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História A Marquesa 👑 - Acordos e desacordos


Escrita por: Shays

Notas do Autor


— BOA LEITURA 💋

Capítulo 1 - Acordos e desacordos


Fanfic / Fanfiction A Marquesa 👑 - Acordos e desacordos


—Mas que grande droga!

Apesar de murmuradas, as palavras de Fugakú Uchiha , duque de Konoha, espantaram seu secretário, Yamato.

O duque estava sentado atrás da escrivaninha enorme e entalhada, examinando a correspondência diária. Os óculos, utilizados só para leitura, apoiavam-se perigosamente na ponta do nariz, enquanto o lorde relia a carta que causara a leve imprecisão.

O sr. Yamato, tão longilíneo que parecia saído de uma pintura, fingiu concentrar-se no trabalho, embora com o íntimo em polvorosa.

A exclamação do duque teria sido um indício de susto, de raiva ou de pasmo? O jovem não teve satisfeita a curiosidade.

O duque deixou a carta sobre a mesa e foi até uma das janelas altas, por onde se descortinava Uchihas Park, morada da família fazia trezentos anos. Quinze anos atrás, para celebrar o novo século, fora executado por Hiruzen Sarutobi um ajardinamento espetacular em centenas de acres de terras. E havia quatro, como parte das comemorações da maioridade do herdeiro, marquês Sasuke Uchiha, o lago fora expandido. Ao mesmo tempo fora adquirida uma ilha e construído um templo, celebrados com uma grande queima de fogos. Mas em geral o duque não era dado a contemplações da paisagem, apesar de tantas maravilhas.

Sua fisionomia sempre imperturbável não traiu seus sentimentos. Magro, com mais de cinquenta anos, milorde era uma pessoa fria, na opinião do sr. Yamato.

O silêncio prolongado do duque preocupava o secretário. Teria a fatalidade atingido o lar dos Uchiha, traduzindo-se isso em desemprego?

Impossível. O duque era um dos homens mais ricos do Japão, e Yamato sabia melhor do que ninguém que seu empregador não fazia investimentos arriscados, nem jogava. E muito menos a bela duquesa.

O mesmo não se podia dizer de Sasuke Uchiha, marquês de Konoha, um homem mundano nascido em berço de ouro e que nada temia. Nas raras visitas ao lar paterno, o marquês ignorava a existência de Yamato e tratava o pai com uma cortesia formal que beirava o insulto.

O secretário ponderou que pais e filhos de alta linhagem não se davam bem. A começar pelo rei e pelo príncipe regente. Antes de o rei ficar maluco, claro. Talvez fosse pelo fato de o herdeiro ser forçado a esperar a morte do rei para assumir as regalias paternas e o pai estar bem consciente disso.

Por aquela vez, o sr. Yamato ficou feliz com sua própria existência.

Ao olhar as feições rígidas de seu senhor, Yamato achou que seria difícil alguém experimentar ternura pelo duque. O marquês era bastante simpático com a mãe, dona de uma natureza dócil. Contudo, o marquês era conhecido como um expert no trato com as mulheres.

— Sr. Yamato, por favor mande pedir à duquesa alguns momentos de seu precioso tempo.

O secretário não descobriu nenhuma pista no semblante, nem na entonação do duque e, com igual frieza, passou o recado para o criado, a postos no corredor.

Porém uma visita àquela hora do dia, uma quebra dramática de rotina, era prenúncio de algo muito sério.

Na certa o arrojado marquês quebrara o pescoço em uma de suas proezas arriscadas. Desastre total! O parente mais próximo era um primo em segundo grau. Durante duzentos anos, a linhagem dos Uchiha passara de pai para filho sem interrupção. Seria uma lástima se uma tradição tão bela se perdesse.

O criado voltou, dizendo que a duquesa estava às ordens. Milorde saiu para levar a notícia para a esposa, e o sr. Yamato ficou imaginando a quantidade de mensagens de pêsames que viria parar em cima de sua mesa.

O duque foi admitido nos aposentos arejados da esposa pela criada de quarto, que desapareceu em seguida. A duquesa bordava sob a luz das portas  que davam para uma varanda. O frio de fevereiro não permitia que elas fossem abertas, mas o brilho do sol dava a impressão de um clima mais quente. Os jacintos e os narcisos floresciam nos vasos e perfumavam o ar.

