Há pouco mais de dois anos Inojin era prisioneiro de sua própria mãe. Ino havia trancafiado o filho num colégio interno na Suíça para que ele esquecesse o passado e pudesse recomeçar a vida ao lado dela e de sua nova família. No início, Inojin ficou deprimido, mas, após as ameaças da mãe de matar tanto Sai quanto Sarada, ele resolveu que seria mais forte e que um dia tentaria fugir. Para isso, ele precisava conquistar a confiança da Yamanaka. E isso não era nada fácil.
A primeira vez que Inojin saiu do internato foi para passar as férias de final de ano com Ino e sua nova família. Não gostou. Até porque ela havia inventado para o novo marido que o filho era mudo. Segundo ela, era uma medida de precaução para que Inojin não falasse nada para o seu marido e o enteado. Inojin, obviamente, ficou frustrado. A casa de Ino ficava fora dos Estados Unidos. Ela morava no sul da França em uma espécie de fazenda e adivinha? Lá a internet tinha senha e o adolescente não tinham acesso.
Inojin até tentou descobrir com o enteado de Ino, mas ele disse que ela havia trocado a senha e que ele não sabia da nova. Inojin tentou usar a senha antiga no aparelho de celular do enteado de Ino, mas não conseguiu acesso. Poderia tentar mandar uma mensagem ou ligar, mas a fazenda não tinha sinal de telefone. No final das férias, Inojin descobriu que Ino não morava lá. Na verdade, ela morava em Paris e aquela fazenda era só para as férias. Uma nova espécie de prisão para Inojin. Ino, que não era boba, percebeu a aproximação entre Inojin e seu enteado, então chamou a atenção do filho para que ele não lhe causasse problemas.
— Querido, agora que estamos a sós, eu quero ter uma conversinha com você. – Disse ao filho quando seu marido e enteado tinham saído para cavalgar.
— Não to a fim. – Escreveu Inojin num papel e mostrou pra Ino, que amassou em seguida o papel.
— Agora já pode parar o teatrinho e falar comigo direito. – Exigiu.
— O que quer?
— Vi sua aproximação com o filho de meu marido e não quero que seja amigo dele.
— Por que?
— Vá que ele descobre que você não é mudo? Não quero ter problemas.
— Sinto pena do seu marido e do seu enteado. Eles não sabem a bruxa que você é?
— Querido, eu entendo que ainda esteja revoltado por conta do seu pai e tudo mais, mas pensei que já tínhamos superado isso. No próximo ano você sairá do internato, continuaremos a viver em pé de guerra?
— Eu vou sair do internato e voltar pra Konoha.
— Já disse, se você tentar fugir eu mato o seu pai e a Sarada.
— Você não seria capaz.
— Seria. Eu sou capaz de tudo, Inojin. Tudo pra ver o seu pai infeliz e aquela família Uchiha sofrer. Você namorar a herdeira do Sasuke foi o que eu precisava para acabar com a raça dele. Feri o Sasuke fazendo a filha dele sofrer por sua causa. Isso já me deixa um pouco mais feliz.
— Fazer o seu filho infeliz te deixa satisfeita?
— Você está sendo dramático demais Inojin. Te dei uma boa educação, um novo pai, que é muito rico por sinal. Você vai poder fazer uma boa faculdade. Aliás, você poderá fazer qualquer coisa, menos voltar para Konoha e pra perto de Sai e dos Uchiha. Logo mais você conhecerá uma nova garota e esquecerá da Sarada. Ainda é muito jovem para saber o que é o verdadeiro amor.
— Eu serei “livre” no próximo ano?
— Mais ou menos. É claro que você andará escoltado por seguranças para não fugir e que não terá celular, internet, nada disso.
— Todo mundo tem celular e usa internet, mãe.
— Se você precisar usar para algum trabalho da faculdade, usará com supervisão de um segurança. Não vou colocar em risco você entrar em contato com o seu pai ou qualquer outra pessoa de Konoha.
— Você é uma péssima, mãe.
— Nada te falta. Não sei por que reclama.
— Falta amor.
— Você tem o meu amor, filho. – Ino tentou abraçar Inojin, mas ele se esquivou.
— Se a senhora me amasse, não teria me sequestrado.
— Eu só uni o útil ao agradável. Busquei você para viver ao meu lado e ainda por cima consegui atingir o Sai, que me expulsou de casa como uma vagabunda, e atingi o Sasuke, pois ele vai ver a filhinha dele sofrer por um bom tempo.
— Eu tenho vergonha de você.
