1. Spirit Fanfics >
  2. A Marquesa 👑 >
  3. Novo Lar

História A Marquesa 👑 - Novo Lar


Escrita por: Shays

Capítulo 4 - Novo Lar


Fanfic / Fanfiction A Marquesa 👑 - Novo Lar

No dia seguinte, Sakura e a srta. Senju, ambas nervosas, esperavam a chegada do marquês.
— Pensou bem no que vai fazer, Sakura?
Ela ensaiou um sorriso para a mulher que substituíra a mãe em sua vida.
— Não se preocupe, tia Tsunade. Escondi no bolso as vinte moedas que você me deu. Se alguma coisa acontecer, voltarei para casa.
—  Mesmo isso não vale vender a si mesma, querida. O marquês não é um homem simpático. Tenho intuição para tais coisas. Como poderá suportar?
— Não exagere. — Sakura abraçou a srta. Senju.
O marquês, mesmo sendo um homem do mundo, fora sensível à situação constrangedora. Não forçara nenhuma atenção física, nem fingira sentimentos falsos.
A carruagem luxuosa parou, e Sakura gostou da sutileza. O marquês viera a cavalo, para não forçar a intimidade viajando no interior do veículo com ela.
Após um último adeus para a srta. Senju e para as alunas mais velhas, Sakura largou-se no assento de seda acolchoado e descansou os pés no banco pequeno e bordado. Se sentisse frio, poderia usar a manta macia que se encontrava a seu lado. As cortinas de veludo puxadas garantiam a privacidade. Aconselhou a si mesma para não se encantar com frivolidades, mas não pôde deixar de ver o contraste com as poucas viagens que fizera em diligências públicas.
Olhou para fora a tempo de ver Samui abanando a mão e chorando. Sakura gostava da menina, e as duas trocavam ideias de vez em quando. Sentiu remorso ao lembrar-se de que Samui pedira para conversar na véspera e não fora atendida. Nos últimos tempos, a mocinha mostrava-se muito triste. Talvez tivesse um irmão na guerra.
O que fez Sakura repreender-se por seu egoísmo. O que eram seus problemas diante daquele tipo de ameaça? Se Hanzõ  não recuperasse a racionalidade, muitos pais, filhos e irmãos poderiam ficar aleijados ou ser mortos.
Distraiu-se com a paisagem. A primavera trouxera de volta o verde das árvores e dos gramados, onde floresciam flores de cerejeiras  e campainhas-azuis.
Uma lebre passou correndo em direção a um esconderijo. Mais adiante, cordeiros brincavam perto de suas mães.
Sakura adorava a primavera, mas aquela só lhe trouxera sofrimentos.
O trajeto até Uchiha Park levaria a maior parte do dia. Ela pegou o livro, presente de despedida da srta. Senju, que lhe pedira um relatório da leitura. Autodomínio, um Romance, de Mary Brunton.
Quando pararam para trocar os cavalos, Laura Montreville, a heroína do livro, rejeitava o pretendente arrojado por ele tentar seduzi-la antes de acenar com a proposta de casamento.
Na próxima parada, o belo coronel persuadia Laura a conceder-lhe dois anos de prazo. Sakura impacientava-se com a heroína. Se não amasse um homem, não lhe daria esperança. Se Laura o amava como parecia, era tolice pedir que o coronel desistisse de demonstrar os sentimentos por ela, por causa da noção de que emoções malcontidas preparavam o caminho para o inferno.
Shizune Yatzu instigava a expressão sincera de crenças e sentimentos, o que ia de perfeito encontro com os temperamento honesto de Sakura.
Refletiu que Laura, se estivesse em seu lugar, entraria em depressão e morreria. O que seria um excelente castigo para o duque e seu filho. Mas Sakura, ao contrário de Laura, era dotada de senso prático e tinha visão da realidade.
Teve uma ideia. Se fosse inconveniente e não atraente em boas doses, o marquês acabaria por achar excessivo o sacrifício de gerar um herdeiro de sangue azul com ela.
Os cavalos foram trocados com frequência, o marquês abriu a porta.
