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História A million pieces - Principalmente humano


Escrita por: unlim_wr

Notas do Autor


Santo GD, quanto tempo eu não apareço aqui e, principalmente postando uma estória do SJ? Como vocês elf's estão? Se alimentando bem? Chorando com as fotos do bias no exercíto? Sofrendo pq o próximo a ser jogado para aqueles leões é o seu bebê muito mais velho do que você (insira euzinha bem aqui)?

Depois de um longo tempo eis que surjo com uma WonKyu que, bem, está com esse capítulo escrito desde o ano passado. Eu não sei quantos capítulos serão, provavelmente só mais um, porque na verdade eu queria escrever uma oneshot, mas enfim, não vai rolar pq eu empaquei bem nesse finalzinho aí. Daí o motivo da bebê estar empacada há um ano.
Resolvi postar porque ela estava lá, jogada as traças, tadinha, implorando para ser terminada e quem sabe, com um bom feedback, eu não consiga concluí-la. Se flopar, apago e finjimos que nunca aconteceu, ok? Ok.

Capítulo 1 - Principalmente humano


Você é como uma estrela no céu, que

não pode ser tocada, porque está muito longe

Será que essa estrada vai estar mais perto hoje?

 

Ele era apenas uma criança. Confuso, imaturo, assustado, extremamente egoísta e humano. Principalmente humano. E o humano tende a errar. Mais vezes do que gostaria e se arrepender sempre.

E Kyuhyun se arrependia de tantas coisas, tornava-se até desconcertante à medida que pensava em cada falha, cada decisão errada.

Mas havia algo que mais do que se arrepender, Kyuhyun nunca foi capaz de se perdoar. Era horrível demais, era cruel, desumano. Imundo. Mesmo com o passar dos anos não podia se desfazer daquela sensação. Kyuhyun se sentia imundo e nada podia fazer para mudar, a não ser talvez encontrá-lo e implorar pelo seu perdão. Mas era impossível de tantas maneiras, ele sabia disso.

Não podiam culpar uma criança por agir estupidamente, tentou se convencer por muito tempo. Sem ajuda, até onde Kyuhyun realmente teria ido? Dificilmente muito longe. Sem qualquer apoio, teria provavelmente enlouquecido e feito coisa pior. Pensava que ao menos usou o bom-senso, não o havia abandonado em qualquer lugar – ainda que abandonar fosse a palavra-chave na coisa toda. Em algo que poderia ou não ser descrito como ‘feito por amor’, pensou que mesmo naquelas condições estava fazendo o melhor por ele, pensou numa forma de não o ter desabrigado, queria que ele tivesse alguém que realmente o amasse. Ele foi responsável – na medida em que um ato tão monstruoso quanto aquele pudesse ser considerado mesmo como um ato responsável. Tanta gente descartava como se não fosse nada, como se não passasse de lixo enquanto ele o quis saudável em um lugar que realmente fossem cuidar dele.

Kyuhyun deveria ter adivinhado que nada daquilo teria importância quando o peso na consciência o alcançasse.

 

Trinta e um de julho de dois mil e quinze. Duas e quarenta e oito da manhã. Era oficialmente seu décimo segundo aniversário. Parabéns meu amor, desejou de todo coração deitado de lado, uma mão debaixo do travesseiro e a outra agarrando o edredom como sua âncora de salvação, como quem deseja mais do que qualquer outra coisa se manter lucido.

Kyuhyun respirava calmamente, tão diferente do seu interior que era um caos de sentimentos e culpa. Queria que aquele dia passasse de uma vez. Todo ano, naquela mesma época, ele sentia como se fosse despedaçar, como se não fosse suportar e finalmente jogar tudo para o alto. Carreira, amigos, família. Tudo. Era difícil manter um sorriso no rosto quando tudo o que mais queria era gritar que não estava bem, nunca esteve. Aquilo não passava de uma máscara bem-feita, mas que com o passar dos anos se despedaçava e mais dia menos dia revelaria a verdadeira face por traz daquele sorriso que julgam ser tão bonito.

