-Ele não parece bem. –disse Toothiana, revoando por cima de Noel e Coelhão. –Talvez devêssemos... não sei, dar algum remédio pra ele.
-Ele só está cansado. –disse Noel, ajeitando o cinto na barriga.
-Também, depois de fazer esse monte de brinquedos. –disse Coelhão, levantando Sandman adormecido pela gola de sua roupinha.
-Oh céus… Oh céus! –exclamou Toothiana. –Não é como se a areia dele durasse para sempre! Já está de noite no outro lado do continente, quem vai levar sonhos às crianças?
-Ora, elas podem ficar uma noitezinha sem sonhar, não podem? –disse Coelhão, tentando acordá-lo com sacudidas.
Tudo o que Sandman fez foi roncar.
-Coelhão! –esbravejou Toothiana.
-Podemos fazer que nem daquela vez com os dentes. –sugeriu Noel.
-E você, por acaso, sabe como fazer sonhos? –perguntou Coelhão, sacudindo a pata para limpar a baba que caia da boca do homenzinho.
Noel deu de ombros.
-Knock, knock? –chamou Jack Frost, aproximando-se pela porta. –Algum problema?
-Jack Frost! Ele pode fazer sonhos de gelo. –disse Noel.
-Mas ai elas precisariam estar acordadas para ver. –respondeu Coelhão.
-Ai! Mas que desastre! –exclamou Toothiana.
-Vocês apagaram o Sandy? –brincou Jack. –Só porque eu queria falar com ele…
Jack Frost tirou do bolso canguru de seu casaco um vidrinho de gelo com neve que brilhava em pequenos pontinhos dourados.
-O que é isso, Frost? –perguntou Coelhão, desconfiado.
-É uma história curiosa…
Jack contou aos Guardiões (aos que estavam acordados) sobre a adolescente que tropeçara em seu cajado no parque, e como a perdera de vista enfrentando os bullies que atacaram Sophie.
-Detesto bullies. –resmungou Coelhão.
-Vocês acha, que ela é a ‘Wendy’ do Sandy? –perguntou Jack Frost.
-Wendy? –indagou Toothiana.
-É… quer dizer, os meninos são “Peter Pans” e as meninas são “Wendies”. Não faz sentido? –disse Jack.
-Você não entendeu a metáfora. –disse Coelhão.
Noel levou a mão à barba e coçou a pança.
-Há! É a menina do dragãozinho! Ela já é uma adolescente?
-Ein? –fez Jack.
-Venha cá, Jack. Vou te mostrar uma coisa. –disse Noel, puxando-o até uma estante de livros.
Noel tirou dela o maior e mais empoeirado de todos os livros: um encadernado de vários outros livros muito antigos. Folheou e folheou as páginas até chegar a uma capa.
“Guardiões dos Guardiões”
Escrito, editado e produzido pelo Homem da Lua,
Exemplar especial (e único) de lançamento.
Venda proibida.
Página 1: “Os Guardiões da infância são entidades mágicas e poderosas, escolhidas pelo homem da lua para guardar e proteger as crianças da terra.”
-Eu estou aqui na gravura! –exclamou Jack, animado. –Como é possível?
-Esse livro se renova todo ano. É magia do Homem da Lua. –disse Toothiana.
Página 2: “Mas de tempos em tempos o mal pode despertar na terra. E se a escuridão e o medo abalam a crença, os Guardiões podem ficar à mercê de males maiores”
-Pitch… -disse Jack, passando a mão pela figura antes de virar a página.
Página 3: “Para isso, o Homem da Lua escolheu crianças especiais. Eles não tem idade ou restrições. Apenas um coração juvenil puro e uma fé inabalável em seus Guardiões. Eles são os protetores daqueles que protegem. São os Guardiões dos Guardiões.”
Jack olhou bem a figura. No meio de centenas de rostos reconheceu Jamie e Sophie de alguns anos atrás. E pensou que talvez tivesse visto uma versão mais nova da menina do parque. Eram muitas crianças, com roupas de diversas épocas e países.
Jack se sentiu feliz ao fechar o livro. Então sempre houve crianças para acreditar com fé inabalável.
Ouviram, então, um bocejo.
-Hey Sandy! –disseram os quatro.
-Bom, já que ele acordou, todos de volta ao trabalho! –disse Noel, puxando Jack pelo gorro. –Já, já o natal está ai e você tem muitos brinquedos para concertar.
-Hey meninas! Ao trabalho! –disse Toothiana, partindo com suas fadinhas.
Coelhão deu de ombros e voltou pulando para a organização dos Yetis. Sandman os olhou partir sem nenhuma pista do que havia acontecido. Então viu rolar o vidrinho de gelo em sua direção. Pegou-o nas mãos e admirou o brilho dourado, que agora parecia ainda mais forte.
Um ponto de interrogação se formou em sua cabeça.
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