História A misteriosa garota da montanha - Feliz aniversário

A vida de Dulce havia se tornado rotina, eram sempre as mesmas coisas que aconteciam. Pela manhã, ia à aula no colégio e, às vezes, se sentia mal. Felizmente o ano letivo estava chegando ao fim. Seis de Dezembro havia chegado. Era a data de aniversário de Dulce Maria, que nem fazia questão de comemorar nada. Estava completando seus dezoito anos, marcando o início da maioridade. 

-Bom dia, amiga! - Zora cumprimentou Dulce, levando um delicioso café da manhã em sua cama. - Feliz aniversário , Dul. Que você e meu lindo sobrinho tenham muita saúde, amor, sucesso e toda felicidade do mundo. Agora, quero que tome seu café. - disse ela, entregando a bandeja para Dulce. A refeição era composta por um suco natural de abacaxi, uvas, algumas torradas com cream cheese, alguns biscoitos doces e pequenas fatias de mamão.

- Não precisava de tudo isso, Zora! Mas muito obrigada, meu filho agradece. - disse ela. - Eu não faço a mínima ideia de onde posso começar. 

- É pra comer tudo, Dul! - Zora afirmou. - Depois, vamos ao shopping. Você precisa urgentemente de roupas novas, as suas estão muito apertadas. 

- Você tem razão, mas eu faço questão de comprá-las. - Dulce respondeu. 

- Tome seu café, Maria! Depois conversamos sobre isso. - disse Zora, saindo do quarto. As responsabilidades aumentavam à medida que o tempo passava. Sua vida mudou completamente, desde que descobriu sua gravidez, mas se sentia muito feliz por isso. Apesar de tudo o que estava vivendo nos últimos dias, apesar de se sentir enganada por Christopher, filho dos assassinos de seus pais - segundo ela -, Dulce não se esqueceu dele, recordava das carícias, dos abraços apertados, do jeito romântico, dos beijos quentes e apaixonados. Ela ainda o amava, independente do que ele fez ela passar, independente da vingança, da dor, da tristeza e sofrimento. Independente do aperto que ele causou em seu coração - que doía como facadas - ela o amava. Esse amor era imenso, imbatível, incalculável, inacreditável, inevitável. O amor que Dulce sentia por Christopher era maior e mais forte que qualquer força do universo e, por mais que ela tentasse esquecê-lo, ele era o dono de seus pensamentos. Ele era o dono do seu coração. Era insubstituível. Ninguém em todo o planeta, por mais romântico e carinhoso que fosse, seria como Christopher. Ninguém seria capaz de fazê-la tão feliz quanto foi com ele. Ela lastimava por ter permitido se enganar por um homem como ele, por ter permitido se enganar por um inimigo. A certeza que tinha era a vida do filho que esperava. Depois que descobriu tudo o que seu amado planejava pelas suas costas, Dulce queria se matar ou desejava sua morte, mas quando descobriu que, apesar de tudo,  de todo o mal que lhe causou, Christopher a presenteou com algo maravilhoso e eterno : um filho, esses pensamentos ruins se afastaram da mente dela. Isso era algo muito bom. 

- Dulce, eu encontrei meus pais! - Zora afirmou, muito empolgada. A felicidade que sentia era perceptível pelas feições em seu rosto. O sorriso largo e sereno não escondia a tamanha alegria que sentia. - Estão morando aqui onde estamos. Eu visitei eles e vivem muito bem. A casa é um pouco menor do quê  a que vivíamos, mas é muito confortável. 

- Que ótimo, Zoraida! - disse Dulce, desanimada.

- Não fica assim, Dul! Você sabe que eu não gosto de te ver triste. - Zora falou, preocupada. - Por que está triste? Se sente mal? 

- Eu estou bem, não se preocupe, Zoraida Gómez! - ela riu. 

- Você ainda está assim por causa do Christopher? - Dulce assentiu.  - Ele não merece uma lágrima que derrama. Você deve esquecer esse garoto, que só te fez mal.

- Não é tão simples como você pensa, Zoraida. - explicou. - Ele me machucou muito, mas me deu um presente. Sempre que eu pegar meu filho nos braços, vou lembrar dele. 

- Você ainda ama o Christopher! Eu sinto isso, quando você fala dele. Seus olhos ganham um brilho especial, sua voz muda. Você ama ele muito. 

- Eu não amo o Chris, mas não paro de pensar nele, Zora. Fico imaginando como seria agora, se ele não tivesse me enganado. Será que estaríamos juntos, felizes, à espera de nosso filho? - Dulce perguntou. 

- Acho que não! Não consigo imaginar vocês dois, juntos novamente, depois de tudo o que aquele imbecil fez com você, amiga. - ela respondeu. 

- Eu queria que tudo fosse uma invenção boba da Natália! Queria que nada disso tivesse acontecido. Queria que fosse um pesadelo ou que o Chris tivesse me amado de verdade, assim como eu o amei.

- Não vale a pena se torturar por causa de um cara que não te deu valor. Por mais que você negue, sei que ele mexe muito com você, mas isso irá mudar, pois você irá esquecê-lo. - Zora afirmou, com um tom de voz autoritário. 

- Tudo bem, você ganhou, Zoraida! Eu ainda amo muito o Chris, mas quero odiá-lo. Vou proteger meu filho e, se depender de mim, ele nunca conhecerá o pai. - Dulce afirmou, pegando uma toalha e entrando no banheiro. Tomou um banho rápido, vestiu uma roupa confortável, se arrumou e saiu com Zoraida. Mais tarde, foram para o shopping e se divertiram, mas logo voltaram para casa. Estavam exaustas. 

                         ****

Os dias se passaram rapidamente. Christopher mal sabia que era seis de Dezembro, aniversário da mulher que ele tanto amou, mas magoou muito. Fazia duas semanas que não via Dulce, sua angústia só aumentava cada vez mais. A saudade era incalculável. A boa notícia que ele tinha é que Natália estava fora do país, assim, poderia procurar Dulce, sem que ninguém o atrapalhasse. Seria tudo perfeito se ela não tivesse existido ou Christopher não a conhecesse. Com certeza, estaria ao lado de sua amada agora. Se preparava para as provas de fim de ano, que marcavam o início de uma nova vida. Seus planos era de se formar, assumir a empresa de seu pai e procurar Dulce.