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História A Outra Chance - Baile de Máscaras


Escrita por: P_Imperatrix

Notas do Autor


Essa fic se passa três anos após Stars.
Guia para os esquecidos (eu também não sou boa em lembrar):
Kunzite = Sabakuno Kotei
Zoisite = Saitou Izou
Jadeite = Ishino Midori
Nephrite = Sanjouin Masato

Capítulo 8 - Baile de Máscaras


“Estamos realmente felizes
com esse jogo solitário que jogamos?
Procurando pelas palavras certas para dizer
Procurando, mas não encontrando
Entendendo que de qualquer forma
Nos perdemos nesse baile de máscaras.”


The Carpenters – This Masquerade


– O que diabos eles estão fazendo aqui?

– Haruka, por favor, não faça uma cena – pediu Michiru bebericando sua taça de champanhe. - Usagi-chan ou Mamoru-san devem tê-los convidado – ela paralisou a mão no ar antes que a taça tocasse de novo os lábios maquiados. – Olhe – fez um gesto em direção ao palco –, aquela não é Minako-san? Não sabia que ela iria cantar aqui hoje.

– Pela cara de choque das outras – respondeu Haruka deixando com relutância de lançar olhares ameaçadores para o Shitennou e fazendo um gesto em direção as Inners Senshi que também pareciam surpresas ao ver sua líder, num luxurioso vestido vermelho, adentrar no palco –, acho que não avisou nem para elas.

– Nossa! Ela está tão linda!

– É claro que está. Ela era Lady Helena¹, a mulher mais bonita do mundo, não é mesmo?

– Não sabia que achava isso dela.

– Não acho, ela é, era. Sei lá – Haruka deu de ombros e depois sorriu convencida. – Por quê? – o sorriso se alargou e em seus olhos havia algo mais do que simplesmente divertimento. – Com ciúmes?

Michiru se livrou da taça e colocou os braços enluvados ao redor do pescoço de seu par, que usava um smoking, convidando-a para a dança. Seus lábios se curvaram num sorriso que dizia muitas coisas, nenhuma delas ela adequada para menores.

– Talvez.

oOo

Ami obsevou a cena com seu alarme de perigo piscando. Makoto parecia congelada, Usagi e Mamoru dançavam esquecidos do mundo e Minako iniciava os primeiros versos de “Anata no Youme Mita Wa”. Quando havia ficado famosa o bastante para cantar num lugar como aquele? Ami suspirou, estava passando tempo demais escondida dentro da faculdade... Tirando os momentos roubados no almoço com as amigas, não se lembrava da última vez que saíra sem ser para algo relacionado com seus estudos. Não que reclamasse, amava estudar, mas, às vezes, sentia como se tivesse desperdiçando anos preciosos de sua vida. Sabia que teria muito mais tempo para estudar do que uma pessoa normal e lhe era encantadora a ideia de que era possível, para ela, se especializar em quantos ramos quisesse da ciência que tanto amava. Quem sabe quantas eternidades Mercury ainda teria?! Mas aí que estava. Seria a imortal Mercury. Sua existência como Ami, por outro lado, tinha data para expirar e não iria demorar muito. E a pergunta ecoava em seu cérebro: O que havia feito com ela?

A voz de Jadeite – não, Midori – trouxe de volta sua atenção para o cenário apocalíptico que se desenrolava. Se Makoto continuasse semicatatônica, ela teria que agir para impedir uma tragédia, concluiu aterrorizada. Não era boa naquilo, era boa em estratégias, coisas objetivas. Pessoas era assunto para Minako, Usagi ou Makoto tratar, não ela, não Rei.

Ami sabia que era um erro ter ido a aquela festa. Quando tinham quatorze anos, tudo bem, mas agora com quase vinte era ridículo, para não dizer deprimente, irem todas a uma festa tendo como “par” Mamoru. Mas não era como se alguma delas fosse dizer isso a Usagi e não era como se tivessem alguma alternativa para par. Rei e Yuuichirou haviam tentado, mas não era para ser e ele deixou o templo, Makoto continuava procurando o homem errado em qualquer um que se aproximasse dela e ela, Ami, bem, ela estava sempre muito ocupada estudando para responder às ligações de Urawa-kun que, de qualquer forma nunca estava por perto, de forma que, sem que ela notasse quando, ele havia parado de lhe ligar ou escrever.

