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História A Nereida - Capítulo 5:


Escrita por: GiullieneChan

Capítulo 5 - Capítulo 5:


Os passos apressados, pisando duro devido a raiva despertada pelas provocações de Shaka, Mu caminha pelos corredores do Templo do Grande Mestre, até a Biblioteca do Santuário. Quando seus passos foram interrompidos por um grito feminino e o som de objetos caindo ruidosamente ao chão.

—NARU!

O ariano corre alcançando a porta da biblioteca e abrindo-a rapidamente, imaginando o pior. Talvez uma as velhas estantes tenham cedido e a ideia de que Naru pudesse estar presa embaixo dela, e ferida, revirou seu estômago. A preocupação era tanta que acabou esquecendo completamente de estava ali para ditar a Naru quem mandava no Santuário.

Mas o que ele encontrou foi uma amazona, erguendo como se fosse uma arma, uma bandeja de prata que ficava sobre uma das mesas, enfeitando-a, enquanto com cuidado tentava afastar uma pilha de manuscritos com o pé esquerdo. Ela estava sem a máscara, o rosto sujo pela poeira e com expressão que misturava cautela, medo e um pouco de raiva.

—O que... o que está fazendo? -tomando a bandeja da mão dela. -Este prato tem mais de trezentos anos!

—Bandeja. -ela o corrigiu.

—Bandeja, prato... tudo igual! -meio alterado. -O que está fazendo?

—Eu puxei alguns pergaminhos do alto para separar o que está danificado do que ainda está inteiro, quando um rato saltou em cima de mim! -respondeu furiosa. -Tudo caiu em cima de mim. Aquela peste maldita!

—O grito... por isso gritou?

—Sim.

—Tem medo de ratos? -concluiu rindo.

—Não! -ela virou-se se defendendo. -Tenho é nojo!

—Admita. -falou colocando a bandeja sobre um móvel. -Tem medo de ratos.

—Não tenho. Esta coisa está comendo todo o acervo daq... -neste momento, ela olha para um canto e se agarra na manga da manta de Mu, apontando nervosa. -Ele tá ali!

Mu olhou para a criatura que Naru apontava tão nervosa. Quem visse pensaria que se tratava de alguma enorme ratazana, mas o que o cavaleiro viu foi um pequeno roedor branco, que farejava o ar curioso, talvez procurando comida. O cavaleiro tentou conter o riso, inutilmente.

—Do que está rindo? -ela indagou nervosa.

—Todo este escândalo por causa de um ratinho?

—Eu... -ela ficou corada. -Ora, pare de falar coisas sem sentido! Eu não tenho medo deste... desta coisa!

—Tá, eu não vou discutir isso com você mais. -ele ergueu as mãos como se pedisse trégua. -Vou pegar este rato e você volte ao trabalho, está bem?

—Está bem. -ela concordou cruzando os braços, e ficou inquieta ao ver que Mu a encarava. -O que foi?

Na verdade, ele havia sido pego admirando o rosto jovial de Naru, ficava muito bonita deixando de lado as "máscaras" que usava para se proteger, tanto a da amazona, quanto a de mulher durona. Esta última caiu por terra ao demonstrar que tinha medos como qualquer um, mesmo sendo medo de um ratinho.

—Nada... -ele murmurou, e depois disfarçou. -Acho que ele fugiu enquanto estávamos discutindo.

—Ah, não. Eu não vou ficar aqui com este rato à solta por este lugar!

—Francamente, Naru...

—Me mande encarar um exército de Espectros, mas não um rato!

—Eu não entendo mesmo este seu medo de ratos. -ele comentou, tirando alguns livros do lugar, procurando o roedor.

Naru ficou em silêncio, e o ariano olhou por sobre o ombro. Percebeu que o medo dela era algo mais profundo.

—Você sabe que fui uma das órfãs que Mitsumasa Kido enviou para conseguir as armaduras e que deveria voltar para defender Saori, digo, Atena?

—Sim, eu sei.

