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História A Origem dos Guardiões: O retorno do Rei dos Pesadelos - O plano de Breu


Escrita por: Maristb

Notas do Autor


Breu se esconde atrás de uma máscara

Capítulo 11 - O plano de Breu


-Bom dia, querida.

            Emily soltou um grito, horrorizada. Já bastava o pesadelo horrível que estava tendo, agora acordava e havia um homem estranho em seu quarto!

            Seus cabelos brilharam e em um instante Canário, o dragão de seus sonhos, estava a postos, rosnando entre ela e o visitante indesejado.

            Breu revirou os olhos. Pensou que já tivesse se livrado dessa praga de Sanderson.

-Eu não vim lhe fazer mal, mocinha. Se você puder pedir ao seu amiguinho para se recolher, podemos conversar. –disse, recuando alguns passos ao notar que o animal parecia prestes a soltar fogo.

            Emily coçou Canário no meio das asas e o dragão abaixou as orelhas, então se recolheu para baixo da cama. Ficou ali resmungando e vigiando Breu.

-Você consegue ver o Canário, então você não pode ser… uma pessoa normal. –disse, enquanto se sentava. –Quem ou o que você é?

            Breu deu de ombros.

-Sou… um amigo.

            Ela o encarou com uma das sobrancelhas em pé, sinal de desconfiança. Ainda mais quando ele puxou a cadeira de sua escrivaninha e sentou-se ao lado da cama.

-Como é mesmo o seu nome? –perguntou abrindo um sorriso.

            Emily fez uma careta de susto ao ver seus dentes pontudos, que Breu logo escondeu com a mão por impulso. Mas ao notar que isso a deixara embaraçada, teve uma ideia. Recolheu os ombros e lançou um olhar triste ao chão.

-Me perdoe minha aparência desleixada. Eu devo estar assustando você, é melhor eu ir embora.

-Não! –exclamou ela, assim que fez menção de levantar-se. – Me desculpe. Meu nome é Emily. Quem é você?

            Breu recolheu-se ainda mais na cadeira.

-Você… você não compreenderia. –E levou a mão aos olhos. –Eu não quero fazer mal, mas as crianças sempre fogem de mim. Elas pensam que eu sou culpado pelos pesadelos e como eu não tenho tão bela aparência como os Guardiõe…

-Bicho-papão! –exclamou Emily, pulando para trás na cama, ao mesmo tempo em que Canário saia de baixo Dela para cima de Breu.

            Ao invés de atacar o animal de volta, Breu se mostrou o mais assustado que pôde e, em seu melhor tom de suplica disse:

-Não me machuque, eu imploro!

            O dragão rosnou. Bastava um comando de Emily para que desse um jeito naquele homem acinzentado. Mas…

-Canário, deixa ele em paz.

            Contrariado e irritado, o dragão bufou e escalou a parede até o cantinho do teto. De lá ficou resmungando coisas feias.

            Emily saiu da cama para ajudar o homem deplorável a se levantar. Ele a agradeceu várias vezes e sentou-se, puxando-a para perto pela mão.

-O que você quer comigo, ein? –perguntou incomodada.

            Breu apertou sua mão e a olhou fundo nos olhos.

-Você é uma mocinha solitária que precisa de amigos. –e, disfarçadamente, suas mãos foram guiando areia preta para os cabelos dela. –Mais do que isso, de alguém para proteger você.

            Emily estremeceu, mas não conseguia desviar os olhos dele. E dentro daquela íris amarelada começou a enxergar a cena que ele descrevia.

-A primeira vez que os bullies vieram atrás de você, foi porque estava atrasada um ano, e a chamavam de burra. Mas a culpa não era sua, você dormiu durante muito tempo... depois do acidente.

“O papai só dizia para ignorar e a mamãe não estava lá para te abraçar. Você só tinha um amigo que vinha todas as noites brincar com você e o Canário. E isso a tranquilizava. Mas um dia ele parou de vir[1]( Breu mal conseguiu conter o riso nessa sentença)”

“Os bullies nunca mais pararam de perseguir você e agora não… oh, pobrezinha! Não há mais quem lhe ajudar. Você só tem a si mesma e o dragãozinho que não pode acompanhá-la a escola. O papai proibiu, porque quando o levava, achavam que era maluca! Falando por ai sozinha.”

