História A Noite Escura da Alma. - Dúvidas e Sentimentos.

Quando abri meus olhos o Sol já inundava com seus raios o quarto através da porta de vidro, olhei para meu lado e percebi que estava sozinha na cama, respirei fundo ao me lembrar da noite passada, uma torrente de lembranças viera-me a mente fazendo-me recordar das palavras de Sloan e de sua aceitação ao meu respeito, mas nossa conversa foi tão sucinta deixando-me repletas de duvidas sobre nós daquele momento em diante.
            Meu coração não estava em total conformidade com meus pensamentos, parecia que ainda tinha algo em haver faltava algo a esclarecer... uma angústia impertinente ainda persistia em meu peito... eu só não sábia o que era... enquanto minhas mãos encobriam minha face fazendo-me arquejar, tentava compreender meus anseios pesarosos.
            Ouvi um clangor que me fez assustar... o mesmo tinha sido proporcionado pelo bater da pesada porta, Sloan avia adentrado no quarto com uma bandeja em mãos, depositando a na mesinha de centro próximo das poltronas.
            "- Que bom que acordou, desculpe pelo barulho... não levo jeito com esse negócio de carregar bandeja e abrir e fechar portas... trouxe seu desjejum, espero que goste!" dirigiu-se até mim sentando-se na cama e buscando uma de minhas mãos para segurar, fechou seu olhos bafejando. "- Desculpe se ontem à noite se deixei alguma dúvida a respeito de meus sentimentos... é que... tudo foi inesperado e abrupto... fiquei sem reação de princípio, mas posso te garantir que meus sentimentos por ti são verdadeiros!" Suas palavras estavam carregadas de pesar e medo.
            "- Eu que devia me desculpar, pois agi de rompante... não pensei mas consequência... só achei que se fosse pra você saber quem eu era realmente, aquela seria a hora e lugar... " suspirei profundamente. "- Fui irresponsável e pensei só em mim, devia ter sido mais sutil... agora uma angústia esta me consumindo aos pouco..."  Meus olhos já estavam rasos d'água, e com minha outra mão tentava evitar que os mesmos transbordassem.
            Sloan debruçou-se sobre mim me abraçando e ajudando-me a secar minhas lágrimas com seus beijos.
            "- Shhh... isso já não importa mais eu te quero e te aceito do jeito que você é... sei que você é assim, impulsiva e é isso que me fascinou... é pode ter certeza... que não vou abrir mão de você só porque descobri que você é meio bruxinha!"  Ao terminar de falar segurou meu rosto com as duas mãos olhando-me  com os mesmos olhos devotados ao qual vislumbrei na noite passada.
            "- Obrigada!"  Sussurrei.
            "- Eu e que agradeço..." Pressionou seus lábios nos meus, aspirando profundamente o ar pelas narinas, afastou-se ainda a olhar-me fixamente.
            "- Venha, senão o café vai esfriar... é café frio... ninguém merece!" Estampou  um sorriso largo sobre a face, se levantando e seguindo em direção da bandeja por sobre a mesinha.
            Levantei  e pus-me a caminhar a passos lentos e preguiçosos, sentia-me pequena por estar vestindo uma grande camisa de linho branco que Sloan me emprestará para dormir, antes  de  me aproximar da mesinha já sentia o cheirinho de café, leite e... não sábia identificar ao que pertencia tal cheiro, mas me era bastante familiar, um cheiro de massa e amanteiga....
            "- Croissant... !! Surpresa e boquiaberta  debruçava-me no encosto da poltrona a admirar os tão perfeitos pãezinhos que exalava aquele cheiro tão nostálgico a mim, dei a volta na poltrona me sentando e mirei Sloan que sorria e que com certeza estava se gabando internamente.
            "- Onde você conseguiu?... não vai me dizer que foi você que fez!" Olhei-o franzino meu cenho com um sutil sorriso nos lábios.
            "- Não são tão difíceis de fazer... é claro que... quando tentei fazê-los pela primeira vez eles saíram horríveis uma bola de massa disforme, mas com o tempo vem a prática e... voilà... Croissant! "
            "- Faz tanto tempo que não como um desses que nem me lembrava mais direito do cheiro." Debrucei-me pegando um dos pães aproximando mais próxima a face aspirando profundamente com olhos fechados a sorrir, abocanhei um naco degustando, um sabor sem igual tomou-me a boca.
            "- Divino... Sloan seus dotes culinários são invejáveis... eu acho que nem em mil anos conseguiria fazer um assim... ou melhor dizendo... nunca tentei fazer e nem se tenta-se eu conseguiria...!" Vi que ele estava rindo junto comigo, fazendo-me descontrair.
