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História A Nereida - Capítulo 9:


Escrita por: GiullieneChan

Capítulo 9 - Capítulo 9:


Vila de Rodório.

Os gritos dos cavaleiros e de seus moradores denunciam que mais uma vez essa vila é usada como campo de batalha. Mas o que acontece aqui, e que nunca foi registrado antes, é que cavaleiros considerados irmãos, se enfrentam.

—Para trás!

A voz autoritária de Aiolos dirige sua ordem aos demais soldados e cavaleiros de prata, que hesitam em obedecer ao santo dourado. Eles não desejam derramar o sangue de seus amigos, de pessoas que admiram. Como bem sabem que não teriam chance alguma com os três homens que avançam sobre eles, como líderes da turba enlouquecida. Aiolia de Leão, Shura de Capricórnio e Máscara da Morte de Câncer.

E evitar uma carnificina é o que o Cavaleiro de Sagitário deseja impedir. Mesmo ao custo da própria vida.

—Sei que não estão agindo por vontade própria. -disse o cavaleiro, estreitando o olhar sobre todos os oponentes se aproximando dele, elevando seu cosmo. -Por isso tentarei derrotá-los antes que façam algo que possam vir a se sentirem culpados pelo resto de suas vidas.

Ele sabe que suas palavras parecem cair em ouvidos surdos. As expressões nos olhos dos cavaleiros indicam que são movidos por uma vontade cega de lutar, destruir qualquer adversário diante deles. Aiolia é o primeiro a avançar, talvez devido a sua natureza impulsiva, erguendo contra o irmão o punho reluzindo com seu cosmo.

Aiolos se prepara para receber o impacto, mas tal qual imaginara, o golpe de Aiolia é barrado pela aparição propícia da armadura dourada de Sagitário, que se colocou protetora diante do seu cavaleiro. E o cavaleiro sorri.

—Está muito lerdo, Aiolia. Dá para perceber que não é você mesmo.

No instante seguinte, a armadura se divide cobrindo o corpo de Aioros. Era como se seu cosmo aumentasse centenas de vezes, juntamente com sua vontade.

—Por isso, irmãozinho... hora de dormir! -ele avança contra o grupo, atingindo Aiolia diretamente no rosto com um soco, fazendo-o cair sobre vários soldados que também agiam como se a loucura tomassem conta deles.

Logo atrás, os cavaleiros de prata e soldados observavam receosos. Não sabendo se obedeciam a ordem do cavaleiro de Sagitário ou se o ajudam, mesmo correndo o risco de terem suas almas lançadas ao Yomotsu ou os corpos fatiados pela Excalibur.

—Não fiquem parados! Ouviram o homem! -uma voz antecedeu ao vulto de uma mulher que corria na direção de Aiolos que lutava contra vários oponentes ao mesmo tempo. -Eles não estão no seu nível de poder normal! Pra cima deles!

—Quem é? -indagaram alguns e depois perceberam ser uma de suas companheiras de prata. -É a Lara?

—Se não forem ajudá-los, não merecem ser cavaleiros de prata. -Todos olharam para trás e estremeceram diante da figura autoritária da Amazona de Ophiuccus de braços cruzados. Mesmo com a máscara eles sabiam que o olhar dela era mortal. -Vamos!

Ouvindo o grito de guerra atrás de si, Aiolos se distrai um milésimo de segundos, tempo suficiente para que Shura mirasse seu pescoço e tentasse separar sua cabeça de seu corpo.

Mas o golpe mortal só é evitado quando uma pessoa se choca contra Capricórnio, um dos cavaleiros dominados que foi lançado contra o Cavaleiro de ouro após receber um chute dado pela amazona que incentivava os companheiros a lutar, caindo sobre Máscara da Morte após o impacto.

Aiolos teve um rápido vislumbre da jovem. Usava roupas de amazona, parecia que havia voltado recentemente de uma arena de lutas, cabelos ruivos em tom alaranjado longos e presos a um rabo de cavalo e o rosto protegido por uma máscara prateada. Notou também que ela tinha um belo jogo de pernas, pois seus golpes mais poderosos eram dados como chutes certeiros.

—Acorda, Aiolos! -avisou Shina para Sagitário. –Pára de ficar olhando as pernas daquela garota!

—Eu não estava olhando as per... -Aiolos tentava se justificar.

