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História A Marquesa 👑 - O Duque, o Marquês


Escrita por: Shays

Capítulo 2 - O Duque, o Marquês


Fanfic / Fanfiction A Marquesa 👑 - O Duque, o Marquês

Sasuke Uchiha, marquês de Konoha, galopava a toda velocidade pelas ruas escuras e chuvosas na Otogakure País do  Som. Só sua grande perícia evitava que o animal alheio e surrupiado derrapasse nas pedras escorregadias. Riu diante do espanto de cocheiros assustados e atirou uma maçã na cabeça de um verdureiro, que o brindou com uma imprecação.
Parou o corcel diante do teatro Otogakure e ofereceu uma moeda a um garoto, para tomar conta do animal. Bateu com força na porta lateral do prédio, pois a central já estava fechada. Não demorou e o zelador pôs o nariz na portinhola, carrancudo.
— O que o senhor está querendo?
O marquês estendeu uma moeda brilhante, e a porta foi aberta de imediato.
— Todo mundo saiu. — O homem apanhou o dinheiro. — Se está procurando madame Karin, ela se foi com o marquês maluco.
O visitante caiu na risada, e o sujeito levantou a lamparina. E viu as feições belas, os olhos onix e os cabelos negros rebeldes encharcados.
— Perdão, milorde. Não quis ofendê-lo.
— Não ofendeu. A Pomba Branca do Otogakure  esqueceu o lenço favorito no camarim, e eu vim buscá-lo.
Sasuke  desapareceu no corredor encardido, enquanto o zelador sacudia a cabeça e mordia a moeda por hábito, mesmo sabendo que Sasuke jamais daria dinheiro falso.
Em momentos, o marquês voltou e saiu na chuva, arruinando de vez o traje caro e elegante. Segurou as rédeas e pegou mais uma moeda. Hesitou, fitando o rapazote.
— Não deve ter mais de doze anos, não é? Não conseguirá trocar o dinheiro.
O menino não tirava os olhos esbugalhados da peça dourada.
— Não se assuste. Não pretendo enganá-lo. Que tal vir comigo e eu lhe conseguir abrigo por esta noite?
O garoto recuou.
— Em cima do cavalo, sir?
— E onde mais poderia ser? — O marquês pulou no lombo do animal baio. — Então? Resolva logo.
O menino ergueu os braços, e o marquês ajeitou o corpo franzino atrás do seu.
— Segure-se! — E Sasuke se foi em disparada.
As ruas um pouco mais calmas permitiram um galope ainda mais rápido, acompanhado de comentários apreensivos do garoto.
O condutor de um cabriole espantou-se e levou o cavalo até a calçada.
— Mas que moleirão! — o menino fez pouco-caso do outro. O cavalo fogoso conduziu-os até a mansão. Sasuke apeou.
— Cuide dele por um minuto — Sasuke ordenou e subiu os degraus largos.
Um sino soou em uma igreja próxima, as portas duplas foram abertas, e a escada ficou iluminada. E uma visão delicada toda de branco com seus cabelos de fogo recebeu-o de braços abertos.
— Milorde conseguiu! Eu sabia! Eu sabia!
O marquês ergueu-a nos braços, e a moça gritou ao vento como ele estava ensopado.
O menino maltrapilho ouviu-o rir.
— Que me importa se eu molhar sua roupa? Eu a prefiro mesmo sem nada.