—  Vamos parar para comer. A senhorita deve estar com fome. — Animado e amigável, demonstrou simpatia. — Eu gostaria que a viagem não fosse muito cansativa.
Sakura desceu os degraus e reprimiu uma resposta favorável àquela boa vontade.
— Nem poderia ser, milorde. Tudo para mim é novidade absoluta.
O marquês franziu a testa.
— Srta. Haruno , será muito enfadonho se continuar a criticar tudo o que não for utilitário.
Entraram na estalagem, e o dono fez uma reverência exagerada diante de hóspedes tão ilustres. Sakura  intimidou-se. Não estava acostumada aquele tipo de tratamento.
— Se a senhorita não fizer um esforço para levar em conta meus sentimentos, também não terei motivos de considerar os seus. Vamos fazer uma trégua?
Aturdida, Sakura encarou o futuro marido.
— Não poderei dizer o que penso?
— Se quiser ouvir de mim o mesmo... Prosseguiram até a sala privativa.
— Eu não me importo se o senhor disser o que pensa. Não tenho medo da verdade.
O marquês tirou a capa de montaria e deixou-a sobre uma poltrona.
— Muito bem. Eu a acho sem atrativos, e essa situação é abominável. Adiantou alguma coisa?
— Como eu já sabia disso, não haverá grandes mudanças. Mas houve. Sakura sofreu com aquelas palavras. E por que o marquês não desistia de tudo, se achava a situação "abominável"?
Encostado no consolo da lareira, milorde a fitava como se ela fosse uma estranha intrometida e mal-educada.
—Exceto que agora o pensamento não está escondido. Srta. Haruno, uma vez que se verbaliza algo, isso assume vida própria e não pode ser apagado. Contudo, em prol da sanidade, serei capaz de fingir, se você concordar com o jogo.
— Fingir o quê?
— Contentamento.
Sakura virou-se e torceu as mãos.
— Não posso.
Sasuke se aproximou e ofereceu-lhe um copo de vinho.
— Experimente, Sakura. Ela resistiu à oferta de paz.
— Não lhe dei permissão para chamar-me por meu nome. Lorde Sasuke, eu lhe pediria para lembrar-se de que tudo isso não passa de um pequeno distúrbio em sua vida, mas destruiu a minha. Fui arrancada de meu lar, de meu emprego, do convívio com meus amigos, para ser jogada em uma maneira de viver que só me trará desgosto. Não sei como conseguirei fingir "contentamento"!
— Srta. Haruno, não costumo ser qualificado de repulsivo. — Fuzilou-a com o olhar.
— Em seu meio, um babuíno também não é.
A retaliação do marquês foi impedida pelos criados que checaram com a refeição.
Enquanto a mesa era servida, o marquês permaneceu olhando a vista pela janela. Por insistência do estalajadeiro, Sakura e Sasuke sentaram-se um em frente ao outro, como dois inimigos.
Sakura  fixou-se no prato, mas não conseguiu engolir a comida deliciosa. Admitiu para si mesma ter ficado receosa de que o marquês fosse bater-lhe, ou quem sabe esganá-la. Embora não tivesse ficado com medo, considerou que seria melhor evitar os insultos, no momento.
Voltaram em silêncio para a carruagem, e Sakura retomou ao livro, sem ler. O plano não era simples como parecera a princípio. Como desiludi-lo a ponto de provocar uma antipatia profunda, mas não violência?
A única certeza era de que não poderia casar-se com o marquês. Apesar da afirmação do duque, Sasuke teria direitos sobre ela e poderia até bater-lhe, se quisesse. Se a matasse, teria um pena leve, pois contaria com o poder e a riqueza da família.
O medo deveria ser temido mais do que os ferimentos ou a morte.
O duque e o marquês precisavam dela em bom estado para gerar filhos sadios. Era sua proteção contra a violência extrema. Se alguns tapas fossem o preço a pagar pela alegria de ser rejeitada, suportaria tudo como uma heroína ateniense.
Imaginar morrer pela liberdade podia ser animador, mas Sakura sabia muito bem que teria de enfrentar dias difíceis.