A moça de branco suspirou aliviada, Rei havia se retirado e Makoto e Midori dançavam. Alheia, Minako começava uma nova canção, ao que parecia, o fim de mundo havia sido adiado.

– Essa foi por pouco!

Ela pulou com o comentário do homem ao seu lado e se perguntou se a máscara branca que usava disfarçaria o corado nas bochechas, esperava que sim. Cabelos loiro-avermelhados cuidadosamente presos por uma fita de veludo, máscara de cetim azul meia-noite com bordados dourados que lhe escondia metade do rosto e olhos verdes emoldurados por esta, olhos que ela reconheceu instantaneamente.

– S-saito-san! – exclamou surpresa consigo mesma por se lembrar do nome.

– Oh, desculpe. Te assustei?

Ela se recuperou do susto e encarou friamente o rosto mascarado.

– Por que vieram a esta festa?

A pergunta direta o fez se sentir desconfortável, mas ele fingiu não se incomodar tomando um gole da própria bebida e olhando para qualquer ponto que não fosse ela, antes de responder.

– Usagi-chan nos deu convites.

– Mamoru já a levou onde vocês moram?! Sem falar com a gente?

– Não, mas vocês tem que encarar o fato de que os dois querem se relacionar com a gente. Uma hora isso vai acontecer – não iria acusar seu príncipe de algo que não fez ou trair a confiança de Usagi, então não deu maiores explicações. – Achei que você seria mais positiva sobre isso, pelo que disse na casa do Dymion...

Ela suspirou pesadamente e terminou sua taça, escolhendo não terminar de interrogá-lo sobre como haviam conseguido os tais convites, pelo menos não agora.

– Estou tentando – disse num sussurro – de verdade.

Ele buscou os olhos dela, se sentindo menos tenso.

– Onde está seu par? – perguntou olhando em volta. – Que tipo de crápula a deixou esperando?

Certo, a pergunta era pertinente e não era culpa dele se a resposta era embaraçosa. Ela tentou se prender a esse pensamento.

– Está bem ali, dançando com Usagi-chan – tentou soar natural, mas era difícil quando até mesmo ela achava a situação ridícula.

– Endymion? – o moreno dançava com Usagi na pista de dança, pareciam tão absortos um no outro que seus movimentos tinham pouco haver com o ritmo da canção de Minako. – O idiota veio com máscara branca e simples e smoking! No que ele está pensando? Só falta a cartola e adeus disfarce! – ele não parecia somente incrédulo, parecia totalmente horrorizado. – Disfarce esse que é uma porcaria, se você quer saber a minha opinião, aliás, a de qualquer pessoa com o mínimo de senso. Kotei não vai ficar satisfeito, não mesmo.

Ami arregalou os olhos, não sabia que ele falava tanto ou era tão sincero quanto as falhas de seu príncipe, sentiu vontade de rir da situação e o fez escondendo os lábios com a ponta dos dedos.

– Mas como eu dizia, como assim Endymion, aquele poço de inteligência, é seu par? Ele não trouxe a Usagi-chan?

Ami achou curioso que ele tivesse mais intimidade com Usagi do que com o próprio mestre, mas não comentou.

– Sim, ele é meu par, da Usagi-chan e das outras, é quase como uma tradição, Mamoru-san é o par de todas nós desde que viemos ao baile pela primeira vez quando tínhamos quatorze anos – ela baixou o olhar para a taça que tinha nas mãos, sorrindo fracamente enquanto examinava com carinho suas lembranças.

– Até da Venus, digo, Aino-san?

– Minako-chan é diferente... Ela nunca leva um par a uma festa, ela constantemente volta com um... Ou dois.

Ele riu ela sorriu.

– Ela não mudou nada...

Eles deixaram o silêncio reinar por alguns segundos, Izou sentia o olhar quente de Kotei sobre si, mas ignorou simplesmente e terminou sua taça tentando reunir coragem. Ele sorriu e tomou educadamente o copo das mãos de uma surpresa Ami, os colocando em cima do balcão em que estavam escorados. Minako começava uma nova canção, aquela Ami conhecia, era antiga e estrangeira “All Be Seeing You”² fez uma nota mental pra elogiar a versão da amiga, o sotaque britânico havia deixado a balada ainda mais adorável.