As portas foram fechadas, e o garoto não escutou mais nada. Ele, que era conhecido como Pardal, estremeceu por causa do frio.
— Na certa milorde já me esqueceu. Deixou-me em cima deste animaí molhado. Ainda bem que o coitado está muito cansado e nem pode se mover.
Mas, por via das dúvidas, o garoto deslizou para baixo. E caiu em uma poça de lama.
O cavalo olhou ao redor, indeciso.
— Não se preocupe, amigo. Logo virão enxugá-lo e escová-lo. — O mendigo tirou a lama colada nos trapos sujos. — Eu deveria ter pegado aquela moeda.
Konohamaru avaliou se haveria alguma coisa que valesse a pena ser furtada.
Naquele instante, foi agarrado por uma mão gigante.
— O que está fazendo aqui com meu cavalo, cria do demónio?! — um homenzarrão indagou.
— Eu... eu — Engasgou, apavorado. Esperneou, mas a mão apertava-o como um torno.
— Vou ensiná-lo a não roubar mais cavalos, seu sem vergonha! — O homem começou a chicotear o menino, e este gritava, implorando por clemência.
— Não acredito que este seja o lugar adequado para corrigir o delito de um servo!
O brutamontes parou ao ouvir a voz gélida, mas não largou o pequeno.
— Quem é o senhor e o que tem a ver com isso?
Konohamaru notou que o recém-chegado se aproximara em uma carruagem imponente e vestia roupas de qualidade, além de luvas de couro e uma cartola. Atrás dele, um criado segurava um grande guarda-chuva negro.
— Sou o duque de Konoha País do fogo, e o lugar onde está gritando é minha casa.
O pequeno gostaria de ver a expressão do grandalhão naquele momento e também de poder sair correndo. Se o soltassem, evidentemente. Não queria saber de duques, nem de cavalos roubados e muito menos de chicotes.
— Peço-lhe perdão, milorde. Eu estava dando uma lição a este fedelho por ter saído com meu cavalo.
O duque levantou os óculos e analisou o animal enorme.
— Se o garoto deixou o cavalo nesse estado, seria melhor parar de bater nele e contratá-lo para correr em competições.
Konohamaru imaginou passar a vida toda em cima de cavalos daquele tamanho e quis protestar. Mas a mão em sua garganta impediu-o de fazê-lo.
Foi quando as portas se abriram.
— Mas o quei.. Solte o menino! — Sasuke viu o duque. — Milorde, eu não o esperava.
Fugaku olhou para a escada, mais uma vez iluminada. Arden estava parado à frente de um agrupamento de servos e cavalheiros. Ao lado dele, uma jovem esbelta vestida de branco. A moça sumiu em instantes. O duque largou os óculos e subiu os degraus em direção a seu herdeiro, seguido pelo carregador do guarda-chuva.
— Sasuke, se todos eles fazem parte de seu séquito, tenha a bondade de retirá-los da entrada.
Fugaku entrou na mansão e aceitou o auxílio de seus criados, que foram obrigados a mudar o comportamento alegre para um mais adequado ao gosto do duque. Os convidados deixaram o recinto e em seguida ouviram-se canções não muito respeitáveis serem entoadas na sala de música.
O duque tirou a capa molhada.
— Vou para a minha suíte e quero uma refeição leve. Sasuke, conversaremos amanhã logo após o desjejum.
— Sim, senhor.
Seguido pelo criado de quarto, o duque subiu a escadaria, em caracol.
O marquês continuou a fitar o pai por um momento, e depois olhou para o pobre garoto ainda seguro pelo irado dono do cavalo. Estremeceu, sem alternativa. Estragaria outro traje. Saiu na chuva, como se o sol brilhasse.
