História A Melhor Amiga da Noiva. - Capítulo 28

                                                       Camila Pov

Senti uma movimentação diferente e meu corpo ser levitado da poltrona onde eu estava deitada, abri meus olhos assustada, mas relaxei quando vi que estava no colo de Lauren.

— Não quis te acordar.

Ela falou sorrindo e continuou andando comigo em seu colo, me levando para fora do avião.

—  Você deve estar cansada, Lo, pode me colocar no chão.

Falei bocejando e ela riu baixinho.

— Eu estou de boa, já você que parece bem cansada. Além do mais você é leve, não tem problema.

Fiquei a estudando com os olhos por um tempo, pude confirmar que ela não me soltaria tão cedo. E de verdade? Eu nem queria que ela fizesse isso. Apenas fechei os olhos na intenção de dormir mais um pouco, me aconcheguei mais nos braços da minha Lolo, com um sorriso tímido e feliz.

Não sei quanto tempo eu dormi, mas quando eu acordei percebi que estava dentro de um quarto. Olhei em volta querendo descobrir onde estava, sem sucesso. Ali era um espaço bem fresco e arejado, os lençóis macios de algodão me faziam sentir vontade de dormir o resto da semana. A enorme janela que dá vista para a parte detrás daquela casa, me emocionou. Vi uma poltrona branca perto da cama, automaticamente sorri ao ver Lauren sentada ali, dormindo um pouco desajeitada e com um livro aberto sobre o colo. Ela deve ter pegado no sono lendo, ela sempre faz isso. 

Me sentei na cama e tirei o edredom de cima de minhas pernas. Pude notar que estava vestida com um dos meus pijamas, tenho certeza que ela trocou minha roupa antes de me colocar na cama, eu realmente apaguei. Fui me arrastando sobre o colchão, até ficar sentada na ponta da cama bem próxima de onde ela estava dormindo. Acariciei seu rosto com cuidado, ela rapidamente reagiu aos meus toques, suas pálpebras se mexeram um pouco antes dela soltar um longo suspiro. Ela é tão linda, como alguém consegue ser tão linda assim dormindo? 

Ela abriu os olhos lentamente e piscou algumas vezes se acostumando com a claridade que estava ali. Assim que me viu olhando para ela, abriu um sorriso e respirou fundo, bocejando lentamente.

— Soninho em...

Falei de forma manhosa e ela assentiu, me puxando para o seu colo, sentei de frente para ela, que escondeu o rosto na curva do meu pescoço.

— Nem percebi quando peguei no sono.

Ela falou mais rouca do que o normal ainda sonolenta, seus dedos faziam desenhos imaginários na minha barriga por debaixo da blusa, fazendo-me morder o lábio para não rir, estava fazendo cócegas.

— Onde nós estamos? 

— Na casa do Justin.

Respondeu e eu bocejei. Aconcheguei ela melhor em meus braços e alisei suas costas com carinho dando alguns tapinhas, como seu estivesse a ninando.

— Assim eu vou dormir de novo, pequena.

Ela falou com a voz começando a embargar de sono, eu sorri.

— Vamos tomar um banho então, para acordar? 

Perguntei e ela tirou a cabeça do meu pescoço, olhou para mim e  assentiu. Percebi que ali só estava a mala dela e procurei a minha pelo quarto, porém não a achei.

— Cadê minha mala? 

Perguntei confusa enquanto percorria o espaço com os olhos.

— Está no quarto que você vai dormir, esse aqui eu que vou dormir. E como eu estava com você no colo, preferi te trazer pra cá.

Explicou e deu de ombros tirando a blusa antes de ir para o banheiro. Fiz o mesmo que ela e terminei de me despir antes mesmo de chegar no box, onde Lauren já estava embaixo do chuveiro e passava as mãos no rosto lentamente. Fiquei a olhando admirada durante um tempo, corei quando ela percebeu meu olhar sobre ela.

— Eu não sei porque você ainda cora quando eu pego você me encarando.