—A maioria não se lembra de como perderam seus pais, ou eram pequenos demais ou foram simplesmente abandonados. Alguns de nós, viram os pais morrerem e nada puderam fazer para impedir.

Neste momento, Mu lembrou-se de ter ouvido história semelhante sobre um dos cavaleiros de Bronze, Hyoga.

—Minha mãe me abandonou há muitos anos e eu nem sei quem é meu pai.

Nesse momento o cavaleiro parou o que fazia e prestava atenção na jovem.

—Morávamos em um prédio antigo, construído antes da Segunda Guerra, minha mãe adotiva e eu. -ela começou a falar. -Em Fukui. Um dia houve um grande tremor de terra. Era uma região sempre abalada por tremores pequenos, estávamos acostumadas até. Mas aquele foi tão forte que quando percebi, o prédio havia desabado sobre nós duas.

Naru cruzou os braços tentando controlar o nervosismo, mas se sentindo bem em estar compartilhando com alguém aquele segredo.

—O socorro demorou mais do que esperava. Kanoko-san não se mexia mais. E eu estava presa e não conseguia me soltar. Lembro de ficar chamando por ela, e ela não se mexia. Eu... só tinha seis anos. Demoraram dois dias para nos achar... e haviam ratos que saíram de suas tocas por causa do tremor. Ratos que andavam por meus cabelos, mordiscavam minha pele. E eu, odeio ratos!

—Sinto muito. -Mu voltou a atenção na procura do ratinho.

—Tudo bem. -Naru fecha os olhos, sorrindo levemente. Talvez aquele cavaleiro não era tão irritante assim, como pensava. Mu demonstrava ser uma pessoa sensível e gentil, afinal. Sorriu ao voltar a falar com ele. -Sabe, podíamos recomeçar...

—Olha eu o achei! -Mu exibe diante do rosto de Naru o pequeno ratinho pego pela cauda. -Não foi tão... Hã... que cara é esta?

O grito de Naru ecoa pelo Santuário todo, assustando muitos guardas, incluindo Shaka que estava no escritório de Mu, usufruindo do chá que as servas haviam lhe oferecido.

—Nossa! -exclamou o virginiano, abrindo os olhos, espantado. -Será que Mu não está exagerando no papel de Patriarca?

Na biblioteca, um alarmado cavaleiro de ouro tenta apaziguar uma furiosa amazona de bronze. Sem sucesso.

—Você fez de propósito! -ela o acusava, apontando-lhe o dedo. -Não importa se é o Grande Mestre ou se serei trancada no Cabo Sunion esta noite pelo resto da minha vida, eu vou acabar com você!

—Eu queria que visse que o rato não era um monstro que você faz parecer. -com as mãos erguidas, sem graça, tentando mostrar que sentia muito. -Ele é até bonitinho!

—Seu... -Naru olha para os lados e pega o primeiro objeto, um livro enorme e antigo, e atira em Mu que desvia com muita facilidade.

—Aquela era a segunda Bíblia que Gutemberg fez! -espantado. -É uma raridade!

Ignorando o protesto dele, Naru procurava outra coisa para atirar em Mu, mesmo sabendo que era um gesto inútil, ela apenas queria descontar a sua raiva no rapaz. Pegou um busto antigo e o ergueu com as duas mãos, mas foi impedida pelo ariano que o segurou firmemente. Logo os dois disputavam a posse do busto.

—O busto do antigo Mestre Sage não! -ele avisou. -Tenha respeito pelos heróis do Santuário!

—Esta coisa servirá para alguma coisa que não seja juntar poeira!

Mu consegue soltar o busto das mãos de Naru e o recoloca em segurança na mesa, suspirando profundamente, e a tempo de evitar que ela o acertasse com um soco. O ariano segura o punho da amazona com uma das mãos e a outra retêm o outro braço feminino que se preparava para atingi-lo também. Neste impasse, medindo as forças, ele a puxa mantendo-a bem próxima a seu corpo, quando em um gesto rápido prendendo os braços de Naru atrás de seu corpo.