Os cavalos foram trocados mais duas vezes, e uma hora mais tarde, na terceira substituição, a porta foi aberta.
— Chegaremos a Konoha em uma hora. — O marquês demonstrava polidez formal e impecável. — Gostaria de tomar um chá? Na carruagem ou na hospedaria?
No mesmo tom, Sakura estendeu a mão.
— Prefiro esticar as pernas.
— Está bem. — Sasuke a ajudou a descer,
— Não se incomode em acompanhar-me, milorde. Eu gostaria de andar um pouco.
— Poderiam estranhar se eu não o fizesse.
Infeliz, Sakura apoiou de leve os dedos no braço do marquês, e assim andaram pela pequena cidade por uns dez minutos em mutismo absoluto.
— Será melhor retornarmos agora.
Assim foi feito. Dentro da estalagem, Sasuke pediu chá para a futura esposa e saiu.
Sakura terminou de tomar a bebida revigorante e fez uma toalete rápida. Ele a conduziu até o veículo, montou seu cavalo, e partiram.
Ela estremeceu, pensando em seu futuro. Alguns encontros breves com o marido, e depois de alguns filhos, nem isso. O marquês continuaria com sua vida dissoluta, e Sakura seria uma condenada para sempre.
Teria de prosseguir com o plano a todo custo, para escapar de uma vida assim.
O cocheiro apertou a buzina, e eles cruzaram os magníficos portões de ferro trabalhado. Estavam em Konoha na imensa mansão Uchiha Park.
O porteiro tirou o chapéu, e toda a família dele fez reverências. Sakura virou o rosto, certa de não ser merecedora da homenagem.
A carruagem passou por um caminho bem-cuidado, com árvores dos dois lados. Nas campinas, cervos levantaram as cabeças. Mais adiante, havia um lago com um templo grego no meio. Sakura escutou os gritos de pavões.
Depois da última curva, ficou boquiaberta. Era uma mansão gigantesca. Decorada com madeira entalhada e ameias, tinha centenas de janelas que brilhavam como jóias, nunca vira uma residência tão grande e tão linda.
Impossível acreditar que fosse morar ali.
O veículo parou sob degraus largos, duplos e curvos, que terminavam nas soleiras das portas imponentes já abertas, e ela leve vontade de esconder-se embaixo do assento. Aquilo tudo era grandioso demais para seu gosto.
A portinhola foi aberta, e a escada, abaixada. O marquês a aguardava.
Trémula, amarrou as fitas do chapéu sob o queixo e saiu. com a mão no braço de Sasuke, subiu os trinta degraus e teve esperança de que ninguém percebesse seus joelhos baterem um no outro.
Dentro da casa, havia uma multidão de criados. Um cavalheiro corpulento, de dignidade impressionante, curvou-se tirou a capa do marquês.
— Bem-vindo ao lar, milorde.
— Obrigado, Kabuto. Srta. Haruno, este é Kabuto, nosso mordomo.
Sakura recebeu uma mesura e quase desmaiou.
— Srta. Haruno, seja bem-vinda a Uchiha Park.
Ela anuiu, rezando para não ter errado o tipo de cumprimento
— Quanto vai demorar o jantar, Kabuto? — O marquês atravessou o hall imenso.
Sakura seguiu-o sem demora. Temeu ficar sozinha e ser expulsa como uma intrusa. Estupefata, forçou-se a fechar a boca, espiando ao redor.
Pilares de mármore e ouro erguiam-se no piso de ladrilho! que parecia não ter fim. Bustos e estátuas de mármore espalhavam-se no recinto. Nas paredes, uma exposição de espadas, bandeiras antigas. No teto, por cima dos três níveis de balaustradas, uma clarabóia octogonal deixava entrar o sol da tarde
A escola inteira da srta. Senju caberia naquele hall.
— Uma hora, milorde.
— Minha querida, talvez preferisse ir até seus aposentos descansar um pouco, antes de conhecer meus pais.
Sakura daria prioridade a um esconderijo, mas teve de concordar.
Uma das criadas aproximou-se, ao comando do dedo erguido de Kabuto.