            As lembranças que aquele pequeno pão me fizeram recordar, arrostaram para longe os sentimentos de angústia que outrora me martirizavam a alma, reparei que Sloan estava a me olhar a comer sua face era de contentamento.
            "- Não vai tomar café junto comigo? "
            "- Enquanto estava a preparava o seu... aproveitei e já tomei o meu!"
            "- Que pena... " meneei a cabeça contorcendo a boca em desagrado, ao que um sorriso levado de canto surgiu em meus lábios fazendo-me arquear as sobrancelhas e estalar a língua.
            "- Queria tanto provar está geléia... que sabor ela deve ter... " mordi meu lábio inferior e olhei rápido de soslaio para Sloan, que me olhava como olhos semi-serrados sem entender. "- Mas com o quê  eu posso provar..." perguntei a mim mesma já com pote em mãos a olhar pra bandeja, ao que virei meu rosto em direção de Sloan.
            Levantei seria e segui em direção do mesmo, ao perceber que me aproximava olhou-me levantando uma das sobrancelhas, já estava a sua frente ao que toquei seu ombro com minha mão livre o empurrando fazendo-o reclinar na poltrona, posicionei minhas pernas uma de cada lado de seu corpo sentando-me em seu colo ficando de frente pra ele, respirei fundo a olhar fixamente em seus olhos com um sorriso lascivo.
            "- Já sei onde vou provar!"
            Destapei o pote colocando a tampa de lado, ao reparar que avia sujado a mão ao fazê-lo levei até a boca pra limpar, assim que senti o gosto doce com minha língua arregalei os olhos sorrindo pra Sloan. "- Huumm... gostoso!" O mesmo me olhava com  um sutil sorriso nos lábios, mas ainda sem esboçar reação.
            Peguei mais um pouco da geléia com a ponta do dedo e levei até a boca, desviei meu olhar para ele e ofereci um pouco aproximando o pote dele, ao qual antes de as palavras saíssem de sua boca que se abriam o impedi, meneando a cabeça estalando a língua falando.
            "- Esqueci... você já tomou seu desjejum!" ao qual aproximei-me devagar de seu ouvido e sussurrei. "- Mas eu não terminei o meu!" Ouvi ele respirar profundamente enquanto me afastava, de soslaio meu olhar se encontrou com o dele.
            Com a ponta do dedo peguei um pouco do preparo doce e besuntei seus lábios, é  com a boca semi-aberta aproximei-me lambendo a geléia e abocanhando seus lábios com desejo,  antes que pude-se pensar em meu próximo passo ele agarrou-me pela cintura e com fervor aprofundou o beijo fazendo-me arquejar soltando um gemido.
            Após separarmos nossos lábios, ainda de olhos fechados com minha testa encostada na dele a arfar sentia ele resvalar com as mãos minhas costas por sob a camisa.
            "- Por que está me provocando?" Arfava ao falar.
            "- Quem disse que estou te provocando... só estou terminando meu desjejum!" Nesse momento nossos olhos estavam mergulhados um no outro e na minha face estampado estava um sorriso largo.
            .....
            Todos seus temores e angústias mais uma vez se esvaíram ao sentir o toque de seu amante por sobre sua pele, o calor de seus corpos unidos, o som da respiração, o prazer irrompendo como fogo pelo corpo de ambos... cada segundo junto a ele era mágico e único... Samya naquele momento sentiu no fundo de sua alma que enquanto estive-se junto a ele, seu coração mal algum sofreria.
             .....
            Ainda por sobre a cama com os braços de Sloan a me envolver pensei,  "Por que, sinto meu coração tão  esmiuçado, um medo irracional... mesmo sentindo em meu mais profundo âmbito  que ele não irá me fazer mal... eu o amo e sinto que ele sente o mesmo... então por que me sinto assim... por quê?” .
            Sloan a apertou mais em seus braços  resvalando a mão pelo seus cabelos, "- Por que, está tão tensa... sempre que estamos intimamente juntos você fica assim... seu corpo está aqui mas seus pensamentos... estão a léguas de distância... por que não se abre, não confia em mim?"
            Respirando fundo a afundar meu rosto em seu peito a sentir seu cheiro, arrostei minhas incertezas me fazendo acalmar e restabelecer uma conexão racional entre minha  mente e coração.
            "- Eu confio em ti, mais do que em mim... são meus pensamentos, que sempre estão a me contrariar deixando-me louca... meu coração e minha razão não conseguem se entender... mas o que importa neste momento é que eu quero estar aqui ao seu lado... as incertezas que estão a me assolar iram se dissipar."
            "- Então você deve estar que nem eu!"
            "-Como assim... você também está inseguro!?" Um sorriso matreiro surgiu em meus lábios.
            "- Um pouco... ou você acha que é todo dia que encontro a mulher, que sinto que veio pra mudar minha vida... "
            Me afastei um pouco de seus braços e mirei atentamente seus olhos.
