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História A Missão - Ao Seu Lado


Escrita por: jaimencanto

Capítulo 3 - Ao Seu Lado


Lety

 

 

               Já era tarde da noite quando saímos. As ruas da cidade estavam vazias, e provavelmente éramos os únicos que estávamos ali. Nós e os prováveis suspeitos. Estávamos em três, já que Omar continuou à proteger o Senhor Joseph no hotel, por mais que eu insistisse para que fosse Marcela à fazer isso. Como ninguém me deu ouvidos, eu tive que me esforçar para aceitar que éramos uma equipe, e que todas nossas desavenças deveriam ficar para trás.

- É ali. – Fernando parou na calçada, apontando para uma rua sem saída. – Foi esse endereço que Rodriguez passou.

- Como vamos fazer? Afinal eles são apenas suspeitos. – Falei. – Podem não ser quem procuramos.

- Melhor nos aproximarmos mais e observar o movimento. – Marcela sugeriu e nós concordamos.

               Com cuidado caminhamos pela rua, seguindo em direção à rua sem saída. Parecia tudo calmo demais, talvez exageradamente calmo. Isso não me agradava nem um pouco, e eu estava prestes à dizer para Fernando para termos cuidado, quando formos surpreendidos com alguém atirando em nossa direção. Por pouco o tiro não pegou no braço de Marcela, e imediatamente corremos para nos proteger. Me escondi atrás de uma lata de lixo e saquei a minha arma imediatamente, procurando pelo atirador. Mas, para minha surpresa, não era apenas um. Eles estavam em cinco.

               O tiroteio começou quando retribuímos a recepção. Não éramos treinados para atirar em ninguém caso não fosse necessário, mas naquela situação, era mais do que óbvio que tínhamos que nos proteger de alguma maneira. Consegui atingir um deles no braço e ele imediatamente caiu no chão. Marcela atingiu um na perna, e Fernando acertou dois bem na coxa. Os quatro caíram no chão, e quando nos preparamos para atirar no ultimo, ele correu. Nós três disparamos tiros contra ele, mas o filho da mãe tinha sorte o bastante para nenhum acertar nele.

- Droga! – Exclamei me levantando.

               Olhei para o lado à procura de Fernando, mas para a minha surpresa ele não estava. Tinha corrido atrás do homem que fugiu.

- FERNANDO! – Gritei na esperança de que ele desistisse, mas em poucos segundos ele desapareceu pelas ruas escuras. – Mas que... Merda!

- Deixa ele, Lety! Ele dá conta! Vamos pedir reforço antes que esses palhaços resolvam fazer o mesmo.

- Certo.

               Olhei novamente para a direção que Fernando seguiu, mas não pude deixar que minha preocupação por ele nos atrapalhasse naquele momento. Marcela e eu tínhamos que conter os quatro homens até a chegada do reforço.

 

 

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Fernando

 

               Corri o mais rápido que pude na tentativa de alcançar o desgraçado que tentava fugir. Corremos por três quarteirões e enfim eu consegui me aproximar, empurrando-o brutamente em um muro.

- É melhor você não tentar fugir de novo! – Falei apontando a arma para ele. – Posso não ter acertado de longe, mas dessa vez eu não vou errar.

- O que é que você quer? – Ele perguntou impaciente.

- Para quem você trabalha?

               Ele riu.

- PARA QUEM VOCÊ TRABALHA? – Gritei empurrando-o novamente contra o muro.

- Eu não vou te dizer!

- Os seus amigos já estão presos nesse momento, você não tem muita escolha.

- Acha que somos apenas em cinco? – Ele riu novamente. – Nós somos muito mais do que você imagina.

- A arma já foi para Nova Iorque?

               Ele não respondeu, apenas continuou gargalhando, o que fez minha raiva aumentar ainda mais.

- ME RESPONDE! – Gritei apertando seu ombro.

- A arma não vai para Nova Iorque! Isso foi uma estratégia para confundir vocês. A arma ainda está aqui, e vai ser usada aqui. Em breve...

               Dessa vez eu não respondi. Não esperava por essa.

- Em poucas horas essa cidade vai para os ares... E a culpa vai cair toda no Governo!

- Vocês não terão esse privilégio. – Falei puxando o gatilho.

               Ele não pareceu assustado com isso, pelo contrário. De repente senti alguém me acertar por trás, justamente na cabeça. Caí no chão imediatamente, com a cabeça latejando e as vistas escurecendo. A ultima coisa que consegui ver foi dois homens se afastando, e depois tudo escureceu.

 

 

 

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               Era um dia de trabalho como qualquer outro. Fernando havia acabado de chegar e cumprimentou seus colegas animado, com um copo de café em mãos. Para ele, apenas mais um dia em sua rotina, até o seu chefe o chamar para ir à sua sala. Ao contrário dos seus colegas, Fernando não tinha medo de levar um sermão quando era chamado à sala do chefe, porque sabia que jamais fazia algo errado ou fugia de suas obrigações.

