História A Magia da Promessa - Cap. 19

*Filipi*

Já faz quase meia hora que Liss saiu... Será  que aconteceu alguma coisa?

Começo a ficar apreensivo, o que resulta em um olhar preocupado, o que Bruno percebe.

- Você está bem? - Ele me pergunta.

-Oi? - Olho para ele, saindo de meu transe. - Estou sim... Só estou um pouco preocupado... Com licença. 

Caminho em direção à porta, a mesma direção que Liss tomou quando se retirou.

Será que ela está bem? Pergunto a mim mesmo. 

Quando cruzo a saída do Grande Salão olho em volta a procura de minha esposa... Nem sinal dela.

O lugar está cheio de gente bem vestida e algumas pessoas fazendo check in na recepção.

Penso em ir até o quarto, mas lembro dela no elevador e recuo. Liss jamais entraria nessa caixa sozinha.

Resolvo perguntar à recepcionista se ela avistara a minha mulher, e e moça me responde que ela foi em direção à piscina.

Liss

A noite está abafada e o ambiente está calmo.

Precisava sair daquele aglomerado de gente para pensar... Pensar na conversa que tive com aquela mulher, pensar na possibilidade real de ser traída... Trouxa, meu... Uma verdadeira corna! O que eu fiz para ele? Qual o problema DELE? Pois se Filipi acha que vou me culpar por uma coisa que eu não tenho, na prática, nada relacionado à isso... Ele está cem porcento enganado.

Sento-me na beira na piscina e fico deslumbrando a água.

Minha vontade era de nadar, mas nadar para longe e me esconder. Mas eu não sou mulher que se esconde. Passei por poucas e boas na minha curta vida e não é por causa de um possível chifre que eu vou esconder.

Fiz trabalho voluntário em períodos que no Brasil era férias na região de Belo Príncipe, Nova Guiné, Haiti, Angola... Vi sofrimentos muito maiores que esse que estou passando... Sofrimento físico, de fome... Até mesmo sofrimento sentimental... Eu vi o medo estampado no rosto de crianças e idosos, a incerteza na face de jovens e a simples, mas trágica, conformidade em momentos que a única coisa que eu podia fazer pela pessoa era espantar as moscas e esperar sua hora chegar.

Isso que eu estou sentindo é insignificante... Mas dói. Dói muito.

Eu realmente achei que isso fosse dar certo assim que a gente chegou aqui... Mas a verdade é outra. Filipi não quer saber de estar casado comigo ou talvez com qualquer outra. Ele quer ser livre, ser romântico, mas não no sentido literal... Ele quer viver a época do Barroco, em que escritores e pintores viviam a farra e depois se arrependiam. 

Olho para o horizonte e vejo uma escuridão sem fim. Fixo meus olhos no preto da noite e sou tirada de meu transe quando o telefone em minhas mãos vibra.

Minha vontade é de jogar o aparelho longe, de  sumir com ele, de quebrar em pedaços bem pequenos, mas o que eu faço é exatamente o contrário: Coloco o pequeno objeto com cuidado no chão ao meu lado. 

Vi que a mensagem recebida era uma imagem e eu, sem sombra de dúvidas, não quero ter certeza do que eu já sei.

- Liss? - Uma voz familiar me chama e eu me viro.

Filipi está parado na entrada da área da piscina. Seu cabelo está desarrumado, com se tivesse passado a mão várias vezes nele.

Ele se aproxima e se senta ao meu lado.

- Você está bem? - Ele me pergunta.

- Estou sim, obrigada pela sua consideração. - Digo ironicamente.

- O que está acontecendo? - Ele pergunta colocando a mão em meu ombro, mas eu atiro e me afasto um pouco.

- Você me paga décimo terceiro? - Pergunto olhando em  seus olhos e fingindo curiosidade.

Filipi me olha como se não estivesse entendendo.

- No Brasil, as empresas pagam décimo terceiro para seus funcionários... Eu vou receber  também ou na Itália isso não acontece? Não me inteirei devidamente sobre o assunto ainda - Olho em direção da piscina.

- Do que você... - Não o deixo terminar.

- Eu vou exigir meu décimo terceiro e pronto! - Digo e me levanto.

Ele me acompanha com os olhos com uma cara de confuso.

Não vou mentir... Estou amando isso, não o motivo disso, mas fazê-lo de bobo assim como ele fez comigo.

Agacho-me e pego seu celular, o entregando.

- Você terá uma reunião assim que chegarmos à Itália com uma tal de... - Tendo lembrar o nome da moça - Lia! - Digo assim que o lembro.

Filipi fica pálido, quase como um fantasma; e acredito que todo o ar saiu de seus pulmões.

Viro-me e vou em direção ao bar, mas paro... Tenho mais uma coisa para dizer.

- Qualquer dúvida, espera até às 8 da manhã... Não sou secretária em tempo integral... Conheço meus direitos. - Com isso eu me retiro.

Filipi

Secretária em tempo integral?

Meus pensamentos são interrompidos com meu telefone tocando.

Vejo o nome de Lia na tela do pequeno aparelho e suspiro.

- Essa mulher só pode ser louca. - Digo para o nada. - O que você quer? - Atendo seco.

- Amorzinho! Sabia que o nome das secretárias mudou? Agora é esposa... - ESSA MENINA TEM ALGUM RETARDO MENTAL... COMO QUE EU JÁ FUI ATRAÍDO POR ELA EM ALGUM MOMENTO, SOMBRIO PELO JEITO, DA MINHA VIDA? - Enfim... Achei que seria importante você saber... Quando formos nos encontrar, você quer vir direto pra cá ou...

- Ou nada, Lia! Eu estou CASADO e tudo que eu quero agora é minha mulher - a interrompo. - Entende isso! Não me procura mais! Você é só um passado que eu quero esquecer!

Desligo o telefone e corro em direção à Liss. Preciso explicar tudo para ela.