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História A pedra de Lazrok - Minha segunda família


Escrita por: LumaRubanov

Capítulo 6 - Minha segunda família


MINHA SEGUNDA FAMÍLIA

 

Eu entendo que o meu pai tinha razão quando disse que eu também estava tentando manipulá-lo. Mas o fato de que eu estava apenas seguindo o planinho dele, enquanto achava que estava seguindo o meu próprio, fez sentir-me traída e frustrada. Argh! Aquele velho! Bato a porta da frente de minha casa, assustando Hadrian.

— Ayah, eu vou dizer algo que vai te irritar, mas...

— Não ouse! – Grito.

— Você está sendo muito infantil! Isso já está me enchendo o saco! Até eu já cansei desses seus dramas desnecessários! Então para! - Fico calada.

Hadrian raramente levanta sua voz para me repreender. Costuma ser uma pessoa bem calma e paciente e pode se dizer que eu sempre fui a dominadora opressora dessa relação, mas sua expressão séria e intimidadora, faz-me repensar meu título. Acredito que Hadrian é o único que, quando me responde de volta, eu calo a boca.

— Eu entendo que você está frustrada. Eu sei como funciona a sua cabeça. Mas já chega.

— Desculpa...

Ele apoia a mão em minha cabeça e sorri. Eu adoro quando ele faz isso. Não sei por que me lembro de Nicolas falar sobre namorarmos e me sinto um tanto constrangida. Por que ele falou uma coisa daquelas?

— Que foi? – Pergunta Hadrian piorando a minha situação.

— Vamos.

Sigo na frente.

Chegamos ao portão e eu o abro. Mudamo-nos para essa casa logo depois que meu pai conseguiu A Licença. Tinha seis anos na época. Sempre fui contra murarmos a nossa casa. Acho que fica com uma aparência fechada e escura – Não gosto de casas muradas – Mas meu pai insistiu, por que ele queria fazer algumas experiências ao ar livre, sem chamar a atenção dos vizinhos. Então somos a única casa murada do bairro. O quão chamativo é isso? Pergunto-me se no mundo de Nicolas há casas muradas.

A casa de Hadrian fica atravessando a rua. Ela é toda feita de madeira e foi construída a mão pelo próprio tio Heinz. Ela é maior que a minha casa, assim como seu terreno. Mas ela realmente tinha que ser grande, por que dentro dela moram: Obviamente Hadrian; Os pais; Os avós; A Marla e seus dois filhos. O terreno é delimitado por uma cerca viva na altura da cintura e na frente há um pequeno portão de madeira. Hadrian o abre e já ouço os gritos em uníssono:

— AYAH!

Vejo Marla e seu filho menor, Adam, correrem em minha direção, empolgados. Marla olha para seu filho com uma expressão raivosa e tenho um mau pressentimento.

— Sai, moleque! – Ela esbarra nele e Adam cai para o lado de barriga no chão.

Marla agarra-me num abraço, levantando-me do chão. Olho por cima de seu ombro, Adam fazendo cara de choro. Mas rapidamente ele se recupera com uma expressão raivosa. Ele nunca chora em frente da mãe. Ele diz que seria como se ela tivesse o vencido. Adam se levanta e grita:

— VELHA! GORDA! FEIA! DOIDA!

Ela me coloca no chão e sinto outro mau pressentimento.

— NÃO TEM MEDO DE MORRER NÃO, MOLEQUE?

Ele grita e corre. Marla corre atrás dele. Por mais que pareça que estão brincando, se ela o pegar, vai espancá-lo. Boa sorte, Adam.

— De novo? Parem com isso vocês dois!

Vejo o lindo, maravilhoso, delirante irmão mais velho do Adam, Saymon. Sua pele roxa, com as mãos brancas. Seu corte de cabelo com aquela franja. Como pode existir alguém tão lindo.

— Ayah! Faz tempo que não vem aqui. Estava com saudade. – Sua voz sensual derrete meu coração. Ele abre os braços. – Vem cá. Eu sei que você quer.

Quando estava prestes a pular em seus lindos braços e me apoiar naquele peitoral maravilhoso Hadrian me segura, desviando-me para a entrada da casa.