Ambos se fitaram ofegantes. No momento seguinte, Mu tomou-lhe os lábios em um beijo ardente, algo que pegou a amazona de surpresa. Naru sentia-se entorpecida, era algo diferente para ela. Não se lembrava de quando esteve com alguém assim tão intimamente, na verdade, jamais estivera assim com um homem em sua vida.

Anos em uma ilha, apenas treinando dia e noite, se dedicando para conquistar a sua armadura a fizeram delegar sua condição feminina ao esquecimento. Até agora.

Aquele beijo a estava lembrando de que era ainda uma mulher. Havia sido o seu primeiro beijo. Muito sensual, muito arriscado. A qualquer momento alguém poderia entrar por aquela porta e pegá-los naquela condição. Aquele cavaleiro irritante... Sabia como beijar uma mulher!

Quanto tempo passou desde que o beijo se iniciou? Eles não sabiam dizer, haviam perdido a noção de tempo. Apenas a simples necessidade de respirar os fez parar o beijo e se fitarem. Corados e espantados com o que haviam feito.

—Eu... -ele começou a falar, soltando as mãos da amazona.

Naru desviou o olhar, afastando-se do cavaleiro e pegando sua máscara que estava sob um móvel, saiu de lá rapidamente. Mu não moveu um músculo sequer para detê-la. Ainda tentava entender suas atitudes impulsivas nos últimos dias, em especial, a daquele momento.

Ele passa a mão nervoso pelos cabelos e suspirando senta em uma cadeira próxima.

—O que está havendo comigo afinal? -Sentado ali, avistou o curioso ratinho saindo do seu esconderijo, que parecia fitar o cavaleiro. -Será que você poderia me responder?

 

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Fim da tarde.

—Mestre Mu! Mestre Mu! -Kiki bateu a porta do quarto de Mu, abrindo em seguida. O menino estava preocupado, pois ele nunca se deitava a esta hora. -O senhor está bem?

—Estou. -ele respondeu. Mu estava deitado na cama, usando suas roupas, olhando para o teto com a cabeça apoiada nas mãos. -Por que pergunta?

—É que o senhor não apareceu para o almoço. Geralmente sou eu quem me atraso. -rindo sem graça. -Nem jantou. Achei que estava doente.

—Eu não estou doente, isso eu lhe garanto. -Mu levantou-se, ajeitando os cabelos com as mãos e os prendendo-os com uma tira de tecido -Já vou comer alguma coisa e vamos treinar suas habilidades psicocinéticas, está bem?

—Tá. -o menino ficou fitando o mestre. –Mestre Mu?

—O que? –sem entender.

—Não vai trocar de roupa, mestre Mu?

Mu se olhou no espelho. As roupas estavam limpas, apesar de amassadas por estar deitado. Não achou importante este detalhe.

—Não. Afinal, vamos treinar e logo estas roupas estarão em farrapos. -passou pelo menino, andando até a cozinha. -Desde quando se importa com estes detalhes, Kiki?

—Desde que uma garota está te esperando na cozinha, mestre Mu. -respondeu o garoto, com um sorriso de quem estava debochando do mestre.

—Quem? -parou na porta da cozinha, fitando Kiki como se não houvesse entendido sua explicação e virou-se rapidamente ao perceber mais alguém na cozinha. -N-Naru?

Ela estava de braços cruzados, usando a máscara que ocultava seu rosto e impedia Mu de vê-lo. Anotou mentalmente se poderia baixar um decreto fazendo as máscaras serem terminantemente proibidas.

—Eu não esperava te ver hoje. -disse o ariano, ajeitando a camisa amarrotada, e fuzilando Kiki com o olhar quando escutou sua risadinha.

—Eu vim pegar as chaves da Biblioteca. -ela respondeu.

—Hã?

—Meu "castigo". -ela frisou. -Cheguei na Biblioteca e me disseram que você a trancou e levou a chave. E como pretendo chegar cedo amanhã, acho melhor ficar com elas.