—Basta eu sair de perto de vocês e tudo fica de pernas pro ar! O que houve? -ignorando-o completamente.

—Queria saber.

Novamente a atenção de Aiolos era para a garota. Desta vez, distraída com o que fazia não percebia que Shura erguia-se tendo a jovem amazona como seu alvo agora. Capricórnio ergue o braço pronto para desferir a Excalibur contra ela, pelas costas. Sagitário nem sequer pensou, agiu imediatamente.

—CUIDADO!

Gritou, aparecendo logo atrás dela, abraçando-a para protegê-la do golpe iminente com o próprio corpo. Ele sente o cosmo de Shura elevar-se, o ar deslocar-se contra eles e... nada os atinge.

—Parede de Cristal!

Aiolos olha por sobre o ombro, a frente dele, protegendo-os estava Mu de Áries e Shaka de Virgem.

—Essa barreira pode até mesmo deter seu golpe, Shura. E devolvê-lo a você. -Mu avisa antes de lançar o golpe de Capricórnio contra ele mesmo, jogando-o longe e vendo-o cair ruidosamente ao chão. -Espero não ter sido rude.

—Essa loucura acaba aqui. -determina Shaka, elevando seu cosmo, estendendo a mão à frente de seu corpo.

O cosmo de Shaka se expande, varrendo todo o local, atingindo os homens a frente deles e em seguida estes caem derrotados diante do cavaleiro, que permanece com a mão estendida.

—Shaka! -Aiolos notou que ainda estava com a amazona nos braços, mas constrangidos se separaram. Envergonhado se afasta dela, dirigindo-se ao amigo. -Você exagerou!

—Não se preocupem. Meu golpe não foi mortal. Não sou imprudente! -explica Shaka com serenidade. -Está vermelho?

—Não estou! –sério e percebendo que Shaka observava a amazona que há pouco o ajudava e acena discretamente para ela. –Lara de Apus, é um prazer revê-la!

—Mestre Shaka. –ela o cumprimenta de volta, com respeito.

—Poderia cuidar dos feridos?

—Certamente. –disse a ruiva se afastando.

Aiolos ergue o dedo, querendo perguntar a Shaka mais sobre a garota, e o virginiano parecia ter lido sua mente.

—Uma ex-discípula. Está de olho nela?

—Não. –respondeu rápido demais e depois disfarça. –O que houve aqui, Shaka? Eles ficarão bem?

—Não sei ao certo, mas vamos descobrir. Mas acredito que acordarão sentindo-se muito mal pelo o que fizeram, Aiolos.

Mu caminha entre os homens caídos e pega uma caneca esquecida no chão, cheirando seu conteúdo.

—Parece ser exatamente igual ao o que provei ontem à noite. -diz o ariano.

—O vinho? Hmmm... –Shaka fica pensativo. –Será que...?

—Será que o que? –Aiolos parecia mais confuso ainda.

—Na verdade, não tenho certeza de quem é o autor dessa ataque, Aiolos. -diz o cavaleiro de Virgem. –Apenas uma desconfiança sobre sua natureza. Dionísio.

—O deus dos vinhos? Tem certeza? –Aiolos indagou incomodado com a possibilidade de que alguma divindade declarou guerra contra o Santuário. –Mas eu pensei ter ouvido que ele estava selado há séculos!

—Não é certeza, teria que investigar mais, apesar das evidências.

—Pretendo descobrir se é verdade. -finaliza Mu, estreitando o olhar. -E sei aonde vou.

—Não irá sozinho. -determina Shaka.

—Não, Shaka. Irei sozinho. Além do mais, não sabemos o quanto eles beberam desse estranho vinho, e nem se voltarão ao normal ao acordarem. Creio que Aiolos e os demais possam precisar de sua ajuda.

—Mas...

—Além do mais, causei problemas a você com o meu descontrole, o mínimo que posso fazer é cuidar diretamente do responsável. -Mu olhou com seriedade para o amigo.

Sim, no entanto é o Mestre do Santuário agora. E é dever de um cavaleiro zelar pelo bem estar do Patriarca.

—Não pensou nisso quando me surrava lá em cima.

Shaka apenas sorri.

—Como Mestre ordeno que fique, Shaka de Virgem.

