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História A Origem dos Guardiões: O retorno do Rei dos Pesadelos - Os pesadelos se espalham


Escrita por: Maristb

Notas do Autor


A noite é toda de Breu.

Capítulo 9 - Os pesadelos se espalham


A noite chegou uma vez mais. Breu sentia-se mais forte a cada sonho que se tornava um novo pesadelo para servi-lo. E não eram mais apenas horrendos cavalos. Eram monstros e espíritos malignos que nasciam do medo do escuro.

            Estavam agitados atrás de si, enquanto coçava o queixo e olhava o céu.

-Como eu pensei. –disse, abrindo um sorriso cruel.

            Puxou um cavalo pela orelha e encostou seu rosto ao dele, apontando para cima.

-O que você vê?!

            O animal olhou por um longo instante, então percebeu que, impaciente, o Rei esperava uma resposta. Apenas deu de ombros.

-Animal estúpido. –disse, empurrando-o para junto dos outros. –Não tem LUA! O brilho dos sonhos de Sanderson é a única coisa no céu!

            Os cavalos ainda pareciam não entender sua empolgação. A lua nova não é uma coisa natural? Entreolharam-se sem saber.

-Eu estou cercado de idiotas. –disse Breu, apertando a testa e tentando buscar paciência. –Aconteceu alguma coisa com o Homem da Lua! Por isso me sinto tão forte! Por isso os Guardiões ainda não me encontraram! O Homem da Lua não está vigiando! Nem mesmo durante o dia ele apareceu! SABEM O QUE ISSO SIGNIFICA?!

            Silêncio…

-Que a noite é toda nossa. –disse, apontando para os fios de areia. –Vão.

            Os pesadelos dispararam em direção as casas ao redor, milhares e milhares. Voando como corvos, trotando como cavalos, nadando como tubarões, se espalhando pelo mundo.

-Enfim chegou a minha vez. –disse, abrindo os braços e olhando para cima. –Hm… o que é aquilo?

***

ÍNDIA.

-Senhor, porque olha tão atentamente para os céus? Algo o incomoda? –perguntou o mordomo ao jovem rapaz debruçado na sacada.

-Eu não vi a lua hoje à tarde… e devia ser lua nova, não é? –ele perguntou. A voz de um rapaz humilde, mas cheio de virtudes.

-A lua não está no céu, senhor.

            O rapaz moreno voltou ao parapeito e olhou para o horizonte. Alguma coisa estranha se aproximava das casas, e rápido. Era… escuridão?

-Oh! –fez, levando a mão ao peito, apertando o pingente de seu colar: um dente de leite. Lembrou-se do rosto de uma velha amiga. – Maitreya, prepare nossas malas! Vamos viajar!

-Para onde, senhor? –perguntou o mordomo.

-Para, oh céus, seja lá onde for, o reino da Fada dos Dentes.

***

RÚSSIA.

-Vovó, tem alguma coisa errada com os peixes.

            A senhorinha virou-se para os netos, o menininho veio logo, assustado, se esconder entre suas pernas. Pareciam,os dois, bolos de agasalho fofo. Fazia muito frio durante a noite.

            Chamou-os para perto da lareira.

-O que você e seu irmão estavam fazendo lá fora no meio da noite?

-Nós vimos um bicho e fomos atrás. Olha ali, ele está esperando para entrar.

            A vovó olhou para a janela que a menina apontava e deu um salto, assustada. Correu para a cozinha e tirou do forno uma espingarda de cozinha e tirou do forno uma espingarda de chumbinhos, um brinquedo dos velhos tempos.

            Seus tiros e gritos afastaram o urso de areia preta com o rabo entre as patas. A velhinha ainda parou para xingá-lo de nomes inapropriados para uma senhora de sua idade.

            Ela, então, olhou para o céu.

-Não tem lua…

            Correu para dentro e gritou.

-Ania, se tranque com as crianças! Eu vou viajar!

-De novo mama? Para onde a senhora vai tão perto do Natal? –alguém gritou de volta.

            A velhinha pôs na cabeça uns velhos óculos de aviação.

-Para o POLO NORTE!

***

            Jamie tomou um susto quando Sophie entrou em seu quarto aos berros, ainda mais porque estava tendo um ótimo sonho sobre a festa de Cupcake com Nath. Chegou a aspirar a areia que estava sobre sua cabeça e espirrar.

-O que foi Sophie? –perguntou, bocejando,

-Tem um monstro no meu quarto! –ela berrou, subindo em sua cama, aos prantos.

 -Um monstro, Sophie? –disse, esfregando os olhos para tentar acordar, mas estava muito cansado. – Acende a luz que ele vai embora.

-Ela não acende! Acho que é o bicho-papão! O bicho papão está no meu quarto!

            Jamie sentiu como se estivesse esquecendo-se de algo muito importante. Mas estava tão cansado!  As provas da escola começavam no dia seguinte e ainda tinha aquele teste vocacional… E ele podia ouvir Nath o chamando para dançar em seus sonhos. Mal via ele que o que rodava sua cabeça era, na realidade, areia preta.

-Jamie! Jamie! O bicho-papão está te dando um pesadelo!