Ela falou divertida e eu revirei os olhos. Entrei no banho junto com ela e não consegui parar de olhar o corpo dela, tentava ao máximo disfarçar ou desviar o olhar, era quase impossível controlar minha vontade de agarrar ela, sentir o corpo dela junto ao meu outra vez. Os lábios suaves e cuidadosos dela tocando minha pele, os toques extremamente carinhosos... Eu nunca esqueceria aquela noite, nunca mesmo. Porém, ela parece nem se lembrar, vez ou outra ela me olha como naquela noite, eu até sinto uma enorme vontade de conversar com ela sobre... mas não quero arriscar, perder a amizade dela está fora de cogitação.

                                                    Lauren Pov

Estávamos todos sentados no jardim almoçando e conversando sobre diversos assuntos, parecia mais uma feira que um almoço em família. Eu preferi manter minha conversa com Diana do que ficar ouvindo os pais desse garoto falando o quanto o filho deles é sortudo por ter Camila. Eu tinha que me controlar para não jogar na cara daquele mauricinho o quanto eu fiz Camila gemer meu nome algumas noites atrás... Mas com certeza se eu fizesse isso, ela jamais me perdoaria. Eu confesso que é ótimo olhar na cara dele e pensar: corno. 

— Falta pouco tempo, Laur.

Diana me lembrou do inevitável dia em que eu poderia perder o amor da minha vida para sempre, eu suspirei. Faltava apenas alguns dias para o casamento de Camila e eu não poderia estar mais agoniada.

— Sei disso, eu só... to esperando o momento certo, sabe? 

— Qual? Quando ela disser eu aceito no altar? 

Senti um aperto no coração e fechei os olhos com força. Não iria chorar agora, não ali. Diana percebeu que eu estava prestes a chorar e fez um carinho delicado em meu rosto.

— Cadê a minha Lauren forte? Não me decepcione, ou eu e Dinah vamos te tacar de cima da ponte.

Não consegui segurar a risada com a ameaça dela. Ela se junto com Dinah há uns dias atrás sem eu saber, na intenção de me fazer tomar coragem e contar para Camila sobre o que eu sinto por ela.

— Leva ela para dar uma volta na lagoa.

Ela sugeriu eu assenti. Eu precisava contar e de hoje não passa.

— Hoje vai ser o dia.

Falei convicta e ela comemorou, tomando cuidado para ser discreta.

Voltamos a prestar atenção na conversa, que agora era sobre carros, me interessei porque afinal eu amo carros, isso não é lá um mistério. 

No final da tarde as meninas e eu ficamos na beira da piscina, conversando e bebendo alguns drinks que a Pattie mandou nos trazer. Era tudo que eu precisava para tomar coragem, agora só falta chamar Camila para passear comigo.

— Camz...

Chamei-a, sussurrando em seu ouvido, ela deu um pulo demonstrando que havia se assustado.

— Que susto, Lolo.

Ela falou rindo sem jeito, eu acabei rindo também.

— Vamos dar uma volta na lagoa? 

Perguntei incerta e ela assentiu animada. Pelo menos o primeiro passo já foi. 

Levantei e estiquei minhas mãos para que ela segurasse e pegasse impulso pra levantar. Avisamos as meninas que iriamos na lagoa, pude ver os olhares de encorajamento de Diana e Dinah, claro que a Dinah já sabia.

Fomos rindo até lá e brincando de pega-pega. Parecíamos duas crianças, e sinceramente? Eu amo me sentir assim junto dela. Camila me faz esquecer de todo o resto que não importa.

— Tá bom. Chega.

Ela pediu ofegante apoiando-se em seus joelhos e tomando ar depois que chegamos na margem da lagoa. Fiz o mesmo que ela e ri de sua expressão de cansada.

— Parece até que foi estuprada.

Falei rindo e ela riu também. Seus cabelos estavam desalinhados, seu rosto completamente vermelho, seus olhos um tanto opacos... mas mesmo assim continua linda.

— Culpa sua, idiota.

Me empurrou pelos ombros e foi em direção a uma árvore que havia ali. Apoiou suas costas no tronco e ficou olhando a água.

— Eu ainda não acredito, sabia? 

