História A nerd e o popular - Ah não!

— O que veio fazer aqui? – perguntei surpresa e sorrindo ao ver Luke parado na porta.

 

— Nossa. É assim que recebe seus amigos? – questionou brincando.

— Não, não. Só estou surpresa. Não esperava que você viesse me visitar tão cedo, apesar de sermos vizinhos.

— Se prepare, pois vou vir te visitar TODOS os dias. – brincou.  

— Será um prazer te receber TODOS os dias. – rimos e eu o convidei para entrar.

Luke entrou pedindo licença e sentou-se no sofá.

— Você disse que mora só com seu pai? – perguntou.

— Sim, minha mãe viajou como eu disse pra você.

— E como é o nome do seu pai? – perguntou curioso.

— Eduardo.

— Eduardo...Johnson.

— Ei, como sabe o sobrenome? Nunca te falei.

— Tenho meus contatos.

— Viu na lista de chamada? 

— Sim. – abaixou a cabeça rindo.

 — Você quer jantar aqui? Está quase pronto e aproveitando que você veio.

— Ah sério? – perguntou surpreso com meu convite.

— Sim. Pelo que eu entendi, seus pais não ficam muito em casa e seus irmãos devem sair muito, não é? 

— Exato. Meus pais não ficam muito em casa por causa do trabalho deles, já Jack e ben, bom...eles saem demais. Eu prefiro ficar mais em casa, mas também não sou antisocial. Mas de qualquer maneira, será um prazer jantar com vocês.  

— Que ótimo! – exclamei empolgada – daqui à pouco, Íris, a cozinheira aparece aí. Quer assistir algo? 

— Você quem sabe. Tem netflix? 

— Tenho sim.

Ficamos a maioria do tempo conversando e nem prestamos atenção no filme, a conversa estava muito boa. O assunto entre nós flui tão fácil.

— O jantar está pronto, só vou arrumar a mesa. – Íris disse, aparecendo na sala.

— Ok. Eu te ajudo.

— Não precisa!

— Vamos logo! – eu disse sorrindo pra ela. 

Quando me levantei bateram na porta

— Deixa que eu atendo. – Luke se levantou.

— Ok.

Fui ajudar Íris na cozinha e, depois, caminhei até a porta para ver quem era.

P.O.V Ross Lynch

Eu sei que não deveria estar ignorando ela assim e muito menos dizer que a pior coisa que ela poderia ter feito foi ter nascido. Eu queria pedir desculpas, mas o meu orgulho estava falando mais alto. Vou tentar falar com ela hoje, mas não tenho certeza se ela vai me perdoar. Até porquê, as coisas que falei para ela foram horríveis.

Pedi ao motorista para me levar, não estava afim de dirigir.

Cheguei em frente a casa dela e respirei fundo. Não é todo dia que eu peço desculpas para alguém.

Bati na porta e quando abriram senti uma raiva tremenda me invadir e a única coisa que eu queria era socar a cara daquele imbecil.

— Oi. – ele tentou ser simpático, mas eu sabia, que ele não gostava muito de mim.

Sua cara já me irritava, sua simpatia então, sem comentários.

— Chame a Ashley, por favor. – pedi, sendo curto e grosso, enquanto olhava para o lado, evitando o contato visual.

Embora eu estivesse com raiva eu não poderia bater nele, pelo menos não hoje. Mas afinal, por que estou com raiva mesmo? 

— Luke, quem está aí? – Ashley chegou e meu corpo involuntariamente, quase se aproximou dela. Por sorte, consegui me controlar.

— Ross? – ela pronunciou meu nome com raiva, como eu imaginei.

— Posso falar com você a sós? – olhei para Luke.

Luke disse alguma coisa no ouvido dela e ela riu. Ele está doido para levar um murro na cara.

— O que quer me falar? 

— Não vai me chamar pra entrar? – perguntei, sabendo que ia levar um fora.

— Não vejo motivo pra fazer isso. Até porque, a pior coisa que eu fiz foi ter nascido, não é? – disse ironicamente.

Droga, ela era ótima em responder.

— É sobre isso que eu quero falar...

— Eu não. – ela ia fechar a porta mas eu coloquei meu pé.