-Pesadelo? Bicho-papão? –resmungou, enquanto voltava as cobertas. –Larga de ser boba, Sophie. Bicho-papão não existe.

            Sophie soltou uma exclamação de susto e seus olhos se encheram mais ainda de lágrimas. A menina de preto sobre a cabeça de Jamie deu uma risadinha e lhe mostrou a língua e os olhos de cobra.

-Seu bobão! –gritou, e saiu correndo do quarto.

***

Breu sabia que estava prestes a se deparar com algo magnífico no momento em que reparou na divergência daquela linha de areia das demais. Mas não conseguiu evitar ficar boquiaberto ao ver o brilho que emanava o quarto daquela criança.

Era tão forte que estava assustando seus pesadelos. Olhou-os com reprovação e esgueirou-se para dentro da casa. Viu primeiro um homem barrigudo, babando no sofá, sonhando com um fim de semana feliz com a família. Soltou um rufar de tédio e transformou o sonho em contas e contas a pagar. Como adultos eram tediosos…

            Subiu as escadas, sem deixar de reparar os degraus empoeirados de dourado. Interceptou a linha ao lado da que seguia. Alguém que sonhava em ganhar um cachorrinho, agora passaria a noite fugindo de um lobisomem.

            Chegou à porta do quarto. Podia ver montinhos de areia se formando na maçaneta. Espalhou tudo com a mão para abrir a porta. E quando a abriu…

            … era como estar no próprio castelo de Sanderson, o qual já visitara em outros tempos. Não, era ainda mais magnífico, pois o castelo de Sanderson era feito de pura areia bruta e dourada. Aquela areia que rondava o quarto formava os mais requintados sonhos com os quais já havia se deparado.

            Breu podia ver mundos, pelo menos três, girando em torno de seu próprio sol e várias luas ao redor. Dragões faziam rasantes em sua cabeça, precisava espantá-los como mosquitos, para não pousarem em seus ombros.

            Unicórnios, castelos, fadas, anões, doces, montanhas russas. Podia ver todos os sonhos de crianças juntos naquele quarto. Fechou a porta para não deixar escaparem os aviões e dirigiu-se a cama. Primeiro teve que espalhar a areia sobre o cobertor, então puxou-o para baixo.

-O quê?! –seus olhos não podiam estar certos. –Uma adolescente?!

            Deveria ter 14 ou 15 anos. Cabelos castanhos compridos, cobertos de grãozinhos de areia. Ela até roncava um pouco, de tão entretida com seus sonhos.

            Breu puxou uma cadeira para sentar-se e pensar. Então reparou no sonho que se formava sobre a luminária fraca da escrivaninha. Uma versão mais nova daquela menina pulava na cama de areia de mãos dadas com…

-Sanderson! –exclamou, batendo com o punho e destruindo o sonho.

            A menina estremeceu um pouco, o que deixou Breu a postos para caso ela acordasse, mas ela apenas virou-se de lado na cama e voltou a sonhar com outras coisas. Ainda a vigiando, apanhou no ar um dragão dourado. Enquanto o animalzinho se contorcia, começou a transformá-lo numa espécie de cuspidor de fogo, um monstro corrompido pela areia negra. Quando atirou-o na cama, ainda estava crescendo.

            Então a areia do quarto começou a se agitar ao seu redor, enquanto a menina se abalava. Todos os sonhos se desfizeram e começaram a juntar-se em um só: Um dragão dourado.

            Ele tinha a metade do tamanho de seu monstro, mas seu olhar era bravo e nobre. Lembrava muito certo homenzinho de areia.

            Os dois dragões começaram a se atracar pelo quarto. O dragão de Breu parecia subjulgar o menor a cada ataque, mas o dragão dourado era veloz e sempre escapava de um ataque letal.

            Então o dragão menor voou até o teto, seu peito começou a estufar e, de cabeça para baixo, ele soltou o jato de fogo mais certeiro que Breu já havia visto, destruindo seu dragão em instantes.

            E, agora, era para si que estava voltado o seu olhar feroz. Quando suas asas ruflaram para voar em sua direção, Breu sacou a espada, e o simples brilho do corte da lâmina o fez recuar de volta para a parede.

-Tsc, tsc. –fez, aproximando-se da cama novamente. –Sonho atrevido…

            O dragão recuava mais e mais na parede, a medida que via-se cercado por cordas de areia negra. Prenderam primeiro suas patas, suas asas, então seu focinho. A última coisa que fez foi olhar preocupado, Breu levar sua mão acinzentada aos cabelos da menina adormecida. Então se desfez em um monte de areia dourada.

            Breu acariciou-lhe os cabelos com seriedade. Fechou os olhos e pensou no semblante de uma menina adormecida e ninguém para lhe ajeitar o cobertor. Uma expressão de sofrimento lhe invadiu por um instante e aos poucos foi tomada por um longo riso maldoso.

            A porta e a janela começaram a ser tomadas por uma parede de areia negra. Os dedos de Breu nos cabelos da menina enegreciam toda a areia que cobria a cama. Ela começou a tremer. A lâmpada da luminária trincou.

            E o escuro tomou conta do quarto.

-FIM DA SEGUNDA PARTE-



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