Ouvi sua voz após um tempo em silêncio, desviei meu olhar da água e a olhei sem entender.

— Não acredita em quê? 

Ela suspirou e me olhou com um sorriso tímido.

— Que nós fizemos, é... Você sabe, aquilo...

Se embolou nas palavras gesticulando diversas coisas com as mãos, o que me causou risadas.

— Que nós transamos, Camia. — Eu falei rindo e ela assentiu, ainda mais sem jeito. — Nem eu.

Admiti e ela mordeu o lábio inferior.

— Agora sim eu sei porque as meninas caem aos seus pés.

Ela disse e eu ri.

— Foi errado... você sabe.

Ela disse num tom culpado, eu assenti com pesar. Se ela se arrependesse agora eu perderia toda a coragem que eu juntei o dia todo.

— Você se... arrependeu? 

Perguntei receosa e ela me olhou com inexpressiva.

— De verdade? — Perguntou e eu assenti. — Não mesmo.

Deu uma risada gostosa e eu não consegui evitar o sorriso, aliviado.

Ela me olhou de forma intensa e nossas risadas cessaram, devolvi o olhar com a mesma intensidade e fitei seus lábios.

— Lo...

Ela chamou baixinho, eu fiz um som nasal para que ela continuasse, sem tirar os olhos dos lábios dela.

— Me beija...

Ela pediu e eu olhei em seus olhos, buscando algum sinal de que ela realmente queria aquilo e que não estava bêbada. E ela não estava, ela estava sóbria e me queria outra vez.

Me aproximei dela e empurrei-a de encontro a árvore outra vez, colando meu corpo no dela em seguida. Ficamos numa troca de olhares intensa durante alguns longos segundos. Camila abriu um sorriso e aquele foi o sinal que eu precisava para beija-la. Segurei em sua cintura com força e aproximei meu rosto lentamente do seu, ela rodeou meu pescoço com seus braços e puxou-me mais para perto.

No momento em que nossos lábios se tocaram, ela soltou um longo suspiro. Movimentei meus lábios e ela me acompanhou. E foi como todas as outras vezes em que eu beijei ela, todas aquelas sensações, aquela vontade insaciável que eu sentia dos lábios dela, o gosto de morango misturado com cereja que só a boca dela tem. Tudo funcionando como um afrodisíaco pra mim.

O beijo começou a ganhar mais voracidade e a excitação de nossos corpos já dava sinais. Ficamos nos beijando intensamente por um tempo, só nos separamos mesmo por conta da falta de ar. Encostei minha testa na sua e sorri ao ver que ela sorria.

— Você tem o melhor beijo do mundo.

Ela falou ainda um pouco ofegante, eu soltei uma risada nasal antes de selar meus lábios ao dela.

— Isso porque você não provou o seu.

Rebati no mesmo tom que Camila e ela repetiu o que eu fiz. 

Hoje eu abriria meu coração para ela, mas eu não quero correr o risco de alguém nos pegar como nós estávamos correndo aqui, então me afastei dela e ela me olhou confusa.

— Vai hoje a noite para o meu quarto? Quero conversar com você.

Pedi e ela me encarou com uma sobrancelha arqueada.

— Conversar? 

— Sim pequena, só conversar.

Concordei e ela fez uma cara de decepção, mas depois sorriu de um jeito safado. 

— Nós vamos mesmo só conversar? 

Perguntou num tom sugestivo e puxou-me para ela pelo cós da minha calça, colando nossos corpos.

— Primeiro vamos só conversar sim... — Passei meus lábios em sua bochecha, indo em direção a sua orelha, onde eu mordi o lóbulo lentamente arrancando um baixo gemido dela. — Depois nós vamos fazer outras coisas.

Falei no tom mais provocativo que eu consegui e ela estremeceu. Me deu mais um beijo com vontade, que me fez sentir uma pressão dolorosa no meio de minhas pernas. Nos afastamos com sorrisos em nosso lábios, decidimos que era melhor voltarmos antes que viessem nos procurarem.

Será hoje... eu finalmente vou abrir meu coração para ela e se tudo desse certo...

Ela será minha... finalmente.