- Sente-se, por favor. – Rodriguez disse apontando para a cadeira.

               Fernando imediatamente sentou-se e olhou atentamente para o chefe.

- Fernando, eu sei que você e Carvajal formam uma bela dupla aqui, e você também sabe por que já disse isso várias vezes.

- Sim Senhor. – Respondeu orgulhoso.

- Mas hoje nós recebemos uma transferência, e eu gostaria que você tivesse uma nova dupla.

- Nova dupla?

               Por mais que Fernando gostasse de trabalhar com o seu melhor amigo, não era do seu feitio questionar as ordens de Rodriguez, principalmente porque ele nem ao menos sabia quem seria o seu novo parceiro.

- Bom... Tudo bem.

- Tenho certeza que vão se dar bem. – Ele sorriu. – Ela era a melhor da sua equipe.

- Ela? – Fernando perguntou surpreso. – É uma mulher?

- Sim! Você tem algum problema com isso?

- Não. É claro que não.

- Ótimo! – Rodriguez se levantou e Fernando fez o mesmo. – Vou apresentá-los então.

               Assim que os dois saíram da sala, notaram que os homens estavam reunidos de frente para a janela. Parecia uma reunião de futebol onde eles assistiam os melhores lances, mas não poderiam fazer isso olhando para uma simples janela.

- O que é que estão fazendo? – Rodriguez perguntou e todos dispersaram no mesmo instante.

               Ele se aproximou da janela e logo depois olhou divertido para os seus policiais.

- Mendiola, conheça sua nova parceira.

               Um murmúrio começou entre todos os homens que estavam ali. Alguns diziam “por que o Fernando?” outros deixavam claro que estavam com inveja. Fernando não entendeu o alvoroço até se aproximar da janela e ver uma mulher na pista de corrida. Ela trajava apenas uma camiseta branca e a calça de uniforme. Os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo e ela corria pela pista, sem ao menos imaginar que todos aqueles homens estavam cobiçando-a, principalmente Fernando.

- Vou deixar que você mesmo se apresente. – Rodriguez bateu em seu ombro. – E vocês! Voltem ao trabalho! Tem denuncias demais para ficarem aqui de bobeira!

               Os caras começaram a se afastar, mas Fernando continuou parado à janela olhando para a mulher que corria lá fora. Imediatamente ele saiu e caminhou em direção à pista onde ela estava. Mesmo depois que ele se aproximou, ela continuou correndo sem lhe dar muita atenção.

- Ahm... Oi! – Ele disse em voz alta para que ela o escutasse enquanto corria. – Não sei se você sabe... Mas nós vamos ser...

- Parceiros. – Ela respondeu diminuindo os passos, até parar de frente para ele. – Eu sei quem você é Fernando Mendiola.

- Ah, Rodriguez já disse sobre mim...

- Não. Eu puxei sua ficha. Não poderia trabalhar com alguém que eu não conheço. – Ela sorriu respirando ofegante. – Pensei que não viria se apresentar e só ficaria me olhando da janela.

               Fernando imediatamente corou e ela riu.

- Meu nome é Letícia. Mas se vamos ser parceiros, pode me chamar de Lety. – Ela esticou sua mão para ele.

- É um prazer. – Ele apertou sua mão e sorriu.

- Então... Parece que já temos que começar, não é?

- Parece que sim.

- Eu vou me trocar e volto em um minuto.

- Certo.

               Letícia pegou sua mochila que estava no chão e se afastou. Fernando não conseguiu parar de olhá-la até que ela entrasse dentro do vestiário e ele a perdesse de vista. Assim que ergueu a cabeça em direção à janela, Fernando viu os seus colegas fazendo sinal de positivo para ele.

 

 

 

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               Minha cabeça estava latejando. Assim que abri os olhos senti uma tontura fora do normal, até finalmente consegui me sentar. Eu ainda estava na calçada, e a rua estava deserta. Só então me lembrei de que o filho da mãe havia fugido acompanhado de outro filho da mãe que me acertou na cabeça. Com dificuldade consegui me levantar, e encostei ao muro com a mão na cabeça, me certificando de que não estava sangrando. A pancada tinha sido forte, e eu não fazia idéia de quanto tempo estava desmaiado ali. Só então me lembrei da informação que o cara havia me passado, de que a arma não estava indo para Nova Iorque. Antes que eu pudesse pegar o meu rádio comunicador para falar com Letícia, senti o celular vibrar em meu bolso. Quando vi o nome dela aparecer na tela, me senti aliviado por saber que ela estava bem.

- Lety! – Falei ao atender o celular.

