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História A pedra de Lazrok - Merda!


Escrita por: LumaRubanov

Notas do Autor


Não se assustem com o número de palavras.

Capítulo 1 - Merda!


Abro a porta de minha casa e lá está ele. Sua altura mediana como a minha – Ok. Um pouco mais alto. – e seus cabelos bagunçados em um tom de vermelho escuro assim como sua pele. Ele me encara com seus lindos olhos de íris branca e então diz:

— Isso é uma péssima ideia, Ayah!

— Cala a boca, Hadrian! Isso vai ser ótimo!

Agarro sua camisa e puxo-o para dentro. Fecho a porta e sigo para sala de jantar, que é onde fica o escritório do meu pai. Hadrian caminha logo atrás.

Meu pai é um grande cientista. Um dos mais geniais. Formou-se cedo na academia de magia, em Naatika, a cidade dos cientistas, e conquistou vários prêmios. Eles estão todos sendo exibidos em uma prateleira na sala de estar. Eu sempre os admiro e espero um dia alcançar minha própria prateleira de prêmios. Meu sonho é me tornar uma grande cientista assim como meu pai.

Mas o melhor de todos não está na prateleira e sim em seu escritório, enquadrado, posto ao lado do primeiro quadro que minha mãe pintou para ele. A Licença.

Cientistas só podem usar magia em prédios específicos para isso e por causa disso o sonho de todo cientista é ganhar a Licença. Ela te da permissão de praticar magia quando você quiser, onde você quiser. Mas é proibido o uso de magia em frente a não-cientistas – Eu – o uso de magias que podem prejudicar o bem-estar dos cidadãos a sua volta. Poucos a conseguem e eu com certeza serei um deles.

A Licença deu a meu pai a liberdade de ter seu próprio laboratório em casa, porque além de grande cientista, ele é um inventor. Ele queria a licença para poder trabalhar em suas próprias invenções sem que ninguém pudesse dar palpite. O laboratório é muito importante e só meu pai entra nele.

Entrar nesse laboratório é meu segundo objetivo de vida, mas como eu sou muito nova para o primeiro, o segundo se tornou uma prioridade. E – Informação Confidencial – ele fica no escritório do meu pai.

— O seu pai é bem assustador, sabia?

Viro-me para olhá-lo e ele se esbarra em mim. Sei que Hadrian quer ir ao laboratório tanto quanto eu. Conheço-o desde sempre. Nossas famílias são amigas por gerações. Então crescemos juntos. Mas ele sempre faz o teatrinho de “eu sou responsável” só porque é dois anos mais velhos que eu e fica me perturbando.

— Olha, já que você está duvidando do meu maravilhoso, genial e infalível plano de invasão. Espera aqui na sala sentado nesta linda cadeira e quando eu voltar lhe conto os detalhes.

— Eu não vou abandonar você. Somos parceiros. Vou estar sempre ao seu lado.

Tão curioso quanto eu.

Paramos em frente à porta.

Finalmente alcancei meus 16 anos, velha o suficiente para ter a casa só para mim, por um curto período de tempo. Então, ontem, meu pai saiu em uma viagem de trabalho e ele ficará quatro dias fora. Hoje, minha mãe fez o mesmo. Só que meu maior problema é que não sei quando ela voltará. Resumindo, ela foi fechar negócio com uma empresa interessada em suas habilidades artísticas e, se tudo der certo, ela ficará o resto da semana lá trabalhando no projeto, se não ela volta mais cedo. Só que ela não exemplificou o “mais cedo”. Mas ainda acredito que terei tempo suficiente.

O plano é simples. Meu pai não sabe, mas eu tenho uma cópia da chave do escritório dele. E não foi muito difícil de conseguir. Quando entrarmos, teremos que procurar a entrada do laboratório, que, com certeza, essa é parte mais difícil. Assim que acharmos, eu usarei magia para abrir. Há duas semanas, pedi para Hadrian construir uma escuta para mim. Hadrian possui uma família cheia de engenheiros e mecânicos. Ele é uma mistura dos dois e posso dizer que ele é o melhor da família, mesmo tendo apenas dezoito anos. Implantei a escuta no escritório do meu pai e descobri o feitiço para abrir a porta.

Orgulho de mim.

Foram muitos anos construindo uma confiança com meus pais para este dia, sem deixar com que eles sequer imaginassem que eu teria tal interesse. Essa invasão vai ser um sucesso.

