História A misteriosa garota da montanha - Transmitindo conhecimento e experiências de vida!!!

No dia seguinte, Christopher buscou Dulce e as filhas em casa e levaram-nas até a casa de seus pais, para se conhecerem. 

- Boa tarde, Dulce! - Ucker cumprimentou Dulce, assim que a mesma abriu a porta. - Estão prontas? 

- Estamos! - ela respondeu, sem encará-lo. - Vou chamar as meninas. 

- Espera, Dul! - Ucker a puxou pelo braço. - Eu não quero que este clima ruim continue reinando entre nós dois. Eu sei que fui um inconsequente e imaturo, quando afirmei que... - ela o cortou. 

- Não precisa terminar! Suas filhas estão aqui e não quero que elas ouçam esse tipo de assunto. 

- Tudo bem, meu amor! Não vai me convidar pra entrar? - Ucker perguntou.

- Claro! Entra, Chris! - Dulce respondeu, dando passagem para ele entrar. 

- Obrigado, Dulce! - ele agradeceu. - Eu conversei com a Heloísa e expliquei pra ela que meus pais não são assassinos, são pessoas de bem. Acho até que elas vão adorar conhecer aqueles dois. Eles adoram crianças. 

- Que bom, Christopher! Fico mais tranquila por saber que conseguiu conversar com elas amigavelmente. - ela respondeu dando um selinho demorado nele.

- E como você está se sentindo? Está preparada para conhecer meus pais? - Ucker perguntou, curioso.

- Não sei! - Dulce respondeu, pensativa. - Estou um pouco indiferente quanto à este assunto. Não tenho opinião formada. Se bem que eu gostaria de reencontrá-los, pois já os vi antes. 

- Papai! - Helena exclamou, pulando alegremente nos braços dele. 

- Oi, meu anjinho! Está ansiosa pra conhecer a vovó e o vovô? 

- Estou sim! Sempre quis conhecer meu pai e meus avós. - ela respondeu. - Eu nunca vou conhecer os os pais da mamãe, mas estou quase realizando um sonho meu. - ela respondeu. 

- Que bom, minha princesa! - Ucker respondeu. - E sua irmã? Onde está? 

- A Helô está no quarto! - Dulce respondeu. 

- Amor, eu vou lá falar com ela! - Christopher afirmou, indo até o quarto da filha. Ele chegou em frente ao quarto, suspirou um pouco, fechou os olhos com força e bateu na porta. - Filha, podemos conversar? - ele perguntou. Heloísa abriu a porta e não disse nada, apenas se afastou pra ele entrar. - Obrigado, filha. Você pode conversar um pouco comigo?

- Claro! - ela respondeu, se sentando na cama e gesticulando com as mãos, para que ele fizesse o mesmo. - O que quer me dizer, papai?

- Filha, não quer conhecer seus avós? - Ucker perguntou.

- Sim, eu quero, só estou com medo. - Helô respondeu.

- Helô, eu imagino como deve estar se sentindo, minha filha. Você está um pouco insegura com tudo o que está acontecendo. Tudo isso é muito novo pra você, são muitas informações que você recebeu nos últimos dias e isso está te deixando preocupada e insegura, mas eu e sua mãe estamos com você e tenho certeza que este seu medo irá passar. - Ucker afirmou, apoiando a cabeça da menina em seu colo,  enquanto acariciava  os cabelos dela.

- Eu sei, pai! Tenho medo que eles não gostem de mim, que nós não nos damos bem. - disse ela. - Eu não sei como vou agir diante deles, estou muito insegura. 

- Te entendo perfeitamente, minha filha! Também me senti inseguro em diferentes momentos da minha vida. - ele respondeu. - Acredita que fiquei assim quando sua mãe me revelou que tivemos duas filhas juntos? Fiquei inseguro, com medo de ser rejeitado, com medo de ser odiado, que vocês não gostassem de mim ou que eu não pudesse ser um pai de verdade pra vocês. Mas estes medos, deixei de lado e reagi.

- O que você fez, papai? - ela perguntou, interessada no assunto. 

- Bem... Ainda tenho meus medos, os mesmos medos de quando eu era um adolescente, mas vocês estão me ensinando a superar esta fase ruim. Não precisa ter medo, o papai e a mamãe estarão sempre ao seu lado, ainda que tudo pareça mais complicado, mais complexo. 