- Não é a Lety. – Uma voz masculina respondeu e eu empalideci. – Ela está aqui, mas não da maneira que você gostaria.

- Quem está falando?

- Nós estamos com a sua esposa.

               Meu coração disparou.

- E achei que gostaria de saber que ela será nossa peça chave para o grande evento.

               Eu não disse absolutamente nada. Minha vontade era xingar aquele homem de todos os nomes possíveis, mas isso poderia ter conseqüências para Lety e eu não poderia arriscar.

- Quero que leve toda a sua equipe de palhacinhos para buscá-la. Nós estaremos com ela em frente ao museu da cidade. Se você fizer o que dissemos, vai poder pegá-la com vida. Se não...

               Sem esperar uma resposta, o homem desligou. Senti minhas mãos gelarem, e não soube o que fazer. Lety estava em perigo, e eu precisava ajudá-la de alguma maneira. Mas como? Eu não me importava. A única coisa que me importava naquele momento era que Lety estivesse sã e salva, mesmo que eu precisasse dar a minha vida por isso. Sem perder tempo resolvi voltar para o hotel o mais rápido possível. Omar e Marcela poderiam me ajudar com isso, e quanto mais gente para me ajudar, melhor.

               Não demorou muito tempo para que eu chegasse no hotel, e para a minha surpresa, Omar e Marcela estavam na porta esperando por mim.

- Fernando! – Omar exclamou ao me ver.

- A Lety está aqui? – Perguntei na esperança de que ele dissesse que sim, e que tudo não passou de uma brincadeira de mau gosto.

- Não. – Marcela respondeu. – Depois que o reforço chegou ela correu atrás de você. Pensei que estivesse com voce.

               Suspirei tenso e passei a mão em meu rosto.

- O que aconteceu, Fernando?

- Eles estão com ela.

               Admitir aquilo era ainda pior. Eu me sentia impotente por não ter feito nada para impedir isso, e agora minha esposa estava em perigo.

- Ah não, Fernando... – Marcela me olhou.

- Tem certeza que isso não é uma armadilha?

- Não, Omar. Eles me ligaram do celular dela. Esses desgraçados estão com ela! – Falei nervoso.

- Calma, vamos pensar em uma maneira de ajeitar isso. – Marcela disse. – O que ele falou para você?

- Disse que ela será a peça chave para o evento. Querem que eu leve toda a equipe até a entrada do museu.

- Mas que absurdo! – Exclamou Omar. – Eles estão nos fazendo de palhaços!

- Eu não posso deixar a Lety em perigo. – Falei colocando as mãos à cintura. – Preciso pensar no que fazer.

- Chame a equipe, oras! – Marcela disse. – Rodriguez não pode te negar isso.

               A olhei pensativo.

- Mendiola, está na escuta?

               Assim que ouvi a voz de Rodriguez peguei o radio em meu bolso.

- Sim Senhor!

- Até que enfim! Onde estava?

- Fui atrás de um deles e acabei sendo atingido na cabeça.

- Mas você está bem?

- Não. Eles pegaram a Lety.

- O que?

- Eles estão com ela e fizeram uma ameaça! Eu preciso ir atrás dela. E preciso que toda a equipe vá comigo!

- Mendiola, fique calmo. Não faça nada de cabeça quente! Isso pode ser uma armadilha.

- Eu não vou arriscar a vida da Lety, Senhor!

- E se for uma armadilha? E se planejarem algo contra a equipe? Não podemos nos arriscar.

- Eu prefiro me arriscar do que arriscar a vida da minha esposa!Falei nervoso.

- Mendiola, questões sentimentais não está em jogo! Precisamos fazer as coisas com calma! Não se trata apenas de você!

- Como vou manter a calma? – Aumentei a voz.

               Eu jamais questionei o meu chefe em todos os meus anos de trabalho. Mas estávamos falando da Letícia, minha esposa, e era uma audácia ele pedir que eu mantivesse a calma quando ela estava em perigo.

- Você claramente não está em condições de fazer nada por essa noite, Fernando. Está proibido de fazer qualquer coisa relacionado à isso, você me ouviu? Deixe que eu vou resolver isso de alguma maneira.

               Não respondi.

- Mendiola, você me ouviu? É uma ordem!

               Com raiva, joguei o rádio do outro lado da rua, quebrando-o em pedaços. Marcela e Omar me olharam assustados, mas eu estava com raiva demais para me explicar.

- Eu vou atrás da Lety. – Falei decidido.

- Nós vamos com voce. – Omar deu um passo à frente.

- Não. Vão se meter em problemas se me acompanharem.

- Você vai precisar de ajuda. – Marcela disse. – E fazemos parte da equipe. Nós vamos.

               Balancei a cabeça concordando.