— Um dia você se acostumará com a sua nova vida.
[...]
Inojin passou as férias todas desenhando Sarada. Na verdade, ele fazia os desenhos sem um rosto, mas só os traços do corpo e do cabelo já dava para perceber que se tratava da garota. Um dia, o enteado de Ino flagrou o menino desenhando e viu que ele tinha muito talento.
— Você desenha bem, Jin. – Comentou o garoto que só conhecia o “irmão” pelo nome falso que Ino dera.
— Obrigado. – Escreveu Inojin no caderno e mostrou.
— Quem é a garota? Estuda com você no internato? – Perguntou interessado.
— Não. – Resumiu.
— Acho que você não gosta desse assunto, certo? – Perguntou curioso, mas, antes que Inojin pudesse respondê-lo, Ino apareceu.
— Queridos, precisamos arrumar o restante das coisas. Vamos voltar para Paris e o Jin irá retornar para o internato ainda hoje.
— Ok. – Respondeu o enteado e Inojin assentiu com a cabeça.
Ino sempre atrapalhava qualquer contato de Inojin com o enteado. Ela não gostava do filho do marido e achava que Inojin poderia dar com a língua nos dentes qualquer dia se sentisse confiante perto do outro garoto.
[...]
No ano seguinte, Inojin já estava habituado à sua rotina de prisioneiro. Embora ainda sonhasse com a fuga, ele fingia para a mãe que estava conformado. Com isso, ganhou de presente da mãe o direito de escolher o curso que gostaria de cursar na faculdade. Afinal, Ino o ameaçou dizendo que se ele não se comportasse bem nem a isso teria direito.
Inojin já havia abandonado tantos sonhos, que se recusou a abrir mão de pelo menos esse: estudar arte. Como Ino disse que dinheiro não era o problema, Inojin pediu para se candidatar a Royal Academy School of Arts, em Londres. Certamente, seu padrasto gastaria um bom dinheiro para mantê-lo lá, ainda mais por causa dos seguranças. Então, quando Ino assentiu ao pedido, ele respirou aliviado. Ficaria longe da mãe, pelo menos.
— Você tem certeza que quer ir para Londres? Tem várias escolas de arte em Paris. – Disse Ino.
— Você disse que eu poderia escolher qualquer uma.
— Pode. Tudo bem.
— E eu queria fazer um pedido.
— Qual?
— Quero que lá eu possa falar. Não quero mais fingir que sou o aluno mudo.
— Tudo bem. Pedirei para que a diretora da sua escola ao fazer a carta de recomendação não diga nada sobre você ser mudo. Você acha que se sairá bem nas provas e entrevistas?
— Vou tirar de letra. Tenho excelentes notas e, modéstia à parte, meus desenhos são bons.
— É verdade. Você é um excelente aluno. Meu marido sempre joga isso na cara do filho dele sabia?
— Não.
— Pois agora sabe. Meu marido tem orgulho de você assim como eu.
— Mãe, eu quero recomeçar. Precisa mesmo colocar os seguranças na minha cola?
— Você sabe que sim. Além do probleminha do seu passado, meu marido é um homem muito rico. Ele e eu temos medo que algum inimigo dele queira fazer mal a você.
— Como eu vou viver lá?
— Vamos comprar um apartamento e eu vou reduzir o número de seguranças. Só um irá com você.
— Continuo sem internet e sem celular?
— Sim, o seu segurança terá um celular para quando eu precise falar com você e a senha da internet. Mas eu quero que me prometa que não vai burlar as regras até porque se isso acontecer...
— Meu pai e a Sarada morrem. Eu já sei. Você é bem clara.
— Ótimo! Bom saber que os últimos anos fizeram você entender as nossas regras para uma boa convivência. – Sorriu.
— Mãe, posso passar as minhas férias já em Londres? Quero ir me habituando ao local em que vou morar.
— Isso é tudo uma desculpa para não passar as férias comigo e seu padrasto?
— Prefiro conhecer um lugar novo. Só isso.
— Tudo bem.
— Aliás, qual guarda-costas vai comigo para Londres?
— Kiba.
— Logo ele?
— Kiba é o mais fiel funcionário de meu marido. Ele jamais cederá a uma chantagem emocional sua, Inojin. Ele é muito bem pago pra isso.
— Droga. E ele vai levar o cachorro?
— Claro. Mas diga a todos que ele é seu amigo e não seu segurança, só pra parecer um garoto normal.
— Eu estou longe de ser normal.
— Finja que é. É um recomeço, Jin! – Aconselhou.
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