Destranco a porta e entro no escritório, com Hadrian ao meu lado. O escritório em si não tem nada de tão espetacular. Já estive aqui milhares de vezes. Há uma estante de livros à esquerda. Ela é feita com uma madeira mais escura, com gravuras tralhadas nas extremidades. Realmente muito bonita. Lembro que foi presente do pai de Hadrian, feito a mão pelo mesmo. Meu pai ficou sem palavras. Se tem uma pessoa que eu admiro mais que o meu pai, é o tio Heinz. Ele é demais!

Do outro lado, há quadros pintados por mim na infância – Sabe? Daqueles que você nunca consegue saber o que está acontecendo até a criança te explicar que é a família num lugar bem bonito nas férias, mas você ainda continua sem entender nada e diz “Nossa que lindo!” – e quadros maravilhosos pintados pela minha mãe. Uma longa mesa centralizada na parte do fundo do cômodo com uma poltrona que parece ser maravilhosamente confortável. Vejo Hadrian se jogar na poltrona, que gira com o impacto.

— Onde está a tal porta mágica? Não estou vendo porta nenhuma.

— Lógico que não. Não seria tão fácil assim. – Ele ri.

— Claro. Seu pai queria que essa invasão fosse um desafio para você.

Ignoro-o e observo o quarto a minha volta. Tentando pensar como meu pai. Se eu tivesse um laboratório onde eu o esconderia? Eu esconderia... Não dá para pensar como meu pai! Ele é doido e imprevisível!

Aproximo-me da parede ao fundo. Procuro no chão alguma pista. Algo que não deveria estar ali. Nada. Atrás da poltrona, na parede, está a Licença. Admiro-a. Pode ser apenas um pedaço de papel com coisas escritas e assinaturas de gente importante, mas acho muito mais bonito que qualquer troféu na prateleira da sala. Olho para o quadro ao lado e penso se teria algo ali. Chuto a poltrona com Hadrian para longe e passo a mão envolta do quadro delicadamente. Mas não acho nada. Frustrada, olho para Hadrian, que está em pé, olhando a estante de livros, e noto que perto de seu pé, há uma pequena mancha amarronzada, quase se camuflando com o carpete. Coloco a poltrona do meu pai de volta em seu lugar e ajoelho-me para olhar a mancha bem de perto.

— Pó de Guhtak.

Hadrian de ajoelha para observar também.

— Isso não é perigoso? Esse cheiro sempre será bom!

Guhtak é uma pedra rara encontrada em montanhas ao sul. Quando triturada seu cheiro adocicado se intensifica. Pode até parecer ter um gosto bom, mas quando ingerida se torna um veneno letal. É mais utilizada em experimentos científicos. Quais? Eu não sei. Meu conhecimento acerca do mundo científico vem basicamente do meu pai, já que ainda não tenho idade para estudar magia. Mas como meu pai está sempre trazendo itens perigosos para casa, ele acha importante manter informados tanto eu, quanto Hadrian que é o maior frequentador dessa casa, para não acabar nos matando sem querer. Eu achei isso ótimo!

A mancha parecia ter sido cortada em uma parte.

A porta fica no chão! Olho sorridente para Hadrian, que logo se levanta e da um passo para trás.

Sabe mesmo abrir isso?

— Você sabe que eu sou boa com magia.

— Magia ilegal.

— Não se prenda aos detalhes.

Ele ri e se afasta mais um pouco. Tento não me ofender e toco o chão com uma das minhas mãos. Se tiver algum encantamento aqui, eu serei capaz de sentir. Fecho meus olhos e arrasto minha mão devagar. Sei que pareço experiente, mas é a primeira vez que faço isso e não sei bem se dá mesmo para sentir um encantamento, mas na teoria...

Consigo sentir!

É uma sensação bem fraca, mas ela está ali.

De acordo com o que meu pai me disse, a magia é um tipo de energia contida em cada um, que varia de pessoa para pessoa. Algumas, como eu e meu pai, têm facilidade em lidar com a magia, mas outras nem tanto. Esse é um dos maiores mistérios da medicina e da ciência que ainda não foi encontrado um porquê. As palavras dos encantamentos são algo extremamente importante, pois elas servem para guiar aquela energia que você possui para alguma coisa específica.