- Vamos logo. Não quero perder mais tempo. – Falei.

               Seguimos os três pela rua escura em direção ao museu. Não sabíamos exatamente onde ficava, mas por ser uma cidade minúscula, imaginamos que ficaria na praça principal. Não havia absolutamente ninguém na rua, o que tornaria nossa ação muito mais fácil. Assim que chegamos no local, avistei o museu mais à frente, mas não ninguém estava ali.

- Está tudo muito calmo. – Comentou Omar. – Acho melhor não nos aproximarmos.

- Eles podem estar lá dentro. – Falei. – Preciso ir. Vocês podem ficar.

- Fernando, Omar tem razão. – Marcela segurou em meu braço. – Essa história não parece boa.

- Vocês podem ficar. Eu não vou deixar que façam nada com a Lety. Não vou. – Saquei a minha arma e lhes dei as costas, caminhando em direção ao museu.

               Mesmo que estivesse tudo calmo demais, qualquer atenção era necessária. Enquanto seguia em direção ao museu, olhei atentamente em minha volta à espera de qualquer movimento. Mas assim que me aproximei da entrada, não foi algo próximo à mim que chamou a minha atenção, e sim a voz de Marcela:

- FERNANDO! É UMA ARMADILHA!

               Não tive tempo de fazer absolutamente nada. Quando me virei na direção em que Omar e ela estavam, avistei três homens correrem, e um deles disparou contra Omar, acertando-o diretamente no peito. Marcela tentava se defender enquanto protegia Omar que estava caído no chão com a mão ensangüentada, e a única coisa que me restou fazer foi mirar a minha arma para o atirador e disparar contra ele. Dois se afastaram, mas no terceiro disparo consegui acertar o ombro de um deles, que se desequilibrou e caiu no chão. Corri em sua direção e antes que ele pudesse pegar sua arma que estava no chão, eu a chutei para longe e apontei a minha para o seu rosto.

- ONDE ESTÁ A MINHA ESPOSA? – Perguntei nervoso.

- Ela não está com a gente! – Respondeu amedrontado, erguendo as mãos.

- Como não está com vocês? É MELHOR DIZER LOGO ONDE ELA ESTÁ.

- Não está com a gente, eu juro! Um de nós achou o celular dela em uma rua e armaram para vocês!

               Droga! Omar e Rodriguez tinham razão. Foi uma armadilha. Mas eu não ficaria tranqüilo enquanto não tivesse certeza de que Letícia estava bem. Olhei para Omar que ainda estava caído no chão, e Marcela tentava ajudá-lo de alguma maneira.

- Fernando! – Ela me olhou amedrontada. – Ele precisa de um médico!

               Com a cabeça à mil, algemei o homem que estava no chão e Marcela se aproximou.

- Eu fico com ele. – Ela disse segurando-o pelo braço.

               Caminhei até Omar e me abaixei preocupado. Ele estava acordado, mas o tiro parecia ter sido certeiro, e a culpa era toda minha.

- Você vai ficar bem, irmão. – Falei tenso. – Você é de ferro, lembra?

               Omar riu, mas logo depois se queixou de dor. Eu queria me desculpar. Queria dizer que se eu não tivesse sido tão desesperado, isso não teria acontecido. Tínhamos sido vítimas de uma armadilha, e Omar sofreu as conseqüências disso.

- Marcela, está com o seu radio?

- Não. Eu deixei no hotel.

               Mais um arrependimento para a lista: Ter quebrado o meu rádio em mil pedaços. Assim que tirei o meu celular do bolso prestes a ligar para uma ambulância, ouvi o barulho de uma sirene e reconheci a viatura da cidade. Só então notei que algumas pessoas estavam nas janelas de sua casa. Provavelmente tinham visto tudo.

               Os policiais da cidade saíram do carro e logo correram em nossa direção. A primeira coisa que fizeram foi levar o homem em direção à viatura, e enquanto isso, alguns deles se aproximaram preocupados com o Omar.

- O que aconteceu? – Um deles perguntou se abaixando ao meu lado.

- Uma emboscada. Havia três deles. Só consegui acertar um e... Carvajal foi atingido.

- Preciso de uma ambulância aqui na praça principal imediatamente. – O policial comunicou em seu rádio.

- Positivo. – A pessoa respondeu do outro lado.

- Você vai ficar bem. – Falei para Omar. – Vai ficar bem, não se preocupe.

               Quando percebi que outro carro se aproximava, dessa vez o alívio não foi tão grande. Reconheci o carro de Rodriguez e sabia que estava em uma baita encrenca. Mas, assim que ele desceu do seu carro, para a minha surpresa Letícia estava com ele. Senti como se o ar tivesse voltado para meus pulmões naquele exato momento. Um alívio enorme dominou todo o meu corpo, e assim que me levantei, ela correu em minha direção. Quando finalmente a abracei, meu desejo foi nunca mais soltá-la. Ela estava bem, e estava a salvo.

