de idiota.

— Falo do jeito que eu quiser com ela. Não se meta no meu relacionamento com Scarlett, Drew!

— Oh... que bom, que tenha tocado neste assunto. Porque da mesma forma que você se mete no meu casamento, também posso me meter no teu! Direitos iguais.

— Do que ele está falando?

— Você não sabia, Scarlett? Seu marido agora nas horas livres, claro quando não está transando com uma vadia qualquer, ele dá um de psicólogo para a minha esposa! — Revelei, Scarlett dividia o olhar surpreso entre o marido e eu, enquanto o mesmo parecia a ponto de explodir.

— Só faço o que acho melhor para vocês dois! Quero apenas ver o meu filho bem e feliz com sua esposa.

— Se metendo na minha vida? No meu casamento?

— Eu gostaria que o meu pai tivesse feito, o que estou fazendo por você, Justin! Mais você é a porra de um filho da puta ingrato!

— E o que você está fazendo, pai? Colocando merda na cabeça de Charlotte? Entupindo a cabeça de besteira? Me fazendo passar como vilão da história? Nos colocando um contra o outro? Causando discórdia? Você não está ajudando, está atrapalhando e destruindo o pouco que resta do meu relacionamento com ela!

— Dê atenção para sua esposa, faça ela feliz então, talvez assim ela pare de me procurar para receber conselhos!

— Da mesma forma que você dá a atenção que Scarlett merece? Jeremy, quem é você pra falar de mim? Cadê a sua moral?

— Estou perdendo a paciência contigo! Pare de me provocar!

— Então pare de se meter no meu casamento, porra! Ele não te diz respeito! Por que não cuida do teu? Por que não cuida da sua família? É sério que a tua vadiazinha fixa é mais importante e melhor que eles, Jeremy?

— Amante fixa, Jeremy? — Scarlett falou surpresa. Senti-me mal por ter dito aquilo em sua frente, susoirei pensadamente. 

— Scarlett... agora não. E Justin, pare de falar merda!

— Eu paro de falar merda e você diz a verdade pra ela!

— E aproveita pra dizer o nome da vagabunda! — Scarlett ordenou, estalando os dedos em um gesto para apressá-lo.

Jeremy bufou, pegou sua pasta do chão e saiu pisando forte da sala de estar, em silêncio e sem olhar pra trás.

— CANALHA! COVARDE! — Scarlett gritou em pleno pulmões, correndo atrás dele, porém Jeremy foi mais rápido em fugir da mansão. — Sabia que ele estava com alguém ontem, mas não imaginava que fosse uma amante fixa!

— Ao que tudo indica, é. — Confirmei, sentando ao lado dela no sofá.

— Estavam brigando por causa de mim e por ele se intrometer no seu casamento?

— Também. — Ela franziu o cenho, confusa. — Peguei Jeromy xingando Jaxon, o chamou de merda, bastardo imprestável e indesejável. Disse que o garoto não é filho dele, porque só tem dois...

— Jazmyn e você. Justin, não é a primeira vez que ele diz essa merda!

— E você deixa?

— O que você quer que eu faça, Justin?

— Que tome alguma atitude em relação, Scarlett. O Jaxon não pode crescer ouvindo esses absurdos e apanhando por fazer artes de criança, não está certo!

— Jeremy não gosta de Jaxon, nenhum pouco. Antes ele disfarçava, agora liga o foda-se, até na frente dos empregados!

— Quando foi que meu pai se tornou esse homem escroto?

— Talvez seja por causa da tal amante fixa e se for alguma mulher mais nova que ele, uma ninfetinha por acaso... está virando a cabeça dele do avesso!

— Está o destruindo!

— Que ele se foda! Não me importo!

— O jeito como Jaxon ficou pelo que Jeremy falou, deixou meu coração partido, Scar. Fiquei tão revoltado, que só queria socar a cara do meu pai até ele pedir perdão pelas merdas que disse de joelhos no asfalto quente! — Falei agitado, gesticulando sem parar, a ruiva apenas ria e me peguei sorrindo por isso. — Não sabe o quanto desejei naquele momento que... — Dei uma pausa, recebendo o olhar intrigado dos olhos azuis. — Jaxon fosse meu filho e que não tivesse mais que passar por nada disso!

— De novo isso? — Perguntou, soltando uma fraca risadinha.

— Sim. Tem certeza de que ele não é mesmo meu filho, Scarlett?