Kyuhyun desejou naquela manhã não ver ninguém. Mas logo Siwon apareceu em sua porta, sorrindo e sendo o namorado atencioso que ele realmente era. Você também acharia que sou um monstro se soubesse? Sorriu e o beijou como se fosse um dia qualquer, contudo recusou o convite para almoçarem fora como sempre faziam quando tinham algum tempo livre para passarem juntos. Disse que não estava no clima para atender suas fãs e Siwon entendeu. Havia dias que ele mesmo não tinha ânimo – ainda que elas fossem a coisa mais preciosa de suas vidas enquanto banda, não julgaria o namorado. Porém seus planos teriam de ser rearranjados porque precisava conversar com Kyuhyun e o assunto não podia ser adiado por mais tempo.

Almoçaram no apartamento do mais novo. Siwon pediu comida por telefone e Kyuhyun estava mais do que satisfeito por não precisar tentar cozinhar naquele dia. Eles pouco conversaram, Kyuhyun se contentou em se abrigar nos braços dele e proibir-se de chorar, Siwon tão pouco se importou, cansado, o namorado era sempre manhoso e predisposto a não fazer qualquer coisa que envolvesse algum movimento.

— Coração?

— Sim?

— Minha data de alistamento já saiu. — Kyuhyun, que até então brincava com os botões de sua camisa, parou e o olhou, sentando-se direito.

­— Quando?

— Segunda quinzena de novembro... acho que devíamos nos casar — disse surpreendendo o namorado. Eles não estavam dispostos a assumir publicamente e, no entanto, Siwon queria se casar; ele não sabia a loucura que seria? Não tinha aprendido o suficiente com o casamento de Sungmin?

— O que? Mas...

— Você sabe como as coisas são e sabe que eventualmente eu seria punido por mau comportamento — Kyuhyun assentiu. — A menos que não se sinta preparado, eu quero muito me casar com você.

— Isso é... bem, repentino — admitiu. — Não fazia muito tempo que não queria assumir e...

— Eu não queria que toda a mídia tirasse a privacidade do nosso relacionamento. É diferente.

— Eu sei — murmurou. — Posso pensar? — Perguntou olhando-o com cuidado. — É um passo enorme e mesmo que queira isso tanto quanto você, preciso pensar.

 

Kyuhyun não demonstrou, mas sim, estava perturbado com aquele pedido de casamento repentino. Ele não esperava por isso, na verdade achava que continuariam mantendo esse namoro em segredo por muito tempo e então saber que isso não estava nos planos de Siwon o chocou. Não era como se não quisesse se casar, ele queria um dia, quem sabe, mas Siwon não o conhecia, ou melhor, não o conhecia completamente. Não sabia do que foi capaz de fazer e não queria continuar a esconder esse segredo se realmente fosse aceitar – o que ele queria muito fazer.

Siwon se movia lentamente dentro dele, seus gemidos graves e mais frequentes eram seu aviso de que estava quase lá. Era o pior momento para isso, mas Kyuhyun continuava pensando enquanto respondia aos toques do amado com paixão, arranhando e mordendo onde alcançava com as mãos ou lábios. Atingiu o ápice gemendo baixinho e longamente, sendo arrastado para aquele estado semiadormecido que tendia a ir depois de ter tido um bom sexo e então continuou murmurando ao ser estimulado no mesmo ponto continuamente. Logo Siwon também teve seu prazer liberado na camisinha chamando por Kyuhyun que de olhos fechados sorriu. Sempre lhe subia um tremor pela espinha quando aquela voz rouca pedia por mais dele.

Siwon não costumava conversar depois de fazerem amor. Ele simplesmente se agarrava a Kyuhyun e dormia e o cantor pouco se importava, ele geralmente precisava de um momento para se situar, mas precisava falar. Precisava dar sua resposta e tinha mesmo de ser completamente sincero. Este casamento não começaria com ele omitindo certos pontos de sua vida e se Siwon não pudesse lidar com a situação, Kyuhyun certamente se conformaria, ou ao menos aceitaria sua decisão. Seria válido afinal.

Querendo ou não, encarou aquela noite como uma possível despedida.

— Siwonie — chamou, recusando-se a deixa-lo dormir. Hm foi tudo o que murmurou, abraçando sua cintura. — Siwon, por favor, eu quero conversar — virou em seu abraço e o olhou de baixo. Siwon tinha os olhos semicerrados nele, tão atentos quanto podiam naquele momento.

— O que foi?

