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História A Nereida - Capítulo 7:


Escrita por: GiullieneChan

Capítulo 7 - Capítulo 7:


Amanheceu no Santuário.

Mu suspira, olhando pela janela do quarto, aonde passou boa parte da noite em claro, sentia uma ansiedade que não sabia explicar desde que voltara do jantar. Os sons da vida no Santuário começaram a causar um estranho incômodo no Cavaleiro que se afastou da janela com brusquidão.

—Será que não podem fazer menos barulho?

Suspirou, achando que estava se estressando por pouca coisa, afinal, havia enfrentado tantas coisas em sua vida que fariam pessoas normais cederem a depressão ou a ira, mas nunca deixou que esses sentimentos negativos o dominassem.

Entrou na cozinha e estancou ao ver a bagunça generalizada que tomava conta do lugar. Ali estavam Aldebaran de Touro e seu aprendiz Kiki tentando fazer algo comestível.

—Bom dia, Mu. -disse o cavaleiro acenando com a colher e espalhando massa pelo chão.

—Bom dia, mestre Mu. -o pequeno tentava carregar várias maçãs ao mesmo tempo, derrubando praticamente todas pelo recinto.

—O que estão fazendo? -Áries perguntou, tentando se controlar.

—Hoje é Sábado. -respondeu Aldebaran como se fosse algo normal.-Eu disse que ia ensinar Kiki a fazer minhas panquecas doces.

Mu olhou para a bagunça, uma veia começou a pulsar em sua testa.

—OLHA ESSA BAGUNÇA!

Os dois olharam sem entender para o ariano.

—Aqui não é um acampamento de férias, nem a casa da mãe Joana para causarem toda essa anarquia! É A MINHA CASA!

—Calma amigo! Você nunca se zangou com uma baguncinha. Eu sempre limpei o que sujava. –disse Aldebaran achando a atitude de Mu muito estranha.

O cavaleiro de Áries colocou a mão na testa, sentindo a cabeça doer de repente. Nunca havia sentindo uma dor tão incomoda como aquela, chegava a queimar, a arder seus olhos.

—Mestre Mu, o senhor está bem?

Kiki estende a mão para tocar o braço de seu mestre, mas é repelido por um tapa de Mu que o olhava com muita raiva. O pequeno se afastou assustado tanto pelo gesto do mestre quanto por seu olhar. Aldebaran que nunca antes havia visto Mu agir com violência desnecessária com seu aprendiz se coloca entre os dois.

—Hei, Mu. Qual é o seu problema? Não é motivo para tanto!

Como se acordasse de um transe, Mu olhou para o amigo e em seguida para o aluno. Sentiu um nó no estomago e vergonha por seu ato.

—D-desculpe. Eu não sei o que houve comigo... eu... Me desculpe, Kiki. –passando a mão pelo rosto.

Mu se apressa em sair para fora da cozinha pegando o caminho para o Salão do Grande Mestre pelas escadarias das Doze Casas, perguntando-se a si mesmo o que estava acontecendo.

—Senhor Aldebaran? -a voz de Kiki chamou a atenção do cavaleiro de Touro. -O que está havendo com o mestre Mu?

—Acho que está só cansado, Kiki. –mas sentia que era algo mais grave. –Vou conversar com ele sobre isso.

Talvez, conversar com Shaka também, pensava o cavaleiro de Touro.

 

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Logo Mu de Áries havia chegado ao Salão do Grande Mestre para desempenhar as funções que achava enfadonhas demais. Ainda não se achava a altura do cargo considerado o mais importante daquele solo sagrado, por isso procurou refúgio das cobranças dos seus auxiliares sobre as contas do Santuário na Biblioteca.

Para a sua surpresa a encontrou ali, trabalhando, no alto de um banco, recolocando alguns pergaminhos em uma estante e usando aquela máscara que já estava irritando o cavaleiro de Áries pela sua impertinência em esconder o rosto de Naru.

Ela parece ter sentindo sua presença, virando rapidamente para vê-lo e quase perdendo o equilíbrio com os enormes rolos em seus braços. Parecia certo que ela cairia, mas Mu foi mais rápido e com apenas um braço a segurou impedindo sua queda.

—Está tudo bem? -ele perguntou com os lábios bem próximos da orelha da amazona que sentiu calores percorrerem todo o seu corpo.