— Vamos, Ayah. Minha mãe está te esperando.

— Mas, mas. Hadrian, eu...

— Vou salvar o meu irmão e já entro. – Tchau abraço...

Ao entrarmos, sinto-me extremamente desconfortável. Vejo os avós de Hadrian flertando no sofá da sala. A vó sentada no colo do avô com ele segurando a bunda dela e... Argh!

— Argh! Por favor, né? – Diz Hadrian com uma expressão de nojo. – Na sala de estar não!

— Hadrian, - Começa o avô. – Só porque você não consegue encontrar o amor, você fica incomodando o amor dos outros. Que coisa feia. Sua mãe não te ensinou...

— Ensinei o que... Argh! Mãe! Na sala de estar não!

— Com certeza é sua mãe. – Comenta a vó saindo de cima do avô.

— Olá, Sier-Evelyn. – Cumprimento.

— Ayah! – Ela me abraça apertado. – Não veio mais me ver, achei que estava cansada de mim.

— Mãe, ela veio semana passada.

— Uma semana sem vê-la é muito triste.

— O que? Aquela vez que eu viajei por um mês, quem teve que me buscar no aeroporto foi Sier-Valentin, já que estavam todos “ocupados”.

Evelyn olha para o filho com descaso e o encara. Depois se vira sorridente para mim.

— Hoje estou fazendo sua comida favorita! Você vai amar.

— Muito obrigada!

Vejo uma mão tocar o ombro de Hadrian. É Adam sendo carregado pelo irmão no ombro.

— Eu te buscaria se soubesse dirigir. Eu gosto de você.

Hadrian ri e afaga os cabelos do pequeno Adam. Saymon o coloca no chão e ele imediatamente gruda em mim. Não faz muito tempo que Adam declarou seu amor por mim. Disse que quando crescesse, ia fazer de mim a sua esposa. Eu realmente não sabia como reagir. Então Saymon apareceu para salvar o dia. Ele colocou o braço sobre meus ombros e disse para Adam: Ela já é minha. Quase morri de delírios. Ele conseguiu fazer com que eu não tivesse que dar uma resposta para Adam, mas não fez com que ele desistisse. Ele disse que não importava se eu era de Saymon por agora, porque eu ia ser dele no futuro. Aparentemente meu futuro já foi decidido.

Apesar dos inconvenientes, a casa de Hadrian é muito agradável e calorosa. A maior parte dos móveis é de madeira e bem simples. Mas é um simples charmoso, que deixa o interior da casa sofisticado. Comparado a minha casa a dele é muito mais bagunçada. Principalmente a cozinha. Quando moravam apenas Hadrian e os pais a casa era menor e mais arrumada.

A Marla aparece com um pouco de sujeira e folhas em seus cabelos, aparentando estar mais calma. Pergunto-me o que poderia ter acontecido lá fora.

— Marla, você está parecendo uma louca com esse cabelo! Vai arrumar isso! – Grita o avô.

Adam começa a rir e vejo Saymon segurar o riso.

— O QUE VOCÊ DISSE, SEU VELHO TARADO?

Eles começam a brigar e lentamente todos vão entrando na briga. Agarro Hadrian pelo pulso e arrasto-o para seu quarto. A casa de Hadrian tem dois pisos. Os mais jovens ficam embaixo e em cima os adultos. O quarto do Hadrian fica no fim do corredor e acredito que seja o menor de todos. É quase impossível andar dentro dele, porque há coisas eletrônicas espalhadas pelo chão. Em cima da mesa veem-se alguns projetos misturados. Comparado a meu pai, Hadrian é bem mais desorganizado. Apesar de tudo eu ainda adoro o quarto dele. Acho muito injusto ele ter o menor. É quase como se eles não quisessem que ele fizesse projetos em casa.

Atravesso o quarto com cuidado para não pisar em nada. Indo em direção à cama e vejo que nela também há objetos flutuando.

— Desculpa você ter que enfrentar minha família estranha... E a minha bagunça também.

— Hadrian, já cansei de falar que eu adoro a sua família. Doida do jeito que ela é.

— Eu sei, mas eu sempre acho que devo me desculpar.

— Eu também gosto do seu quarto bagunçado. É a sua cara.