— Eu quero dar a minha resposta, mas também quero que me escute. Há algo sobre mim que você precisa saber e não estou indo a dar qualquer passo a menos eu seja completamente sincero — Siwon assentiu, repentinamente acordado. Passou um braço em torno do pescoço do namorado, trazendo-o para mais perto e sentiu a leve caricia de Kyuhyun em seu peito. Ele estava curioso e um tanto preocupado. O que de tão grave ele tinha para revelar?

— Estou ouvindo.

O cantor principal tomou um longo folego antes de decidir que estava pronto.

— Eu tinha quatorze anos e era completamente imaturo — começou incerto olhando diretamente em seus olhos. Ele precisava daquela segurança que Siwon parecia transmitir apenas pelo olhar ou recuaria e talvez estragasse a grande chance de ter alguma felicidade. Claro que Siwon poderia odiá-lo depois de saber o que fez, mas estava tentando não pensar nisso. — Eu era representante da minha turma, por isso passava muito tempo na sala do grêmio e consequentemente com o presidente. Ele estava em seu último ano e era realmente o príncipe encantado de qualquer um, e claro, eu me apaixonei — Kyuhyun tinha um brilho nos olhos que preocupou Siwon. Aquilo era mágoa.

— Aposto que ele sabia dos meus sentimentos antes de eu conseguir finalmente dize-los e foi mesmo uma surpresa quando Shinwoo disse que me correspondia. Claramente não podíamos sair por aí nos rotulando como namorados, ele tinha dezoito anos, traria mais problemas para ele do que para mim mesmo então não, eu não me importei de restringir aquele namoro às paredes do grêmio. Na verdade, eu estava muito feliz — riu sem humor. Sem saber onde Kyuhyun queria chegar com aquela conversa, Siwon começou aqueles suaves círculos com os dedos em sua cintura. Era uma sensação calmante e Kyuhyun conseguiu continuar.

— Alguns meses depois, ele começou a insistir que devíamos dar um passo a diante, eu não queria ter minha primeira vez em uma sala, não podia entrar num hotel sendo menor de idade e não era como se pudesse mentir minha idade. Shinwoo ficou desapontado, mas compreendeu. Disse que eu estava certo e que a minha primeira vez devia ser especial, eu não podia estar mais feliz e mais apaixonado. Eu era tão idiota! Minha vontade era dizer que só por ser com ele, seria especial, mas eu estava tentando isso de parecer digno de ser seu namorado oficial. Eu estava cansando de permanecer escondido quando havia tantas garotas dispostas a serem suas namoradas, disputando a atenção que devia ser só minha. Elas eram mais velhas, bonitas e tão adoráveis sem serem exatamente infantis, então pensava que se eu fosse mais como elas, Shinwoo ignoraria minha idade e pensaria porque não? Kyuhyun é mesmo alguém que vale pena desafiar o mundo.

— Nossa primeira vez foi na casa dele. Seus pais tinham ido viajar e decidimos que estava na hora. Na verdade, eu meio que o seduzi fingindo que precisava de ajuda com as minhas anotações de química. Ele foi perfeito. Foi paciente, tranquilo e me deixou à vontade numa situação tão nova ‘pra mim. Naquele dia eu disse que o amava e Shinwoo apenas sorriu. Achei mesmo que ele sentia o mesmo ainda que não houvesse dito nada, ele podia não ser bom com as palavras, certo? Eu aceitei aquela sugestão. Vivemos bem depois disso, ele ainda achava problemático nos assumir e sempre me fazia desistir de argumentar. Até que finalmente aconteceu. Meu mundo virou de cabeça para baixo — suspirou. — Com a quantidade de vezes que transamos em um pouco mais de um ano de namoro quase sempre sem alguma proteção porque a camisinha me incomoda, – ele dizia, hoje acho uma surpresa não ter acontecido antes. Eu engravidei quando só tinha quinze anos. Ele já havia se formado e estava na faculdade e quando contei, pensando que por mais assustador que fosse aquela situação, ele ficaria do meu lado e seria o companheiro que eu precisava naquele momento, ele não podia ter sido mais cruel.

Kyuhyun ainda estava olhando o namorado, mas Siwon desviara os olhos para o céu de Seul através da janela atrás dele. Ele queria tanto saber o que estava se passando por sua mente. Queria tanto que Siwon estivesse novamente com aqueles olhos carinhosos sobre ele...