—Estou! -Naru voltou rapidamente ao normal, aliás, Mu nunca viu alguém se mover tão rápido quanto ela em se afastar de sua presença. -Eu estou terminando.

—Eu...estou vendo. -Mu olhou ao redor. -Ficou aqui a noite toda?!

—Eu, perdi o sono. Estava quente demais e estou ansiosa demais então, vim para cá terminar meu serviço.

Mu não soube o que falar, apenas fitando a amazona. Estava com as palavras dela em sua mente desde ontem, em que ela jamais largaria sua armadura para se envolver com um cavaleiro, e ainda não havia aceitado isso.

—Ela fez um excelente trabalho, não concorda meu amigo? -Shaka dizia, chegando de repente por trás de Mu, assustando aos dois.

—De onde você saiu? -perguntou Mu, quase gritando.

—Da Casa de Virgem. -respondeu serenamente o cavaleiro de ouro. -Naru desempenhou seu trabalho com maestria. Isso merecia um prêmio, não concorda Grande Mestre?

—Desde quando me chama assim? -murmurou desconfiado.

—Eu não preciso ser premiada. -diz Naru sentindo-se acuada na presença dos dois cavaleiros. -Só queria que meu castigo acabasse logo.

—Bem, uma recompensa você merecia por colocar em ordem grande parte deste lugar. -disse o ariano.

—Já disse que não precisa. Bem, posso sair? Passei a noite aqui e estou cansada.

Mu acenou positivamente com a cabeça e a amazona saiu rapidamente, o cavaleiro de Áries coloca a mão no queixo pensativo.

—E então? -insistiu Shaka.

—Então o que?

—Você voltou muito calado do jantar de ontem. Algo aconteceu?

—Não, não aconteceu nada. -disse em um tom levemente alterado que fez Shaka estranhar. -Porque algo teria acontecido?

—Calma meu amigo. Não quis ser indiscreto. -Shaka toca no ombro de Mu e retira a mão rapidamente sentindo algo estranho.

—O problema é que você está sendo indiscreto, Shaka de Virgem. -Mu o empurra para ter passagem para fora da Biblioteca, e até mesmo o ariano estranhou o modo alterado como que vem se comportando desde que amanheceu.

Shaka ergue uma sobrancelha, desconfiado. Apurando seus sentidos sente que algo muito estranho está ocorrendo com Mu. Tentou sentir a aura de seu cosmo, mas era como se uma força o impedisse.

—Hmmm...

 

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Em Rodório.

Em uma taverna, frequentada em sua maioria não apenas por moradores locais depois de um longo dia de trabalho, mas por soldados e cavaleiros há décadas. O proprietário se gaba de ser a terceira geração a cuidar do bar, e cuidava de colocar uma caixa de garrafas vazias no fundo quando uma carroça se aproxima.

—Sua encomenda, senhor Kostas. -uma voz feminina se anuncia.

O gorducho proprietário coça a cabeça, em seus ralos cabelos e observa a garota que trazia sua encomenda. Estranha o fato dela estar ocultando o corpo numa capa de viagem, nunca havia visto aquela jovem antes.

—Hã...cadê o Lukas? Ele sempre me traz minhas encomendas do vinhedo de seus patrões.

—Meu primo Lukas está resfriado, senhor Kostas. Eu vim ajudar com as entregas. -ela responde com um sorriso amigável.

—Ah, então tudo bem. -ele retira a lona que cobria as garrafas de vinhos colocadas em caixotes de madeira. -Está tudo aqui?

—Sim, senhor Kostas. -ela sorri de modo misterioso. -Meu senhor espera que seus clientes aproveitem bem de seu delicioso vinho.

 

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Logo mais ao entardecer, Mu ainda sente algo inquietante, a dor de cabeça ainda insiste em perturbá-lo. Kiki percebendo que o mestre ainda estava de algum modo aborrecido preferiu não incomodá-lo, ficando na casa de Touro. O cavaleiro de Áries tocou seu próprio rosto e o sentir quente, estaria ficando com febre agora?

—Acho que sei o motivo da minha febre. -disse em voz alta, olhando na direção das cabanas velhas que serviam de moradia às amazonas.

Logo chegou a vila das amazonas e foi até sua residência batendo a porta. Logo Naru apareceu e parecia surpresa em seu tom de voz ao vê-lo ali.