A duquesa, apesar dos cinquenta e dois anos e de muitas lágrimas derramadas, era uma mulher bonita que não evitava a luz, como a maioria costumava fazer. Os fios negros dos cabelos realçavam a cor dos olhos onix muito escuros brilhavam sempre. O duque se apaixonara por ela na primeira vez em que a vira, sentada no jardim do castelo dos pais.

— Bom dia,  — ela o cumprimentou, cortês e gentil, — Quer falar comigo?

O duque refletiu se ainda aconteceria um milagre e estendeu a carta.

— Sim, milady. Leia, por favor.

A duquesa ajustou o delicado pincenê de ouro no nariz e concentrou-se na leitura. Demonstrou apenas surpresa e terminou com um sorriso.

— Que bobagem ela não tê-lo consultado antes. O que pensa em fazer? É sua filha, e sinto falta de jovens nesta casa.

Fugakú  caminhou até a janela e pensou na tolice de esperar recriminações por parte da esposa àquela prova de infidelidade ocorrida no passado. Na verdade, ele ansiava por qualquer reação que fosse, mesmo irada, que rompesse a barreira de gelo que ela erguera havia vinte anos.

— Não quero apenas trazer para cá minha filha bastarda. Pretendo casá-la com Sasuke.

A duquesa empalideceu.

— Ele não aceitará isso, Fugaku. Sasuke escreveu na semana passada, dizendo ter resolvido pedir a mão da srta. Ino Yamanaka.

O duque irritou-se.

— E por que não me contou isso? Será que não tenho o direito de saber o que acontece com meu herdeiro, mesmo não sendo ele meu filho?

A duquesa baixou a cabeça.

— Independentemente do que eu diga a respeito de Sasuke, milorde sempre discutira a respeito. Eu quis apenas manter a paz.

— Pois então reze para que ele ainda não tenha se comprometido ou não haverá nenhuma paz no futuro!

Fugaku suspirou e sentou-se diante da duquesa.

— Mikoto, se seu filho se casar com minha filha, a linhagem não será extinta.

— Fugaku, estamos falando de pessoas. — A duquesa torcia as mãos no colo. — Sasuke já entregou seu coração. Como sabe se Sakura Haruno também já não fez o mesmo? E será que é mesmo sua filha?

— Farei indagações, mas acredito nisso. Mebuki Haruno era honesta, embora fosse muito simples. Creio que foi isso o que me atraiu nela, na ocasião.

Mikoto enrijeceu, à espera das velhas recriminações que, afinal, não vieram.

— E era também virtuosa — ele continuou, constrangido por discutir o adultério com sua mulher. — Tinha um bom coração e comoveu-se com minha dor. Mebuki  sofreu muito, e não quis a menor retribuição de minha parte. Se ela não me pediu ajuda quando descobriu estar grávida, talvez fosse para sepultar o relacionamento.

Fugakú  tomou a carta das mãos da duquesa e fitou a caligrafia tremida daquela que fora, por pouco tempo, sua amante.

— Quando nos conhecemos, o marido, oficial do exército, estava em missão. Mebuki não poderia dizer que o bebê era dele, e na certa escondeu a gestação de todos. Por isso deve ter entregado a filha para que uma amiga a criasse.

—  E em seu leito de morte, pediu que você assumisse a responsabilidade. Será que a moça se parece com o pai?

—  Sou um tipo comum, qualquer um poderá parecer-se comigo...

— Fugaku, isso não vai dar certo. O que a sociedade diria se nosso filho se casasse com uma desconhecida?

— A verdade, milady, é que ninguém se surpreenderia com atitude alguma de seu filho.

— E se Sasuke se recusar?

— Eu o deserdarei de tudo, com exceção do legado inalienável.

— Não pode fazer isso, Fugaku!

A maior parte da fortuna da família não estava vinculada ao filho mais velho. Sem isso, Sasuke jamais seria capaz de manter as mansões, a multidão de servos e dependentes, condição esperada de um duque.

—  Posso e o farei. — Fugaku levantou-se. — Herdei uma genealogia sem jaça, e assim pretendo passá-la à frente. Se Sasuke não entender sua obrigação, não será merecedor da regalia.

A duquesa ficou em pé.

— Dirá isso a ele?

— Claro!

Fazia muito tempo que o duque não via a duquesa com lágrimas nos olhos.

— Não tenho escolha, Mikoto.

— Ele nos odiará.

— Devia ter pensado nisso antes de ir para a cama com Madara Uchiha. — E Fugaku saiu do quarto.