—  Solte o menino agora mesmo! — o marquês ordenou com frieza.
— Ah, é? — o sujeito escarneceu, na certa enganado por ter ouvido as ordens do duque. — Fique sabendo, moço, que este miserável precisa de uma lição, e não será nenhum lacaio de duque que irá me impedir de fazê-lo.
— Encoste mais uma vez o chicote no garoto e eu lhe arrebento o nariz! Fui eu quem roubou seu cavalo.
O homem soltou Konohamaru, que não chegou a dar um passo, pois foi de novo agarrado.
— Fique quieto — o marquês avisou-o, e Konohamaru  obedeceu, sem saber se por medo, exaustão ou confiança.
O menino presenciou uma bela luta. O jovem nobre era alto e forte. Mas o outro era bem mais robusto. O marquês foi atingido por um soco, caiu e levantou-se em seguida para golpear a barriga rotunda do agressor.
Meia dúzia de rapazes saiu para incentivar o amigo, e alguns transeuntes se aventuraram a dar palpites.
Konohamaru  nunca vira tantas pessoas importantes juntas e ensopadas. Calculou que os alfaiates ficariam felizes, no dia seguinte. Esperou que o jovem nobre não ficasse tão machucado a ponto de se esquecer da gorjeta.
Qual nada! O cavalheiro logo mostrou a perícia de lutador. Em poucos movimentos, derrubou o grandalhão e deixou-o desacordado.
Sasuke esfregou os nós dos dedos e gemeu, fitando o oponente caído.
— Camarada nojento! — O marquês tirou do bolso algumas moedas. — Enfiem isto no bolso dele. É o aluguel do cavalo. Ah, onde está o garoto?
Konohamaru  adiantou-se, esperançoso. Sasuke segurou aponta de sua camisa e fez um careta diante das marcas.
— Não foi nada, senhor.
— Eu lhe devo um extra por ter apanhado em meu lugar, não é, rapazinho? Onde mora?
— Tenho um lugar para dormir. — Konohamaru  referia-se a um canto que dividia com outros meninos de rua.
— Quero saber se tem família.
— Não, senhor. Minha mãe morreu.
— Sendo assim, passe a noite com os cavalariços, na estrebaria. Mandarei providenciar-lhe uma refeição e roupas secas. Amanhã conversaremos. No momento, estou irritado.
— É por causa do duque? Ele é seu lorde? O jovem deu um sorriso amargo.
— Acho que sim!
O mordomo pôs a cabeça na porta.
— Milorde?
—  Mande um cavalariço vir buscar o garoto. Qual é seu nome, menino?
— Konohamaru , mi... milorde. Desculpe-me se fui rude.
— Não queira me bajular, pirralho. Não gosto disso. Sasuke subiu os degraus correndo, seguido pelo grupo de amigos, e as portas foram fechadas de novo.
Konohamaru  achou que deveria esquecer a gratificação. Gente como o duque ou aquele lorde não cumpriam promessas diante de crianças abandonadas em Otogakure.
Um rapaz mais velho e mais forte interrompeu-lhe as divagações:
— É o mendigo que precisa ser recolhido?
— Sim...
— Nunca se sabe o que esperar de Sasuke. — O mais velho descontraiu-se um pouco. — Não fique nervoso. Esta é uma boa casa mesmo quando o duque está aqui. Venha.
Os dois seguiram para a cozinha.
— Se esta é a casa do duque, como é que o jovem lorde me deixou ficar aqui?
— Ele é filho do duque. Um dia tudo isto será dele, apesar das confusões que arruma nas ruas. Sasuke só respeita o pai.
Uchihas House estava sempre preparada para hóspedes. Tanto para os de cima como para os de baixo.