Respiro fundo e tento sentir a energia em meu corpo fluindo e passando por todos os meus membros. É como se uma brisa gelada passasse por minha pele dos braços subindo para os ombros e chegando a minha cabeça. Meus pelos se arrepiam. Eu particularmente adoro essa sensação. Sinto esse frio transitando de minha mão até a cabeça e sei que estou pronta. Abro meus olhos e digo:

 

Kaiderül Mivan Elrejve

 

A sensação some e levanto-me. Hadrian e eu ficamos em silêncio por um tempo e nada acontece.

— Seus olhos brilharam! – Comenta Hadrian.

— Acontece quando estou muito concentrada. Eu já vi acontecer antes.

— Você fez certo? Era para acontecer algo, não?

Antes que eu pudesse respondê-lo, escutamos um click e de repente abriu-se um buraco no chão, em um baque, assustando nós dois. Foi como se o chão deslizasse para o lado e sumisse.

— Que coisa mais agressiva! Nem sequer deixou a gente sentir o suspense abrindo devagar. Ainda bem que cheguei para trás, por pouco não caio. – Diz Hadrian observando o buraco mediano no chão. Rio e fico ainda mais empolgada.

Dentro do buraco há uma escada em espiral, levando para a completa escuridão. Tento enxergar o fundo, mas é realmente impossível. Olho para Hadrian com uma empolgação que nunca senti antes. Ele levanta a mão e eu bato.

— Preparado para outra coisa legal?

Mostro minha palma da mão e digo:

 

Ignah

 

Sobre a palma de minha mão flutuando há uma chama branca. Esse feitiço eu aprendi bisbilhotando meu pai pelos cantos. Um dia o flagrei usando para acender o fogão. Foi graças a esse simples feitiço que consegui aprender a dominar minha magia.

— Que demais! Por que nunca me mostrou isso?

— Era para ser uma surpresa.

— Conseguiu. Eu estou surpreso.

Rio. Piso no primeiro degrau e sinto um frio na barriga. Começo a descer, com Hadrian logo atrás. Minha linda chama branca já ilumina uma parte do laboratório. A espessura entre o chão da minha casa até o teto do laboratório é de um metro e meio e o pouco que consigo ver já me diz que ele é quase do tamanho da minha casa inteira. Eu não imaginava que seria tão enorme. Sua altura é de uns cinco metros...

Melhor dia da minha vida!

— Aqui é tão enorme quanto eu imaginei! – Diz Hadrian.

— Sério? Eu imaginei um pouco menor.

Terminamos de descer a escada e já é possível ver os primeiros experimentos à nossa frente. Algumas mesas de metal cheias de materiais de várias cores em vários estados físicos. Algumas máquinas começadas, onde só se ver a carcaça de metal e muita fiação. Acompanhando cada mesa há um quadro que é onde meu pai faz suas anotações. Em cada quadro há vários papéis fixados com ilustrações dos projetos, que tenho certeza que foi minha mãe quem desenhou, e coisas escritas em uma língua que não conheço com várias fórmulas matemáticas no meio de tudo. Olhar para essas coisas complicadas, me faz querer ainda mais me tornar uma cientista.

— Cara, eu estou me sentindo em casa. Por mais que eu não saiba ler nada do que seu pai escreveu. – Diz ele enquanto se aproxima de uma das máquinas em construção. – Deve estar na tal língua de Naatika.

Hadrian começa a observar aquela fiação toda bagunçada e os pedaços avulsos em cima da mesa. Se tem uma coisa que eu não faço questão de aprender é essa bagunça. Não pretendo ter esse tipo de projeto em minha carreira promissora.

— O seu pai é fantástico! É um belo trabalho que ele está fazendo aqui.

— Sabe o que é?

Ele olha pensativo para o quadro e observa as imagens. O desenho principal que seria do projeto pronto foi feito por minha mãe, mas as ilustrações das peças avulsas são certamente obras do meu pai. Ele pode ser bom em muitas coisas, mas não consegue nem fazer uma linha reta. Hadrian pega alguns pedaços analisando-os e não deixo de me preocupar.

— Não acho uma boa ideia tocarmos nas coisas.

— Acredito que seja uma máquina de multitarefas. – Diz ignorando-me. – Mas não consigo definir do que... É uma máquina pra limpar a casa sozinha. – Seu tom de voz um tanto decepcionado.