— Basicamente, fui humilhado. Shinwoo dizia que, até onde sabia, aquele filho podia ser de qualquer um. Que eu apenas me fazia de inocente, mas que ele não cairia naquele joguinho. Eu nunca achei que Shinwoo, o meu Shinwoo, na verdade fosse aquele tipo de pessoa. Dissimulado e frio, ele me tratou como a vadia que sabia que eu não era. Só ‘pra se ver livre de uma responsabilidade — suspirou, ele estava começando a se alterar e Kyuhyun queria realmente terminar com o desabafo preso desde que contara a única pessoa que confiava além de Siwon, Changmin.

— Quando contei que estava esperando um bebê aos meus pais, eles ficaram chocados. O filhinho deles? O melhor aluno da sua turma? O sempre tão responsável Cho Kyuhyun? Nossa relação nunca mais foi a mesma. A única que me apoiou foi Ahra nonna e ainda assim eu pude ver a decepção em seus olhos todos os dias, a medida em que minha barriga crescia. Foram os piores meses da minha vida e então, quando ele nasceu eu não pude olha-lo sem sentir raiva. Eu perdi tanto. O amor dos meus pais, o futuro brilhante que eu tinha pela frente... e por mais idiota que fosse, o culpei por Shinwoo ter me deixado — fungou. — Eu o deixei numa igreja. Eventualmente, me arrependi, mas sentia que já não tinha qualquer direito sobre aquela criança no momento em que a entreguei. Sem mencionar que não houve qualquer identificação, como procuraria pelo meu filho se não fui capaz de sequer registra-lo? — Ao concluir, Kyuhyun não era mais capaz de controlar as lágrimas ou os tremores, esperando por qualquer reação do namorado.

O silêncio se propagou pelo quarto e minutos depois, quando Siwon simplesmente se vestiu e saiu, Kyuhyun não ficou surpreso. Siwon o odiava, agora era ele quem precisava lidar com a situação, afinal era uma possibilidade, uma enorme possibilidade, e não era como se esperasse que Siwon simplesmente não se importasse com o seu passado.

E quando ele viu aquele colar sobre a cômoda, o colar onde pendia a aliança dos dois, Kyuhyun compreendeu o que aquele simples, mas definitivo gesto significava.

Eles estavam terminando.

♦♦♦

 

Fazia mais de uma semana que não tinha qualquer notícia de Siwon. Kyuhyun tentou mesmo não criar esperanças de que ele voltasse atrás, ou que ao menos conversassem civilizadamente para que aquele namoro tivesse um final digno, afinal foram cinco anos maravilhosos que não mereciam ser manchados por sua estupidez. Mas estava cansado de sonhar com algo que não aconteceria jamais. Ele não sabia como seria o relacionamento deles como membros da mesma banda, mas faria o possível para ficar fora do seu caminho.

As poucas pessoas ali faziam barulho o suficiente para causar-lhe uma enxaqueca. Acostumado com a dor ao longo da semana, Kyuhyun apenas ignorou, consciente de que apenas deveria fazer o papel de bom filho, sorrir, parecer feliz e então sumir daquela casa o mais rápido que fosse permitido com uma desculpa qualquer. O lugar onde cresceu não tinha mudado em tudo, havia pequenas mudanças por contas dos anos, mas ainda tinha muito de como se lembrava. Infelizmente ele já não se sentia à vontade em estar ali. Ao lado do pai, que conversava com alguns amigos, Kyuhyun tentava controlar a quantidade de álcool ingerido pensando que na manhã seguinte ainda tinha de voltar aos preparativos do seu mini álbum.

Não estava realmente prestando atenção, a maioria dos amigos do pai eram professores como ele, muito sérios até quando estavam em um ambiente mais informal e Kyuhyun queria tanto sair sem parecer mal-educado. Sua mãe podia chama-lo para ajudar com algo na cozinha, mas Ahra e suas primas já estavam com ela o que significava pouca coisa para fazer.

— Ah! Meu Kyu disse que não poderia vir querido — Kyuhyun gelou ao ouvir a mãe e não se atreveu a olhar para traz. Não poderia ser Siwon, poderia?