—Mestre Mu?

—Posso entrar, Naru? E por favor, não me chame de mestre!

Ela parecia incerta, mas sabia que não haveria tanto perigo assim e se afastou da porta para permitir que ele entrasse, fechando a porta em seguida.

—O que foi? Aconteceu alguma coisa?

—Preciso falar com você.

—Sobre o que?

—Por que ainda usa esta máscara? -ele fez um gesto apontando para o próprio rosto. -Atena já aboliu o uso dessas coisas!

Nesse momento ela sentiu que havia algo de errado no comportamento do cavaleiro, mas não sabia o que era.

—Andou bebendo?

—Eu não bebo. -o ariano foi se aproximando da amazona. -Queria embriagar-me em você.

—Que?! -ele a pressiono contra a parede, retirando sua máscara.

—Assim é melhor.

—Pare agora, seu pervertido!

Por que não tinha forças para repeli-lo? Era como se seu corpo ansiasse por seu toque ao mesmo tempo sua mente ordenava que resistisse. E tinha algo mais. O rosto de Mu estava mudado, algo nele a assustava.

—Vamos, Naru. Não venha bancar a difícil comigo. Eu sei que me tenta se negar, se esconder em sua armadura, nesta máscara. -ele a joga longe.

—O que há com você? Pensei que fosse uma pessoa equilibrada!

—Estou cansado de ser equilibrado. Quero ser eu mesmo, fazer o que desejo.

Naru tentou se soltar, escapar, mas ele segurou seus braços e a pressionou contra seu próprio corpo. Mas não a agrediu. Abaixou a cabeça até que os lábios ficassem a um milímetro de distância dos dela, dando um sorriso vitorioso. Algo em seu olhar a intimidava, e então a beijou.

Queria puni-la por sua impertinência, seu total desprezo pela autoridade dele. Naru precisava aprender que ele estava no comando do Santuário, parar de tratá-lo como desrespeito, ceder aos seus desejos.

Luxúria não fazia parte de suas ações. Estava apenas afirmando seu domínio quando obrigou a boca a se abrir sob a dele, quando sua língua tocou a dela, quando virou a cabeça para ter melhor acesso aos lábios.

Após longos minutos, Mu soltou Naru tão subitamente que ela perdeu o equilíbrio e deu um passo para trás. O rosto estava afogueado e ele viu confusão nos olhos castanhos. Ela ergueu a mão e deu um sonoro tapa no rosto do cavaleiro, que recuou alguns passos surpreso.

—Saia da minha casa! -ordenou com os olhos dardejantes de raiva.

Mu deu um meio sorriso, e saiu da casa sem olhar para trás. Naru fechou a porta rapidamente, sentindo que seu coração descontrolado.

Do lado de fora, o cavaleiro caminhou para longe da vila das amazona, sentiu um súbito mal estar se apoiando numa árvore. Colocou uma das mãos sobre o rosto, sentiu que o chão escapava aos seus pés.

—O que está havendo comigo, Atena?

Foi quando ouviu uma suave risada logo atrás de si, e quando virou-se teve um leve vislumbre da presença de uma jovem de longos cabelos loiros e sorriso sardônico no rosto. Aonde a conhecia? Assim que a reconheceu da residência de Minoun, tombou ao chão sem sentidos.

 

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Naru estava furiosa com o jeito que Mu havia se comportado. Como havia lhe tratado. Não parecia ser ele, parecia ser outra pessoa. O beijo tinha sido pura sensação, um calor que gelara sua mente e aquecera seu corpo.

—–Não! Não há lugar para romances! -dizia a si mesma, mas tocou os próprios lábios com as pontas dos dedos. -Oh, Céus...será que estou apaixonada por aquele alien pervertido?

—Naru...

A voz de uma mulher a chamava, imaginou que pudesse ser uma das outras garotas da vila e abriu a porta nem se preocupando em usar a máscara, pois estava entre companheiras. Mas não havia ninguém ali.

—Naru...aqui...

Saiu da casa procurando por que a chamava, foi quando viu uma pessoa que ocultava seu rosto com uma capa acenando para ela. Quando deu alguns passos na direção dela, a figura saltou, subindo pelas pedras, para longe dela.

—Espera!