- Eu fiquei tão preocupada com você! – Ela disse enquanto me abraçava.

- Eu também...

               Eu mal conseguia falar. Estava tão aliviado por vê-la bem que não tinha palavras para expressar.

- Ai meu Deus! – Ela exclamou afastando-se do abraço. – O que aconteceu com o Omar?

- Foi atingido... – Falei com pesar.

- Mendiola! – Rodriguez se aproximou furioso.

               A ambulância chegou no exato momento, e ao menos ele esperou que cuidassem de Omar antes de começar o seu sermão. Observamos os enfermeiros colocá-lo na maca e levá-lo rapidamente para a ambulância, e eu torci para que ele ficasse bem. Não me perdoaria se algo pior acontecesse à ele, e por minha culpa. Omar era como um irmão para mim.

- Você percebe a gravidade da situação? – Rodriguez perguntou nervoso.

- Sim. – Respondi apenas.

- Você colocou a sua equipe em risco, e por sua culpa o seu parceiro foi baleado e sabe-se lá como vai ficar!

               Não respondi. Eu merecia aquele sermão.

- Eu disse que você estava proibido de fazer qualquer coisa nessa noite. Eu te dei uma ordem e você a desobedeceu!

- Senhor... – Marcela tentou intervir, mas ele fez sinal para que ela não continuasse.

- Poderia ter sido muito pior. Eu disse que tinha tudo sob controle. Se você tivesse esperado e tivesse sido sensato, teria recebido o meu comunicado de que encontramos com Letícia à caminho do hotel, e que ela estava bem. E que droga aconteceu com o seu rádio?

- Eu... Quebrei.

               Ele não respondeu. Colocou as mãos à cintura e deu um longo suspiro.

- Você está fora do caso, Mendiola.

- Senhor, mas o Senhor não pode... – Letícia começou a falar, mas ele a interrompeu.

- E não tente protegê-lo, Padilha, ou vai sobrar para você também! Você tem sorte por eu estar sendo paciente com você, Fernando, do contrário teria te afastado da sua profissão. O que você fez foi imaturo, não foi uma atitude digna de um policial.

               Letícia tocou em meu braço, mas eu continuei em silencio. Não havia nada para dizer muito menos questionar. Ele estava totalmente certo.

- Volte para casa essa noite. Se eu souber de mais algum envolvimento seu nesse caso, você será demitido. Será que eu fui claro dessa vez?

- Sim, Senhor.

- Ótimo! Fernandez, quero relatório do que aconteceu. – Ele virou-se para Marcela.

               Ela me olhou com pesar, mas não podia fazer nada, assim como Lety também não poderia. Olhei para ela, sem conseguir disfarçar meu alívio por ela estar bem, mesmo depois de tudo o que aconteceu. Ela me olhou triste e segurou minha mão, provavelmente pensando em algo para dizer. Mas eu não deixaria que ela fizesse isso, até porque não tinha nada para se dizer naquele momento.

- Vamos embora. – Falei olhando-a.

               Lety apenas balançou a cabeça concordando.

 

 

 

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Letícia

 

 

               Dava para ver que Fernando estava completamente desanimado, e não era pra menos. Em todos os anos naquela profissão, ele jamais tinha levado um sermão de Rodriguez. Apenas elogios. Por mais que eu achasse injusto que ele tivesse sido afastado, eu não poderia fazer mais nada além de ficar ao seu lado.

- Você não precisava ter vindo comigo. – Ele disse quando chegamos em casa, colocando as malas para dentro.

- Eu não deixaria você voltar sozinho, é óbvio.

- Mas você ainda estava no caso.

- Eu não ficaria sem você.

               Era horrível para mim vê-lo tão mal e não poder fazer nada. De certa forma eu me sentia culpada por isso. Por ter perdido o meu celular e por não tê-lo encontrado antes que tudo isso acontecesse. Tudo isso foi por uma mentira sobre um seqüestro meu, e Fernando não teria feito nada disso se não fosse por mim. Ele sentia-se culpado por Omar, e sentia-se péssimo por ter sido afastado do seu primeiro caso.

- Vou tomar um banho... – Ele disse desanimado caminhando em direção ao corredor.

               Me sentei pesadamente ao sofá e tentei pensar em algo que pudesse animá-lo. Mas nada o animaria naquele momento.

 

 

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- Parabéns, Mendiola! Eleito o melhor do ano pela terceira vez consecutiva! – Omar bateu no ombro do amigo. – Quem diria, não é?

- Não exagere, Carvajal. – Ele riu. – Eu fico envergonhado.