— Fiz um esforço, é uma data importante para os senhores — fechou os olhos respirando com força quando a voz grossa chegou aos seus ouvidos. Quando chegara sem o namorado naquela tarde, ele simplesmente não conseguiu dizer que não estavam mais juntos, então apenas disse que a agenda de Siwon estava lotada e que sentia muito em não poder comparecer ao aniversário de casamento deles. Ele devia imaginar que Siwon nunca faltaria a um compromisso mesmo que para isso fosse obrigado a vê-lo. De repente, sentiu-se nauseado e murmurou qualquer coisa, sem se importar em estar ou não soando grosseiro como antes. O primeiro lugar que pensou em estar foi seu quarto que, apesar de trazer as piores lembranças da sua adolescência, foi também seu refúgio. Não mudara nada, com o tempo a única coisa acrescentada, foram os murais de fotos. Fotos com Changmin e os membros do Super Junior, principalmente, havia muitas fotos com Siwon. Siwon gostava de Polaroid e estava sempre eternizando algum momento do casal com a câmera. Quase sempre contra a vontade de Kyuhyun, mas eram boas lembranças.

Kyuhyun estava tão cansado de chorar, mas ainda assim não impediu suas lágrimas quando essas surgiram. Lembrou-se, no entanto de trancar a porta, não queria precisar explicar a situação a qualquer um que entrasse. Mas ao se virar, prendeu a respiração ao encontra-lo parado próximo, observando. Não soube o que fazer então desviou os olhos para a janela sentindo-se estúpido e passou as costas da mão no rosto, rindo constrangido do papel de idiota que estava fazendo.

— Hm, foi bondade sua vir... sabe, pelos meus pais.

— Já havia dito que viria.

— Não tinha que fazer isso — disse sentindo a amargura naquelas palavras. Siwon nunca mais teria de fazer coisa alguma por ele. Ele não iria mais desistir de uma manhã na academia para ficar na cama consigo, nem ignoraria a dieta para acompanha-lo numa rodada de sorvete com muita cobertura, por vezes, duas rodadas. Siwon não o incentivaria a fazer pelo menos a esteira porque era sedentário demais e não ficaria bravo quando Kyuhyun dissesse que tinha se apaixonado por ele mole daquela forma, então era essa coisa molenga que teria. Quase riu e quis voltas a chorar ao mesmo tempo. Siwon era chato demais quando se tratava de saúde. Ele realmente sentiria falta disso.

— Olha, eu...

— É melhor descermos, a festa logo vai começar e sabe como minha mãe gosta de te exibir — tentou brincar como se não estivesse chorando ainda há pouco.

— Kyuhyun...

— Depois, pode ser? — Sua voz falhou e o maior quis insistir. — Por favor... — Siwon apenas assentiu antes de sair e Kyuhyun rolou os olhos para si mesmo, indignado. Não era ele quem queria aquela conversa? Então como em nome de tudo o que lhe era sagrado, simplesmente o dispensara?

Você não suportaria, uma vozinha dentro de si rugiu, se proclamando a dona absoluta da verdade. Iria perder qualquer dignidade que ainda lhe resta rastejando por perdão. Mesmo sacudindo a cabeça e negando firmemente em prol de seu amor próprio, essa mesma voz relutava afirmando que seria sim capaz de tudo para ter Siwon de volta e se isso significasse se humilhar, ele certamente não pensaria duas vezes.

A festa passou como um borrão. Siwon estava sempre com o pai de Kyuhyun o que significava que o Cho mais novo passou a maior parte do seu tempo na cozinha conversando com Ahra sobre esse novo amigo que ela sentia gostar mais do que apenas como um amigo. Ele quase disse que namorar um amigo só podia acabar em desastre, mas não quis ser injusto. Siwon e ele eram amigos antes de namorarem e só tinham terminado pelo o que fez, os cinco anos que passaram juntos foram maravilhosos e arriscava que, se houvessem terminado por qualquer outro motivo que não esse ainda seriam amigos porque Siwon se esforçaria para fazer dar certo. Preferiu então pedir que fosse cautelosa em revelar seus sentimentos e esperar por um sim, até porque o não ela já tinha e levou um tapa. Ela era a irmã mais velha, dar conselhos era coisa dela e não ao contrário. Sorriram um para o outro. Ahra era a sua pessoa preferida na família, mesmo decepcionada, esteve ao seu lado em todos os momentos e, ao contrário dos pais, foi contra a sua atitude de dar a criança. Infelizmente, ele não a ouviu.