Entro na cama e me encaixo em meio às coisas flutuantes. Hadrian atravessa o quarto na maior naturalidade. Ele chega perto de mim e começa a remover algumas das coisas, colocando-as na mesa. Depois senta ao meu lado. Comparada às camas que tenho em minha casa, a do Hadrian é bem menor. Para dormir mais de uma pessoa, teriam que ficar uma flutuando em cima da outra.

— Eu acho que teria sido mais legal se você tivesse ficado aqui em casa.

— Concordo. Eu dormiria com o Saymon, abraçadinha...

— Só nos seus sonhos! Você acabaria dormindo com o Adam.

— Ele ia ficar grudado em mim a noite toda! Nem ia conseguir dormir direito.

— Então eu acho que sua última opção seria dormir comigo. – Estranhamente meu coração bate um pouco mais rápido. – Eu deixaria você ficar em cima. Até arrumaria meu quarto para você se sentir confortável.

— Quanta gentileza. Eu até viria para cá agora, mas eu tenho que tomar conta do alienígena. – Ele fica em silêncio. – Apesar de tudo, entramos no laboratório. O nosso sonho desde sempre.– Sorrio para ele.

              — É. E trouxemos um alienígena engraçadinho conosco.

              — Foi apenas um pequeno efeito colateral.

— Pequeno?

— Mas não é legal? Descobrir que há outra civilização em algum lugar por aí no universo, com uma cultura diferente, espécies diferentes. Como deve ser viver em um mundo sem magia?

— Eles devem compensar a falta de magia em tecnologia. Pensando assim, a tecnologia do mundo deles deve ser extremamente avançada. Eles devem ter máquinas incríveis lá. Preciso visitar o mundo daquele cara.

— Por falar nisso, por que você não gosta dele? Desde que ele chegou, você só olha para ele como se quisesse estrangulá-lo a qualquer momento.

— E quero. – Rio.

— Por quê?

— Nenhum motivo em especial. Eu só não fui com a cara dele.

— Essa resposta não me satisfaz. Por que você não foi com a cara dele?

— Não gosto do jeito que ele olha para você.

— Que jeito?

—... Como se quisesse te tocar.

— Claro que ele se sentiria assim! Para ele eu sou uma alienígena. Normal se sentir curioso.

Hadrian olha-me nos olhos, com uma expressão séria.

— Você está brincando, né? – Fico repassando a conversa em minha cabeça procurando onde foi que eu errei. – E vocês ficam rindo juntos...

— Espera. – Interrompo. – Você está com ciúmes?

— Ciúmes? Por que eu estaria com ciúmes?

Flutuo de lado parando em sua frente. Ele desvia o olhar e não consigo deixar de sorrir. Empurro-me um pouco mais para frente, para olhar seu rosto e ele desvia o olhar mais uma vez.

— Está com ciúmes sim! Só por que eu o acho mais divertido que você?

Ele se afasta de mim e flutuo parando a sua frente. Dessa vez ele me encara com sua expressão raivosa. Ele consegue ser bem fofo às vezes.

 — Acha mesmo ele mais divertido do que eu? – Sorrio.

— Acho. Mas não precisa ficar com ciúmes. Eu não te trocaria por nenhum ser deste universo. – Vejo um pequeno sorriso aparecer no canto de sua boca. – O que é isso? Eu estou vendo um sorriso? – Ele rir.

— Idiota.

— Não sou eu que estou toda sorridente.

Ele vem para cima de mim para me fazer cócegas mais uma vez. Ele é o único que sabe como me fazer cócegas. Começamos uma guerra flutuante em sua cama.

— O almoço está pron... Desculpa, não sabia que estavam ocupados. – Diz tia Evelyn, constrangida. Hadrian e eu nos afastamos um do outro rapidamente.

— Nós só estávamos...

— Não me fale! Não preciso saber. – Ela deixa o quarto, perturbada. Acho que a traumatizamos...

— Mãe!

Ficamos em silêncio pós mal entendido e Hadrian esconde o rosto com a mão. Começo a rir e ele olha para mim envergonhado.

— Ela interpretou bem mal a situação. – Comento.

— Numa magnitude que você não tem ideia. – Rio.