Então, o cavaleiro de Áries começa a caminhar se afastando do local da recente luta, desaparecendo em seguida utilizando seu poder de teletransporte. Shaka suspira e observa novamente os estragos causados pelos companheiros afetados pelo estranho vinho, se aproxima de Aiolos que erguia Aiolia no ombro, mas que não tirava os olhos da amazona ruiva que o ajudara a pouco.

Shaka passa por ele, a caminho das Doze Casas e diz:

—Ela está solteira, se quiser eu os apresento. Mas pare de secá-la como se fosse um adolescente que nunca namorou antes, Aiolos.

—EU NÃO TÔ SECANDO ELA! –mais vermelho que um pimentão, disfarçando quando seu grito atraiu a atenção dela. –Tá seco o tempo, não é? Precisa chover... –vendo-a se afastar sem falar nada. –Eu sou um idiota...

 

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Sentado na varanda de um templo, bebericando uma taça de vinho, um homem em vestes gregas antigas observava a gigantesca lua cheia, com um sorriso. Ao seu lado está Nadeshiko usando um belíssimo quimono branco e dourado, ela segurava um jarro, ao qual ela usa para encher novamente a taça do deus do vinho.

Então ele percebe a presença de mais uma pessoa que surge das sombras. Ela trajava uma espécie de armadura em púrpura e negro e se ajoelha. Atrás delas, outras mulheres surgem das sombras, usando armaduras similares e em respeito ao deus, também se prostram ao chão.

—Trago notícias, senhor Dionísio. -diz a loira.

—Ágave, não precisa me falar. Sei que os cavaleiros dominados por meu vinho da loucura foram derrotados. -disse o deus sorrindo.

—Perdão, meu senhor. Mas, não está insatisfeito com essa notícia?

—Não. Como era de se esperar a força de vontade dos cavaleiros atrapalhou os efeitos de meu vinho. -ele ergue a taça observando com atenção o conteúdo. -Em outros tempos, fiz mortais matarem uns aos outros, seus pais, seus irmãos, apenas com um gole de meu doce néctar. Mas é de se esperar que um cavaleiro mesmo com sua mente sofrendo com os efeitos da minha Loucura, sua força e lealdade a Atena falaram mais alto.

—Quais são as suas ordens agora, meu amor? -pergunta Nadeshiko.

Dionísio sorri, voltando a beber seu vinho.

—Ágave, com certeza irão nos procurar. Entregue a eles meu convite para que venham aqui.

—Mas, senhor? -Ágave ergue o olhar, preocupada.

—Não se preocupe, minha cara Ágave. -ele observa sua serva por sobre o ombro. -Faz um bom tempo desde que minhas Bacantes se deliciaram com a morte de um inimigo de seu deus. Preparem as boas-vindas ao primeiro cavaleiro que se atrever a vir a nós.

—Sim! -dizem todas as guerreiras em uma voz só.

Dionísio volta a se recostar confortavelmente na cadeira em que estava, depois olha para o lado discretamente, aonde uma pessoa permanecia ajoelhada, como estivesse aguardando que ordens fossem direcionadas a ela.

—Você, minha querida, aguarde dentro do templo. Saberá o que fazer quando o momento chegar.

A mulher apenas assente com a cabeça concordando com as ordens dadas e em seguida desaparece.

 

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Diante da mansão de Minoun, o ar se dobra e em seguida se desloca, quando energias que precedem a aparição do Cavaleiro de Áries. Mu observa o casarão, que parecia abandonado e andou cauteloso em sua direção.

“—Não sinto Cosmos do suposto inimigo aqui.” -pensa consigo mesmo, caminhando e parando diante da porta principal. –“Mas tenho certeza que Allain Minoun está ligado aos últimos acontecimentos.”

Entrou na mansão e a encontrou abandonada. Como se ninguém pisasse ali há vários anos, inclusive os jardins de inverno estavam mortos.

“—Como não notei isso antes?” -Mu estende a mão para uma roseira morta que se despedaça ao seu toque. -“Por isso Shaka estava tão inquieto nesse local. A mansão, a sua riqueza, eram apenas ilusões.”

Movido pela curiosidade natural do ser humano, e pelo desejo de encontrar qualquer referência que o leve ao inimigo, Mu começa a andar pelas dependências abandonadas da mansão até chegar aos jardins dos fundos, que estavam tão abandonados quanto os do interior. Voltou para dentro da mansão e algo chamou a sua atenção quando os pálidos raios da lua iluminaram algo caído em um canto do salão.