— Siwon-ssi! Estava mesmo me perguntando quando viria falar com a sua cunhada — Kyuhyun teve a decência de corar.

— Desculpe nonna, seu pai só me liberou agora — os dois riram enquanto se abraçavam e Kyuhyun descia da bancada, sem jeito. — Posso falar com o Kyuhyun?

—Claro — sorriu. — Vou ver se a mãe precisa de alguma coisa — avisou antes de deixá-los a sós na cozinha.

— Quero falar com você.

— Não acho que seja um bom momento, meus pais... quero dizer...

— Só me escute, tudo bem? — O menor assentiu, apoiando o quadril na bancado e brincando com os dedos nervosamente. — Aquela história... ela me chocou realmente, eu não sabia o que fazer, muito menos o que pensar. Estava de cabeça quente – furioso, admito, então sai de lá antes de dizer algo de que me arrependesse e te magoar. Depois, bem...

— Siwon, você não me deve qualquer explicação. Nós... rompemos, certo? — Desviou os olhos, não queria voltar a chorar na sua frente.

— Kyuhyun, eu gosto muito de você – eu te amo — pegou uma de suas mãos, diante dos seus olhos grandes de surpresa — e não sei se consigo ficar sem você. Eu só precisava digerir isso. Você foi sincero comigo e agora estou sendo sincero com você.

— Então você só quis um tempo, n-não terminar? — Murmurou bobamente. Siwon sorriu acariciando sua bochecha.

— Eu só preciso... — Siwon foi calado pelos lábios saudosos de Kyuhyun. Ele sentia as lágrimas do menor em meio ao beijo e circulou o quadril, puxando o corpo dele para mais perto do seu enquanto Kyuhyun enroscava as mãos em seus cabelos. Lembrando-se de onde estava o menor interrompeu o beijo, descansando a cabeça no peito alheio e respirou profundamente como se fosse a primeira vez, como se fosse a golfada de ar que se tem depois de se afogar.

— Esses dias foram um inferno — confessou numa voz minúscula, quebrada.

— Eu sei, eu sei.

— Achei que nunca mais fosse olhar na minha cara, que pensasse que eu era um... — nesse momento, as palavras foram substituídas por soluços doloridos e tudo o que Siwon pode fazer era abraça-lo com carinho, reafirmando aquilo que sentia. Ele realmente amava Kyuhyun e juntos passariam por cima daquele passado de alguma forma.

— Shiii — murmurou baixinho, levando uma das mãos as suas costas e acariciando.

— Você não vai mesmo me deixar, não é? E-Eu fiquei tão perdido, eu não seria capaz de passar por isso outra vez, E-Eu...

— Se acalme meu, amor. Estou aqui e não vou a lugar nenhum.

— Eu te amo.

— E eu a você.

♦♦♦

 

Siwon caminhava apressado pelos corredores. A primeira semana de outubro chegara cheia de compromissos que duelavam bravamente com a atenção que Kyuhyun exigia ao opinar sobre as coisas do casamento que tinha sua data para o final daquele mês. Ambos queriam uma coisa simples e que fosse significativa para os dois, e isso facilitava bastante nas discussões. O único impasse mesmo era onde seria a cerimonia, porque enquanto Siwon queria que fosse no jardim da casa dos pais, que era um lugar grande o suficiente para comportar todos os convidados e recém reformado, Kyuhyun queria uma festa na ilha de Jeju, mas que implicaria uma segurança maior de forma manter a privacidade e a mídia afastada.

Pensando sobre como dissuadir o noivo de um casamento na praia (como um luau – Kyuhyun dissera), ele passou por um pequeno grupo de novos rookies e os cumprimentou com um sorriso quando foi visto. Enquanto se aproximava da sala de ensaio do Super Junior, uma sensação estranha lhe tomava o peito e sem compreender, resolveu que tinha de ignorar.

Ao entrar, apenas Kyuhyun estava lá dentro, com uma caneta entre os lábios e uma pasta sobre as pernas espalhadas no sofá; as bonitas sobrancelhas franzidas eram um claro sinal de problema e Siwon suspirou. Quem diria que montar um casamento fosse tão complicado?