            "- Ouvindo você falar assim eu vou me sentir lisonjeada!" 
            Afaguei seu rosto com uma de minhas mãos, depositando um beijo terno em seus lábios, "- Você me mima demais... vou ficar mal acostumada!"
            "- Que bom!... isso quer dizer que você não vai embora, ficando sempre ao meu lado!"
            "- Convencido!" Falando por entre os dentes a franzir meus olhos, pressionei meus lábios com força sobre os seus à apertar entre minhas mãos seu rosto, ao olhá-lo novamente falei.

"- Eu preciso ir." 
            "- Pra onde?" Perguntou  surpreso  .
            "- Se esqueceu da mensagem que enviei ontem... prometi a Adma que assim que amanhece-se não me demoraria a aparecer por lá... e eu nem sei que horas são... aí minha Deusa estou atrasada!"  Sentando-me na beirada da cama vesti a camisa de linho e me levantei, virei-me rapidamente em direção de Sloan que olhava surpreso toda a minha afobação.
            "- Enquanto eu tomo um banho rápido, você pode preparar o Argo pra mim, por favor?" Debrucei-me por sobre ele a mira-lo com olhos suplicantes.
            "- Eu não posso tomar banho com você?"
            "- Não vai faltar oportunidade, eu lhe prometo!"  Dei-lhe um selinho e segui em direção ao banheiro a passos rápidos ao que ouvi ele falar alto.
            "- Eu vou cobrar!"  
            "- E eu terei o maior prazer em pagar... mas agora, por favor, cuida do Argo pra mim!" Entrei rápido no banheiro fechando a porta.
            Após terminar meu banho retornei ao quarto, procurando por minhas roupas as mesmas estavam por sobre a cama devidamente dobradas, murmurei baixinho "- Eu só pedi para ele cuidar de Argo, não precisava deixar a roupa preparada também.”

Vesti-me apressadamente e sai correndo dos aposentos descendo as escadas rapidamente, quando estava no meio da mesma reparei que Sloan estava me esperando à  porta, fui ao seu encontro e vi que Argo já estava selado a me esperar no sopé da escada externa.
            "- Se eu me lembro bem, eu já te avisei que está escada e perigosa, não falei !?" Sua expressão era seria.
            "- Eu sei... e peço  desculpas."  depositei um beijo rápido por sobre seus lábios. "- Mas estou atrasada e pode ficar tranquilo, isso não vai se repetir!"
            Segui em direção de Argo acarinhando seu pescoço e me posicionando a colocar o pé no estribo para montar ao que senti duas mãos em minha cintura a me impulsionar facilitando minha subida.
            "- Obrigada pela ajuda."
            Já segurando as rédeas por sobre o arreio senti as mão de Sloan pousar por sobre as minhas a me olhar pesarosamente como se não querendo que eu fosse.
            "- Não me olhe assim, me faz sentir culpada..." acariciei seu rosto. "-  E não vou me demorar tanto assim só vou terminar aquilo que comecei, acho que em uma semana ou menos estou de volta.
            "- Sua amiga mora perto, bem que você podia ir e vir todos os dias?"
            "- Não acho justo com Argo iria cansá-lo  por deveras e quando Adma começa com suas explicações vai até tarde da noite e eu não gostaria de deixar lacunas sem preencher!"
            "- Está bem... vou ficar te esperando pacientemente." Seu tom de voz triste me fez querer retroceder em minha decisão, ao que debrucei-me por sobre a cela depositando um beijo em sua testa fazendo com que meus olhos o encarassem com atenção.
            "- Eu vou voltar, não se preocupe!" E com um beijo terno selei estas palavras.
            Ele anuiu a cabeça com um sutil sorriso se afastando um pouco, assim que observei ele se afastar, estimulei batendo levemente com meus pés nós flancos de Argo para que ele começa-se a andar olhei por sobre o ombro e vi Sloan subir as escadas olhando de vez em outra para trás até que parou dando com a mão, correspondi seu aceno, ao que agarrei firmemente as rédeas e instiguei Argos a aumentar seu trotar para uma corrida ávida assim que cruzamos os portões.
            Enquanto  o vento  tocava-me a face e as passadas de Argo permeavam pela estrada os meus pensamentos se faziam presentes como uma ventania descontrolada de lembranças e sentimentos, avia coisas incompreensíveis que ainda me faziam sentir-me confusa os porquês que não me deixavam em paz, sei que seria indelicada com Sloan, mas... precisava de um tempo para me compreender, me situar e falar isso a ele seria custoso por assim dizer doloroso, precisava me aconselhar com alguém mais experiente de vida e sentimentos e Adma faria estas honras.