- Envergonhado, sei. – Ele riu. – Mas sei de alguém que vai te parabenizar muito bem por isso.

               Os dois olharam para Letícia que estava conversando com alguns colegas no canto da sala. Era a festa de fim de ano do batalhão, e os que estavam de folga naquela noite comemoravam com os colegas. Fernando se pegou sorrindo enquanto a olhava, mas quando Omar riu, ele desviou sua atenção para o copo que estava em suas mãos.

- Não sei do que está falando.

- Ah, sabe sim! – Omar disse. – Acha que ninguém sabe?

- Sabe do que?

- De vocês dois! Já esta mais do que na cara, e se estiverem tentando esconder, estão fazendo um péssimo trabalho.

- Não tem nada entre nós dois, Omar. Ela é minha parceira e só isso.

- Parceira de mais coisas que eu sei.

               Fernando revirou os olhos.

- É melhor eu sair. Ela está vindo.

               Imediatamente Fernando sentiu seu corpo gelar e suas mãos suarem. Costumava ficar assim quando estava a sós com Lety, exceto nas horas de trabalho.

- Oi. – Ela sorriu. – Parabéns pelo premio.

- Obrigado. – Ele retribuiu o sorriso. – Não acho que merecia tanto, mas...

- É claro que merece. Você é ótimo.

- Obrigado... – Respondeu envergonhado.

- Não precisa ter vergonha de elogios, sabia?

- Não estou com vergonha.

- Você mente muito mal.

               Ele riu.

- É, eu sei.

- Nós podemos... Conversar lá fora? Eu tenho uma coisa para você.

- Lá fora? – Perguntou surpreso.

- Sim! Isso é... Se você não se importar.

- Não. É claro... Podemos... Ir.

               Lety sorriu e seguiu em direção à porta. Fernando a acompanhou e antes que saísse, viu Omar sorrir enquanto fazia sinal de positivo para ele. Fernando bufou e acompanhou Lety até o lado de fora, onde não havia ninguém. Estava frio naquela noite, e assim que saíram, Fernando colocou as mãos no bolso da jaqueta de uniforme.

- Eu sei que o natal já passou, mas... – Letícia sorriu. - Eu tenho um presente pra você.

- Para mim?

- Sim!

- Mas... Eu... Não comprei nada para você.

- Não precisa. Eu não dou presentes esperando receber algum. – Ela riu e tirou dois ingressos do bolso, entregando-os para ele.

- Não acredito! – Ele exclamou ao olhar os ingressos. – Para o show do Scorpions? Mas estavam esgotados!

- Bem... Eu tenho um colega do outro batalhão que trabalha em shows. Como eu sei que você gosta e que estava chateado porque os ingressos esgotaram, perguntei se ele poderia arrumar para mim. E melhor do que isso, ele mandou dois. – Ela riu. – Você pode levar o Omar.

- Omar não gosta de rock. – Ele riu. – Prefere musicas bregas.

- Bom, que pena para ele então, não é? – Ela sorriu. – Vai perder um grande show.

- Você... Não quer ir comigo?

               Ela o olhou surpresa.

- Eu?

- Claro. Eu sei que você também gosta e... Bem... Seria uma boa companhia.

               Letícia sorriu admirada.

- E também porque você conseguiu os ingressos, não é? Seria justo. – Ele riu sem jeito.

- Ah... É. – O sorriso dela diminuiu. – Tudo bem. Eu... Acho que posso ir.

- Legal.

               Os dois ficaram em silencio por um tempo, até Letícia abraçar o próprio corpo.

- Não está com sua jaqueta? Está muito frio hoje. – Fernando perguntou notando que ela estava batendo queixo.

- Não. Eu esqueci em casa.

               No mesmo instante Fernando tirou sua jaqueta e Letícia o olhou.

- Aqui... Pode ficar com a minha.

- Não, mas você...

- Eu agüento o frio. – Ele sorriu.

- Bem... Obrigada. – Letícia pegou a jaqueta e a colocou.

- Ficou muito bem. – Ele zombou.

- Ah sim! Ficou ótima! – Ela abriu os braços mostrando que estava exageradamente larga. – Mas tudo bem. O que importa é que vai me esquentar.

               Fernando riu.

- Sabe... – Ela colocou as mãos no bolso. – Eu não pensei que conseguiria trabalhar com alguém do sexo oposto.

- Como assim? – Fernando a olhou.

- Minhas parceiras sempre foram mulheres. E acredite, é mais difícil.

- Posso imaginar. – Ele riu. – Quero dizer... Não que vocês mulheres sejam... Bem.

- Eu entendi. – Letícia gargalhou. – Mas você é um bom parceiro.

               Ele a olhou em silencio.

- De trabalho, eu digo.

- Claro.

               Mais uma vez eles ficaram em silencio por um tempo.

