História A Noite Escura da Alma. - A Visita.

No dia seguinte assim que o Sol nascerá, pensei em minha conversa com Adma que me aconselhou á tirar o dia para espairecer, respirei fundo colocando meus pensamentos no lugar e resolvi cuidar de Argo, que já a olhos vistos aparentava estar entediado em sempre ficar nas  proximidades da casa, onde a grama era rala e não tão viçosa, após escová-lo achei melhor dar uma volta com ele para que ele exercita-se um pouco, avisei Adma para que a mesma não viesse a se preocupar caso me demora-se.

Enquanto trotava com Argo por uma das trilhas, um estalo mental fez-se presente e resolvi que já estava na hora de cumprir com minha promessa em visitar meu enigmático amigo.

“- Quero que conheça alguém meu amigo!” Dei um tapinha no pescoço de Argo curvando-se a falar próximo de sua orelha.

Coloquei-nos em direção da estrada que avia visto naquele dia, ela se localizava adjacente a uma principal, como ela era mais larga fiz com que Argo cavalga-se mais rápido por ela, a mesma não era muito usada pois avia galhos quebrados que podiam bloquear a passagem de carroças, mas não a nossa passagem, Argo tinha destreza em saltar, deixando para trás tais obstáculos, corríamos cada vez mais rápido parecia que ele estava sentindo mais falta disso do que eu, não nos demoramos a alcançar os portões principais da mansão.
            Desmontei-o conduzindo pelas rédeas até próximo do portão, empurrei e conduzi Argo por entre ele, caminhei até as proximidades do casarão, elevei meus olhos até o mesmo e vi que a janela da sacada estava aberta e por entre ela surgir um homem que ao se debruçar por sobre os balaustres da sacada sorriu e falou.
            "- Pensava que não viria mais me visitar... espere que já estou descendo!"
            Aguardei por alguns minutos ao que o Sloan abriu a porta da frente vindo em minha direção.
            "- Vejo que trouxe um companheiro contigo, qual o nome dele?"  Elevou a mão pra tocar Argo, ao que o mesmo resfolegou dando passos para trás, empinando assustado.
            "- Calma rapaz, isso são modos, ele é um amigo... calma, calma!" Após acalmá-lo, peguei a mão de Sloan e conduzi a mesma até a face de Argo que nos fitava com olhos assustados, ao que falei.
            "- Está vendo medroso... ele não vai te fazer mal!" 
            Olhei sorrindo para Sloan indicando para se aproximar.
            "- Ele é lindo Samya! você não me disse que sabia montar?"
            "- Tem muitas coisas que você ainda não sabe a meu respeito...  e também peço desculpas por me demorar a visitá-lo e que estava ocupada nestes últimos dias, mas o que importa e que estou aqui, não é! " Sorri descontraidamente, enquanto Sloan estava a afagar Argo com ambas as mãos.
            "- Como você disse, o importante e que você está aqui, e com certeza, irei desvendar-te aos poucos!"  Falou olhando-me de soslaio com um sutil sorriso.