            Os olhos de Emily estavam cheios de lágrimas quando Breu tomou seu rosto nas mãos.

-Ele não pode, minha querida. Mas agora o Breu está aqui para te ajudar.

-E o que você pode fazer? Ninguém pode ver você. –disse ela, entre alguns leves soluços.

-Emily! Você vai se atrasar. –a voz do irmãozinho veio do andar de baixo.

            Breu coçou-lhe a cabeça.

-Vamos, eu vou te mostrar.

***

-Sophie… Sophie, porque você está brava comigo?

            A menininha não parava para prestar atenção no irmão mais velho. Estava tão chateada que ainda fungava algum choro, caminhando bem à frente com um ovinho colorido entre as mãos.

            Jamie soltou um suspiro e tentou caminhar mais rápido para alcançá-la. Mas quando Sophie notou que a seguia, apressou o passo e virou a esquina.

-Sophie… o que houve? –resmungou ajeitando o cachecol e o gorro. –Menina maluca!

            Logo em seguida suspirou arrependido e correu para alcançar a irmãzinha na rua seguinte.

-Sop… ei!!

            Jamie encontrou a irmã cercada por três bullies, os dois valentões do parque e mais um, que deveria estar um ano a frente de Jamie.

-Jamie! –chorou Sophie, abaixando o rosto e apertando o ovinho no peito.

-Deixem ela em paz! –exclamou, abaixando-se e atirando-lhes uma bola de neve.

            O rapaz mais velho, que tomou o tiro no ombro, virou-se para ele, irritado. Nesse momento, Jamie já estava a sua frente, puxando-o pela gola do casaco, mas por mais coragem que tivesse, Jamie era um só, e um rapaz magro e gentil.

            Acabou jogado na neve ao lado da irmãzinha.

-Você vai tomar uma surra! –bradou o maior deles, o mal-humorado do gorro.

            Sophie abraçou o irmão mais velho, como se quisesse protegê-lo, mas Jamie a empurrou e mandou que corresse em busca de ajuda.

            Então alguma coisa veio voando e acertou o mais velho dos bullies na cabeça. Era uma pedrinha cheia de pontinhos dourados.

-Quem foi o menino morto!? –gritou ele, virando-se para a direção do tiro.

            Jamie viu uma garota da sua idade, parada logo na esquina, com expressão séria.

-E só a Emily. – riu o loirinho, com ar de metido. –Ta fazendo o que aqui, esquisita? Já não te demos uma lição ontem?

-Vai brincar com seu dragão de estimação. –gritou o maior. –Esquisitona!

            Algumas outras crianças e adolescentes que também estavam em direção à escola pararam para olhar. Logo formavam uma pequena multidão curiosa.

-Ou vá tomar os seus remedinhos, problemática. –disse o mais velho. –Não me obrigue a te dar uma lição na frente das crianças.

            Emily franziu o cenho e mordeu os lábios. Talvez fosse melhor fugir antes que as ofensas ficassem piores, mas um sussurro em seu ouvido a encorajou:

-Coragem, mocinha. Eu estou aqui com você.

            A menina olhou para os lados, em busca de Breu.

-Aqui em baixo.

            Então a menina viu sua sombra se agitar. Quando notou, o rapaz mais velho estava a sua frente. Ele arrancou os materiais de suas mãos e atirou-os na neve.

-Dá o fora!

-Dá o fora você! –respondeu Emily contornando-o para seguir em direção a Jamie e Sophie.

-Ei! Não me ignora, sua…

            Emily puxou uma das meninas que assistia a cena e colocou-a entre si e o bully. Jamie ficou surpreso ao notar que era…

-Cupcake! Ele gosta de você! –gritou para que todos ouvissem.