– Bem, já que seu par e Albert Einstein estão ocupados e eu não tenho um, me daria a honra?

Ela mordeu o lábio observando a mão enluvada que ele oferecia, se lembrava agora, uma das maiores características de Zoisite era seu cavalheirismo, seus modos delicados e como suas pernas viravam geleia com seu modo suave de agir. Engoliu em seco, certo, era só uma dança, não era um pedido de casamento, não era racional estar tão nervosa. Ela deu uma espiada no rosto dele, seus olhos verdes lhe imploravam para que ela o aceitasse, mas ela sabia que não seria prudente.

– Mizuno-san?

Depois do que pareceram milênios, ela finalmente colocou a própria mão sobre a dele, deixando que ele a guiasse como naquelas bailes de muito, muito tempo atrás.

oOo

– Eu sei que isso vai ser totalmente inútil, mas não, não é uma boa ideia, aliás, é uma ideia muito ruim.

Makoto ouviu-o dizer. Para sua surpresa e irritação descobriu que involuntariamente estava consciente de cada ato que ele protagonizava.

Midori terminou seu uísque e sorriu de um jeito que deu vontade de Masato chorar ou correr para as colinas, talvez as duas coisas.

– Você tem razão. Não adianta avisar mesmo.

– Kotei vai comer você vivo se o lugar começar a pegar fogo por sua culpa.

– Nah, ele vai comer o idiota do Dymion primeiro pela escolha retardada para a máscara e depois o Izou por estar brincando de Don Juan, quando chegar a mim, o fôlego já vai ter acabado.

– Isso se você sobreviver.

– Deseje-me sorte!

– Eu vou, mas para garantir, vou deixar o número dos bombeiros na discagem rápida.

Midori gargalhou enquanto se afastava.

Makoto sentiu seu estômago afundar ao notar que eles estavam se aproximando, quer dizer, Midori se aproximava, Masato continuou onde estava, sabiamente guardando uma distância segura, afinal, não era para menos, já que ao lado de Makoto, Rei estava sentada.

Ela sabia que deveria fazer alguma coisa, mas estava congelada e o amargedom – ok, não o amargedom, mas uma confusão bem grande – se aproximava com olhos azuis e um sorriso travesso.

– Dança comigo?

A guerreira do fogo e da paixão definitivamente não deveria lançar olhares tão frios assim, mas Makoto estava quase vendo o loiro tombar como uma estátua de gelo, quebrando-se em mil pedacinhos com o glacial olhar ultrajado de Rei.

– Credo! Por pouco desviei do iceberg! Achei que você era a senshi do fogo!

Por dois longos segundos Makoto imaginou Rei tirando uma espada da cinta-liga e cortando a cabeça de Midori. Imaginou o crânio dourado rodando pelo ar e espalhando sangue pelo salão como numa cena de filme épico.

Rei se levantou e Makoto, mais do que instantaneamente, se colocou entre os dois, sangue e cabeças voadoras não combinavam com um lugar tão lindo.

– Er... Eu danço com você.

Ele observou a outra levantar a barra do vestido, no mesmo tom profundo de violeta de seus olhos, e se afastar. Provavelmente para estancar a raiva.

– Você não tem nenhum instinto de autopreservação? – perguntou ela enquanto dançavam. – Faltou um pouquinho assim para ela não matar você naquela hora!

Ele sorriu e ela acompanhou o olhar de Midori. Rei estava sentada tão duro que quase parecia dolorido e aquela taça não duraria muito se a morena continuasse a apertá-la assim. Makoto arregalou os olhos ao sentir ele a apertando firmemente

– Oh deus! Diz pra mim que você não está tentando fazer ciúmes na Rei...

– Meus planos são muitos mais ambiciosos Lady Ju – ela tinha esquecido o quão intimamente ele tratava todo mundo, engraçado seu incômodo não era maior do que sua vontade de rir. – Eu vou te rodar e... – anunciou com os lábios quase tocando sua orelha – preste atenção na cara que o Masato está fazendo, dá vontade de tirar uma foto!

Ela corou fortemente.

– Você é completamente pirado...