 Após ouvir suas palavras senti um calor subir-me pelo pescoço e meu rosto se esquentar, com certeza minha face estava vermelha e ele percebeu, pois quando me virei para mirá-lo ele estava ainda a me olhar sorrindo, mas que depressa decidi fazer algo para sair desce impasse.
            "- Bem... só vou amarrar a rédea de Argo em uma árvore e nós..."  Antes que pude-se terminar de falar fui interrompida por Sloan.
            "- De jeito nenhum... como anfitrião não posso deixar seu cavalo permanecer sob o Sol mesmo tendo algumas nuvens encobrindo, e ainda por cima esta abafado."  falou com atenção voltada a Argo que aparentava estar mais tranquilo. "- Venha vou mostrar-lhe onde ficam os estábulos!"
            Sloan pegou as rédeas de minhas mãos e começou a conduzir Argo pelo caminho que passava por entre o jardim mal cuidado, coloquei-me ao lado dele a acompanhá-lo.
            "- Então... você também gosta de cavalos, podemos um dia desses dar uma volta pelas redondezas!"
            "- Seria uma experiência maravilhosa, só que só tem um problema." 
            "- E qual seria?"
            "- Eu não possuo mais cavalos em meus estábulos."  Falou dando um sorriso de canto.
            "- E como você faz para se locomover até a vila ou...?"
            "- Eu não vou à vila! semanalmente tem um mercador que passa pela minha propriedade ao meu pedido, deixando-me algumas mercadorias que necessito, e se preciso ir a algum lugar, peso através dele que me mandem uma carruagem!"
            "- Ah...! Entendo... então faz bastante tempo que nenhuma carruagem vem até aqui, pois a estrada está praticamente instransponível de tantos troncos caídos sobre ela."
            "- Huummm..."  Sloan franziu o cenho e deu de ombros. "-  Devem ter sido os fortes ventos que tem feito ultimamente, e como as árvores à beira da estrada são velhas, não é de se duvidar que isso aconteça." Mirou atentamente os galhos que balançavam ao vento de uma árvore próxima e completou seu raciocínio.
            "- Bem... fico aliviado pois sei que o mercador vem a cavalo, pois do contrário nesse exato momento você estaria vendo uma nuvem cinzenta pairar por sobre minha cabeça em sinal de preocupação." Falou de modo galhofeiro.
            Caminhamos cerca de uns cem passos até chegar ao estábulo, os mesmos não ocupavam um grande espaço da propriedade, ficavam a leste na propriedade um pouco afastado da casa, continham somente quatro baias que a olhos vistos foram feitas com esmero para proporcionar conforto ao cavalo que lá se encontrasse.
            Sloan abriu uma das baias e conduziu Argo para o interior, recostei-me no batente da entrada e fiquei a observar enquanto o homem pegava um pouco de alfafa colocando no comedor pendente na parede e preenchendo o bebedor com a água que avia pego antes logo na entrada dos estábulos, se virou em minha direção reparando que meus olhos estavam a escrutinar cada ato que ele praticava, um sorriso de canto surgiu em sua face e seus olhos se encontraram com os meus.
            "- Espero de esteja fazendo certo, faz tanto tempo que não cuido de um cavalo que acho que perdi o jeito!" Passou a mão pelos cabelos parando na nuca como se estivesse sem jeito de ter feito algo de errado.
            Olhei para o chão e meneei a cabeça soltando um risinho ao que o encarei novamente.
            "- Pelo contrário, vejo que sua prática não se perdeu e sim se preservou, pois pelo que me lembro faz um bom tempo que Argo não come alfafa de tão boa qualidade, e ainda por cima em um espaço tão confortável."  Me desencostei do batente e segui em direção de Argo passando minhas mãos por sobre sua face, completei.
            "- E também vejo que meu amigo aqui está por demais satisfeito com tanta hospitalidade!"
            "- Fico feliz em saber, que ao menos... há me lembrei devo ter grãos de aveia em minha dispensa vou pegar um..."
            "- Não é necessário...” o interrompi levantando uma de mãos em sua direção para que parasse. “- Não tenho o costume de dar aveia a Argo, pois ele fica agitado além do seu habitual, não é garoto!" Beijei-lhe a face ao que Argo resfolegou batendo seu casco contra o chão como se concorda-se com as palavras de Samya.
            "- Seu cavalo e muito inteligente..." aproximando-se Sloan  tocou a face de Argo. ficando mais próximo de mim, fazendo seu olhar pousar por sobre o meu. "- Vocês tem uma forte ligação, isso é muito bom entre o cavaleiro e sua montaria."