- Pai, como conseguiu superar suas dificuldades? Como conseguiu vencer seus medos? - Heloísa perguntou, deixando Christopher boquiaberto.

- Bem... Na verdade, tive que pagar pelas consequências dos meus atos, minha filha. - Christopher respondeu. - Cheguei até a duvidar que vocês fossem minhas filhas. E esta minha dúvida quase tirou vocês de mim. Quando conheci sua mãe, eu era um adolescente, tinha meus 18 anos, mas minha mente era de um moleque inconsequente, que parecia não ter sentimentos, que parecia estar descobrindo a vida. Eu nem conseguia diferenciar ao certo, o bem e o mal. E paguei caro... paguei caro por não saber diferenciar o amor e o ódio, a verdade e a mentira. O preço que paguei foi mais alto do que eu poderia imaginar, meu anjo. Fiquei onze anos longe da sua mãe e não acompanhei a melhor fase da sua vida e da vida de sua irmã. Não acompanhei seu desenvolvimento no ventre da Dulce. Não acompanhei seu nascimento e crescimento. Não estava presente quando deram os seus primeiros passos, mal sei quais foram suas primeiras palavras. Eu perdi tudo isso, toda a sua vida porque eu era um moleque, que não se importava com nada. Sei que vocês também sofreram com a minha ausência e eu me arrependi, filha. Me arrependi por não confiar na dignidade da sua mãe, por não confiar no amor que ela jurava sentir por mim. Hoje, me sinto um homem... um homem completo, realizado, honesto. Hoje, me sinto um pai, que está descobrindo um amor incondicional, que é ter um filho, que é poder cuidar dele, que é ter o privilégio de compartilhar todos os momentos da vida com ele. Errei muito... mas o preço que paguei pelos meus erros me torna um homem mais maduro a cada dia que passa. E cada dia da minha vida está mais lindo com vocês por perto. É por minha própria experiência vivida, que te entendo perfeitamente. Sou capaz de entender seus pensamentos, sua maneira de pensar. Quero que saiba que não te julgarei, esperamos seu tempo até você tomar suas decisões. Mas quero que pense com carinho, Heloísa. As horas passam e não voltam, os dias voam e não voltam, as únicas coisas que ficam são os nossos pensamentos, os nossos momentos que deixamos de lembrança na memória. Eu gostaria sim que você conhecesse seus avós, todavia, quero que faça diferente. Mostre a pessoa que você é, por dentro e por fora, seja alegre, educada, demonstre sua verdadeira face. E não passe uma imagem distorcida da pessoa que você é de verdade. Brinque. Divirta-se. Abrace. A única coisa que eu não posso permitir é sua rejeição. Te garanto que meus pais não são assassinos, só são os antigos donos da minha empresa. O sonho do meu pai, de conseguir montar sua empresa se tornou meu sonho. Isso deixa ainda mais em evidência que criminosos, meus pais não são. Enfim, espero que reflita em tudo o que conversamos. E se decidir não querer visitá-los, saiba que estarei do seu lado, pois vivemos situações na vida que a maior das nossas decisões poderá ser o nosso maior erro. Não quero que machuque ninguém, filha, só quero que pense com carinho, tudo bem? - ela assentiu. - Eu vou estar esperando uma resposta. - Christopher abriu a porta, quando ouve sua filha chamá-lo.

- Espera, pai! - disse ela. - Eu quero te agradecer. Eu não vou te decepcionar.

- Não tem o que agradecer, princesinha! - Ucker falou, abraçando a menina. - Vou te esperar na sala. 

- Pode dar licença? Quero me trocar pra conhecer meus avós. - Heloísa pediu, sorridente. 

- É sério? Você vai conosco? - ele perguntou, desacreditado. 

- Claro, papai! Eu pensei em tudo o que me disse e... e quero sim almoçar com o vovô e a vovó. - ela respondeu. 

- Muito obrigado, minha filha! Eles vão ficar muito felizes por poder conhecer vocês. E eu te juro que você não vai se arrepender. Agora, vou deixar você se arrumar. Fique bem, tá? - disse ele, saindo do quarto da filha.