- Esse seu colega do outro batalhão... – Fernando comentou sem olhá-la. – É... Um colega apenas?

- Como assim?

- Não sei. Talvez vocês...

- Ah! Não. – Ela riu. – É apenas o meu colega.

- É que pensei que, bem... Ele te deu dois ingressos para um show sensacional.

- Eu também já fiz muito por ele, mas somos apenas amigos.

- Ah...

- Por que a pergunta?

- Por nada.

               Ela o olhou divertida.

- Você quer saber se eu tenho um namorado?

- Não. Claro que não.

- Não foi o que pareceu.

- Eu só tive essa dúvida... Só isso.

- Entendo. Mas eu vou te responder mesmo que não queira saber. Eu não tenho namorado.

               Fernando não conseguiu segurar o sorriso.

- Que bom. – Ele sussurrou, talvez deixando escapar.

               Lety continuou a olhá-lo e assim que tirou as mãos do bolso da jaqueta, algo caiu no chão.

- Oh! Desculpe! – Ela se abaixou para pegar o objeto, mas Fernando foi mais rápido, pegando-o antes dela. – Isso... É...?

- Não. Não é nada. – Ele fechou sua mão.

- Fernando!

- Não é nada!

- Deixa eu ver!

- Não!

               Lety tentou pegar o objeto de suas mãos, mas ele a colocou para o alto, impedindo que ela alcançasse. Ela bufou e cruzou os braços indignada.

- Não vai me deixar ver?

- Não.

- Por que?

- Porque não é nada de mais.

- É sim, e eu vi.

- Você viu demais.

- Você disse que não tinha comprado nada.

- Isso não é para você.

- Ah não? Então é pra quem?

- Para... A Marta.

- A Marta? – Lety riu. – Por que comprou isso para ela?

- Porque sim, oras. Nos conhecemos à muito tempo e entramos aqui quase na mesma época.

- E você comprou um presente para ela apenas por isso?

- Sim.

               Desistindo das perguntas, Letícia continuou com os braços cruzados esperando a boa vontade de Fernando em dizer a verdade. Ela viu claramente que o objeto que caiu do bolso era um colar com um pingente, e provavelmente Fernando tinha mentido sobre não ter comprado um presente. Ou ele tinha uma namorada secreta.

- É para a sua namorada? – Ela perguntou.

- Talvez.

- E você tem namorada?

               Ele não respondeu.

- Eu posso pelo menos ver?

               Parecendo convencido ou vencido, ele abaixou a mão com o objeto e a abriu de frente para a Lety. Ela pegou o colar em suas mãos e o admirou.

- É lindo! – Disse enquanto o olhava. – Ela vai gostar muito.

- Quem?

- Sua namorada, oras.

- Ah, pelo amor de Deus! Você sabe que não tenho namorada!

- Mas você disse...

- É pra você, Lety! – Respondeu meio sem paciência. – Eu não sabia se te entregava ou não, não queria que parecesse estranho. Eu comprei mas... Bem... Não tive coragem de entregar.

               Ela franziu o cenho enquanto o olhava.

- Então você mentiu dizendo que não comprou nada para mim?

- Eu não tinha certeza se entregaria.

- Por quê?

- Não quis que pensasse mal de mim.

- Por me entregar um presente?

- É.

- E por que eu pensaria?

- Não sei.

               Ela riu do nervosismo de Fernando.

- Pode colocá-lo em mim?

               Letícia virou-se de costas para ele e posicionou o colar diante de seu pescoço. Fernando deu um passo à frente e segurou o colar. Ela ergueu os cabelos no mesmo instante que um vento forte bateu contra eles. Fernando pôde sentir o cheiro do seu perfume, que ele conhecia muito bem. Era o cheiro que ele sentia todos os dias quando trabalhavam juntos, quando estavam dentro do carro. Com as mãos suando ele enfim conseguiu fechar o colar, e logo depois colocou as mãos sobre o ombro de Letícia. Ela se arrepiou com o toque e virou-se de frente para ele.

- Eu adorei. – Ela sussurrou olhando-o. – Não vou tirar nunca.

               Fernando continuou em silencio enquanto seus olhares se cruzavam. Estavam perto demais um do outro, e já não era possível que nenhum dos dois se separasse. No lado de dentro as pessoas faziam contagem regressiva para a passagem do ano. Os dois conseguiam ouvir claramente. Durante toda a contagem ficaram em silencio, com o olhar preso sobre o outro. Quando enfim chegou no “um” e todos comemoraram, fogos iluminaram o céu e Letícia desviou o seu olhar por um instante. Mas Fernando continuou olhando-a, e assim que ela se virou, ele a surpreendeu com um beijo.