— Você viu o resultado... se quiser fazer outro teste, faça e se decepcione de novo, Justin. — Aconselhou, piscando e se levantou. Suspirei pesadamente, entristecido. — Se quer que o Jaxon seja seu filho, não precisa provar isso através de um papel, porque sangue um do outro vocês já têm. — Sorriu de canto. — Basta aceitar a vontade de seu coração e amá-lo assim, não precisa de uma confirmação científica!

— A vontade do meu coração é que eu faça outro teste de DNA.

— Por mim você pode fazer, dará negativo de novo. Você quem sabe, não irei me intrometer! — Assenti, fazendo pouco caso para sua opinião.

Scarlett permaneceu mais alguns segundos na sala me olhando, parecia esperar alguma atitude minha para iniciar uma nova conversa, ou simplesmente falar sobre o que aconteceu no bar, mas estava tão desnorteado e sem graça, que não tive tempo de impedi-la de ir embora dali.

Apressadamente segui a ruiva até a biblioteca, ao notar que estava sendo seguida, Scarlett virou-se e me encarou atenta, à tempo de me ver trancando a porta.

— Vamos conversar sobre o que aconteceu no bar!

— Não parece uma conversa e sim uma intimação. — Ela brincou, dando um sorriso nervoso. Ousei me aproximar da ruiva e consequentemente, ela afastou-se.

— Não tenho nenhuma doença contagiosa, Scarlett... não precisa ter medo.

— Não estou com medo, ainda mais de você.

— Então fica perto de mim... — Sussurrei, sorrindo de canto. Scarlett, receosa, voltou a se aproximar e quando ela esteve o mais perto possível, a agarrei pela cintura. — Essa é a sua conversa?

— Única forma de você não fugir de mim...

— Diga o que quer logo, Justin!

— Você quer conversar? — Perguntei, os olhos azuis transmitiram confusão pela minha pergunta idiota.

— Estou sendo obrigada a ter essa conversa e pareço não ter outra alternativa!

— Então não quer?

— Não! — Respondeu firme.

— Ótimo...

— Quê?

— Porque também não quero ter essa conversa... — Sussurrei, colando minha testa na dela. Scarlett continuava confusa, eu mesmo também estava bastante confuso comigo mesmo.

Estava agindo por impulso. Ouvindo apenas meu coração que clamava pela mulher em minha frente.

Não queria ouvir meu lado racional. Queria apenas Scarlett, exclusivamente pra mim, sendo minha dia e noite, noite e dia.

— O que quer de mim... — A frase ficou no ar, pois Scarlett foi interrompida quando colei nossas bocas em um beijo.

Não perdi tempo antes de invadir sua boca com minha língua, procurando aproveitar o máximo que podia de sua boca e daquele beijo, a qual senti falta por tão poucos dias. Scarlett correspondia ao beijo sem recusar qualquer toque meu, ela apenas retribuía com a mesma, senão maior, intensidade e vontade.

Talvez essa fosse a razão para que eu estivesse tão estressado com tudo e todos, explodisse facilmente, sendo que não sou assim. 

Grande maioria das vezes sou calmo e pacífico com qualquer tipo de problema, por mais chato, difícil e problemático  de se resolver. 

Estar confuso com o que sinto, ter sentido falta de Scarlett e me sentido mal pelo que aconteceu entre nós dois, foi o início da bola de neve, que começou com minha madrasta e terminou com Charlotte.

Estava nítido que enquanto eu não me resolvesse com Scarlett, nada voltaria ao normal dentro de mim, continuaria irritado e brigaria por qualquer motivo, pois precisava descontar minha frustração e raiva em algo/alguém.

E chego à seguinte conclusão, infelizmente... voltei a ser dependente de Scarlett.


Notas Finais


Clima esquentou entre Justin e Charlotte, ela vacilou feio ao falar da Pattie. Talvez essa fase deles tenda à piorar daqui pra frente, o mesmo serve para a relação do Justin e o Jeremy, já que ele pegou o pai no capítulo passado falando merda e como se não bastasse, ainda o flagrou maltratando o irmão. 💔
Jeremy tá um lixo humano ambulante! 😤

Falando de coisa boa, eu acho, que vocês podem comemorar a volta do nosso casalsão da porra, haha. Ou podem se conter, para não ter surpresas desagradáveis no capítulo seguinte! Sei lá, um flagrante, ou um possível cu doce da Scarlett! Oremos para que não e que daqui pra frente eles fiquem juntinhos. 🙌

Enfim, espero que tenham gostado do capítulo. Até o próximo, pessoal! 😊💕


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