Até apossado por tons terrosos, fazia prevalecer o dourado, – mesmo que pálido e meio apagado, manchado pela invisibilidade da aquarela inexistente, naquela paleta monocromática – e eu nunca entendi, amarelo não devia se sobrepor à nuances escuras, que tomavam-no por completo em noites gélidas, embebedadas em agruras.
Até mesmo as estrelas choravam, e ele omitia fugaz, com um repuxar de lábios exagerado e um riso com aquela matriz cor de ouro derretido em lava alaranjada.
Diziam ser a incidência solar, a causadora dos reflexos espelhados nos rostos dos que eram atingidos por ondas magnéticas de um ocre enegrecido em vinho tinto; mas o que escondia em seu âmago eram seus tons mais pesados, variavam entre azul petróleo e bordô acastanhado.
É que ele limpava sua superfície nos dias frios, enfurnado em lençóis cereja, acariciando os fios acinzentados de Yoongi; era seu conforto em cores frias.
As matrizes variadas, todas juntas naquela tela meio borrada de suor e lágrimas espessas; um prelúdio da ausência de uma coloração vívida.
Uma policromia louca, arrebatadora, indelével e resistente; borracha nenhuma apagava, crise de abstinência não deixavam-no mergulhar as telas em águas turvas, lamacentas.
Um ato pernicioso, mas louvável.
Guardava-as então em molduras douradas, aquele mesmo dourado de outrora, embora bem mais cintilante. Chegava a cegar.
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