— Estou na mesa da sala de jantar — disse Emma com uma voz sem expressão quando Ruby e Elsa chegaram meia hora mais tarde. Ela tinha tomado um banho e enterrara fundo a dor, a raiva e a tristeza. Lidaria com seus sentimentos depois. — Há café na cafeteira, extensões para os computadores de vocês e estou certa de que há um bolo em algum lugar. E doces também, da noite passada.
A noite passada, quando o mundo ainda era normal e Regina dormira em seus braços.
Elsa foi até a mesa de jantar e abriu seu laptop. Ruby deixou o próprio computador e a pasta sobre a bancada da cozinha e foi pegar café. Emma se juntou à irmã, que ainda não a olhara nos olhos.
— Ela não está aqui, Elsa. Por escolha dela, não minha, portanto vou lhes dizer o que vamos fazer. Vamos terminar o relatório trimestral e enviá-lo ainda esta noite. Vamos preparar um plano de negócios e convencer o conselho a aceitá-lo na reunião de segunda-feira. E se Ingrid levantar um voto de desconfiança contra mim e vocês duas votarem juntas para me destituir, vou propor que você assuma a Swan Holdings e lhe dar meu voto por procuração. Isso lhe dará o que precisa para manter o domínio do controle.
— E depois? — Elsa finalmente a encarou, os olhos chocados e escuros de dor.
— Depois você passa a dirigir a empresa. — Emma tentou sorrir, mas descobriu que não conseguia. — Vai fazê-la crescer.
— Mas o que você vai fazer?
— Exatamente o que você acha que eu vou fazer — falou ela. Elsa se encolheu e Emma puxou-a para seus braços. Ela se apoiou no peito de Emma, soluçando sem parar. — Sempre vou amar você, Elsa. Nunca vou lhe dar as costas. Preciso que saiba disso. Talvez eu seja mesmo como o papai e tenha tentado forçar vocês a aceitar uma situação com a qual nem você, nem mamãe e nem Regina são capazes de lidar. Só vi um caminho à minha frente, forcei as coisas e ignorei os sentimentos dos outros. Sinto muito por isso. Contudo, por mais que eu possa ser parecida com papai em algumas coisas, em outras eu não sou. Não permitirei que me chantageiem para que eu desista de Regina pelo bem da empresa. Eu me recuso a deixar que a amargura de Ingrid dite as regras da minha vida. Não sou o papai e já me cansei de ser comparada com ele. Cansei de pagar por seus erros. Vou atrás dela, Elsa. Assim que a reunião do conselho terminar. Não sei se Regina vai me querer, e há grandes chances de que não me queira, mas preciso tentar.
— Odeio você por isso.
— Não, você não odeia — murmurou ela.
— E também odeio Regina.
— Não, você não odeia — murmurou Emma novamente. — Nunca odiou. Você só odiou ter que se afastar dela.
Regina chegou em casa no domingo de manhã, por volta das 10h. Ela passou a noite em um hotel e teve a sorte de conseguir um vôo para Boston no início da manhã. Mas chegar em casa não lhe trouxe a tranquilidade pela qual ansiava. Dessa vez ela trouxe o mundo real junto e ainda havia coisas que precisava fazer antes que pudesse escapar de verdade. Um telefonema ou dois, para salvar o que pudesse. Por Emma.
Isso ela poderia fazer por ela.
Regina discou o primeiro número. Ingrid Swan respondeu.
— Sra. Swan, já faz muito tempo desde que nos falamos pela última vez. — Na época, Regina era apenas uma menina de 12 anos, que não sabia nada sobre o romance da mãe com o pai de Elsa. — Quem fala é Regina Mills. — Os joelhos dela tremiam, mas a voz estava firme.
Ingrid Swan permaneceu em silêncio.
— Gostaria que a senhora tivesse ido ao jantar da noite passada — continuou Regina. — Acho que se houvéssemos nos juntado contra aquelas esposas de executivos cruéis que chama de amigas, teríamos conseguido esvaziar o poder que elas tem de nos magoar e então ambas poderíamos seguir em frente. Sempre achei que fosse a senhora que instigasse a malícia delas, mas a verdade é que também é uma vítima. Sempre a vi como uma pessoa forte.
— Desapareça — disse Ingrid Swan. — Por que simplesmente não desaparece?!.
— Já fiz isso — disse Regina. — Nunca tive a intenção de magoá-la, mas sei que acabei fazendo isso. E sinto muito. Por favor, Sra. Swan — continuou ela, com a voz embargada —Eu já sumi daí. Estou de volta a Boston e não vou mais me encontrar com Emma. Gostaria muito que a senhora parasse o que está fazendo com ela e com Elsa, porque está destruindo a sua família e não suporto ver isso. Sei que há mais do que ódio e amargura em seu coração. Sei que ama seus filhos. Por isso, pare, por favor. Eu não vou voltar.
— Gostaria de poder acreditar em você — sussurrou Ingrid Swan. E desligou o telefone.
O próximo telefonema de Regina foi para a mãe.
— O jantar não correu muito bem — disse Regina, sem preâmbulos. — Não consegui me enturmar. O passado falou mais alto. E agora Ingrid Swan está tentando tirar Emma do comando da empresa porque ela estava saindo comigo. Mas voltei para casa. Liguei para Ingrid Swan e disse a ela que estou fora da vida de Emma, mas acho que ela não acreditou em mim.
Cora não disse nada.
— Emma pretende lutar contra ela em uma reunião do conselho executivo na segunda-feira de manhã. Mas não sei se a posição dela na empresa no momento é sólida o bastante para que consiga. Emma é uma boa mulher. Eu gostaria... — Regina fechou os olhos. — Gostaria que vocês nunca houvessem feito o que fizeram mamãe. Que vocês três houvessem sido mais fortes, mais sensatos e mais cuidadosos com a mágoa que causariam uns aos outros. Porque alguém tem que pagar por isso e, neste momento, quem está pagando sou eu Emma e Elsa.
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