— Ashley, por favor...

— Para você me falar mais coisas ruins? Não obrigada. – me interrompeu novamente com raiva.

— DESCULPA! – ela quase fechou a porta e eu sabia que teria que fazer aquilo de um jeito ou de outro, então falei alto o suficiente para que ela escutasse.

— Que? – perguntou surpresa, porém ainda com raiva.

 — Desculpa. Eu sei que estou vacilando muito contigo ultimamente.

— Ainda bem que você sabe.

— Me deixa entrar? 

— Eu não deveria fazer isso...

— Eu sei.

— Mas eu sou muito idiota e vou deixar. Mas isso não significa que você está perdoado. Eu ainda estou brava com você. – respondeu, quase me fuzilando com o olhar.

Entrei e vi Luke conversando e rindo com o pai de Ashley. Pelo menos ele me conheceu primeiro.

— Vejo que já se conheceram. – Ashley disse rindo fraco.

— Sim. Seu pai é uma figura. – o tal Luke riu.

— Luke é seu namorado filha? – ele disse sorrindo largo.

— N-não pai! – ela gaguejou ficando vermelha.

Hum... Por que ela corou?

— Ah...me desculpe. – ele parecia desapontado.

— Então é ele? – Apontou para mim.

— Muito menos! – arregalou os olhos.

Então quando é o Luke ela gagueja, mas comigo é tão convicta. Interessante.

— Vocês podem jantar. – Íris chegou na sala.

E foi aí que eu percebi que cheguei em uma péssima hora. Ashley olhou para mim.

— Quer jantar aqui? – perguntou e pela cara dela, queria que eu falasse não. Mas é claro que eu ia dizer sim. Irritá-la era meu passatempo favorito, assim como me contradizer era o dela.

— Claro. – sorri. Não perderia esse jantar por nada.

Fomos para a cozinha e nos sentamos. A cozinheira nos serviu e a comida estava simplesmente magnífica.

— Então Luke, o que pretende ser? – Eduardo perguntou para ele.

— Bom...eu ainda não tenho certeza. Meus pais são donos de uma empresa muito conhecida e provavelmente vão querer que eu a administre, quando mais velho. Mas por outro lado, eu sempre elogiei a música.

— Quer ser cantor? – Eduardo perguntou interessado.

— Não é certeza, mas talvez sim.

Ah Qual é! Eu e os meus irmãos sempre quisemos ter uma banda.

— Interessante. Quando eu era mais jovem, minha voz era ótima. – ele riu, fingindo se gabar.

— Eu tenho certeza que sim. – Luke também riu. – Você deveria me mostrar um dia. – brincou.

— Minha voz já não é mais a mesma. Sabe como é, né?

Eu estava totalmente perdido, o assunto não era comigo e eu não sabia se ria, se ficava calado ou o que.

— E você, Ross, não é? – Ah, finalmente acabaram de brincar entre si. E claro, o nome do Luke ele lembra, né?

— Eu e os meus irmãos sempre quisemos ter uma banda. – eu disse sincero. – Mas, meus pais querem que eu faça faculdade de Medicina.

— Tem irmãos? 

— Sim, quatro.

Ele parecia estar nos avaliando.

— E você Luke? 

— Tenho dois. – sua simpatia me irritava! Não gosto desse cara.

Pode parecer que é ciúmes, mas NÃO é! Eu nunca teria ciúmes da Nerd.

— O que o Senhor faz? – Luke perguntou.

— Sou dono de uma empresa, assim como seus pais. Inclusive, depois me diz o nome da empresa, posso entrar em contato com seus pais, para quem sabe no futuro, fazermos alguns acordos.

— Claro, isso seria ótimo.

O resto do jantar foi normal, só Ashley que estava meio calada. Acho que a minha presença a incomodava.

Estávamos todos sentados no sofá conversando. Eu estava na ponta, Ashley do meu lado, Luke logo depois dela e Eduardo na outra ponta.

— Tudo bem? – Luke perguntou para Ashley, assim que o pai dela se levantou para atender uma ligação.

Peguei meu celular e comecei a mexer em qualquer coisa. Mas eu estava, na verdade, prestando atenção na conversa.