Ele puxa um pequeno lembrete onde está escrito “Para limpar a casa”. Meu pai pode ser brilhante, mas ainda é meio idiota. Rimos e seguimos adiante. A cada mesa que passávamos havia um projeto diferente, com diferentes estilos de designer feitos por minha mãe. Algumas delas não continham nada eletrônico, apenas a velha e boa ciência. Acredito que seja onde ele produz seus encantamentos. As mesas mais para a direita seguindo para o fundo estavam cobertas por lençóis brancos num tom amarelado de tão velhos e sujos. Acredito que seja ali que ficam as falhas.

— Nossa, olha isso aqui! – Grita Hadrian do outro lado.

Quando me aproximo vejo que ele está encarando quadrado de vidro em cima de um pedestal com um ovo dentro. Mas não é um ovo. É bem maior que um. Se eu colocar minhas mãos uma do lado da outra consigo segurar a coisa e ainda sobra um pouco. E essa coisa parece ter uma estrutura orgânica com veias à mostra, em vários tons de rosa e roxo. Embaixo dela havia pequenas luzes vermelhas, que acredito que seja para manter a temperatura.

— Que nojo! Parece um órgão. – Comenta Hadrian e devo concordar.

— O que será? Não tem nenhuma imagem ilustrando. Só coisas escritas.

Aproximo-me para olhar melhor. Parece que está viva. E foi só o tempo de eu pensar que a coisa se mexeu. Hadrian e eu pulamos para trás. Foi como ver um bebê se mexendo dentro da barriga de uma grávida.

— Você viu aquilo? – Digo. – O que é isso? É algum bicho?

— Acho que seu pai criou isso aí. Ele pode fazer isso?

— Não sei.

— Vamos olhar o resto e ir embora. Parece que quanto mais fundo mais assustador. Daqui a pouco vamos dar de cara com um monstro acorrentado.

— Não seja idiota. Vamos.

Sigo mais para o fundo. Vejo líquidos borbulhando, gosma preta escorrendo da mesa e caindo no chão – Podia jurar que fez um som corrosivo – Um pote de vidro gotejando um líquido azul em outro pote fazendo o líquido ficar transparente imediatamente. Tanta coisa diferente que eu não entendo. Queria que minha iluminação fosse maior para eu ver direito.

Chegamos ao fundo que parecia ser um imenso projeto só. Varias mesas à direita e à esquerda, com os mais variados tipos de matérias, todos bagunçados e derramados. Parece que meu pai estava em guerra com a ciência. No centro de tudo, há doze pedras fixadas na parede formando um círculo. Cada pedra contém um símbolo gravado. Atrás dos desastres científicos, viam-se várias ilustrações na parede, mas nenhuma delas foi feita por minha mãe. Seria esse um projeto secreto?

— O que será isso? – Pergunto. Sei que Hadrian também não faz a menor ideia, mas é algo que não consigo deixar de perguntar.

— Não sei. Mas é algo velho, olha.

Ele mostra-me algumas anotações datadas. Algumas com mais de cinco anos outras com mais de sete. Algumas foram feitas há poucos meses. Passo pelas mesas à procura da anotação mais recente e acho uma feita, ontem.

— Nossa, essa aqui tem mais de vinte e três anos! – Diz Hadrian. – Talvez seja a primeira. Isso deve ser o trabalho da vida do seu pai. Incrível! Só não sabemos o que é.

— Essa foi feita ontem. É bem pequena. – Indico a ele o papel.

O fogo está se enfraquecendo, mas eu ainda não quero sair daqui. Não antes de pelo menos descobrirmos o que é isso aqui. Talvez eu encontre algum lembrete que diga “Para teletransporte”. Tento não tocar em nada, porque sei que boa parte desses materiais deve ser mortal. Vejo uma lista na parede mostrando todos os doze símbolos com seus prováveis significados ao lado. Como eu queria entender essa língua.

— Achei uma coisa.

Caminho até ele e paro em frente às pedras. Ele tem em suas mãos um pedaço de papel novo com uma pequena frase escrita, mas este está sem data.

— Esse está em uma língua diferente. – Comenta Hadrian fazendo-me rir.

— Não está não. É a mesma língua. Essa é a letra do meu pai quando está com pressa. Quase ilegível. Talvez ele tenha escrito ontem antes de sair. Ele estava muito atrasado, quase perdeu o voo.