— Srta. Haruno, esta é Chiyo— o mordomo apresentou a senhora de meia-idade, que fez uma reverência. — Se for conveniente, ela lhe mostrará seus aposentos e a servirá .
Sakura anuiu e seguiu Chiyo. Atravessaram o saguão e subiram a escadaria larga com balaustrada em ferro trabalhado e ouro.
No segundo pavimento, passaram por vários corredores largos, carpetados e decorados com esculturas e pinturas valiosas que valorizavam o mobiliário refinado. Passaram por três criados empoados, de libré. O trajeto devia ter levado pelo menos dez minutos.
Chiyo, enfim, abriu a porta e afastou-se para Sakura entrar. Não era um aposento, mas um conjunto de cômodos.
O primeiro era uma sala de estar com poltronas estofadas em veludo, mesa central e várias embutidas, além de uma chaise-longue para descanso diurno e dois abajures com formato de figuras japonesas. Na lareira de mármore, o fogo ardia, alegre. Arranjos de flores primaveris inundavam o ambiente com perfume suave.
Hesitante, Sakura pisou no tapete oriental e foi até uma das duas janelas, que ostentavam cortinas em damasquim azul. Dali avistavam-se os fundos da residência, os jardins deslumbrantes e um rio.
Sakura voltou-se e seguiu a, criada até o quarto de vestir. As paredes revestidas de madeira dourada não traziam enfeites. No chão, três tapetes pequenos. Havia duas cadeiras, dois armários enormes; um lavatório, um espelho e uma arca grande. Outra lareira e com o fogo aceso.
Quanto desperdício...
Chiyo abriu um painel acima do console e mostrou um tanque de metal.
— É para manter a água aquecida. Só quando está muito quente os fogos são apagados. Se quiser, poderá tomar banho. — A mulher levantou a tampa da arca, onde havia uma banheira já preparada. E bastante tentadora.
Na escola, um bom banho era uma raridade e requeria planejamento. Sakura desconfiou de que a criada pensava em ajudá-la a banhar-se, o que não a agradou em absoluto.
No piso do quarto de dormir, viu outro tapete oriental. Cortinas de cetim dourado pendiam sobre o leito de baldaquino e sobre as janelas. Nas paredes, seda chinesa com temas das antigas dinastias.
Sakura pensou em uma gaiola de luxo e teve um único desejo: ficar sozinha.
— Meu baú já foi trazido para cá? — Ela procurou uma maneira de livrar-se da criada.
— Já deve estar em cima. — Chiyo  foi verificar e voltou antes de Sakura conseguir tirar o chapéu. — Está tudo em ordem, senhorita.
— Chiyo, eu... gostaria de tomar banho.
— Pois não, senhorita.
A criada saiu e, em instantes, ouviu-se o barulho de água sendo despejada. Sakura se esquecera do tanque aquecido.
Chiyo retornou e pediu para Sakura segui-la. O jeito foi obedecer e conformar-se com a tirania dos servos.
Sentiu-se uma criança. Chiyo desabotoou-lhe a jaqueta de mangas longas e o corpete do vestido, e soltou o cordão que prendia a saia na cintura. Vestida com a anágua de cambraia, Sakura recuou quando a serva fez menção de continuar.
— Assim está ótimo. Pode desfazer minha bagagem. Chiyo se afastou um pouco, e Sakura, munida do pedaço de pano e do sabão de rosas, começou a lavar o que estava ao alcance de sua mão. Não ousaria mais. Nunca se despira diante de outra pessoa.
O sabão era perfumado e espumava de maneira agradável. A toalha bordada era macia.
Ela se enxugou, e a criada ofereceu-lhe creme aromático para mãos, que se achava acondicionado em um pote de alabastro. Sakura aceitou, mas recusou a loção para o rosto.
— Srta. Haruno, qual o traje que deseja vestir esta noite? Sakura sabia que nenhuma de suas roupas seria apropriada, mas não se incomodou.
— O de seda creme.
Como se fosse uma aleijada, Sakura teve de submeter-se à competência de Chiyo, que lhe colocou um robe. E tratou de escapar para a sala de estar.