Ele jogou a cabeça para trás numa risada escandalosa, ela ficou feliz em notar que ele era alto o bastante para que ela pudesse esconder na curva de seu pescoço o rosto corado pela vergonha e o riso sufocado.

oOo

Descobriu que era fácil conversar com a misteriosa mulher de olhos vermelhos e foi seu jeito calmo e conversa afável que o impediu de sair daquele lugar com o seus antigos subordinados como se fossem crianças mal comportadas, antes mesmo de trocar uma palavra com o príncipe ou seu par. O que eles pensavam que estavam fazendo? Como se já não fosse difícil ignorar Venus naquele palco, a presença intensa de sua voz se impondo poderosamente não o estava deixando pensar claramente.

– Você parece preocupado.

Ele voltou o olhar para a mulher num vestido cor de ouro velho e tentou sorrir.

– Impressão sua.

Ela sorriu e lhe ofereceu uma taça de vinho, que ele prontamente aceitou.

– Não se preocupe tanto essa noite Sabakuno-san.

– Diz isso porque já sabe como vai terminar?

Ela riu.

– Então se lembra de quem sou, não poderia esperar algo diferente do líder dos Shitennou – comentou o observando por cima da própria taça antes de sorver um gole –, mas a resposta da sua pergunta é não, digo por que não vale a pena.

– Por que você e Lady Saturn se mostraram tão afáveis conosco?

Setsuna suspirou.

– General Kunzite... Nunca baixa a guarda, não é mesmo? – ela sorriu. – Ao contrário das outras, eu sirvo a Neo Queen Serenity, faço como a família real deseja e Hotaru-chan, além de ser uma menina doce, tem seus próprios demônios do passado e simpatia por aqueles cujo coração já foi corrompido – ela o encarou, como se na expectativa de alguma reação proveniente dele, após suas palavras. O rosto de Kotei permaneceu impassível, ela riu. – Céus! Você não mudou nada mesmo! Ande, uma festa tão alegre não combina com esse tipo de conversa, você esteve passando por muita preocupação ultimamente, Sabakuno-san, permita-se um pouco.

– Seria mais fácil se Izou e Midori não estivessem sendo, bem, eles dois – e terminou a bebida.

– Ok, ok. Deixe isso de lado e dance comigo, me ajude a saber mais sobre os Shitennou para contar as outras depois.

Ele ergueu uma sobrancelha.

– Então é uma espiã?

– Que mãe não é? – respondeu divertida enquanto iam em direção à pista de dança.

oOo

Minako já havia deixado o palco fazia tempo e Ami e Izou continuavam a dançar, não falavam, mas o modo como se olhava a fazia sentir calorzinho gostoso no coração. Não se lembrava de os dois terem chegado a ficar juntos na vida passada, Mercury sempre fora muito tímida e puritana para se entregar a um amor proibido. Mas talvez fosse esse motivo pelo qual Ami conseguisse com mais facilidade se adequar a volta dos Shitennou.

Facilidades nessa vida aparte, era realmente triste, pensava Minako, que eles nunca houvessem acontecido. Coração partido ou não, ela era a reencarnação de Afrodite, romântica incorrigível – pelo menos quando se tratava da vida alheia – e se havia algo de que tinha certeza era que amor perdido ou, no caso das Senshi da lua e os Shitennou, amaldiçoado ainda era melhor do que amor nenhum.

– Hey! – Usagi tirou-a de seus devaneios ao praticamente se jogar na cadeira ao seu lado como uma montanha de chiffon lilás nem um pouco graciosa, Mamoru agora dançava com Rei, Minako sentiu pena dele. – Aquela ali é Setsuna-san? Como ela está linda!

O sorriso de Minako morreu quando olhou para mulher de vestido ouro-velho, ou melhor, para seu par de smoking, máscara preta e cabelos brancos. A loira bebeu num gole a taça que tinha nas mãos e roubou a de champanhe que Usagi havia acabado de se servir.

– Eu sei que reciclagem está na moda, mas ela tem mesmo que se interessar somente por homens que já foram ou são de outra pessoa?!

Usagi pareceu não entender, então olhou de novo para o casal.

– Não pode ser! – ela arregalou os olhos – Aquele não é o...?

Mas Minako não a deixou terminar, nem ao menos pareceu notar que ela havia dito alguma coisa, só esvaziou a taça que tinha na mão e sorriu como uma maníaca.

