Pela manhã, levantei com a campainha tocando, incessante. Levantei sonolenta, e abri pra um homem, de olhos escuros e vestido com terno.
- Ninfa? - ah, apenas um a procura de sexo. - Temos que ser rápidos, eu tenho uma reunião daqui a pouco. Pagamento adiantado.
Ele me entrega as notas, e vai entrando, afrouxando sua gravata. Me aproximo dele, o escorando na mesa de jantar. Abro os botões de sua camisa, passando minha língua em sua pele, mas ele me puxa, dizendo firme:
- Sem preliminares, vamos logo - olho pra ele, incrédula. Ele sabe que preciso estar lubrificada para fazer, sem dor?
- Espere um momento - vou até meu quarto, e pego um estimulante sexual. Tomo apenas metade, e já sinto o seu poder entre minhas pernas. Volto pro meu cliente, e o encontro se tocando, com o pau ereto. Ainda de camisola, ele pega em minha perna mantendo erguida, e me penetra. Me coloca imprensada na parede, e começa com movimentos rápidos. Já tive sexo ruim, mas esse vai pra lista dos piores. Ele metia com força, mas a sua pressa era tão grande, que ele preferiu terminar na mão.
- Espero que possamos repetir isso, só que com mais calma - ele diz, ajeitando a gravata.
- Eu espero que não. Saia, e se voltar aqui, vou atrás de onde trabalha e te difamo. Bom trabalho - ele me olha horrorizado, mas bato a porta em seu rosto. - Era só o que me faltava.
Tomo um banho de banheira, e espero o efeito do estimulante passar. Arrumo meu vestido vermelho rodado, e vou em direção ao meu escritório. Trabalho em casa, com confecção de enfeites para bolo de casamento. Sabe aquele enfeite que fica no topo, que se guarda de lembrança? Esse é meu trabalho. Chega a ser irônico, trabalho com uma coisa que não desejo pra mim. Não me imagino casa algum dia. Deve ser pelo fato de não ter encontrado o homem da minha vida, ou por simplesmente não ser a mulher ideal pra casamento.
Trabalho, e faço a entrega de três enfeites pelo correio. Trabalho anonimamente, então não descobrem que a mulher dos enfeites glamorosos tem sede de sexo. Recebo mais dois clientes, mas estranho, pois pela parte da tarde, ninguém aparece. E esse é o horário que mais se tem movimento, homens me procuram pra uma rapidinha depois do almoço. Será que resolveram me dar folga? Espero até quatro da tarde, mas tudo que recebo é uma ligação de minha ex patroa.
- Como anda minha estrela? - é assim que ela me chamava quando trabalhava na boate.
- Muito bem, senhora Shit - Shit em inglês, é merda '-'
- Estaria interessada em trabalhar essa noite? É o evento das Animalias, sei que vai tirar uma boa grana aqui.
- Estou precisando mesmo. Me aguarde, e separe a minha fantasia.
- Estarei esperando.
Desligo, e vou correndo tomar banho. Animalias era o evento em que mais se tirava dinheiro. As garotas vestiam fantasias de animais, e os homens as '' adotavam '' por uma hora, ou mais. Era cem dólares por hora. E a boate enchia, a ponto de deitarmos com mais de quatro na noite. Visto uma lingerie preta, com cinta liga. Ponho meu sobretudo marrom, e o salto vermelho. Deixo os cabelos soltos, e passo batom rosa claro. Saio pela porta, encarando a Paris no fim de tarde. Tomo o metrô, entrando num vagão onde habita apenas um homem.
Sento em sua frente, e sua atenção do jornal que lia se desvia para minhas pernas cruzadas. Seu olhar para em meu rosto, e eu sorrio, me levantando e abrindo o sobretudo, mostrando meu corpo voluptuoso. Seus olhos se arregalam, me aproximo dele, e seguro o jornal, olhando entre suas pernas que revelava seu pênis já excitado. Aproximo minha boca da sua, e lhe ataco com um beijo de luxúria, me sentando com as pernas em cada lado de sua cintura, me movendo devagar pra apreciar sua excitação. E ele correspondia, apertando firmemente minha bunda. Escuto o som da minha parada, então corto nosso beijo, olhando em seus olhos. Agarro seu queixo, apertando, enquanto me levanto.