Fiquei a admirar seus olhos como que hipnotizada, ao que senti algo tocar-me o dorso da mão que estava sobre a face de Argo, desviei meu olhar e vi que sua mão estava por sobre a minha, senti meu rosto repentinamente se enrubescer e pensei,  "espero que ele não perceba", ao que levantei meu olhar novamente para encará-lo e percebi que o mesmo avia notado a minha timidez, em seu rosto estava esboçado um leve sorriso que me fez o coração parar e logo após acelerar, engoli em seco quando percebi que sua face se aproximava da minha, estava sem reação... ao que Argo em um rompante meneou a cabeça de forma brusca, batendo os cascos dianteiros contra o chão fazendo raspar as ferraduras contra as pedras que revestia o solo produzindo faíscas, nós obrigando a dar passos para trás pra evitá-lo.
            "- Eii... o que foi garoto ..."  Falei de modo ríspido estendendo as mãos em direção ao mesmo para acalmá-lo, mas no fundo compreendendo que Argo avia sentido minha tensão e fez algo para por um fim nela.
            "- Menino experto... acho que ele deve estar com ciúmes, não tiro a razão dele em sentir isso!"  Sloan falou observando Argo de uma distância considerável e segura.
            "- Não acho que seja isso, ele só deve estar um pouco cansado, só isso!" Falei sem esboçar muita preocupação, mas por conhecer meu cavalo sei que as palavras que Sloan usou para descrever sua ação repentina eram verdadeiras.
            "- Então... acho melhor deixarmos ele descansar, venha lhe ofereço um refresco, você deve estar com sede!" Falando se dirigiu a saída ficando ao lado da porta da baia á aguardar-me!
            Vendo que Argo estava mais calmo lhe fiz um último carinho antes de colocar-me a caminho da saída, vi que o mesmo começou a caminhar atrás de mim e parou após Sloan ter fechado a porta passando o trinco, ele tocou-lhe a face e olhou bem em seu olho e disse quase que em sussurro.
            "- Calma Rapaz... não vou fazer mal algum a ela, fique tranquilo! " 
            Virou-se em minha direção, anuiu a cabeça  positivamente indicando-me com a mão a saída dos estábulos onde se encontrava as baias, segui saindo primeiro e assim que pisei fora do pavilhão senti o Sol tocar-me a pele, aquecendo-a suavemente, olhei para trás e vi que ele vinha vindo em minha direção a passos lentos  a me observar, percebi que ele sempre estava me admirando quando estava distraídas, não que me incomoda-se com tal ato, mas... não me sentia em total conforto, admito.
            Olhei ao redor e observei ao Sul, nos limites amurados da mansão um grande portão de grades alto que já aparentava desgaste ocasionado pelo tempo, a cor caracteristica da ferrugem era aparente mesmo a distância,  virei meu olhar em direção a Sloan e perguntei.
            "- O que tem além daqueles portões?" com um de meus braços levantados a indicar a direção, o olhava atentamente. 
            "- Ah... além deste portões somente tem uma estrada que a tempos não e usada levando a uma parte de Mata mais densa e além desta se encontra um antigo cemitério, que a tempos está lá... acho que bem antes de minha família se estabelecer aqui! "  Informou-me como se além deste trecho não ouve-se nada de interessante, para ele é claro!
            "- Um cemitério!?"  medo e curiosidade fizera-me sentir um frio no estômago, "- será que tem como irmos até lá, nunca vi um cemitério antigo antes?"
            "- Se você faz questão e não se importar em encarar cobras e outros animais peçonhentos fique a vontade!" 
            "- Você disse cobras... não gosto de cobras... acho que vou pular esta parte do passeio!"
            "- Por mim..."  Sloan deu de ombros. "- Mas mesmo que você insistisse, eu não iria com você!"  Vi se formar um sorriso no canto de sua boca enquanto seus olhos se estreitavam a me encarar.
            "- Definitivamente... você não é um bom guia!" 
            "- Eu não seria um bom guia se a instiga-se a entrar lá, estou somente a pensar em sua segurança, só isso! " Falou de modo peremptório seguindo em direção da entrada principal, ao que parou se virando e disse.
            "- Quanto mais se demorar, menos tempo terei para lhe mostrar a casa!" Abriu um sorriso solto estendendo a mão fazendo sinal para segui-lo
            "- Vamos!"

O encarei por breves segundos esboçando um sorriso de canto em resposta, respirei fundo... dei de ombros e segui ao seu encontro acompanhando até a entrada.