– Esperta foi você que, quando ela deu sinal de estar olhando para Mamoru-san, - ela estalou os dedos para ilustrar o discurso – a colocou pra mofar no portão do espaço-tempo!

– E-e-eu não fiz uma coisa dessas! – exclamou horrorizada.

– Bem, não você tecnicamente, não ainda. Mas está tudo bem, Usagi-chan - ela deu tapinhas afetuosos no ombro de Usagi, – não é uma crítica – ela se levantou. – Vou lá fora tomar um ar. E onde estão esses garçons? Será que é tão difícil assim servir algo para beber nessa festa?!

– E-eu não fiz isso! Ela já estava lá desde o começo dos tempos, não estava? Oh céus! Será que eu fiz mesmo uma coisa dessas?!

oOo

Já era a segunda dança com Midori e depois de tantas risadas – sua garganta já estava doendo, na verdade – ela esquecera completamente que ainda devia dançar com Mamoru e que supostamente não deveria estar dançando com um inimigo. Suas lembranças do Silver Millennium ainda eram muito embaçadas – lembrava bem menos no que suas irmãs – e não chegara a lutar com Jadeite ou Nephrite nesta vida. Nunca se divertira tanto antes numa festa dançante, normalmente ficava sentada entediada enquanto as garotas pequenas e delicadas dançavam.

A música ia acabando e Midori estava no meio de uma piada, que ela nunca chegou a ouvir o final, assim que a presença de um homem muito mais alto do que ela, mais alto do que qualquer outra pessoa que ela conhecesse, surgiu ao lado de seu par.

– Dizem que uma dama de respeito não dança três vezes com um cavalheiro com quem não está relacionada.

Foi tão repentino que ela não conseguiu nem ao menos esboçar uma reação ao contrário de Midori, que suspirou dramaticamente antes de se pronunciar.

– Parabéns, Masato, sua lendária falta de tato ataca novamente! – congratulou irônico com direito a batida de palmas. – Dama de respeito? Sério? Não o ouça Lady Ju, ele só está com ciúmes!

Makoto observou enquanto o rosto do outro se tingia de um tom quase tão profundo de vermelho quanto seus cabelos ondulados, os dentes trincaram por baixo do maxilar anguloso e os punhos se fecharam de tão firmemente que os nós dos dedos ficaram brancos, então tudo aconteceu muito rápido.

– Me desculpe, Lady Ju, mas você já viu o tamanho dele? Sabe, a Mars é pequenininha, eu posso fugir subindo no meio fio, mas desse daí eu tenho medo. Tenho que preservar meu lindo rosto – ela o ouviu dizer de uma distância segura, isto é, bem, bem longe de Nephrite.

Desnorteada demais para se enfurecer com a situação, ela olhou para cima encarando aqueles olhos, eram azuis? Eram verdes? Não sabia definir, o tom parecia ficar para sempre no limiar entre as duas cores, eram brilhantes, nunca vira olhos assim antes. Aliás, ele não se parecia com ninguém que ela havia conhecido antes.

Soltou uma exclamação abafada quando uma nova canção começou a tocar, era algo bem lento e sensual, talvez Kenny-G. Os dois se encararam. Estavam parados no meio da pista de dança e ele não tinha muita certeza se o corado no rosto dela era de vergonha ou de raiva.

Ele lhe estendeu a mão, convidando-a para dança.

– Por que eu deveria dançar com você? “Lavar minha honra?” – perguntou irritada.

– Desculpe pelo que eu disse, eu digo coisas bem idiotas, vez ou outra.

– Você foi bem rude – mas colocou a mão sobre a dele, gostava de dançar e não era como se tivesse muitas oportunidades, sem falar que, era estranho ficar parada quando todo mundo estava dançando.

– Normalmente sou, quando estou nervoso – eles começaram a se mover e ela, a sentir a raiva borbulhando em suas veias por outra coisa.

– Por que estaria nervoso? – não soube bem o motivo pelo qual sua voz saiu num sussurro.

Ele somente sorriu, estava a olhando como fizera no jantar na casa de Mamoru, ela se sentia quente e exposta, apostava que seu rosto estava terrivelmente corado.

Então, sem que nada a avisasse da mudança, o sorriso dele morreu, os olhos de cor misteriosa se tornaram opacos, o cenho franziu uma expressão de óbvia dor. As mãos dele deixaram a cintura de Makoto e o corpo se afastou do da moça quase com violência, como se sentisse repulsa, ele parecia meio verde, como se fosse passar mal a qualquer momento.