A amazona de Dorado saltou atrás da misteriosa figura, estranhamente atraída por ela. A pessoa ria e corria a grande velocidade a sua frente, mas a amazona conseguia acompanhar seu ritmo. Quando finalmente alcançaram uma pequena mata, bem em seu interior, a misteriosa pessoa parou.

Naru parou a poucos metros dela, ofegante pelo esforço de tentar alcançá-la, olhando desconfiada. Depois chamou a si mesma de burra por ter esquecido sua armadura na cabana. E se fosse um inimigo?

—Acalme-se, minha criança.

A figura retira o capuz e Naru imediatamente a reconhece. A tinha visto no jantar da noite anterior na residência de Allain Minoun. Era a namorada dele. Os longos cabelos escuros balançando ao sabor do vento, os últimos raios do sol daquele entardecer iluminando o rosto alvo e o sorriso naqueles lábios carmesim.

—Quem é você?

—Minha querida. -ela estendeu a mão para a amazona.

Naru naquele mesmo instante sentiu seu corpo trêmulo, tomado por uma estranha tontura.

—Bebeu o vinho, não é?

A mulher perguntou com um sorriso, se aproximando de Naru que rendida caiu de joelhos. A mulher se abaixa, envolvendo a amazona em seus braços, afagando seus cabelos. Naru não conseguia se mexer, sentia o torpor a dominando.

—Não tenha medo, minha filhinha. Mamãe está aqui.

Naru fecha os olhos, se entregando a escuridão.

 

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Horas mais tarde, no ponto mais alto do Santuário, defronte à Estátua de Atena.

Uma mulher de longos cabelos lilases observava o Santuário do ponto aonde se encontrava, mantinha um olhar preocupado. Virou-se ao escutar passos que se aproximavam devagar, sorriu ao ver quem era.

—Seiya.

—Não está tarde?

—Um pouco. O que veio fazer aqui? -ela voltou a observar o Santuário.

—Eu te conheço, Saori. Me disseram que mal tocou em seu jantar. Algo a preocupa.

Saori sorriu, dificilmente conseguia esconder algo de seus amigos, suspirou antes de falar:

—Esta manhã senti uma inquietação no cosmo. -Seiya a olhou preocupado.

—Como assim?

—É como se um inimigo estivesse à espreita, nos observando. É a sensação de que uma nova batalha se aproxima. -o olhar da deusa era de pura preocupação nesse momento.

—Não se preocupe, Saori. Seja quem for, cuidaremos dele.

Saori volta seu olhar para o cavaleiro de Pégasus e sorri. Ele sempre conseguia contagiá-la com sua empolgação e sua determinação. Foi quando sentiu a presença de um cosmo poderoso direcionada a ela, virou-se assustada a tempo de ver Seiya saltar e protegê-la com seu corpo do ataque.

—SEIYA!

Ela viu com horror o cavaleiro tombar, as costas chamuscadas devido ao ataque que recebera. Imediatamente ajoelhou-se ao seu lado, amparando-o, dando Graças aos Céus por ele ainda respirar. Então, passos metálicos indicavam que o autor do ataque se aproximava, saindo das sombras aos quais o mantinham incógnito.

Pela parca luminosidade da luz, Atena observa seu agressor e surpreende-se com o que vê, ele ergue a mão para atacar novamente, reunindo uma considerável energia na palma de sua mão e lança.

—OHM!

Com a força de seu cosmo, Shaka repele o ataque do agressor de Pégasus. A velocidade com o que o cavaleiro reagiu faz com que seus cabelos loiros se agitem no ar, impulsionados pelo cosmos que utilizou para proteger sua deusa.

—Shaka!

—Afaste-se Atena, eu cuidarei dele. -diz o cavaleiro da casa de Virgem abrindo os olhos e fitando o inimigo.

—Shaka, ele é...

—Eu sei, Atena. -havia tristeza no tom de voz do cavaleiro. -Saia das sombras e me diga por quê?

O oponente dá alguns passos, revelando sua identidade, com um sorriso cruel nos lábios.

—Por que, ataca Atena!? Me diga, Mu de Áries!

Shaka ordena com um tom de voz mais nervoso, fitando o rosto do inimigo. Mas ao invés das íris esverdeadas e gentis, o homem a sua frente possuía olhos rubros, desprovidos de compaixão, sem vida.

Mu de Áries sorri mais uma vez e ataca.

 

Continua...



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