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História A Noiva Cadáver e o Estranho Mundo de Jack apresentam: - Alívio imediato


Escrita por: SallyEsqueleto

Capítulo 4 - Alívio imediato


Fanfic / Fanfiction A Noiva Cadáver e o Estranho Mundo de Jack apresentam: - Alívio imediato

Eu estava deitada na minha cama, completamente vestida, observando uma vela se dizimar aos poucos na mesa de cabeceira, enquanto sentia o medo me engolfar. Vários pensamentos passavam fugazes pela minha mente, exceto a imagem do rosto de Victor endurecer quando lhe contei sobre Emily e que agora o diretor parecia finalmente tê-la pego, nunca o transtorno estampara a cara do rapaz sempre tão calmo.

Todo o controle se esvaiu quando exprimi em voz alta este pensamento, pois senti as lágrimas quentes inundarem meus olhos e descerem queimando pela minha bochecha. Victor me abraçou, trazendo-me junto ao seu peito, ele acariciava desajeitadamente meus cabelos como se não soubesse bem o que fazer. Mas eu me sentia grata pelo abraço, eu precisava de alguém que me ajudasse, e não que condenasse o que Emily fizera.

- Ah, meu Deus, o que eu faço agora? – me desvencilhei gentilmente do abraço dele e abracei meus ombros, afastando-me o máximo que aquele armário permitia.

- Eu vou tentar... fazer o possível para salvar a integridade da sua amiga. - Ele desviou o rosto da luz. – Mas por enquanto preciso que vá para seu quarto, se não a encontrarem lá provavelmente vão pensar que… - ele não completou a frase, no entanto não era necessário.

Apenas assenti, e agradeci baixinho a ele. Abri a porta e saí para a claridade do corredor, fui o mais rápido que consegui para o dormitório. Restara apenas um toco da vela. O que Victor poderia fazer para salvar Emily? Como se e lesse minha mente, a resposta entrou como um fantasma no quarto e bateu a porta ao passar. Sentei-me abruptamente. Era Emily, seu cabelo negro, seu vestido branco e a palidez mortal construíam essa imagem com propriedade.

- Sally. – disse ela com a voz fraquinha.

Ela correu para meus braços estendidos e desabou no meu colo. Eu já esperava pelo choro, mas com certeza não pela risada histérica que veio a seguir. Fiz força para levantá-la e puxei um lenço em cima da mesa de cabeceira. Ela o pegou e enxugou o rosto de qualquer jeito, borrando a maquiagem que havíamos feito mais cedo.

- O que aconteceu? O diretor descobriu você? Conte-me.

Demorou um tempo até que ela recobrasse o controle e parasse de soluçar, até que por fim disse:

- Eu... eu estava na orla da floresta com ele... com  Barkis e... você tinha razão, eu não devia ter usado esse vestido. O Sr. Mayor achou meu uniforme e deve ter pensado... – Ela voltou a soluçar e a abracei forte até que passasse. – Ele e um grupo de busca me encontraram e me trouxeram de volta para a escola, Sally... eu achei que seria o meu fim. – sua voz ficou ainda mais embargada nesta instante e a envolvi com meus braços, trazendo-a para mais perto de mim. – O diretor disse que meu pai viria me buscar pela manhã, e que minha reputação estava condenada. Eu... e-eu me senti t-tão mal, tão hum-milhada. – eu acariciava seus cabelos e a balançava como se fosse niná-la.

- Por que ele te mandou para cá, então? Vai ficar tudo bem.

- J-Jack apareceu na sala d-dele. D-d-disse que veio o mais rápido que po-pode, assim que soube. Disse ao diretor que ele havia me pedido para encontrar com ele no cemit-tério porque eu seria parte da apresentação d-dele.

Ela levantou a cabeça para me olhar depois de uns segundos. Eu não tinha percebido que havia parado de balançá-la e estava com a boca aberta.

- Ele me encobriu. Ficou furioso com o diretor porque ele interrompera um ensaio, disse que não queria saber de intrusão para não comprometer a festa, que-que quem ficasse em seu caminho iria se arrepender. – ao ver que eu continuava incapaz de emitir qualquer som que fosse ela prosseguiu. – O Sr. Mayor alegou que eu não estava trajada apropriadamente e que eu não tinha permissão para sair. Então ele rebateu que meu vestido fazia parte do figurino e que eu estava sob sua proteção. Neste ponto Jack já estava totalmente irado. Deu medo e o diretor não ousou falar mais nada, então Jack me mandou de volta para o dormitório e disse que se isto fosse tratado como um escândalo, ele próprio tomaria providências. O diretor é claro não se atreveu a questioná-lo e fez tudo o que ele ordenou.