               Mesmo com a surpresa, segundos depois ela retribuiu o beijo, demonstrando que assim como ele, ela queria isso há tempos. Já trabalhavam juntos há quase dois meses, e aquilo era tempo suficiente para que algo despertasse em ambos. Não era a primeira vez que Fernando tinha uma mulher como parceira, e ter despertado sentimentos por Letícia não tinha nada a ver com “costume”. Que eles passavam muito tempo juntos era óbvio, mas quando algo é para acontecer, acontece.

- Feliz ano novo. – Ele sussurrou meio ao beijo.

               Letícia sorriu e entrelaçou seus braços em volta do pescoço dele.

- Feliz ano novo.

               Fernando voltou a beijá-la, matando o desejo que tinha há tempos. Ele já sabia que Letícia não era apenas sua “parceira”, o que ele não sabia é que Letícia pensava o mesmo dele.

 

 

 

                                            -------------------------

 

 

 

               Entrei no quarto carregando a bandeja e Fernando estava deitado à cama, encarando o teto. Assim que me viu, ele sentou-se e sorriu. Um sorriso triste, porém lindo, e aquilo de certa forma aqueceu meu coração.

- Fiz uma sopa. – Coloquei a bandeja sobre a cômoda. – Pensei que estaria com fome.

- Não muito, mas esse cheiro está delicioso. – Ele sorriu.

- Coma enquanto está quente.

               Ele não disse nada. Apenas segurou em minha mão e me puxou para que eu me sentasse à cama com ele, e foi o que eu fiz.

- Está me cortando o coração ver você assim. – Falei com pesar.

- Não se preocupe. Eu vou ficar bem. – Ele sorriu.

- Eu sei que está se culpando pelo que aconteceu, mas não deveria. Você fez o certo, e Rodriguez vai perceber isso à qualquer momento.

- Não, ele tem razão. Eu não agi como um policial.

- Não diga isso, Fernando.

- É verdade, Lety. Eu perdi a cabeça quando me ligaram e disseram que estavam com você. Eu não pensei em mais nada. Eu não me perdoaria se algo acontecesse com você.

               Segurei sua mão com carinho.

- E eu senti tanto medo. Tanto medo de que isso fosse verdade. Medo de que eles fizessem algum mal à você e... – Ele suspirou tremulo. – Não gosto nem de pensar.

- Não precisa pensar nisso. Eu estou bem.

- Mas sabe... De certa forma eu fico feliz por não ter agido como um policial nessa hora.

               Eu o olhei confusa.

- Se eu tivesse feito isso, não teria ido atrás de voce. Teria esperado por Rodriguez no hotel. Mas e se você estivesse em perigo? E se estivesse sofrendo algum mal? Eu teria me sentido ainda pior. Eu estou péssimo pelo Omar, estou péssimo por ter sido feito de idiota, mas não estou arrependido de ter ido atrás de você. Eu não dormiria tranqüilo sabendo que não fui homem suficiente para não me preocupar com você. Eu não me sentiria o homem certo para você.

- Mas você é. – Apertei sua mão carinhosamente e me aproximei dele. – E por mais que as coisas tenham saído de controle, eu tenho muito orgulho. Orgulho por você ter feito o que era certo. Você se preocupou e foi atrás de mim, e isso não tem preço. Eu tenho orgulho de ter dito sim para você duas vezes, e vou dizer sempre que eu puder.

               Ele sorriu.

- Eu te amo muito. – Falei sincera. – E eu vou ficar ao seu lado sempre.

               Fernando beijou minha mão carinhosamente.

- Eu também te amo, e agradeço por estar ao meu lado.

               Suspirei satisfeita por ele parecer melhor.

- Agora... É melhor comer essa sopa. – Limpei as lágrimas disfarçadas que insistiam em cair. – Não vou admitir que faça greve de fome.

               Ele riu e pegou a bandeja sobre a cômoda. Não consegui parar de olhá-lo em nenhum momento, e senti que estava no lugar certo. Eu não estaria em nenhum outro lugar que não fosse ao lado de Fernando Mendiola. 


Notas Finais


Meus amores, como algumas já devem estar ciente, eu decidi fazer uma coisa diferente com essa história. Quando planejei escrevê-la, eu não programei muitos capítulos, e eu estava preocupada com isso. Mas tomei uma decisão e algumas gostaram da ideia, essa fic será como uma "série". Será dividida em temporadas, e em cada uma contarei uma história diferente e um caso diferente do casal. As histórias ainda estarão voltadas para a vida dos dois e toda essa situação dos filhos e etc. Mas para não ficar cansativo e para que eu não fique muito tempo sem postar, achei melhor fazer assim. O que vocês acham? Cada temporada um caso diferente para Fernando e Lety trabalharem?



PS: Não se preocupem, ainda não acabou esse caso. Ainda tem muita coisa para acontecer rs. ♥


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