Foi até a janela e confirmou a magnificência da propriedade. Se não fosse seu sofrimento, poderia dizer que vivia um conto de fadas.
O que faria se o plano não desse certo e fosse obrigada a casar-se?, refletiu, em pânico. Jamais se sentira tão estranha em um ambiente.
Andou de um lado para outro e acabou por convencer-se de que descontrolar-se nada resolveria. Só a fortaleza de espírito a levaria de volta para casa. Uchiha Park não passava de uma construção conseguida com muito dinheiro.
O luxo que a rodeava era fruto da corrupção passada e presente. A maioria dos lordes chegara ao topo da escala social por meio de violência ou imoralidade a serviço de outros do mesmo modo violentos e imorais.
O duque, a duquesa e o marquês eram gente de carne e osso como qualquer trabalhador que suava para ganhar o sustento com honestidade.
Chiyo se aproximou com o vestido passado e perguntou se Sakura pretendia usar jóias.
— Em minha bolsa há um colar de ouro. É só o que tenho — Sakura foi sincera e lembrou-se do anel de noivado que deixaria ali, quando fosse embora.
Esperou com paciência a serva ajeitar-lhe a corrente no pescoço e mirou-se no espelho. Ela e a srta. Senju faziam as próprias roupas, mas uma vez ao ano encomendavam dois trajes em uma costureira, um para o inverno e outro para o verão. No momento, Sakura usava o segundo. Embora com detalhes elegantes que incluíam até um bordado de ramo de flores de cetim na barra, o traje seria eclipsado pelo mais modesto que a duquesa resolvesse pôr.
E se houvesse convidados? O terror voltou a ameaçá-la. Poderia até não se incomodar com a família. Afinal, eles eram culpados pela situação. Mas não suportaria o olhar pesaroso de estranhos que não veriam nela a mente orgulhosa e rebelde.
Se tivesse um vestido espetacular e uma caixa de jóias, usaria tudo, e os princípios de igualdade que se danassem.
— Srta. Haruno, que cabelos lindos! — A criada vinha com a escova na mão, e iniciou o trabalho.
Cabelos nada apropriados para uma mestra que pretendia! demonstrar seriedade. Por isso, Sakura os mantinha presos debaixo de toucas.
—Na arca cinza tenho uma coifa para combinar com o traje, Chiyo.
Sakura viu a criada franzir o cenho:
Contudo, como uma serva bem treinada, apressou-se a procurar a peça, que acabou por contrariar as intenções espartanas de Sakura. Rufos de fita e duas rosas de seda enfeitavam o lado esquerdo da touca, que deixava à mostra a cabeleira rosada brilhante.
Se ao menos o toucado não fosse tão bonito e não lhe realçasse a pele e os orbes verdes.
Lembrou-se de que o traje e o chapéu gracioso foram escolhidos com a tia, com intenção de conhecer um cura local. Uma desilusão. O homem era enfadonho.
Sakura tornou a avaliar seu aspecto no espelho. Mesmo naquele traje domingueiro, decerto não se comparava às beldades que o marquês conhecia.
— Está na hora de descer, senhorita.
— Eu... nem mesmo sei para onde devo ir.
Chiyo pareceu surpresa e tocou um sininho de prata. Um lacaio entrou em seguida.
— Sai, a srta. Haruno está pronta para descer.
O homem fez uma mesura e saiu, seguido por Sakura, que teve a impressão de ser um cãozinho levado para passear.
O lacaio era bem-apessoado, e na certa fora escolhido por isso. Passaram de novo pelos criados, que pareciam estátuas com as librés amarelas. Atravessaram corredores e desceram por outra escada. Por ter achado o novo caminho tão deslumbrante como o outro por onde viera, ela repreendeu-se com energia.
Que desperdício ter um palácio daqueles e tantos criados para apenas três pessoas!
Aproximaram-se de portas duplas folheadas a ouro e almofadas pintadas com rosas. O servo que a acompanhava e outro parado na entrada abriram-nas no tempo certo, para Sakura não perder o ritmo. "Acabarei esquecendo para que servem minhas mãos..."