            Enquanto Cupcake ficava vermelha de embaraço, o rapaz ficava roxo. Ainda mais quando começou a ouvir as gargalhadas de seus amigos bullies. Até Jamie não conseguiu evitar um risinho.

-Não gosto não!  Que bobeira! –disse, quase engasgado.

            Agora quem estava irritada era Cupcake. A menina deu-lhe um tabefe e saiu por entre a multidão. O rapaz apontou apara Emily e esbravejou:

-Você me paga!

            E correu atrás de Cupcake.

            Emily abriu um sorriso.

-E você! –exclamou apontando para o loirinho. – Tem uma lagartixa no seu ombro.

-Ein…

            Quando o rapazinho olhou para o lado, as areias de Breu estavam formando um réptil preto e asqueroso em seu ombro. Ninguém mais (além de Sophie, um tanto confusa) conseguia ver o animal, mas o rapaz iniciou um escândalo tão grande que o “publico” ao redor começou a imaginar se realmente não estava lá. Todos entre risos, é claro.

            Emily fez sinal para Jamie pegar Sophie e correr, então virou-se para o terceiro, Sua sombra tremia e ricocheteava areia negra.

-Cuidado com a sua calvície. –disse, e apanhou de sua cabeça o gorro de pele falsa.

            Quando saiu correndo atrás de Jamie e Sophie, ouviu as risadas das outras crianças e adolescentes e olhou por cima do ombro o rapaz, resmungando e tentando esconder as entradas no topo da cabeça.

            Os três correram até o meio de uma mata, rindo sem parar, até perderem o fôlego e caírem de joelhos em uma clareira.

-Viva! Viva! –exclamou Sophie, correndo até Emily e dando-lhe um abraço.

-Isso foi… muito legal, eu nunca vi alguém enfrentar um bully de um jeito tão criativo. –exclamou Jamie. –Como você sabia dessas coisas?

            Emily deu de ombros e sorriu, segurando Sophie para que não caísse na neve. Jamie observou-a com a sensação de que já havia visto o brilho dourado que resplandecia de leve em seus cabelos castanhos.

            Disfarçadamente, Breu se esgueirou da sombra de Emily, até a copa de uma árvore. Apertou o cabo de sua espada e soltou um tom de irritação.

-Esse menino! É o mesmo daquela vez…

-Meu nome é Jamie, essa é a Sophie. –disse o menino, estendo a mão para ajudá-la a se levantar.

-Emily. –respondeu, sem jeito.

            Os dois pararam de frente um para o outro, então notaram que ainda estavam de mãos dadas. Sophie soltou um risinho. Se afastaram e ficaram vermelhos, rindo de nervosismo.

            Então, alguns flocos de neve começaram a cair ao seu redor. Jamie olhou para cima no mesmo instante. Jack Frost estava deitaddo no ar, com um sorrisinho malicioso.

-Estou atrapalhando? –perguntou enquanto pousava no chão, entre os dois.

-Uau! Jack Frost! –exclamou Emily.

-Você está me vendo? Opa! É a menina do Sandy?!

-Você conhece o Sandman?!

-Espera ai! Você sabe quem eu sou?!

-Sim! Eu já sonhei com você!

-Wa! Que maneiro!

            Jamie e Sophie passavam os olhos de um ao outro, sem saber dizer qual dos dois soltavam as exclamações mais empolgadas.

            Breu semicerrou os olhos e afundou-se ainda mais nas sobras da arvore. Sentiu como se um dia já houvesse observado algo daquela posição. Em um dia de neve, há muitos anos. Uma menina de longos cabelos pretos radiava de véu e grinalda ao lado de um belo rapaz, numa noite fria de inverno. E seus olhos amarelos se enchiam da mais profunda dor ao ver, no pedestal, um lugar vazio.

            Aos poucos voltava do seu delírio e via as quatro figuras animadas de três jovens e uma criança, brincando na neve. Tudo bem, por hora, o que importava era que seu plano já havia começado.

 

[1] Sandman some durante algum tempo no filme “Origem dos Guardiões”


Notas Finais


E a continuação logo em breve!


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