O cavaleiro pega o objeto e nota ser um porta retrato antigo, com a foto de uma menina com um pouco mais de três anos de idade ao lado de uma bela mulher de longos cabelos negros. Era fácil deduzir que eram mãe e filha, e Mu notou que a mulher da foto era muito parecida com a japonesa, namorada de Minoun.

Mas o olhar de Mu repousou sobre a imagem da criança. Os olhos, os cabelos, o sorriso. Ele imediatamente a reconheceu e sentiu um estremecimento. Aquela menina sorridente, que segurava uma boneca de pano e parecia tão feliz. Era Naru!

—Mas, o que significa isso?!

Então, Mu percebeu a presença de cosmos hostis enésimos de segundos antes de vislumbrar a aparição de várias sombras acompanhadas de risadas femininas e insanas. Em seguida, uma grande explosão levou parte da mansão abandonada aos ares, erguendo uma nuvem de fumaça quando as chamas originadas pelo ataque consumia o que havia sobrado do casarão.

Era possível ver o reflexo das chamas no porta retrato, agora com o vidro parcialmente quebrado, jogado na grama alta. Logo refletiu a imagem de uma das autoras do ataque. Ágave.

—Tomem cuidado. -a loira avisa às demais. -Um ataque tão simples sequer arranharia a armadura daquele homem.

—Mestra Ágave, será que devemos esperar que as mestras Ino e Autónoe apareçam? -uma delas pergunta. -Ele parece ser um inimigo perigoso!

—Tem razão. -a voz de Mu parecia vir de todos os lugares, deixando-as confusas procurando por ele, menos Ágave que permanecia no mesmo lugar com a mesma expressão séria no rosto. -Me irritar pode ser perigoso!

—Aonde ele está?

Diziam umas às outras. Ágave no entanto deu um meio sorriso:

—Nos provocar também é perigoso, Cavaleiro de Atena. -Nisso, Mu de Áries aparece novamente diante das mulheres, permanecendo sério. -Ah, teletransporte? Já ouvi falar dessa sua habilidade.

—Sinto que seu cosmo é superior aos das outras guerreiras. Quem são vocês, afinal?

—Eu sou Ágave, Bacante da Carnificina, Sacerdotisa de Dionísio. -Ágave faz uma reverência, dobrando o corpo para frente, imitando o gesto de um mordomo inglês. -Essas que me seguem são as suas Ménades.

—Então, Shaka estava certo. Allain Minoun é o deus do vinho e o verdadeiro responsável pelos últimos acontecimentos?

—Allain Minoun nunca existiu. -respondeu a mulher sorrindo. -Sempre foi meu senhor Dionísio desde que foi libertado de sua prisão.

—Mas por que Dionísio atacaria o Santuário?

—Ora, sua deusa selou meu senhor séculos atrás, e nos forçou a uma prisão nos privando do conhecimento de quem realmente éramos. -respondeu a mulher. - Renascendo e morrendo nesse mundo, sem saber da glória que tínhamos outrora. Tal ato merece uma punição adequada.

—Hm, como se promover carnificinas fosse algo a se vangloriar, Ágave. -Mu estreitou o olhar.

—As pessoas que tivemos o prazer de despedaçar com nossas próprias mãos... -o olhar de Ágave outrora sereno parecia refletir a loucura naquele momento. -...elas mereciam por terem ofendido nosso deus! Mesmo aqueles mortais que tinham parentesco com meu senhor, por terem ofendido um deus mereceram seu castigo!

—Não aprecio deuses que agem por pura mesquinharia ou vaidade, destruindo vidas humanas!

As mulheres se moviam cercando o cavaleiro, dando risadas e elevando seus cosmos. Mu nem sequer se mexia, fitando a Bacante que parecia ser a líder das demais. Em seguida as Ménades que o cercavam atacam todas de uma vez, saltando sobre o cavaleiro, mas este as repele com uma explosão de seu cosmos, jogando-as ao chão.

—Sinceramente, não tenho interesse em matar vocês. Digam aonde está Dionísio? –Áries ordenou.

Ágave olha com desprezo as mulheres ao chão e depois sorri. Ela some do campo de visão do cavaleiro, ele sente a pressão do ar momentos antes dela aparecer atrás de si.

