História A Seleção Da Realeza (Interativa) - 1: A Situação

Jason voltou para a realidade quando focou de vez a sua visão para a folha a sua frente. Sentia que estava distraído desde o dia em que completara seu vigésimo primeiro ano de vida e já se passaram dez dias desde o “grande dia”, Jason sabia que suas divagações estavam o prejudicando, mas não podia evitar viver esses momentos já que acabou de completar a maioridade ao lado de sua irmã, estava receoso e tudo o que mais queria era que a corte ou a sua família não notassem seu comportamento, que era despretensioso.

- Jason...- Wendy estava de pé voltada para ele, com seus intensos olhos azuis o mirando, dando a entender que aquela não foi a primeira vez que estava chamando pelo irmão.

- O que houve?- Jason a encarou esboçando a sua melhor expressão atenciosa e deu de cara com o olhar paciente e reconfortante de sua irmã mais nova, o deixando menos tenso.

- Só queria avisar que conclui a minha parte da tarefa, eu não queria lhe deixar sozinho aqui mas tenho tarefas extras para hoje.- Ela se aproximou do irmão e tocou seu ombro com um toque firme.

- Sem problemas...

-Eu sei que você está preocupado com algo Jason, isso já faz algum tempo...Se quiser conversar sobre isto estou disposta a ouvir, me encontre no jardim logo após o café da tarde, estarei livre só a partir desse horário.- Após o aviso direto, depositou um beijo rápido na testa de Jason.- Acho que deve voltar ao seu trabalho gênio incompreendido. – Wendy deu um sorriso de canto e se retirou.

Jason não compreendeu de primeira o que a irmã quis dizer ao chamá-lo de “gênio incompreendido” mas ao retomar de onde parou, percebeu que o último cálculo que havia registrado em sua folha estava totalmente incorreto, ficou sem graça por sua irmã ter notado, mas nada passava despercebido por ela, era uma habilidade natural de Wendy. Pouco tempo depois, Jason já estava mais concentrado na tarefa, mas ao notar a presença de mais um indivíduo no cômodo, deu a tarefa por encerrada.

- Majestade!- Jason reverenciou a matriarca da família conforme os bons costumes.

- Jason, preciso conversar com você. Me acompanhe até meu escritório.

Ao percorrem escadarias e corredores lustrosos, eles chegam ao Escritório da Rainha com uma das damas de companhia a espera.

- Venha, sente-se ao meu lado e vamos beber um pouco de chá!- Jason sentou-se na poltrona, confuso. Havia algo importante a ser dito pela rainha Aimée, pois a rainha não ia deixar o seu serviço apenas para beber chá fora do horário da refeição.

- Muito obrigada, “Nana”.- Aimée sorriu para a sua dama de companhia enquanto ela se despedia com uma reverência para logo se retirar. Jason não pôde deixar de notar que sua mãe chamou a dama de companhia pelo o apelido que ele e seus irmãos a deram quando mais jovens, coisa rara de se ocorrer, por causa das formalidades reais.

A rainha sorriu enquanto observava seu primogênito segurando a xícara, sentindo o aroma do líquido atenciosamente e logo após a sua análise, levar o conteúdo aos lábios, bebericando com paciência e sem tirar os olhos dela, pronto para ouvir o que ela tinha a dizer.

- Bem Jason... A “situação” anda se amenizando ultimamente. Hoje foi um dia leve, estou desfrutando de um tempo livre e seus irmãos também. Então, o chamei para avisá-lo de que você também está liberado de suas atividades diárias neste momento. Beba chá em minha companhia e aproveite o dia.-Jason apenas acenou mantendo a cabeça baixa e esboçando um discreto sorriso vitorioso.

Em goles sutis, o príncipe bebeu o seu chá de forma rápida e foi se despedir de sua mãe.

- Até o jantar, majestade!- Para completar, ele se despede com uma reverência.

- Jason...- O mesmo já estava atravessando a porta quando parou abruptamente.

- O que deseja, minha rainha?

- Só peço que esteja pronto para o jantar um pouco mais cedo, antes de Joseph.

-Ah, está bem então. – Jason não entendeu o motivo para tal pedido mas decidiu cooperar pois estava livre pelo o resto da tarde.

Ao atravessar corredores e subir alguns lances de escadas, Jason finalmente chega ao seu quarto. Ao chegar, tira seus sapatos e se joga na cama rindo, empolgado com a folga repentina.

- Robert! Hey, Robert!- Jason clama por Robert a plenos pulmões.

- Pois bem, estou aqui! Lembre-se que se precisar de meu auxílio é só recorrer a isto.- Robert aponta para o “botão de chamada”.

- Eu o vi passando por esse corredor, o chamei sabendo que você iria me escutar...- Jason se senta na beira da cama

- Que deselegante...- Robert sussurra discretamente para si, mas por estar perto de seu funcionário Jason acaba ouvindo.

- Gostaria que você providenciasse meu...- Jason decidiu ignorar o comentário maldoso para não acabar com o dia.- Ah, Wendy!

- Quer que chame sua irmã, alteza?

- Nada disso, quero que você espere um momento. E, se quiser, pode sentar-se.

Ao olhar para sua escrivaninha, com papéis e canetas a postos, Jason se lembrou de Wendy. Ela queria conversar, mas estava ocupada, com tarefas extras. Logo hoje, dia em que quase toda a família real estava de “folga” pelo resto da tarde, com exceção do rei e da própria Wendy. Isso era estranho. Aimée havia lhe dito que seus irmãos estavam livres e isso devia ser válido para Wendy também. Jason sentou-se diante da escrivaninha, se preparando para escrever um bilhete para a irmã. Ao terminar o bilhete, teve a sensação de que não estava sendo totalmente compreensivo, pois basicamente o que fez foi cancelar da forma mais desajeitada possível o momento que teria com Wendy. Apesar da certa culpa que Jason começara a sentir, ele precisava refletir. Recarregar as energias, revigorar-se.

- Robert, preciso que entregue esse papel para Wendy imediatamente.- Jason dobrou a folha para deposita-la nas mãos do criado.

- Sim senhor, alteza.

Finalmente o príncipe se sentia a sós. E sua primeira reação foi se esparramar em sua cama novamente, sem muita empolgação. Ao ficar observando o teto, decidiu que fechar os olhos seria uma boa ideia e quando suas pálpebras se fecharam, os acontecimentos do dia começaram a invadir seus pensamentos. As palavras de sua mãe entoaram pela mente elétrica de Jason. “A situação anda se amenizando”. Mas que situação era essa? Ele desconhecia. E isso passou a incomodá-lo. O que poderia estar acontecendo? A situação era realmente “feia”? Até que ele adormeceu, embalado por pensamentos repletos de dúvidas.