— Deveríamos apenas contratar essas empresas de casamentos, coração.

— Oi?

— Você parece irritado.

— Não seja estúpido — resmungou. — Sou perfeitamente capaz de organizar um casamento — bufou.  — Estava só pensando que com a finalização do mini álbum, as promoções e o seu alistamento não vamos ter muitas oportunidades para viajar em lua-de-mel e Paris nessa época do ano é tão linda...

— Porque não vamos para um lugar mais próximo então? — Perguntou Siwon sentando e deixando que o menor usasse seu colo como seu apoio para as pernas.

— Jeju-do? — Sorriu.

— Não vou cair nessa Kyu — rebateu e Kyuhyun revirou os olhos, contrariado, mas resolvendo que por hora, deixaria estar.

— E você grandão, o que está fazendo aqui? Achei que tinha gravação hoje — mudou de assunto.

— Eu não tinha tantas cenas. Foi bem rápido.

— Que bom então você pode revisar a lista de convidados e marcar as mesas. Vamos naquela loja de ternos na quinta à noite, pedi para que fosse depois do expediente e evitar tumulto e eles concordaram — disse, entregando uma série de papeis e organizando outros.

— Você parece ter tudo sobre controle, hm?

— Nem tudo, nem tudo — murmurou. — Quer jantar comigo hoje?

— Você quer dizer tentar né? — Siwon ria enquanto o mais novo ficava bravo. — Você sabe, não foram seus dotes culinários que me conquistaram. Foi a sua bunda.

— Babaca. Eu ia pedir comida, agora vou te obrigar a comer o que eu conseguir cozinhar — bufou, sorrindo logo após e então se inclinou para beija-lo. — Senti sua falta — quando o celular de Siwon começou a tocar, Kyuhyun resmungou com os lábios resvalando os seus. —— Desliga essa droga — pediu e mesmo tentado a fazer isso mesmo, Siwon se afastou.

— É o manager — atendeu e pediu silenciosamente que tirasse as pernas do seu colo para se levantar, afastando-se e ouvindo provavelmente os compromissos do dia seguinte.

Anunciar o casamento foi a coisa mais difícil que Kyuhyun precisou fazer, não para a família e amigos, mas para a mídia. Fãs podiam ser as coisas mais assustadoras do mundo quando queriam e ele se preocupou com a repercussão daquela notícia. Elas pareceram, no entanto, entender depois do casamento de Sungmin que antes de idols, eles ainda eram humanos, que se apaixonavam como qualquer outra pessoa e tinham o direito a felicidade como todo mundo. Siwon acenou ainda ao telefone como se dissesse que precisava ir e assentiu, acenando de volta. Ficou contente com o apoio de suas fãs, algumas inclusive diziam saber daquele relacionamento desde o início – o que ele não duvidava mesmo. Riu esticando o pescoço e viu uma cabecinha sumir na janela da porta. Intrigado, ele se levantou e quando a abriu, viu a criança correr para longe sem que antes pudesse ver seu rosto e Kyuhyun sorriu. Ele, pelo jeito, teria um mini fã entre os novos traines.

 

Jeongin estava preocupado. E se houvesse sido visto? Não era assim que era para acontecer. Recriminou-se por ser tão curioso e não viu, só sentiu a colisão contra alguma coisa dura e grande demais, mas antes que pudesse cair, foi firmado por braços fortes. Quando olhou para cima com os olhos grandes de surpresa e susto, arfou. Aquele hyung se endireitou e acariciou seu cabelo e ele não parecia irritado, o que era bom.

— Não devia correr por aí assim, pode acabar se machucando — repreendeu, mas sua voz não era dura. Siwon parecia tão gentil quanto diziam ser.

— Desculpe-me, sunbae — pediu formalmente.

— Tudo bem, ninguém se machucou — disse e sorriu o analisando. — Quantos anos têm?

— Doze, sunbae — respondeu.

— Então precisa comer mais, está muito pequeno — soou brincalhão. — Não deveria estar com os novos traines conhecendo prédio?

— Eu me... perdi — mentiu.

— Nesse caso, eu te acompanho — Siwon que parecia estar indo em outra direção, apenas deu as costas, indicando o caminho. Alguns passos atrás, Jeongin observava o homem deslumbrado, ele parecia tão simpático. — Quer que eu pegue na sua mão? — Siwon olhou sobre os ombros, sobressaltando o garoto que corou. Tinha de ser tão bonitinho?