– Você está bem? – perguntou tocando-o gentilmente no braço.

Toque que ele repeliu num gesto quase raivoso, o olhar que ele lhe lançou foi terrível e lhe atingiu uma ofensa direta. Masato deu as costas e desapareceu no meio dos outros casais sem lhe dirigir outra palavra.

oOo

Minako inspirou o ar perfumado do jardim, era sempre lindo com todas aquelas rosas. Sempre se surpreendia com a variedade dos tons de cores, embora depois de todos aqueles anos, o aroma sempre se resumia em sua mente ao: “Cheiro do apartamento de Mamoru-san”. Ela sorriu com o pensamento.

– Oi? – ela se virou, a luz quente dos lampiões de jardim adicionada a sua vista comprometida criava um efeito engraçado na imagem que ela via dos cabelos dele, como uma auréola, ela riu com a ideia, se tinha alguém que não era anjo esse era Jadeite. – Você está bem? Usagi-chan está preocupada.

Minako riu sem humor e terminou outra taça de champanhe, fez biquinho antes de descartar o objeto de vidro, era sua última.

– Vocês viraram mesmo paga-paus dela, não é mesmo? – Midori ficou sem saber o que responder. – Mas quem não é? Não é mesmo? Só não sei, – disse ela apertando os olhos em fendas, talvez para criar um efeito mais “assustador”, talvez porque já estivesse vendo tudo dobrado – se isso é mesmo o “efeito Usagi” agindo sobre vocês ou se é só encenação...

Ele não gostou. De Rei seria natural, mas não esperava esse comportamento vindo dela.

– Acho que você está bem, então – e fez que ia sair.

–Hey! Hey! Hey, hey, hey! Não está fazendo direito, eu ainda estou aqui fora, frágil ao relento e muuuito bêbada – ela riu ou soluçou. – Me diga, afinal, o que diabos estão fazendo aqui? Sabiam que nós estaríamos aqui, por que Mamoru os convidou? Ele está tentando enfiar a guardinha dele goela abaixo das minhas senshi e eu, ou o que?

Midori respirou fundo decidido a ignorar atitude extremamente defensiva dela, não se irritaria com uma garota bêbada, tinha cinco irmãs mais velhas, estava acostumado com garotas bêbadas.

– Kotei disse que Usagi-chan apareceu com convites com os nossos nomes e suplicou que viéssemos – disse simplesmente enquanto arrancava uma rosa amarela da sebe ao seu lado e sentia o aroma.

Minako sorriu reprimindo o usual impulso ferino de flertar com ele.

– Sabe, você é charmoso demais para o seu próprio bem.

Ele jogou a cabeça para trás numa gargalhada.

– Realmente V, você está mesmo muito bêbada – ela riu com ele e aceitou a mão que ele tinha estendido. – Vem, eu danço com você dessa vez.

– Vai é? – ela deu um soquinho no ombro dele o que a fez cambalear. Rapidamente, Midori a fez enganchar o braço em seu próprio de forma que parecesse que eles apenas estavam andando de braços dados e não ele praticamente a carregando.

Mas Minako estragou o efeito deitando preguiçosamente a cabeça no ombro dele. Talvez fosse o álcool, talvez a culpa fosse de Arthemis que passava muito tempo como gato, mas percebera que sentia falta da amizade que costumava ter com o general piadista de Endymion.

– Pronto – disse ela se separando dele assim que alcançaram o portal para o salão –, posso me virar sozinha agora, pode ir.

– Nossa que insensível! – ele fez biquinho caricatamente. – Achei que a dama me daria pelo menos a honra de uma dança.

Ela gargalhou.

– O senhor é um cavalheiro muito atrevido. Não ficou satisfeito em me ceder o braço? Dança? Nosso namoro ainda não chegou nesse estágio.

Ele cruzou os braços e lha lançou um olhar divertido.

– Você só está com medo da Rei...

– É claro Shitennou, eu estou bêbada, não louca – ele riu – Mas uma correção: Não estou com medo da Rei-chan, só acho desnecessário aborrecê-la agora e também não confio em mim bêbada perto de você.

Ele sorriu, charmoso como sempre.

– Senti sua falta Helena.