—Ah, sim! As chaves... espera. -colocava as mãos nos bolsos, tentando se lembrar. -Onde eu as coloquei?

Ela ergueu a sobrancelha por detrás da máscara.

—Lembrei! -ele abriu a gaveta de talheres, pegando-a. -Aqui.

—A guardou junto com as colheres?

—Não achei que você iria voltar.

Ele lhe entregou as chaves e tocou seus dedos, e Naru tentou disfarçar o tanto que o toque a incomodou.

—Naru, sobre hoje mais cedo...

—Não precisa dizer nada.

—Eu estava em dúvida se veria você hoje. É que... eu não sou bom com isso e... -suspirou. -Eu geralmente não sou tão atrapalhado assim, mas quando você está perto...

—Por um momento hesitei em vir e... Está dizendo que eu sou culpada por suas atitudes? -ela colocou uma das mãos na cintura.

—É. É sim! -ele afirmou. -Eu sou... eu era uma pessoa centrada, controlada. Todos os meus gestos são seguros. Mas quando você está perto, eu ajo como um... um...

—Um bobo? -Kiki completou a frase.

Foi aí que os dois notaram que o menino acompanhava a discussão com muito interesse, sentado à mesa e comendo uma maçã.

—Você não tem o que fazer? -perguntou Mu ao menino.

—Não tenho, estou esperando que o senhor comece meu treino e...

—Dez voltas ao redor do Coliseu. -ordenou o cavaleiro de Áries.

—Mas! -Kiki engasgou. -O treinamento hoje não era físico!

—Doze voltas.

—Mestre Mu!

—Quinze voltas! -apontando para a saída.

Kiki engoliu em seco e saiu correndo da cozinha para cumprir o exercício antes que Mu dobrasse o número de voltas. Depois o rapaz fitou a amazona.

—Fico feliz que tenha aparecido. Não quero brigar mais com você.

—Tudo bem. -"Seja forte e aja com sensatez", disse a si mesma. –Espero que não se atrase hoje,

—Atrasar? –ele bate na testa. –O maldito jantar! Ainda preciso de companhia para a recepção. Lembra?

—Lembro. O que você me intimou a ir. EU que estou te lembrando dele.  Eu nunca...nunca estive em uma recepção! -tentava evitar o encontro. –Não sei usar esses vestidos longos.

—É importante! -olhou para um relógio na parede. -Temos duas horas para nos arrumar. Marin deve ter providenciado um vestido para você. Como pude me esquecer?

—Qual é a sua intenção afinal?

—Eu prometo que não vou tentar nada com você, Naru! É um jantar social, não um encontro! Sabe que Atena é Saori Kido, e que como tal tem responsabilidades com a Fundação. -ele explicava-lhe com calma. -Mas não podemos deixar Atena andar sem proteção. Neste momento, ela está sempre acompanhada por cavaleiros de Bronze e o cavaleiro de Escorpião está próximo a ela estes dias.

—Mas?

—Esta noite vamos substituí-los. Eu, você e o Cavaleiro de Virgem. –sorriu sem graça. –E ficaria estranho eu aparecer sem companhia. Já que Shaka será o acompanhante de Atena na recepção. Vamos buscá-la em sua mansão logo mais.

—Então...é uma missão? Vamos proteger Atena, fingindo sermos convidados? -ela não parecia muito convencida.

—Sim. Nada, além disso! Dou minha palavra de Cavaleiro de Ouro! -fez um gesto solene.

—Está bem. Então vou me preparar. -Naru parecia mais segura.

—A máscara. -ele apontou para o rosto dela.

—O que tem? -estranhando.

—Não poderá usá-la lá. Chamaria muito a atenção.

—Eu sei. -ela tocou a máscara, saindo da casa. -Nos vemos em duas horas.

—Na entrada do Santuário. Vou... te esperar lá.

—Está bem. -E saiu.

Assim que se viu sozinho, Mu saiu correndo para o seu quarto. Onde estava o maldito smoking?

 

Continua...



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