- Tarado - lhe desfiro um tapa. Ele me olha, estático. Lhe roubo outro beijo, e ajeito o sobretudo, saindo do vagão, e seguindo pro centro.
Chego, passando pelo segurança, e a fila já rodava o quarteirão. As meninas já estavam vestidas e eu segui até a sala de dona Shit.
- Verena! - ela ainda cheirava a uísque importado, e se vestia horrivelmente bem. - Sua fantasia está no seu camarim.
Agradeço e vou até meu camarim. Minha fantasia de gato, com plumagens brancas, e um rabo felpudo. Sempre amei essa fantasia, e não aceitava que mais ninguém a usasse. Me vesti, e coloquei uma tiara com orelhinhas de gato. Sai do camarim, seguindo o corredor para ficar entre as meninas. Conversei com velhas amigas, e alguns clientes me chamavam pro quarto. Consegui 500 dólares numa única noite.
Já estava me preparando pra ir embora, quando dona Shit me pediu pra fazer uma dança. Começou a tocar Gorilla, de Bruno Mars. Fui ao palco que ficava no centro, e dancei no pole dance, me espalhei por todo aquele palco, e recebi muitos assobios e notas voaram em minha direção. Apanhei todas, colocando no sutiã. Continuei dançando e olhei em direção ao bar, encontrei olhos pretos tão intensos que por um momento fiquei tonta.
A figura estava no claro, mas tudo pra mim estava escuro. Seus olhos me faziam sentir algo indescritível, minhas pernas ficaram bambas, e tudo foi em questão de segundos. Voltei a atenção ao publico e terminei minha dança. Fui ao vestiário, e tomei um banho pra relaxar. Contei minhas notas que havia recebido, me despedi de dona Shit, mas antes fui ao bar, tomar um drink. Procurei pelo homem que me olhou de forma intensa, e o encontrei no canto, com um cigarro na boca.
- Oi - foi a primeira vez que cumprimentei alguém, estando envergonhada.
- Olá - ele soltou a fumaça enquanto fala, e o cheiro era de menta ao invés de nicotina.
- Vi como me olhou lá em cima. Se quiser uma companhia, estou dis..
- Apenas te desejei - me assustei quando ele me interrompeu. - Lá em cima, a gatinha se transformou numa leoa. Mas meu olhar não passou de desejo.
- O-ora - por que estou gaguejando? - Quem deseja, quer!
- Mas isso não funciona comigo. Te desejei, mas não estou te desejando agora. Então não te quero agora. Tem que aprender muito comigo pra me ter na sua cama
Fico estatelada, incrédula. Quem ele pensa que é? Sou a Ninfa, a mulher que todos querem, sou desejada por todos.
- A demora é sua - apanho meu drink, e tomo um gole -, muitos me desejam.
- Eu sei, Verena.
- Me conhece?
- Sou amigo de dona Shit, e ela já me contou inúmeras vezes sobre você, o que me faz aumentar minha curiosidade.
- Que curiosidade?
- Se você sabe bem sobre amar tanto quanto sabe de sexo - me assusto com sua afirmativa. Tomo um drink de uma vez, e apanho seu cigarro, saindo do local. Ele me alcança na porta, e me puxa pelo braço.
- Pode me soltar?
- Apenas quero te deixar uma lembrança - ele me toma os lábios num beijo lascivo. Minhas pernas enfraquecem novamente, e ele me segura pela cintura, apertando contra seu corpo. Separamos o beijo, e ele sorri. - Vamos nos encontrar novamente.
Não foi um convite, foi uma afirmativa. Ele toma o cigarro de minhas mãos, e toma o rumo oposto ao meu. Que homem é esse? Não fiquei excitada com seu beijo, e isso acontece com todos. Ele balançou minhas pernas e meu coração, de uma maneira intensa.
- Isso foi.. maravilhoso - digo pra mim mesma, andando pela Paris que estava despertando.
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