Apesar da expectativa de encontrar um luxo excessivo, Sakura surpreendeu-se ao entrar em uma saleta confortável e encontrar uma família bem vestida, mas sem a menor ostentação.
O duque e a esposa envergavam trajes elegantes, mas de uso diário. A duquesa usava vestido de seda listrada em azul, brincos e pingente simples de safira. Era alta, bonita e esbelta. Muito parecida com o filho.
— Minha querida srta. Haruno, bem-vinda a Konoha.— É um prazer recebê-la.
Sakura deduziu, desalentada, que a duquesa aceitara o plano do marido e não a ajudaria.
— Eu não poderia perder a oportunidade de aceitar o convite — Sakura  afirmou, ironica.
— Os Uchihas são homens irresistíveis, não é, meu bem?
— A duquesa divertiu-se. — Permite que a chame de Sakura?
— Sem dúvida, senhora.
— Sakura, faço minhas as palavras de minha esposa. É maravilhoso contar com sua presença. — O duque sorriu com bondade, como se não a houvesse forçado a vir.
Sakura mordeu a língua para não responder com grosseria. Ofendê-lo de nada adiantaria.
A duquesa indicou-lhe um sofá e acomodou-se a seu lado. O duque sentou-se em frente, o marquês, apoiado perto da lareira, fitava-a com sarcasmo.
O lacaio serviu vinho, e Mikoto interessou-se em saber como fora a viagem. Durante meia hora, Sakura entreteve-se em uma conversa calorosa e interessante. O duque interveio algumas vezes, e a duquesa fazia questão de pedir a opinião do marquês.
A refeição foi anunciada, e o duque ofereceu o braço a Sakura. O marquês conduziu a mãe. O pequeno corredor até a sala de jantar proporcionou alguns minutos de privacidade.
— Sakura, após ter conhecido o marquês, já está mais conformada com seu destino?
— Tanto quanto ele, Vossa Graça.
— Uma lástima, srta. Haruno. Sasuke é homem e orgulhoso. Posso manobrá-lo, mas ele não aceita o fato com facilidade.
— E eu sou mulher e orgulhosa, milorde. Também não aceito o fato sem problemas.
— Está bem. Lembre-se de que seu rancor é contra mim e que não conseguirá ferir-me.
—  Sir, não pretendo fazer ninguém sofrer. Apenas quero manter-me íntegra.
— Esta é a sala de jantar privativa — o duque mudou de assunto, ao entrarem no grande recinto de paredes cobertas por tapeçarias.
Sakura olhou para o forro pintado com divindades seminuas e a mesa onde podiam acomodar-se oito pessoas. Mesas laterais que podiam ser anexadas permitiriam a presença de no mínimo vinte. O duque e a esposa ocuparam as extremidades. O marquês e Sakura, as laterais, um diante do outro.
Mais uma vez Sakura, considerou ridículo o excessivo formalismo de servos entrando e saindo, trazendo e tirando pratos no maior respeito e silêncio.
Aceitou pequenas porções das inúmeras iguarias e, mesmo assim, mostrou-se satisfeita bem antes do final da refeição.
O marquês comia com vontade, mas o duque e a duquesa eram bastante frugais. Outro exagero de aparato e de comidas.
A conversa girou sobre a guerra, e eles se demonstraram estar bem-informados sobre assuntos. Os empregados comportavam-se com educação extremada, mas pareceu a Sakura que encenavam para um ato teatral.
Horrorizou-se ao imaginar que teria de seguir aquele ritual todos os dias de sua vida, assim como faziam o duque e seus familiares. Mesmo sem a menor vontade, foi obrigada a responder a questões que lhe eram feitas sem preâmbulos.
Teve a impressão de que as palavras e os risos apertavam-lhe as têmporas, impedindo-a de raciocinar. Não queria ser rude sem motivo. Odiaria pensar que os criados comentariam sobre a pobre professora que nem ao menos sabia comportar-se em um ambiente refinado.


.....continua


Notas Finais


Queridos Leitores, não deixem de comentar💋


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...