Analiso a escrita e, realmente, está quase ilegível. Acho que até meu pai se embolaria lendo isso. Depois de visualizar o papel frente e verso, no qual não havia nada, leio para Hadrian:

 

Akbhar ulh toraini veriül

 

— Você nasceu para isso. – Comenta Hadrian. – Não tem problema você ficar lendo essas coisas em voz alta? Depois você invoca alguns monstros. – Rio.

— Relaxa. Eu nem estava usando minha magia quando li. Além do mais, isso nem deve ser um feitiço e eu não conseguiria fazer funcionar assim tão fácil...

A parede faz um barulho assustando a nós dois e vejo que os símbolos nas pedras estão brilhando.

Que

Merda

Foi

Que eu

Fiz?

De repente meu corpo é levantado no ar de frente para o círculo com meus braços e pernas abertos. Grito. Não consigo me mexer. Hadrian chama meu nome, mas sua voz está abafada. Não consigo ver se ele está tentando se aproximar. Só consigo olhar para o círculo de pedras. Sinto um grande frio na barriga, como se estivesse caindo de um penhasco e esse frio se espalha pelo meu corpo por igual para todas as direções. Quando meu corpo todo está gelado, sinto o portão me puxar, mas não estou me aproximando. Não estou nem sequer mexendo. Linhas brilhantes saem de cada pedra e se unem no centro do círculo formando um pequeno pontinho de luz. Vejo um brilho azulado sair de mim e seguir em direção ao pequeno ponto. Essa coisa está sugando minha energia! O ponto vai crescendo conforme minha energia vai o alimentando. De repente, o círculo se completa e eu caio ao chão.

Mal consigo me levantar. Estou fraca. Minha visão está turva. Vejo Hadrian se aproximar de mim, tirar meu cabelo do rosto e segurar minha cabeça. Ele grita comigo, mas ainda estou desorientada. Ele apoia meu torso e minha cabeça em seu braço e tenta me manter consciente. Sinto-me uma boneca de pano. Cada olho meu se abre em um tempo diferente. Aos poucos, vou voltando a vida.

— Fica comigo, Ayah! Você não pode morrer!

— Eu estou...

O resto da frase foi apenas múrmuro, mas já fez com que Hadrian suspirasse de alívio. Minha visão foi se recuperando e em poucos segundos fui capaz de me sentar.

— Quase tive um ataque cardíaco. – Diz ele ao se deitar no chão aliviado.

Sorrio de leve ainda me sentindo fraca e, então, olho para o vilão da história. Agora está parecendo um portal. As doze pedras não estão mais brilhando, mas o centro delas está emitindo uma luz azul que clareia todo o laboratório. Aquilo parece estar vivo, se mexendo lentamente. O que foi que eu fiz? Isso não pode estar acontecendo! O que eu vou fazer? E se eu não conseguir reverter isso?

Hadrian toca em meu ombro e me assusto.

— Ayah, vai ficar tudo bem. Essa coisa não tem energia para ficar funcionando para sempre... Eu acho. Uma hora ele vai parar de funcionar.

— E se não parar? A gente nem sabe o que isso ai faz! E se eu abri um portal para uns monstros invadirem o mundo?

— Não, não. Pode parar. Sou eu quem fala dos monstros. – Ele sorri tentando me ajudar, mas não consigo conter meu pessimismo. Logo as lágrimas vieram.

— O meu pai vai me odiar!

Ele me abraça e passa a mão no meu cabelo. Se o meu pai descobrir sobre isso, a minha vida vai acabar. Ele nunca mais vai olhar para mim com orgulho ou sequer vai olhar para mim. Eu nunca vou poder me formar em magia. Vou ser apenas uma criminosa que fará serviços públicos para pagar a pena, porque ainda é muito jovem para ir para a cadeia...

Antes que eu pudesse continuar com meus pensamentos dramáticos, o portal fez um barulho de tempestade. Hadrian e eu nos levantamos e afastamos ao mesmo tempo. Vejo o portal se oscilar mais rapidamente. Sussurro para Hadrian:

— Pode falar dos monstros agora...

Então o portal cospe uma coisa com um líquido aquoso e se apaga deixando apenas os símbolos das pedras brilhando.

Que merda é essa?

Vejo a coisa se mexer e noto que tem braços e pernas. É uma pessoa! Eu acho... Uma pessoa muito estranha, que está seminua. Ele se vira para nós, tirando sua estranha máscara transparente do rosto. De olhos arregalados, ele grita, fazendo nos gritar também.

 

 

Fudeu!

 

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado. O próximo capitulo é ainda melhor.


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