— Sim. – ela sorriu pra ele e apoiou a cabeça em seu ombro.

Eu estava me controlando desde a hora que eu cheguei, mas estava ficando cada vez mais difícil suportar os dois juntos. Me irritava de uma maneira inexplicável, nem eu entendia.

— Me desculpem! Terei que ir até a empresa. Aconteram alguns problemas. – Eduardo disse e eu agradeci por isso.

Obviamente, não era por ele ter problemas na empresa, mas porque ele iria sair.  

 — Pode ir tranquilo. – Ashley tirou sua cabeça do ombro de Luke rapidamente e respondeu.

— Ok. – ele deu um beijo na testa dela. – Se comportem! – olhou para o Luke e para mim.

Ele saiu e Ashley ligou a tv. Um silêncio constrangedor se instalou e só se ouvia o barulho da televisão.

— Acho que vou indo. – Luke disse.

— Já? Está cedo ainda.

Eu ia falar alguma coisa mas meu celular tocou, era Rydel. Fui para outro canto da casa, apontando para o celular e Ashley entendeu, assentindo.

 — Alô?

— Ross! Vem pra casa, agora! – sua voz era de desespero.

— O que? Por que? O que aconteceu? – eu perguntei preocupado e me levantei rapidamente.

 — Não dá pra explicar aqui, só vem! 

— Ok, já estou indo.

Fui para sala e a nerd estava rindo com o Luke. Eu não queria deixar os dois sozinhos, sabe-se lá o que pode acontecer. Não estou com ciúmes, isso nunca! Era para o próprio bem dela, certo?

Corri para a porta principal, desesperado com o que poderia estar acontecendo em casa.

— Já vai? – a nerd perguntou. – Por que está parecendo tão desesperado.

— Vou, algo aconteceu em casa.

— Ok, a saída é logo ali. – ela apontou para a porta.

—Tchau. – eu disse meio sem graça. Afinal, ela praticamente está me expulsando. Mas isso não importa, eu tinha outras coisas para me preocupar.

— Tchau, cara! – Luke se despediu quando eu estava na porta. Nem fiz questão de responder, eu nem gostava dele e nem sou obrigado.

Liguei para o motorista e ele veio me buscar. O que será que aconteceu?

P.O.V Ashley Johnson

Ok. Esse foi o PIOR jantar que eu já tive! Não pelo fato do Luke ter vindo, mas sim pelo Ross.

O Luke é um cara legal, simpático e eu já o considerava um melhor amigo. Tudo bem que só nos conhecemos há 1 dia, mas e daí?

Luke me contou um pouco de sua vida. Ele disse que os pais só davam atenção para o trabalho e ele tinha uma ótima relação com os irmãos. Eu contei como eram as coisas antes de eu mudar e ele ficou tipo MUITO puto! Segundo ele, as pessoas julgam muito as outras pela aparência. E eu concordo, até porque como ele mesmo disse, foi só eu ficar ''bonita'' (entre aspas porque Luke disse que eu já era linda antes) pra todo mundo começar a me dar atenção.

— Estou pensando seriamente em deixar a barba crescer. – ele disse e eu gargalhei.

—Você não aguenta um dia, Luke. Você se preocupa demais com seu rosto para fazer isso. – eu disse rindo.

— O que? Claro que aguento! – ele fingiu ter cabelo grande e os ''jogou'' para trás como uma patricinha. 

— Eu acho que não, aliás você nem tem barba. – brinquei e ele fingiu estar ofendido.

— O que? Eu tenho sim, garota! – fez uma voz fina. Isso me lembrou muito a Lorena – Quem você pensa que é? 

— Sou Ashley Johnson! – joguei meus cabelos para trás, como ele havia feito e ele gargalhou e começou a fazer cócegas em mim dando uma risada malvada.

— Agora vou me vingar. – fez mais cócegas.

— Tá bom, Luke. – eu disse entre risos.

— Vou parar porque sou legal. – ele se jogou ao meu lado. – Vou dar uma festa lá em casa, talvez. O que você acha? 

— Sei lá, eu não faria.

— Por que? 

