História A Part of Me - Um pouco do passado?

Dois meses se passaram desde o meu “encontro” com o JongHyun. Foi um tanto constrangedor no começo, mas com o tempo eu me senti confortável com a presença dele. Naquele dia ele fez questão de me acompanhar ate o meu prédio e se despediu de mim com um beijo na bochecha, não estava nas minhas expectativas apenas um beijo na bochecha, mas de certa forma isso me deixou mais feliz. Todos os dias eu recebia mensagens de bom dia e isso me causava um bom humor enorme, ate as pessoas do meu trabalho repararam nisso, inclusive eu estava me relacionando melhor com eles também.

Descobri que JongHyun não era apenas um cantor de rua com roupas surradas, na verdade ele trabalhava em uma escola de música e era um professor que todos adoram – afinal, quem não o adora? -, os trocados que ganha cantando por ai era doado para uma instituição onde ele se voluntaria as vezes cantando para os pacientes e era onde seu melhor amigo, JinKi, trabalha. Eu me pergunto ate hoje como pode existir uma pessoa tão boa assim.

Nos encontrávamos quase todos os dias, ele costumava me acompanhar ate em casa, na quinta vez eu tomei coragem para me despedir dele com um beijo. Foi o nosso primeiro beijo e o primeiro que eu realmente dei gostando de alguém. Desde então descobri que a minha felicidade estava ali, meus momentos com ele não eram diferentes e nem nada do tipo, mas sim momentos simples e pela primeira vez na vida eu estava feliz compartilhando a minha vida com alguém. Apenas Tae tinha um espaço especial na minha vida, mas eram sentimentos diferentes.

Depois de um mês que eu o conheci tomei coragem para convidá-lo para subir ao meu apartamento, sempre estive inseguro em relação a isso e ate mesmo JongHyun sentia isso, tanto que ele nunca insistiu em nada, ele sempre esperava eu dar o primeiro passo. Foi um tanto constrangedor, mas ele era sempre tão carinhoso que não tinha nem como eu me arrepender. Naquele mesmo dia ele finalmente me pediu em namoro, apenas para deixar oficial, pois nós dois já estávamos completamente entregues um ao outro.

- É Kim KiBum, você já não é mais o mesmo – eu deixei escapar em um tom baixo.

- Amor? O que aconteceu? – o ser que estava ao meu lado me perguntou com os olhos ainda fechados.

- Nada não Jjong, só estava pensando alto – eu disse e me aconcheguei melhor em seus braços. Ele apenas beijou minha testa e me abraçou fortemente.

Quem diria que eu, o incrível KiBum, que não deixava seu coração aberto para ninguém, iria se apaixonar assim? Eu não acreditava no amor, achava que era apenas uma ilusão das pessoas, coisa que elas criavam apenas para se sentirem bem e não solitárias. Mas se isso é se iludir, eu só gostaria que durasse para sempre.

***

Acordei com o meu celular tocando, sai tateando por todos os lados o procurando.

- O que aconteceu? – Jong acordou assustado com a minha movimentação.

- Estou procurando o meu celular, ele não para de tocar! – eu disse já me levantado, ate que eu o vi em cima da mesinha que havia ali no meio do quarto.

- Ele esta tocando? – Jong ainda continuava confuso.

- Como você tem sono pesado JongHyun – eu comentei rindo - é o TaeMin, vou atender e já volto – eu disse indo para a sacada e ele apenas resmungou algo sem sentido – Oi Tae, aconteceu alguma coisa? Está tão cedo.

 - Omma, você pode me encontrar? – meu bebê estava com voz de choro.

- Por que sua voz esta assim? – comecei a me desesperar e notei que ele também estava – tudo bem, é claro que eu posso, onde você quer me encontrar?

- Na verdade, estou na frente da sua casa.

- Já estou indo aí – eu disse e desliguei sem nem avisar tamanho era o meu desespero e corri pelo quarto pegando os meus pertences.

- Você já vai? – JongHyun me perguntou, eu quase me esqueci dele por um momento.

- O Tae está com problemas, desculpa Jong, eu preciso ir – eu disse logo lhe dando um breve selinho e sai quase que correndo, nem o deixei me responder, coitado, mas espero que ele me entenda.

***

Em quinze minutos eu cheguei no meu prédio. Assim que a porta do elevador se abriu no meu andar eu dei de cara com o meu bebê sentado no chão, encostado na parede. Sua aparência estava horrível, ele estava com o rosto todo inchado por causa do choro, havia alguns rasgos em suas roupas e claramente sua pele estava com hematomas.

- TaeMin, o que fizeram com você? – eu disse correndo em sua direção e o abraçando – vamos entrar antes que alguém te veja aqui.

Abri a porta do meu apartamento e o ajudei a se levantar. Deixei-o sentado no sofá e fui aquecer um pouco de leite para acalma-lo. Estava passando um turbilhão de coisas pela minha cabeça. O que fizeram com o meu menino? Por que ele esta nesse estado? Tae sempre foi um garoto tão alegre, ele nunca me contou nada que o chateasse e de repente me aparece assim? Eu me arrependo tanto de não ter dado atenção para ele durante essas ultimas semanas, talvez se eu não estivesse saindo tanto com JongHyun ele não estaria assim, ou pelo menos eu saberia um pouco mais do que está acontecendo.

- Você sabe que pode me contar tudo, não é mesmo? – eu lhe disse estendendo a caneca com o leite.

- Eu só não queria te incomodar, mas eu não tinha nenhum lugar para ir, desculpa – ele deu um sorriso sem graça.

- Lee TaeMin, em todos esses anos você ainda não entendeu que não me incomoda? Você deve me contar quando tem algo te incomodando, olha só o seu estado! Não é algo que a gente possa ignorar – eu falei olhando atentamente para ele, mas este estava olhando apenas para baixo.

Um silêncio longo e doloroso se estabeleceu na sala, ele apenas bebia o leite como se estivesse tomando coragem para me contar o que havia acontecido. Cada segundo que se passava minha agonia aumentava cada vez mais.

- Minha mãe Key, ela usa drogas e eu nem percebi – sentia a amargura em sua voz – você sabe que não somos próximos, mas ainda é a minha mãe! Faz dois meses que eu descobri, eu estava com tanta vergonha que nem quis te contar... mas o pior de tudo é que ela formou dividas por causa disso, é claro que formou, só que mal temos dinheiro para nós mesmo! – ele dizia levantando a sua voz cada vez mais, quando notou respirou mais uma vez, abaixando o seu olhar, enquanto isso eu apenas o observava tentando digerir toda a história – Eles fizeram isso comigo. Eles estavam atrás da minha mãe por causa de dinheiro, mas ela não estava, então eles me usaram como um ultimato. Eles me usaram! – ele repetiu a ultima parte, sua expressão era de nojo, mas eu podia ver lagrimas se formando em seus olhos, automaticamente eu o abracei com toda a minha força e então eu me permiti chorar em seus ombros também.

A cena inteira se formou na minha cabeça. Mas não era TaeMin que estava lá. Não era só imaginação. Era uma lembrança e eu sabia exatamente pelo o que ele estava passando.