Meu cérebro trabalhava a mil. Centenas de teorias e pensamentos passavam por ele, agora muito mais sobrecarregado de alívio, medo, angústia, perplexidade e tantas outras emoções que eu nem sabia que poderiam existir. Jack a defendera. Eu não sabia o que pensar sobre isso. Não... na verdade eu sabia sim. Victor disse que faria o possível para “salvar a integridade” de Emily. Isso provavelmente significava recorrer a Jack, acima do diretor Mayor somente ele possuía soberania total sobre o colégio.

- Sally... Sally! – eu apenas arregalei meus olhos para Emily. – Você sabe quem disse ao diretor onde eu estava?

- Não...

Não pude deixar de notar um quê de acusação em sua pergunta. Minha primeira reação foi indignação, mas depois senti a compaixão tomar conta de mim: ela estava sob grande perigo e somente eu sabia de seu encontro, então é claro que eu era a primeira suspeita.

- Eu fiquei no refeitório por mais alguns minutos depois que você saiu, então Victor veio me procurar para saber de você já que ele não te viu no jantar, ai ele acabou derrubando uma estátua e quebrou uma janela, o zelador estava atrás de nós, então nos escondemos e foi quando ouvimos o diretor dizer que você estava encrencada, foi aí que Victor disse que tentaria ajudar você...

- van Dort disse o quê?

- Que ajudaria você. – ela olhou para mim boquiaberta. – Eu acho que ele deve ter ido procurar Skellington.

Caiu um silêncio mortal sobre nós. Incapaz de entender os motivos que a levavam a repudiar Victor van Dort, entreguei-me aos meus próprios pensamentos que consistiam basicamente em repetir para mim mesma que Victor era uma opção muito melhor do que esse tal de Barkis. Ele era um rapaz educado, gentil, centrado e que mesmo depois de saber o que Emily fizera não a rejeitara, e lá a seu modo, fizera o que fora possível para ajudá-la. Ele não parecia ser nem de longe o tipo de homem primitivo e controlador, e não colocaria a honra de Emily em risco jamais. Muitíssimo diferente daquele Barkis.

No fim, em nossas mentes só restara uma pergunta, que no momento de grande agonia não fui capaz de fazer: quem dissera ao diretor onde estava Emily? Incapazes de encontrar uma resposta, fomos dormir.

 

Eu corria o mais rápido que podia, eu já me sentia completamente exaurida, mas não me permitia diminuir a velocidade, pois meu coração estava apertado, mais do que medo eu sentia pânico. O caminho estava escuro demais e a subida era cansativa.

- Emilyyy! Eeemily!

Minha garganta doía sem fôlego e o coração batia no pomo de adão. A subida se tornava cada vez mais cansativa. Não, esse é o caminho errado, ela não está ali. Ela está na direção oposta, eu tenho que ir para lá antes que seja tarde demais. Mas minhas pernas não me obedeciam, elas continuaram subindo o Monte Ondulado das Abóboras que ficava no cemitério. Eu tenho que ir para o outro lado, ela está em perigo, EU TENHO QUE AJUDÁ-LA! Mas tudo isso era inútil, eu continuava caminhando para o topo do monte. Eu me virei para olhar para a orlada floresta, eu via a silhueta de Emily e um homem se aproximava por detrás dela lentamente, eu não podia vê-lo, mas sabia que era Barkis. Quando ela o viu deu um grito de gelar o sangue e ele caiu sobre ela. Desesperada, corri em sua direção, mas Jack apareceu, e impedia a passagem.

- Me deixe ir até ela! Por favor! – tentei passar, mas ele me agarrou. – Me solte. Me solte, ME  SOLTE! SOCORRO, SOCORROOO!

O desespero tomou conta de mim, eu estava completamente apavorada. O busto de um dos antigos diretores apareceu nos meus braços, eu cambaleei para trás com o peso inesperado e caí pela beirada do monte, vários corvos grasnavam e passavam voando bloqueando minha visão, a ultima coisa que ouvi foi a voz de Victor:

- VITÓRIAAA...

Com o coração na boca tentei com todas as minhas forças gritar, mas meu grito era mudo por mais que eu tentasse, por mais força que eu fizesse.

Sentei-me bruscamente na cama encharcada em suor frio, eu arquejava sem fôlego e tinha a mão no coração, massageando-o como se para aliviar uma dor física. Mal sabia eu que o pesadelo real viria quando o sol nascesse.

 

Ao sairmos para tomar café várias meninas olhavam de esguelha para nós com hostilidade. Por um momento pensei que fosse delírio meu, mas por onde passávamos começavam os cochichos e murmúrios, e como se ainda estivesse tentando me convencer do contrário, ao atravessarmos o pátio para a primeira aula, uma garota nos abordou no meio do caminho:

- Esta escola está mesmo indo para o brejo.