—Acha mesmo que eu iria permitir que se aproximasse de meu senhor? -ela ergue a mão próxima a face, das unhas da sua manopla direita gotejavam um liquido rubro. -Sou uma das Três Sacerdotisas de Dionísio, não me compare as Ménades que são meramente humanas que agora seguem meu senhor.

Em seguida, cortes aparecem nos braços, precisamente nas áreas desprotegidas pela armadura de Áries, fazendo sangue jorrar em abundância.

—O que? -o cavaleiro fica impressionado com a velocidade da mulher.

—Nós, as Bacantes temos o sangue do glorioso Dionísio em minhas veias. Somos iguais, suas parentes. -Ela explicava voltando a caminhar até Mu, as garras prontas para retirar seu sangue. -Prepare-se para ter o mesmo destino de Penteu! Bloody Claws!

Mu fecha os olhos, com um gesto de seus braços ele ergue diante de si a Parede de Cristal, que assim que é atingida pelo golpe de Ágave retorna diretamente para a mulher que é jogada pela força de seus próprio cosmo para trás.

—Maldito! -vocifera a loira, pronta para atacar novamente.

—Ágave, é impossível destruir a Parede de Cristal com sua técnica. -Mu começa a falar com um tom de voz pausado e sereno. -Se insistir em ficar em meu caminho não posso garantir que saia daqui com vida.

A Bacante se preparava para atacar novamente, mas parou olhando para um ponto atrás de Mu e sorriu. O cavaleiro olhou por sobre o ombro quando percebeu a presença de mais dois cosmos poderosos e hostis.

—Ágave, não deveria ter vindo sozinha. -uma voz feminina a repreendeu.

—Ino tem razão. Deveria ter nos esperado para compartilharmos a morte do cavaleiro juntas, como sempre fizemos.

Mu notou a presença de mais duas mulheres, usando armaduras iguais a de Ágave. Uma delas tinha curtos cabelos azuis claros, e olhos límpidos como o céus, mantinha uma expressão de alegria no rosto. A outra tinha longos cabelos negros, que chegavam a cintura e uma expressão fria em seus olhos esverdeados.

—Desculpe, irmãs. -disse Ágave.

—Tudo bem. -a de cabelos azuis respondeu sorrindo. -Autonóe não seja tão rigorosa com Ágave. Ela é a nossa irmã mais velha, você que deveria receber sermões dela, não o contrário! Engraçado eu ser a caçula e ter que te falar essas coisas!

—Ino, não é o momento agora. -disse a morena, caminhando até próximo a Mu. -Eu sou Autonóe, Bacante do Desespero, Sacerdotisa de Dionísio.

—Eu sou Ino, Bacante do Delírio. -disse a mais jovem das Bacantes, sorrindo. -Posso brincar com ele, Ágave? Deixa?

—Por mim, tudo bem. -disse a loira, se afastando. Mu estranhou a atitude de sua adversária, mas pensou em não baixar a guarda diante das mulheres. -Se sobreviver a Ino. Cavaleiro, estaremos te esperando no templo de meu mestre em Tebas.

Ela caminha até Autonóe que a acompanha em silêncio, seguidas pelas demais Ménades, mesmo feridas.

—Esperem!

Ordena Mu mas é barrado pela figura delicada de Ino, com umas das mãos atrás de si e a outra próxima aos lábios aonde ela mordia o dedo indicador, olhando o cavaleiro com interesse.

—É comum Atena se cercar de homens bonitos? -ela dá uma risadinha maliciosa. -Pena ter que acabar com sua vida.

—Talvez não tenha escutado sobre a Parede de Cristal, criança. Se me atacar, será o mesmo que atacar a si mesma. -avisou Mu colocando sua técnica de defesa e ataque entre eles. -Não tenho interesse em...

Súbito o cavaleiro sentiu tomado por uma estranha vertigem. A letargia parecia dominar seu corpo e ele quase cai ao chão, se apoiando com um dos joelhos para evitar que aquele mal o dominasse. Ino estava envolvida por seu cosmo que parecia mover-se como se fosse uma névoa na noite, direcionando-o a ele.

—O que?

—Acha que sabendo de sua técnica seria idiota para te atacar diretamente? -a voz de Ino parecia debochar de Áries. -Minha técnica não necessita de ataques físicos, já que ela ataca diretamente a sua mente, bastando que ouça a minha voz. O que foi? Sente-se mal?