– Ora, não me chame assim! – ela abanou com uma das mãos. – Mas não está magoado comigo? Pelo meu voto negativo?

Ele suspirou longamente e seu sorriso se tornou triste.

– Não estamos em posição de guardar mágoa de ninguém a não ser nós mesmos, Minako – ele disse o nome como de experimentando as sílabas. – Sabe que combina melhor do que Helena?

Ela riu e caminhou, deixando-o para trás com um último tapinha afetuoso em seu braço.

Helena¹: Eu já tinha decidido que o nome da Minako seria Helena faz um tempo. No mito da Guerra de Tróia, nós conhecemos Helena como filha de Zeus, a mulher mais bonita do mundo, irresistível e fadada à desgraça, principalmente no amor. Combina bem com a nossa Mina-chan e ainda foge do típico “Afrodite”, né? Daí um li uma fic em que o Jade compara os personagens de Sailor Moon com os de Willian Shakespeare – sim o fandom de SM é culto cof cof – e ele diz que a Mina seria a perfeita Helena de “Sonho de Uma Noite de Verão”, eu quase cai da cadeira antes mesmo que ele explicasse porque. Helena era stalker (ela perseguia Demétrio que era um soldado bem nascido, rico e relativamente famoso, ou seja, um Idol na Grécia Antiga XP), obsessiva e voluntariosa, ninguém a chamou para aquela floresta e ela foi assim mesmo! Hahahaha Bem Minako, não? Interpretei Helena no colegial... Foi horrível, esqueci todas as minhas falas na hora Hahahahahahaha Pelo menos não foi num teatro cheio como aconteceu numa outra vez... Mas abafa, adoro escrever coisa inútil em nota de fic, né?

BTW na fic Mamoru/Usagi = Romeo/Julieta, algo como “vocês se amam e todo mundo morre” hahaha E a Usagi e a Julieta morreram da exata mesma forma né... E ainda tem o fato de Endy e Romeo serem pedófilos em potencial... Tsc, tsc, tsc.

 


Notas Finais


N/A: *Voz do Paul Wesley*No próximo episódio de The Sailor Diaries... Hahahaha Só faltou o sangue falso e as sobrancelhas dançantes do Ian Somehalder para ser um perfeito baile de Mystic Falls, né gente? LOL Rei seria Bonnie porque as duas são macumbeiras e chatas (mas eu gosto da Rei, já da Bonnie...), Minako seria a Caroline porque eu amo a Caroline e as duas são as loirinhas felizes que só se f*dem, Usagi seria a Elena só por ser a principal e Jadeite o Klaus porque ele também gosta de colocar fogo nas coisas. Mas porque ele não é o Damon? Ele não ficou bêbado o bastante para cumprir o requisito Hahahahahaha

A músicas que Minako cantou foram: “Anata no Youme Mita Wa”, que é uma das músicas que está na trilha sonora do anime cantada pela seyuu da Sailor Venus e “I’ll Be Seeing You” que é uma música muito fofinha da Billie Holiday, no original eu tinha escolhido “All Of You” da Ella Fitzgerald, mas achei que a primeira combinava melhor com Ami/Zoi... De alguma forma eles se tornaram meu “Jazz Couple”, sei lá porque O.o

A cena Haruka/Michiru não serviu para nada na história, mas desde que revi Super S, tenho sentido vontade de escrever algo com o ilustre “Ciúmes? Talvez.”, vai ver do mesmo modo em que eu amadureci a ponto de começar a realmente gostar da Chibiusa – ainda acho que esse tem mais haver com hormônios e o fato de eu ter atingido a idade reprodutiva, porque comecei a me sentir assim quando a vi no Sera Myu era a coisinha mais gute-gute-apertável *0* – eu tenha amadurecido o bastante para gostar da Michiru... Nah, eu ainda não vou com a cara dela Hahahahahaha Anyway, ódio eterno pela violinista ou não, eu sempre shipparei Haruka/Michiru ♥ Quem não shipa? XP

E sinceramente não sei ainda a razão de ser da cena Kunz/Setsuna, aliás, não lembro, mas existia! A culpa é da LovelyLytton e aquela fanfic viciante dela se eu não lembro mais!

E geeeeeente, o que foi aquele ataque de pelanca do Neph? O.o

Reviews?

Kisses


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