- Saia do nosso caminho. – disse Emily sem muita paciência, já que ela era a mais ousada.

Várias outras meninas se juntaram a esta desconhecida em círculo de forma ameaçadora. Não havia algazarra, não havia berros ou puxões de cabelo. Eram duas para cada uma de nós, não era um grupo grande, era um grupo discreto, para não chamar atenção de forma recalcada, aliás, era feito para não chamar atenção nenhuma. O tipo de grupo para tratar de assuntos indiscretos discretamente.

- Eu não acredito que aquele palerma do diretor a deixou ficar.

- Saia do meu caminho. – disse Emily num rosnado baixo, mas claro.

- Você é uma ameaça para a nossa honra, vadi...

- Você a ouviu, saia do nosso caminho.

A garota olhou diretamente para mim pela primeira vez e com uma cara de espanto que deu espaço para um sorrisinho, debochado, mas...

- A chatinha fala. – as outras meninas se aproximaram ainda mais de nós. – Vamos, fale. Seja corajosa. O que você vai fazer com a gente? Nos atacar com sua vozinha fina?

- Foi você. Você passou no corredor ontem a noite quando... Você seguiu Emily e mandou chamar o diretor. – a garota parou por um instante, estática, seus cabelos eram tão armados que se poderia dizer que eu realmente havia lhe dado um choque. – É por causa de Skellington que está fazendo isso?

- O que está havendo aqui?

Me sobressaltei ao ouvir a voz dele bem detrás de mim. As outras meninas pularam para trás e a ameaçadora de cabelos armados ficou pálida.

- Nada, as meninas vieram nos pedir conselhos amorosos. – respondeu Emily de prontidão e com um sorriso no rosto. Como ela era capaz de sorrir depois de tudo... isso?

- Ah, é?!

- É. – Emily gesticulou para mim para que eu entrasse no jogo. - E nós dissemos a elas que a tática delas não vai funcionar.

- Porque ele pode não gostar delas da mesma forma.

Várias meninas olharam feio para nós, especialmente para Emily:

- Bem Srta. Gutknecht, eu gostaria de me desculpar mais uma vez pelo incidente de ontem a noite.

- Não há problemas, e eu sou grata pela participação na peça.

- Falando nisso, eu tenho o primeiro tempo livre hoje. Será que nós poderíamos ensaiar?

- Claro. Nos vemos depois. – disse Emily para mim, que apenas assenti com a cabeça e fui na direção oposta, rumo a biblioteca.

 

Halloween

 

Emily passara vários dias ensaiando com Jack, o pai dela aparecera alguns dias depois do incidente para confirmar com Jack toda a história que o diretor contara-lhe. Emily não queria de maneira alguma contar o que ela faria na peça, mas sempre aparecia com um sorriso no rosto e desconversava dizendo que eu deveria estar muito bonita na festa. Então pus-me a costurar meu vestido e ela pescara em seu guarda-roupa uma tiara liga com uma pluma negra e entregou-me, disse que ficaria “uma boneca  lindinha”. Dias antes ela recebera um imenso pacote contendo sua fantasia. Meu vestido tinha uma saia larga e armada, como o de uma princesa, mas era feito de retalhos, pintei minha pele de azul com ajuda de Emily e desenhei algumas costuras, passei batom e perfume e pus a tiarinha dela. Logo depois ela me expulsara do quarto para que ela se arrumasse me encaminhei-me apara o pátio, onde seria a festa.

Quando caiu a noite o enorme pátio da escola estava apinhado de gente, nos cantos havia mesinhas em grande quantidade, nas cozinhas havia a costumeira correria para atender aos pedidos, havia vários alunos a rigor servindo as mesas e toda uma equipe técnica seguindo ordens dadas aos berros pelo diretor que verificava as luzes e cenários. Algumas salas de aula foram transformadas em camarins improvisados. Uma imensa fonte fora instalada no centro do jardim. Havia pessoas com fantasias clássicas como anjos e deuses gregos, de pessoas que nunca tinham vindo nesta festa antes, e algumas realmente horripilantes e escamosas, estas geralmente eram dos alunos. E Emily simplesmente desaparecera.

Quando as pessoas se acomodaram várias luzes se apagaram, as apresentações começariam. Vários coristas começaram a cantar uma nova composição de Jack, a música parecia vir de todos os cantos, várias portas se abriam nos cenários e personagens gritavam, pulavam e beliscavam a platéia estrategicamente escondidos na multidão. Foi então que chegou um cavalo de madeira sendo puxado, nele estava um espantalho com cabeça de abóbora, ele pegava fogo... Não, Jack não colocaria fogo em si mesmo... Mas sim, o espantalho se mexeu e pulou na fonte, para logo depois submergir da água com um terno risca giz. Começou então a peça de teatro. 



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