— Vamos comer. Ainda tenho que voltar para alimentar meu alienígena.  – Hadrian rir.

— Depois levar ele para passear?

Deixamos o quarto em meio a risadas, indo para a sala de jantar. Chegamos lá e todos já estavam se juntando à mesa. Ao nos aproximarmos da mesa todos param o que estavam fazendo e nos encaram em silêncio. Sentindo-me intimidada aproximo-me de Hadrian.

— Sua mãe é bem rápida. – Sussurro.

— Por que ele? – Pergunta a avó, mas acredito que seja uma pergunta retórica.

— Não dá para acreditar! Ela deve estar doente! – Diz Marla.

— É verdade. – Concorda com avô, já de prato feito. Ele aponta para Saymon com o Garfo. – Veja Saymon. Simpático. Honesto. Bonito. Um rapaz promissor. Mas ainda assim, foi acabar com o Hadrian. Não consigo entender.

Todos assentem em unânime e não consigo segurar meu sorriso.

— Não importa quem ela escolha agora. Ela vai ser minha! – Anuncia Adam.

Tia Evelyn apoia a mão no ombro do avô, olhando-o com um olhar simpatizante.

— Só nos resta ter esperança. – O avô assente um pouco entristecido.

— Não estamos juntos, está bem? – Diz Hadrian em um tom raivoso.

Todos manifestam um alívio exagerado ao ouvir tal notícia.

— Ora, Evelyn. Assustou a todos nós! – Diz a avó rindo.

— Acho que me confundi.

Todos riem alegres arrumando seus pratos para comer.

— Odeio vocês... – Vejo Hadrian colocando a mão em frente ao rosto e me sinto um tanto frustrada.

— Não sei por que vocês implicam tanto com Hadrian. Eu o acho incrível! E ele passa longe de ser feio! Por que vocês não conseguem ver o quão genial ele é?

Todos ficam em silêncio mais uma vez.

— Coitadinha. Está doente mesmo. – Comenta a avô e todos assentem em unânime, olhando-me com pena.

Hadrian apoia sua mão em meu pescoço.

— Parece que está doente mesmo. – Comenta.

— Idiota. Não estou doente.

Começa-se um debate para descobrir qual a minha doença. Hadrian afaga meus cabelos e diz em voz baixa:

— Obrigado... Mas nem perde seu tempo. – Ele dá dois tapinhas em minha cabeça e vai sentar. Acompanho-o sentando-me ao seu lado.

Comer com a família de Hadrian é sempre muito divertido. Eu acredito que eles saibam o quão incrível o Hadrian é e fazem isso apenas para implicar com ele. Mas, às vezes, eu não tenho certeza.

Após o almoço, tio Heinz chega a casa carregando uma mala em seu ombro. Ele me vê e a coloca no chão.

— Ayah. Veio nos fazer uma visita? – Abraço-o.

— Heinz, escute só essa! – Diz o avô sentado numa poltrona no canto da sala. – Ayah disse que acha o seu filho incrível e muito bonito. – Ele solta uma gargalhada.

— Ora, está começando a reconhecer o potencial do meu filho! – Ele sorri.

Tio Heinz é o único nesta casa que não ridiculariza Hadrian.

— A terra do seu jardim é a melhor! – Diz o tio cheira terra ao entrar na casa todo sujo.

— GEORGE! VOCÊ ESTÁ SUJANDO A CASA TODA DE TERRA, SEU MALUCO! – Grita Marla.

— O que? ESTÁ DIZENDO QUE TERRA É SUJEIRA? Terra é a essência da vida!

— Acalmem-se vocês dois. – Diz o tio Heinz.

— Estava viajando Sier-Heinz? – Pergunto na tentativa de mudar o clima.

— Ayah! Como vai? Essa mala é minha. Ficarei por aqui um tempo.

— O QUE? – Grita Marla pronta para começar outra briga.

George a ignora e me puxa para o canto sigilosamente.

— Aliás, seu pai está em casa?

— Não. Ele está em Naatika para um evento.

Ele faz uma expressão pensativa e depois se afasta misteriosamente. O que foi isso?


Notas Finais


Não gosto muito da Ayah, mas tento simpatizar com ela.


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