— Não sou mais um bebê — fez uma corridinha até estar ao seu lado. — Não preciso que peguem minha mão — Siwon apenas o olhou divertido e pôs uma mão em suas costas, guiando-o pelo corredor.

— Fique perto da sua turma — instruiu quando os acharam numa das lanchonetes do prédio. — Foi bom te conhecer, pequeno.

— Obrigado — agradeceu. — Siwon sunbae?

— Sim?

— O sunbae vai mesmo se casar com o K-Kyuhyun sunbae?

— É um pequeno fã então? — Siwon sorriu, abaixando-se para ficarem na mesma altura. Ele sempre se impressionava quando descobria ELF’s tão novos. — Sim, eu vou. Porque a pergunta?

— Ele é... uma boa pessoa? — O adulto achou aquela uma pergunta estranha, mas deu de ombros. A criança podia ser seu fã e só estava se preocupando desnecessariamente.

— A melhor pessoa que eu poderia encontrar para dividir uma vida comigo — garantiu e Jeongin assentiu muito corado e feliz.

— Tchau hyung — acenou e Siwon sorria de lado vendo-o correr para perto dos novos traines, alguns eram claramente mais velhos, enquanto outros pareciam ter a sua idade, mas aquele garoto sem dúvida era o menor deles. Não entendia o sentimento de ternura que de repente sentia por aquela criança, mas aceitou de bom grado com o desejo vê-lo novamente.

 

Essa era uma variável que poderia mesmo arruinar com os seus planos. Foi o que Jeongin pensou ao entrar naquela sala depois de correr atrasado do colégio até a estação de metrô e então até o prédio da SM, bufando e quase sem ar. Se ao menos soubesse se controlar para não ser visto... Ele deveria saber que algo assim podia acontecer, cedo ou tarde acabaria esbarrando com ele por aí, só teria agradecido se fosse um pouco mais tarde e, por favor, não numa situação dessas.

Jeongin gostaria de poder gritar de frustração, mas isso ele controlou. Não quis que a primeira impressão que tivesse de si fosse a de que era um maluco. Porém não pode evitar o gritinho de surpresa e corar, aquela não era uma coisa que se via todo dia.

Quantas shippers Wonkyu não morreriam por uma foto dos dois se beijando? Pensou, enquanto escondia o rosto corado atrás da mochila. Kyuhyun curiosamente estava tão corado quanto, mas Siwon sorria como se aquilo não fosse nada demais.

— Se não é o pequenino — cumprimentou. — As salas de treinamento são no andar de baixo.

— D-Desculpe, e-e-eu.

— Tudo bem baixinho — Siwon o tranquilizou. Jeongin baixou a mochila, encarando Kyuhyun longamente e a profundidade daqueles olhos atormentou o cantor – não de uma forma negativa, se viu preso a eles, tentado a desvenda-los, a reconhecê-los de algum lugar. Antes que pudesse ter qualquer pensamento coerente, a criança correu para fora dali.

— Pronto. Acabamos de traumatizar uma criança — Kyuhyun murmurou agitado com a presença daquele garoto.

— Ele não viu nada que já não tenha vido em casa com os pais. Eu não estava arrancando sua roupa, apenas te beijando.

— Ele deve ter nove anos, estão aceitando traines tão novos agora? — Olhou o noivo que tornava a se aproximar, encurralando o menor contra a parede de espelho da sala. Kyuhyun arqueou uma sobrancelha e o segurou pelos ombros.

— Na verdade, tem doze. O conheci ontem, estava perdido. Parece que é muito propenso se perder por aí — riu baixando o rosto para beija-lo. Kyuhyun, no entanto virou o rosto e o empurrou.

— Eu disse que não era uma boa ideia me arrastar para uma sala vazia, mas você me escuta? — Olhou zombeteiro. — Pior do que um adolescente, o que eu fiz para merecer isso? — Disse afastando-se. — Vou voltar para o estúdio, é o melhor que eu faço. Enquanto você grandão, tenho quase certeza de que tinha uma sessão de fotos nessa tarde.

— Coração...

— Tchau, Siwonie hyung.

Aquele garoto... Ele tinha a mesma idade que teria seu bebê.



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