História A número 5 - Assinando papéis precipitadamente pt. 2

O caminho todo é um silêncio sem fim, que estranhamente é bom. Ele se estende até quando George para o carro com a cabeça um pouco abaixada, para tentar se esconder, e dizer:
- Chegamos. Espero que eu tenha dirigido bem. Amanhã te vejo no estúdio. 
Eu olho para ele e agradeço por tudo antes de abrir a porta do carro e checar a minha cara no retrovisor. No caso, o meu rosto está muito inchado e tão vermelho como um pimentão. 
Atravesso a rua, olhando para o chão, tentando fingir que eu não estava chorando como uma idiota no carro de alguém que acabei de conhecer. Ao entrar na imobiliária sou recebida por um homem de terno, com um sorriso no rosto, que me recebe exclamando:
- Oi! No que posso te ajudar?
- Ah...- eu não sei bem o que eu quero, na verdade. - Você tem algum imóvel perto da abbey road para alugar? Não importa o valor. 
- Ah, sim. Deixa eu ver. 
Ele corre para uma mesinha onde há uma pilha de papéis depositados de maneira bagunçada em cima dela. 
- Tem esse daqui.- ele me mostra um papel com as informações do lugar.- ele está em ótimo estado. Quando você vai querer agendar uma visita?
Se eu fosse a minha mãe, eu provavelmente ia ter perguntado TUDO sobre aquele apartamento mas como não sou ela apenas disse:
- Não precisa de visitas. Eu vou hoje mesmo para ele. Onde eu assino?
Hoje era o dia de assinar papéis antes de pensar, pelo jeito. 
O cara lá que eu não sei o que ele é me explica sobre os termos: sem animais, todo dia 5 do mês ele ia na minha casa me cobrar e eu teria que dar um cheque para ele agora ou eu não poderia chamar aquele lugar de lar. Como qualquer pessoa esperta, antes de fugir de casa eu fiz uma conta no banco e consegui ganhar a merda de cheques. Mas enfim, eu resolvo tudo rápido, já que estou ansiosa para conhecer a minha casa. 
Eu termino toda a burocracia e o homem feliz diz que vai me levar até o meu novo apartamento. Então eu entro no carro de um estranho NOVAMENTE. 
Depois de mais um tempo no carro e subir 6 lances de escada (que quase mataram o homem), eu chego no tal lugar, que provavelmente está te deixando cansado de ouvir sobre, mas como estou ansiosa tenho o direito de falar tudo sobre isso. 
É um lugar não tão grande, mas é o suficiente. Felizmente, o dono do lugar deixou um sofá, o que quer dizer que não vou precisar dormir no carpete. 
- Muito obrigada. - eu digo para o cara da imobiliária. - te vejo dia 5. 
Ele vai embora e eu fecho a porta quando ele já está descendo as escadas, muito feliz, mas aí eu lembro de todas as merdas que fiz hoje e esse sentimento para.