— Primeiro que, a casa vai ficar muito bagunçada e ninguém, absolutamente ninguém, vai te ajudar a limpar. Segundo, vão usar os quartos e outros cômodos, se é que me entende e terceiro que, pode acontecer de alguém levar drogas e muito provavelmente dar problema para você. – expliquei olhando para ele.

— Ah, então é melhor ir em uma boate, de uma vez.  

— Se for ver as duas opções, sim.

— Vamos algum dia então? – sugeriu.

— Você está brincando, né? Somos menores de idade, não vamos conseguir entrar.

— Por isso, vou deixar minha barba crescer. – rimos.

—Nem precisa, você parece ter 19 anos. – eu disse e ele fez cara de ofendido.

— Me chamou de velho? 

— Não! – me justifiquei rapidamente, já sabendo o que iria acontecer se eu dissesse sim.

— Bom mesmo! 

— Vamos assistir um filme. Vou fazer pipoca e você escolhe aí. – eu praticamente ordenei.  

— Ainda cabe alguma coisa na sua barriga? – ele arregalou os olhos e eu ri.

Fui para a cozinha, preparei a pipoca e também brigadeiro.

— Nossa. – Luke surgiu na cozinha. – Vamos casar! O que é isso? – disse com cara de bobo.

— Quer provar? – ofereci.

— Claro.

Deixei ele provar o brigadeiro, mas o filha da mãe não fazia nenhuma expressão e não dava pra saber se ele havia gostado ou não.

— PUTA MERDA! – ele gritou pulando e eu caí na gargalhada. – ISSO É MUITO BOM! 

— Sabia que você ia gostar.

— Nunca comi isso. – ele provou mais um pouco.

— Minha tia visitou o Brasil uma vez e aprendeu a fazer lá, então ela me ensinou.

— Brasil? Tenho que fazer minhas malas hoje mesmo. – ele zoou com cara de pensativo e eu gargalhei.

Fomos para sala assistir o filme e o Luke praticamente comeu todo o brigadeiro. Eu dei um desconto, porque o coitado nunca havia comido.

— Vem tirar uma foto comigo, Ashley! – Luke me chamou.

— Ah não. Não sei tirar foto. – reclamei. 

— Sabe sim, vem logo.  

— Tá. – revirei os olhos.

Cheguei mais perto de Luke e tiramos uma foto.

— Vou até postar. – ele disse abrindo o Facebook.

— O que? Luke, não. – eu chamei sua atenção, tentando tirar o celular de sua mão. 

— O que? Ashley, sim. – me imitou.

Peguei o celular de sua mão, mas era tarde demais. Ele já havia postado.

— LUKE! É MELHOR VOCÊ CORRER MENINO! – Eu sugeri me levantando, ele fez uma cara de assustado e saiu correndo.

Fizemos um ''pega pega'' pela casa. O alcancei mas quando fui bater nele, o garoto me segurou pelos braços e automaticamente nossos rostos ficaram próximos, em uma distância perigosa. Eu não sabia o que estava sentindo, mas eu estava com uma vontade enorme de beijá-lo. Eu não sabia como ele estava se sentindo, se era o mesmo que eu e isso fez com que eu me confundisse e pensasse várias vezes se deveria beijá-lo ou não. Luke me encarava profundamente com seus olhos azuis e alternava seu olhar dos meus olhos para a minha boca.

A pergunta é: o que está acontecendo? 

P.O.V Ross Lynch

Cheguei em casa abrindo a porta correndo. A casa estava em um completo silêncio.

— POR FAVOR, NÃO! PARA, POR FAVOR! – era voz da Rydel. Ok, agora eu estou assustado.

— Rydel? – eu a chamei.

— NÃO, POR FAVOR! – as vozes vinham lá de cima.

Subi as escadas correndo e consegui ouvir um pouco melhor.

— VOCÊ ACHA BONITO ISSO? SEU DESGRAÇADO! 

Era a voz do meu pai...o que está acontecendo? 

— PARA, PAI! PELO AMOR DE DEUS, PARA! – Rydel estava chorando.

Cheguei mais perto de onde vinha as vozes e cheguei até o quarto da Rydel. A porta estava entreaberta, então consegui ver.

Ah não! Eu sabia que uma hora isso iria acontecer.