O chef preparou uma refeição para o duque e uma tigela de sopa para Konohamaru , que tomou o caldo acompanhado de uma fatia de pão com manteiga, sentado no chão. Horrorizado, o cozinheiro ordenou que o mendigo saísse dali assim que terminasse de comer.
Konohamaru  não se incomodou. Estava muito próximo do paraíso. Saboreando os pedaços de carne e legumes embebidos no líquido nutritivo, pensava se veria seu benfeitor no dia seguinte.
Dali a pouco, enrolado em duas mantas secas, adormeceu em um canto da estrebaria. Confortável e sem fome, pela primeira vez desde que a mãe morrera.

O marquês acordou sem a animação usual. A visita inesperada do duque deveria ter contribuído para aquele desânimo.
Com o criado pessoal a barbeá-lo, Sasuke perguntava-se por que nunca se dera bem com o pai, embora o admirasse muito.
Fora uma falta de sorte o duque ter aparecido no meio da brincadeira. Lorde Suigetsu Hõzuki, Sui para os íntimos, desafiara o marquês a ir até o Teatro Otogakure  e voltar antes da meia-noite, trazendo o lenço de Karin. Sasuke jamais recusava uma aposta. E o cavalo do grandalhão até que se saíra bem na experiência.
— Kimimaro, como está o garoto? — Sasukr deu o laço na gravata preta.
— Parece feliz com a situação, milorde. Se me permite a opinião, seria triste fazê-lo retornar a sua existência miserável.
— E o que faremos com ele?
— Acredito que poderemos encontrar-lhe uma função. O menino é bem-educado, agradece, pede por favor e pergunta se pode ajudar.
— Bem, pensarei nisso, depois de falar com meu pai. Sasuke vestiu o casaco azul-marinho e considerou o efeito
diante do espelho. Usava calça cor de camurça e colete de seda marfim com três bolsos.
— Acha que poderei comover o duque?
— Qualquer pai se orgulharia de tal filho.
O marquês tinha mais de um metro de oitenta e cinco e a musculatura delineada de um desportista. Herdara os traços aristocráticos e os cabelos escuros da mãe.
O duque e a duquesa sempre ocupavam aposentos separados na casa onde a maior parte dos cómodos era usada pelo filho.
Fugaku sentava-se em uma cadeira de balanço, ao lado da lareira.
— Bom dia, sir. — Sasuke procurou adivinhar os pensamentos do pai.
O duque fitou o filho de cima a baixo e fez o marquês sentir-se andrajoso, apesar de estar muito bem vestido.
— Sasuke, quero que me explique o que estava acontecendo ontem à noite.
O marquês concluiu que sua corrida não fora admirada.
— A atriz é sua amante?
— Sim, senhor.
— Pois não traga mais a esta residência nem ela, nem as sucessoras.
Tenso, Sasuke teve de reconhecer a justeza da reprimenda.
— Está bem, milorde. Peço-lhe desculpas.
— Hum... E o menino?
— Agradou aos servos. Gostaria de achar-lhe uma ocupação.
— Acredito que lhe deve uma moeda. Tenho certeza de que sabe honrar seus débitos. — O duque parecia sempre adivinhar o que se passava.
— Sem dúvida, sir.
—  Sente-se. Temos de conversar sobre um assunto importante.       
O marquês acomodou-se em frente do pai.
— Espero que minha mãe esteja bem.
— Ela está ótima.
Apesar da afirmativa, a inquietação atípica do duque afligiu o marquês. Sasuke cruzou e descruzou as pernas, brincado com a gravata de laço.
As cortinas de brocado e o tapete japonês  traziam-lhe boas recordações, mas a presença do duque deixava o ambiente carregado. Sempre que pai e filho se encontravam no escritório enorme de Uchihas House, Sasuke Uchiha sentia-se retornar a sua infância. Um menino trémulo que tivera de escutar repreensões enérgicas e intermináveis, além das surras infalíveis, devidas às travessuras.
As pancadas, porém, não eram fortes, nem deixavam marcas. As descomposturas, contudo, eram um indício de que o duque se envergonhava do herdeiro, o que fizera Sasuke chorar muitas vezes.
— Sasuke, não existem paliativos diante do que tenho para lhe dizer. — O duque encarou-o sem pestanejar. — Sasuke Uchiha você não  é meu filho.
O choque foi completo.
— O senhor está me deserdando? Por quê?!
— Não é nada disso. Eu sabia a verdade desde seu nascimento.
— Está caluniando minha mãe! — O marquês pôs-se de pé, furioso.
— Não seja ridículo. A reputação da duquesa é muito importante para mim. Tratou-se apenas de um breve interlúdio com um amor de juventude.
Foi evidente a angústia no olhar do duque. Não, ele não era seu pai...
Sasuke apoiou-se no encosto da poltrona para não cair. O coração batia em descompasso, e respirar tornava-se difícil. Ora, homens não desmaiavam!