Mikoto largou-se na poltrona e procurou o lenço, para enxugar o pranto. De fato, se houvesse previsto o futuro, deveria ter evitado Madara Uchiha como uma praga.

Madara Uchiha fora seu primeiro amor. Irmão mais novo do Duque.  Um jovem encantador que arrebatava corações, frequentava as reuniões pré-revolucionárias e os salões de "baile". Apesar disso, Mikoto alegrou-se em satisfazer a vontade dos pais, que insistiam no casamento com o duque, na época marquês de Konoha. Chegara a ter afeição pelo marido, um homem reservado e com atrativos físicos. Ficaram felizes com o nascimento de seu único filho, um menino forte e saudável, Itachi Uchiha. E durante muito tempo Mikoto nem mesmo se lembrou de Madara.

Quando o Japão começou a se desintegrar, Mikoto reencontrou Madara. Muito perturbado pelo que acontecia na pátria deles, Madara  precisava muito de apoio. E a ausência de Fugaku, em temporada de caça no País das Terra , propiciou um clima favorável às recordações do amor da juventude.

Mas fora um único encontro. Madara  estava de passagem, de partida para uma nova vida na América, não suportaria ser desleal e não ter sua amada. E foi o suficiente para provar a Mikoto que seu destino era uma bênção e que ela amava o marido. E aguardou com impaciência o retorno de Fugaku para revelar-lhe a descoberta.

Se Fugaku não houvesse quebrado uma perna, nem mesmo ficaria sabendo do ocorrido, e a duquesa jamais teria certeza das consequências. Porém, quando o marido pôde se deitar de novo com a esposa, ela foi forçada a confessar-lhe o grave deslize.

No entanto, Fugaku foi bondoso e comoveu-se com a confissão de amor. E aceitou o filho bastardo como se fosse seu.

Até que sobreveio o acidente, Itachi com cinco anos, morreu afogado, enquanto brincavam em um barco, ao lado de uma ama-seca descuidada.

Mikoto chorou copiosamente ao rememorar o falecimento de seu filho querido, do fim do casamento e de sua felicidade.

Apesar das orações, nem perdeu o bebê, nem deu à luz uma menina. E por causa da tragédia que se abateu sobre todos, afeiçoou-se de maneira incomum ao filho ilegítimo. O duque atribuía o fato à paternidade, que a sociedade ignorava. A duquesa amamentou o bebê e teve esperança de voltar a engravidar.

No entanto, a partir do afogamento do seu único filho, o duque jamais a procurou no leito conjugal. Mikoto sofria muito, pois nunca deixara de amar o marido, apesar da barreira que os separava.

Fugaku  deu ao recém-nascido os nomes de sua família. O bebe foi batizado de Sasuke Uchiha, apesar de ser bastardo ainda era um Uchiha

Todos comentaram a bondade de Deus, que enviara um menino para acalmar um pouco a agonia dos Uchiha. Fugaku aceitava os cumprimentos em um silêncio estóico.

Muito jovens, Mikoto com vinte e sete e ele com trinta e um, não foram capazes de evitar a ruína de seu futuro.

Quando a poeira baixou, o duque foi a Villa, a sua antiga adorável residência em onde morara antes de receber o título. E lá encontrou consolo nos braços de uma mulher "honesta".

A duquesa suspirou. Que ridículo sentir ainda a dor da traição!

Sakura Haruno seria uma graça divina ou uma maldição? O plano de Fugaku poderia ser uma solução, mas a que preço? Sasuke saberia o que ela fizera. O abismo entre pai e filho se acentuaria. E seria mais um casamento sem amor.

Mikoto  se acomodou à escrivaninha e escreveu uma carta ao filho amado. Pediu-lhe para concordar com tudo o que fosse possível e implorou-lhe o perdão. Tocou o sino de prata, e um criado entrou.

— Quero que esta mensagem seja entregue ao marquês, no País do Som. — Ela hesitou.—Por acaso o duque também mandou uma carta?

— Milorde está partindo para o País do Som, milady. Mikoto foi até a janela. Um coche com o brasão dos Uchiha, puxado pelos seis cavalos mais rápidos da cocheira, afastava-se do castelo.

— Esqueça minha carta.

Ela tomou o envelope de volta e, depois da saída do servo, rasgou o papel e jogou os pedaços no fogo.

Ninguém fugia ao destino. Os vinte e cinco anos sem o amor do marido haviam-na ensinado a ter uma dose de resignação.

....continua


Notas Finais


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