História A Part of Me - O homem bonito do violão

E mais um dia eu estava naquele lugar. Procurar um cara, que por acaso eu acho um tanto quanto atraente, com roupas surradas e cantando com o seu violão no meio da praça acabou se tornou um hábito para mim. Já estava completando duas semanas que eu fazia um caminho mais longo ate o meu trabalho só para ouvi-lo cantar por uns instantes.

Meus olhos estavam o procurando quando ouvi sua doce voz, ela me fez relaxar instantaneamente, é estranho isso, não é? Como é que pode a vida de um cara bem sucedido, pé no chão, se tornar essa bagunça por causa de uma simples voz?

Não tive muitos momentos felizes no meu passado, na verdade, poderia conta-los nos dedos. Tive uma vida muito conturbada por causa da minha mãe e suas más escolhas, eu a amava e era recíproco, mas naquela época parecia que o universo todo estava contra nós. Hoje tenho uma vida ótima e com boas oportunidades, mas poucas coisas realmente me dão prazer, porém esse homem de roupas surradas se tornou meu vicio, talvez eu esteja me precipitando demais, mas qual é o problema de ter algo que te faz bem, não é mesmo? Contanto que eu mantenha distancia dele tudo vai continuar bem, eu acho.

Como de costume apreciei sua voz por alguns minutos e lhe dei uns trocados, que por sua vez me retribuiu com um doce sorriso, quase me fazendo sorrir de volta, mas eu precisava manter a minha pose então só segui meu caminho. Isso era o que eu pensava em fazer.

- Hey – ouvi a linda voz me chamando.

- Oi? – soou meio confuso, mas eu ainda estava meio incerto se deveria estar ali.

- Você vem muitas vezes, não é? Sabe, eu poderia te pagar um café qualquer dia desses – ele dizia aparentando estar envergonhado e coçando sua nuca, mas continuava com um lindo sorriso no rosto.

- Er... não sei se eu devia – na verdade, eu queria sim.

- Ah, me desculpa, eu devo estar incomodando mesmo, é só que eu achei que talvez... você tem todo esse direito sabe, eu nem deveria estar aqui, nem é da minha con... – ele não parava de falar um minuto e já estava se atrapalhando todo.

- Tudo bem – eu disse brevemente e sem pensar.

- O que? – disse arregalando os olhos, que fofo.

- Podemos nos encontrar mais tarde, quando eu sair do meu trabalho – ok, agora eu realmente não posso mais desistir, parabéns Kim KiBum.

- Claro! – ele respondeu tão depressa que não pude evitar soltar um risinho, o que deixou ainda mais envergonhado, mas o sorriso não saia nunca de seu rosto.

Combinamos de nos encontrar em um café ali perto, percorri o caminho todo do trabalho pensando se eu realmente estava fazendo uma coisa certa em sair com aquele cara, afinal, nunca sai com cara nenhum. Na verdade, nunca me interessei em ninguém, como eu poderia fazer isso agora?

***

- Omma! – foi a primeira coisa que eu ouvi quando atendi o telefone.

- Oi, Tae, por que está me ligando essa hora? – respondi enquanto editava um artigo para a revista.

- Eu não sei, só achei que talvez você tivesse algo para me contar – e então eu ouvi uma risadinha no fundo.

- Eu não consigo entender como você sente essas coisas, sério, é anormal!

- Você pensa em me contar algo e eu sinto, é simples, nós temos uma conexão incrível – ele disse se gabando, como se realmente fosse algo importante para se gabar.

- Eu acho que tenho um encontro – falei em um tom mais baixo, não que alguém fosse escutar, mas né, nunca se sabe.

- SÉRIO? – preciso dizer que quase fiquei surdo? – É aquele homem bonito da praça, não é? Wow, isso é maravilhoso! Mas como você conseguiu? Ele que te chamou, é claro, você nunca teria o feito...

- Ok, Taemin, eu entendi... e sim, foi ele quem chamou, eu tentei não aceitar, mas não consegui...

- Omma, você precisa se divertir mais, não tem nada de ruim você se encontrar com ele! Mas eu preciso ir agora, tchau – o mal educado mal terminou de falar e já desligou na minha cara, ok então né.

Taemin é um garoto adorável, eu o conheci enquanto estava andando por ai após uma fase difícil, ele era apenas um garotinho chorando no parquinho quando eu o ajudei a se livrar de uns valentões, descobri que ele possuía problemas com a sua família então não recebia a atenção que necessitava. Ele estava sozinho, eu estava sozinho, acabamos nos apegando um ao outro e criamos essa relação que temos agora, ele adquiriu essa mania terrível de me chamar de omma, mas é algo tão carinhoso que eu apenas resolvi não me incomodar.

Ele ainda é um estudante de ensino médio que aspira ser dançarino, um sonho difícil, mas ele é incrivelmente talentoso e dedicado, não duvido que consiga. Tae é a única pessoa realmente próxima de mim, por algum motivo não consigo manter relações com as pessoas a minha volta, com o tempo eu acabo as afastando, talvez esse seja o meu karma.

***

“Socorro!”, era a única coisa que eu conseguia pensar nesse momento. Eu estava na frente do café onde eu combinei de encontrar o cara de roupas surradas, que por algum acaso não sei o nome ainda, ai meu deus Kim KiBum, você sai com um cara que nem sabe o nome?

Eu estava prestes a começar outra discussão interna quando me deparei com um par de olhos castanhos me encarando juntamente de uma expressão feliz. Esse homem, ele ainda me mata. Decidi entrar logo, antes que eu me confundisse mais.

- Oi – aquele homem lindo exibiu mais um novo sorriso para mim – Sou Kim JongHyun, notei que não dissemos nossos nomes mais cedo, espero que não tenha sido um grande problema – ele dizia e mordia o seu lábio inferior. Quando eu disse que esse homem ainda me mata, é porque realmente pode acontecer.

O que eu estou fazendo? Horas atrás eu só estava o observando de longe e achando que nunca na vida iria me aproximar dele e agora estou pensando em como vai ser a minha morte causada por esse cara maravilhoso que esta na minha frente? Kim KiBum, você está ficando louco.

- Sou Kim KiBum, mas todos me chamam de Key – esbocei um leve sorriso no final, tentando não demonstrar insegurança.

- Hum... você tem problemas com “KiBum”? – ele perguntou desconfiado.

- Na verdade não, é só que no meu ramo é mais fácil ter um nome mais único – eu lhe disse a verdade e ate me sentindo mais a vontade.

- Então vou te chamar assim, prefiro ser único – ele disse piscando, PISCANDO! Senti o desconforto voltando na mesma hora, cadê aquele homem tímido que estava aqui ate agora pouco? Ele apenas riu da minha situação, no final eu acabei rindo junto.

Ele realmente poderia ser o motivo da minha morte.