— O fato ocorreu enquanto eu caçava . Na ocasião, quebrei a perna. Por isso, não era possível assumir a paternidade do bebê que estava a caminho.
Seu pai... Aquele homem não lhe mentiria. Apesar de frio, sempre fora confiável.
— Por que me reconheceu?
O duque deu de ombros e desviou o olhar.
— Já tínhamos um filho, e eu amava muito sua mãe. Mikoto jamais abandonaria um filho e, afinal, aquilo não era um fato tão incomum. — Fugaku empalideceu. — A duquesa estava perto de dar à luz, quando houve o acidente. Poderíamos ter fingido que a criança havia morrido, mas isso mataria sua mãe. Ela se apegou muito à você recém-nascido. E o momento não permitia raciocínios lógicos.
O marquês sentiu o mundo virar de cabeça para baixo. Os nós dos dedos estavam brancos pelo esforço de segurar-se no espaldar.
— Quer dizer que o senhor preferia que eu tivesse morrido... — Sasuke escondeu o ódio sob uma máscara de frieza.
— O mais importante para mim sempre foi a continuação da linhagem dos Uchiha .
Sasuke endireitou-se com dificuldade, respirou fundo e assumiu a postura para a qual fora educado.
— Entendo, sir. Se eu desse um tiro na cabeça, resolveria a situação? Ou talvez possa ir para outro País  e começar a vida com outro nome. Entretanto, não vejo como isso poderá alterar a falta de um herdeiro. Ou será que mamãe...
— Mikoto não tem mais idade para isso, Sasuke. Vamos parar com sentimentalismos. Não pretendo deserdá-lo, nem expulsá-lo de casa. Por Deus, eu gostaria que fosse meu filho... — O duque hesitou diante do que dissera, e resolveu acabar com os rodeios: — Sasuke, quero que se case com minha filha.
Sasuke se deixou cair na poltrona.
— O gigante de ontem à noite deve ter atingido minha cabeça — Sasuke resmungou.
Ele sentia os pensamentos flutuarem e a alma fora do corpo. Porém, uma coisa era certa: a execução da pena capital fora suspensa.
O duque se ergueu e serviu dois cálices de conhaque. Entregou um a Sasuke e voltou a sentar-se.
— Beba e preste atenção, Sasuke.
A bebida forte queimou-lhe a garganta e clareou-lhe as ideias. O sofrimento retornou, e Sasuke preparou-se para o pior.
— Muito abalado com a morte do seu irmão e com seu nascimento, envolvi-me em uma relação que teve como resultado uma gravidez que eu ignorava. Até receber a notícia da existência de uma filha. Ela tem o sangue dos Uchiha. Mas, com a morte da mãe dela, ninguém mais sabe disso, exceto nós. Casar-se com a jovem garantirá a continuação da genealogia Uchiha.
Sasuke só pensava que a mãe fora traída.
—Tenho uma ideia melhor, milorde. Faça dela sua herdeira.
— Nunca ouvi comentário mais insensato! Está recusando minha oferta?
A dor e o orgulho ferido causaram no marquês uma grande vontade de mandar para o inferno o duque e a bastarda. Mas o orgulho dos Uchiha, herdado, o fez lutar para conter-se.
— O que sabemos sobre essa moça?
—  A idade. Fez vinte e quatro anos, um a menos que os seus vinte e cinco.
— Em outras palavras, firme na prateleira como um antídoto. Solteirona.
— Uma opinião conservadora para os tempos modernos.
— Onde mora minha "noiva"?
— No País dos Rios. Ela é professora em um colégio para senhoritas dirigido pela srta. Tsunade Senju, grande amiga da mãe dela.
Lucien não queria prolongar o encontro.
— Há mais alguma coisa a ser discutida? Tenho compromissos.
— Farei indagações sobre a veracidade dos fatos. Vim às pressas, porque sua mãe me contou sobre a moça Yamanaka.
— Asseguro-lhe que já descartei essa estultice. — O marquês deu-se conta de que rasgara uma borda da cadeira que ocupava.
— Não haverá corações partidos? E a srta. Karin? Lucien apertou entre os dedos a bolinha de veludo.
— Isso é assunto de homem. Sabe disso muito bem, não é, milorde?
Depois das frases irónicas, o marquês despediu-se.
O duque suspirou e passou a mão nos olhos. Sentia pelo sofrimento que causara a Sasuke. Fora sincero ao afirmar seu desejo de ter o marquês como filho. Seria um orgulho.
Apesar dos traços indomáveis de Madara Uchiha, Sasuke era muito inteligente e jamais maculara sua honra. O duque passaria ao marquês as responsabilidades do ducado Uchiha sem nenhuma preocupação.
Como poderiam ter sido felizes...
A dor adormecida pela separação de Mikoto voltou a incomodá-lo. Mas o que poderia ter feito? Arriscar-se a ter outro filho só pela tentação de livrar-se de Sasuke de algum jeito? Mikoto jamais o perdoaria. Mas ele também não teria preferido seu próprio herdeiro por causa de um usurpador.
Esperava que Sakura Haruno tivesse qualidades que compensassem Sasuke por seu sacrifício.