Mu sentia suas forças minarem, e a Parede de Cristal se desfaz sem sua vontade. Ino se inclina para ele:

—Essa é a minha técnica. Aiónia Tréla. -ela então se aproxima do ouvido de Mu, murmurando baixinho antes de dar uma mordiscada em seu pescoço. -Loucura Eterna.

Seu corpo e mente reage rapidamente ao ouvir a voz de Ino, a imagem da bela garota é substituída por figuras que parecem ter saído do mais terrível pesadelo, do mais profundo abismo infernal.

—A Aiónia Tréla atinge diretamente a psique de minhas vítimas. Eles podem ver somente o que quero que vejam, sentir o que quero que sintam. -ela toca o rosto de Mu. -Fiz pais matarem os filhos, filhos matarem os pais, mulheres estraçalharem os corpos de seus maridos e filhos apenas sussurrando que o façam.

Garras vinham na sua direção, seguravam seus braços e pernas, parecendo que iria despedaçar o cavaleiro a qualquer instante. Áries se debate e tenta se libertar em vão.

—Mas eu mesma quero arrancar a cabeça de seu corpo e oferecer para meu senhor. Te matar, será delicioso!

Ino gargalha olhando para o cavaleiro ajoelhado aos seus pés, de olhos vibrados, sem reação. Então ela ergue a mão direita, garras surgem da manopla. Mas Ino é arrebatada por uma poderosa cosmo energia dourada que é lançada e jogada contra seu corpo.

A Bacante cai ao chão, olhando furiosa para quem a interrompeu em sua diversão. Mu parecia ter despertado de seu torpor, estranhando que os demônios que pareciam vir de seus pesadelos tenham desaparecido, e em seu lugar estava a figura de...

—Aiolos! -Sagitário estava diante dele, usando sua armadura

—Acho que hoje não está sendo um bom dia para você, Mu de Áries. -o cavaleiro de Sagitário sorriu oferecendo a mão ao amigo para que levantasse. -Soube que levou uma surra de Shaka e agora de uma garotinha?

—Ele não me deu uma surra!

—Mas estava apanhando de uma garotinha.

—Eu não... eu não dei uma ordem como Patriarca do Santuário que ficassem para proteger Atena? -desconversou.

—Não. Ordenou que Shaka ficasse para proteger Atena. Não ouvi dizer meu nome. E Shaka me falou que provavelmente viria para cá, então... cá estou. -sorriu e em seguida ficou sério ao sentir o cosmo de Ino. –Não gostei do que fizeram com meu irmão e amigos, mas queria era ter encontrado o responsável e não uma menina.

—Maldito! Como ousa interferir? -dizia furiosa. -Nunca ninguém escapou com vida da minha Aiónia Tréla!

—Veja bem, menina... está diante de dois cavaleiros de Ouro agora. -dizia Aiolos. -Tem certeza de que vai nos enfrentar sozinha?

—Hunf! Eu não seria tão tola assim. -Ino salta por cima dos cavaleiros pousando no chão bem distante deles. -Mas nos veremos em Tebas, Cavaleiro atrevido! Farei com que pague por ter interferido em minha diversão.

Em seguida ela desaparece movida pela sua alta velocidade, deixando-os para trás. Aiolos coloca as mãos na cintura, ainda observando o caminho pelo qual ela desaparecera.

—Tebas? Acho que devemos ir para mostrar a Dionísio que não deve ameaçar Atena. -virou-se e estranhou ver Mu lhe dando as costas para pegar algo no chão. -O que houve, Mu? O que é isso?

—Um mal pressentimento. -Respondeu o ariano, estendendo a Aioros o objeto que pegara no chão. O retrato de Naru. -Vamos ao Santuário antes. Preciso saber se Naru está bem!

 

Continua...


Notas Finais


Notas: para os poucos que notaram a ruiva que ajudou Aiolos...é arco para outro fic com o Sagitariano. XD

Ménades: mulheres humanas levadas à loucura pelo deus do vinho que vagueavam à noite pelos montes e participavam em atividades ritualistas. Estas mulheres mitológicas mostram-se intoxicadas e violentas, como na ocasião em que despedaçam Penteu, rei de Tebas.

Bloody Claws: Garras Sangrentas em inglês.

Aiónia Tréla: Loucura Eterna em grego.


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