Emma visitou Regina mais uma vez no fim de semana seguinte, e também no outro, e no outro. Um mês se passou e Emma viajou todos os fins de semana para Boston, às vezes chegando na sexta, outras no sábado, e partindo domingo à noite. Foi um mês de gloriosa privacidade, quando aprenderam a conhecer uma a outra, e a única fofoca a que Regina se viu exposta foi à curiosidade de sua vizinha muito idosa que perguntava sobre a “amiga” de Regina.
A vida era muito boa.
— O que você vai fazer no próximo fim de semana? — perguntou Emma, em um domingo preguiçoso, enquanto Regina estava na cozinha mexendo a massa da panqueca. Emma gostava de cozinhar, o que era outra descoberta que a pegara de surpresa, embora talvez não devesse. Emma Swan podia fazer qualquer coisa.
— Nada de mais — respondeu ela. — Por quê?
— Vou dar um jantar para os executivos da Swan Holdings e suas acompanhantes. Haverá um breve discurso e muitos contatos de trabalho. Fiz algumas mudanças estruturais em vários setores do grupo ultimamente. O objetivo do jantar é, principalmente, consolidar essas mudanças.
— Então você não vai poder vir para cá, não é? — Regina procurou manter a voz tranquila, esperando que ela não percebesse seu desapontamento.
— Não. Eu não virei. Mas isso não significa que eu não queira vê-la.
A massa precisava descansar. E Regina precisava sentar, porque achava que sabia o que Emma diria a seguir. O fim da fantasia secreta que ela cultivava. A intrusão do mundo real na fantasia que ela e Emma haviam criado. Regina não era muito fã do mundo real.
— O que acha Regina? — murmurou Emma. — Quer ir me visitar em Storybrook no próximo fim de semana? Porque quero você nesse jantar. Como minha acompanhante.
— É uma péssima ideia.
— Do que tem medo, Regina? Das fofocas?
— Oh, tenho medo de muito mais coisas do que apenas das fofocas. — Regina deixou a colher que usava para mexer a massa sobre o balcão e voltou os olhos perturbados para Emma. A loira ficou muito quieta, os olhos verdes concentrados. — O que temos... O que estamos fazendo... Funciona para nós aqui. Não sei como vai funcionar em Storybrook.
— Não acha que está na hora de descobrir?
— Parece um pouco... Cedo.
— Covarde — disse ela baixinho.
A carapuça serviu...
— Eu só... O que sua família diria? Sobre mim e você. Sobre nós.
— Elsa já desconfia para onde eu venho todo fim de semana. Ela não pergunta.
— E você não diz.
— Como eu falei — murmurou Emma em um tom sedutor. — Está na hora.
— E quanto à sua mãe? Ela suspeita de que você anda me encontrando?
— Provavelmente não. Eu e mamãe não costumamos conversar muito.
— Mas ela estará no jantar.
— Sim.
— Que tal em vez de embarcar direto nesse jantar público, garantindo um espetáculo, você não possa ser uma boa filha e visitá-la, ou telefonar para ela e contar sobre nós antes do evento?
— Nesse caso ela não seria educada.
Regina deixou escapar uma risada. A mulher era maquiavélica.
— Você quer forçar essa situação. Quer forçar a minha presença diante de sua família, sem dar a elas chance de terem uma reação, a não ser que estejam dispostas a provocar uma cena, o que não é provável.
— Sim. — Emma manteve o olhar firme, mostrando a negociadora agressiva que era determinada a conseguir exatamente o que queria. — Está disposta?
— Sinceramente, não sei.
— Vai precisar de um vestido.
— Eu tenho um vestido — murmurou ela, com um olhar irritado. — E antes que você se mostre mais arrogante, o evento não parece pedir um vestido de gala, e sim um traje de coquetel.
— E você tem um traje de coquetel?
— Tenho. E ainda acho que está brincando com a sorte ao tentar forçar a minha presença à sua família. Duvido que elas estejam prontas. Eu não estou pronta. Sinceramente, Emma — quase implorou ela. — Por que agora? Do jeito que estamos não está bom?
Emma se virou e andou até a pequena sala de estar. Regina achou que, naquele momento, Emma não via beleza nenhuma no cômodo, apenas seu tamanho reduzido.
— Sim, está bom — disse ela, muito séria. — É por isso que estou lhe pedindo mais. Não posso continuar deixando meu mundo para trás para vir brincar no seu Morena. Às vezes, vou precisar de você, vou querer você em meu mundo. Não consegue entender isso?
Regina ficou encarando-a sem dizer nada. Preocupada.
— Isso é um teste? Algum tipo de experiência para ver se esse relacionamento pode funcionar no mundo real?
— Sim — disse Emma rispidamente, mas logo continuou. — Não. Droga, por que precisa encarar nosso relacionamento como um testei Por que não pode encarar como nosso próximo passo?
— E por que você não consegue ver como um grande choque para sua família? — retrucou Regina. — Por que não vê que é melhor lidar sensivelmente com elas do que me empurrar por suas gargantas abaixo?
— Está certo, eu contarei a elas antes — disse já irritada. — Agora, você irá comigo ao jantar em público?
— Só acho...
— Sei o que acha. — Emma quase grunhiu. — Quer tratar o nosso relacionamento como um segredinho sujo. Eu não quero. Nós não estamos fazendo nada errado. Não sou meu pai, e estou cansada de ter que lidar com a confusão que ele deixou para trás.
Emma respirou fundo, e Regina a encarou com uma expressão cautelosa nos olhos.
— Oh, inferno — disse a loira. — Morena, me desculpe. Eu só... Acho que ainda preciso lidar com algumas questões em relação a meu pai. Mas estou trabalhando nisso. Vou resolvê-las, mas só... Responda-me. Se sua mãe nunca houvesse sido amante do meu pai, se eu fosse apenas uma namorada que estivesse convidando-a para conhecer melhor a vida dela, para ver se gostava dessa vida, se gostava dela, e do modo como ela era no ambiente em que vivia você iria?
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.