O marquês desceu a escadaria curva e larga da casa que não lhe pertencia por direito. Pegou a bengala, a cartola e as luvas das mãos de um criado e caminhou a passos largos, sem destino certo.
Ficar ali seria tão insuportável quanto ir ao clube, onde poderia deparar com conhecidos.
Gostaria de falar apenas com Naruto Uzumaki e a mulher, Hinata, que estavam na Aldeia do Som , felizes na companhia do bebê. Ficou tentado a visitá-los, como já fizera para fugir da mãe casamenteira de Ino Yamanaka.

Pobre Ino... Ela acreditava que sua beleza lhe abriria as portas do mundo, e nem imaginava como estivera perto de conseguir um belo casamento.
Sasuke enganara Ino, mas não podia fazer o mesmo com a armadilha que o prendia. Como não tinha direito à posição que ocupava, nem aos privilégios daí decorrentes, teria de aceitar o que lhe haviam imposto.
Chegou a uma rua calma onde se alinhavam casas pequenas.
Karin não o esperava. Embora achasse que ela não o enganaria com outro amante, nem mesmo queria saber. Não precisava de mais surpresas chocantes.
— Meu amor! — Karin apareceu assim que a criada foi chamá-la. — O que o traz aqui tão cedo? — E jogou-se nos braços dele. — Algum problema, querido?
O marquês fitou o rosto oval e perfeito, os cabelos vermelhos sangue.
— Só preciso de um ombro amigo.
— Pois já conseguiu um. Como poderei ajudá-lo? — Ela afastou-lhe algumas mechas escuras da testa. — Seu pai ficou muito zangado? Eu lhe disse que não deveria ter ido lá.
Sasuke beijou-lhe a mão.
— Está zangada por isso?
— Não seja tolo! Não alimento expectativas impossíveis. Você me trata com respeito, e isso é tudo o que desejo. É esse o problema?
— Não é, querida. Não posso contar-lhe. Só quero um pouco de paz para poder pensar.
— Em que apuros se meteu, Falcão? Ele a abraçou.
— Eu deveria desposá-la. Karin gargalhou.
— Bobinho! A srta. Yamanaka  o desprezou?
— Não. E pare de fazer perguntas.
Obediente e nos braços de Sasuke, Karin calou-se. Ela o amava, mas, além de ser três anos mais velha, tinha um século a mais de experiência. E por isso não deixaria que o coração governasse seu cérebro. O marquês pagava-lhe de maneira pródiga, e ela retribuía da melhor forma possível. Até que o caso tivesse um fim.
Ao lado da doce e perfumada Karin, Sasuke repassou a conversa que tivera com o pai. Ou melhor, com o duque.
Muitas coisas começavam a fazer sentido. A formalidade da vida dos pais, a despeito de sugestões de sentimentos profundos. O duque não teria perdoado a esposa? Sasuke sempre tivera esperança de que o tratamento cerimonioso entre os pais fosse uma mera aparência.
Nem mesmo sabia como encará-lo dali para a frente.
A partir da confissão, passara a entender os modos do duque, que sempre o castigara ou elogiara com justiça, mas de maneira impessoal. Sasuke concluiu que, dadas as circunstâncias, o duque fora benevolente com o bastardo.
Devia-lhe uma recompensa por tanta generosidade. Era seu dever aceitar uma união que, de certa forma, pareceria incestuosa e inadequada no mais alto grau. Haveria de gerar herdeiros que garantiriam a descendência Uchiha. Depois, poderia matar-se.
Karin, tensa sem saber por quê, espreguiçou-se.
— Sasuke, quer tomar chá ou vinho? Ele sentou-se e beijou-a de leve.
— Vinho, por favor. Também estou com fome. Mal toquei no desjejum.
Apesar dos modos afáveis, Karin sentiu-lhe a amargura e se condoeu por ele.
— Claro, meu amor. Afinal, quem é que paga o armazém?
— E também o joalheiro. Quando eu estiver de melhor humor, comprarei mais alguns diamantes. A menos que consiga tentá-la com safiras.
— E arruinar minha encenação? No dia em que a Pomba Branca usar algo colorido, estarei acabada, de colorido basta meus cabelos. Eu vi lindos prendedores de cabelos na Galeria.
— Considere-os como seus, tesouro.
Karin seria uma esposa maravilhosa para qualquer homem.


CONTINUA...


Notas Finais


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