História A Perfect Imperfection - My Girlfriend is a V A M P I R E

Bianca´s POV

Quando Calum chega finalmente a minha casa, despeço me dele, e entro pela porta dentro sem sequer me preocupar com o barulho que faço. Mas obviamente, esta minha despreocupação deu merda.

- Bianca Mercês Venture! São 10 e meia da noite! Onde te meteste?! – A minha mãe acorda de repente quando bato com a porta, e desce as escadas velhas de madeira já a gritar comigo.

- Calma ainda acordas os vizinhos. – Digo num tom irónico como sempre faço.

- Tu não brinques comigo! Ultimamente tens andando fora de casa demasiadas vezes até bem tarde, eu exijo respeito dentro da minha casa!

- Ao menos saio de casa para fazer alguma coisa da minha vida, já tu ficas o dia todo de barriga para o ar enfiada em casa e ainda por cima a viver do dinheiro do pai!

No momento em que acabei essa frase a minha mãe deu me um tapa bem forte mesmo na minha cara, coisa que já tinha feito antes... mas desta vez a raiva toma conta de mim, e agarro na jarra de vidro das rosas situada em cima do parapeito das escadas, e atiro a com tanta força para o chão, que os estilhaços se espetam na pele da minha mãe criando pequenas feridas.  

- Tu estás doida!? – vejo Michael agora descendo as escadas aflito em direção a ela.

- Desculpa... eu não... eu não fiz de propósito! – digo, tentando me defender

- Bianca eu já não te conheço. Não és minha filha, és um monstro. – a minha mãe choraminga baixinho enquanto se apoia nos ombros de Michael.

Não posso dizer que não estou tocada pelas palavras da minha mãe, porque na verdade é isso mesmo no que eu me estou a transformar... num pequeno monstro que se alimenta de sangue.

 Sangue... vejo pequenos corrimentos de sangue saindo pelas leves feridas dos braços da minha mãe. Aí parece que aquela fome terrível me consome de novo. Mas desta vez é como um coro de vozes distintas dizendo me para me alimentar do sangue da minha mãe, mas que eu tento resistir ao máximo que posso. Enquanto Michael limpa furiosamente os pedaços de vidro partido do chão, a minha mãe me encara sentada na cadeira de madeira junto ás escadas, e ao mesmo tempo tenta retirar da sua pele os pequenos estilhaços de vidro.

- Não! Não! Não!!! Para controla te! Para!! – grito para mim mesma, na tentativa de calar estas vozes horríveis e famintas

- Olha está calada porque sou eu quem estou a limpar a tua porcaria! – Michael grita, pensando que me estava a referir a ele – Cuida te sua doida!

Nem presto atenção ao seu comentário, e subo as escadas rapidamente trancando me na casinha do meu quarto.

- É sangue que tu queres Bianca? – pergunto para mim mesma – Então é sangue que vais ter!

Nesse momento dou um valente soco no espelho situado a cima do lava mãos, partindo ele. Agarro num pedaço bicudo do espelho partido, e faço uma força incrível para tentar cortar o meu pulso esquerdo. Deixo bastante marcas mas nada de sangue. A pele está cortada, mas não há vestígios de sangue a circular. Pressiono o pedaço de espelho com ainda mais força, mas nada. É como se eu estivesse morta.

Ao fim de algum tempo desisto, e esforço me para esquecer a fome. Tiro as lentes de contacto castanhas que eu havia posto de manhã, visto o pijama, e deito me na cama, caindo no sono com lágrimas nos olhos. Eu podia dizer que a minha vida está acabada, mas ainda tenho Calum, por enquanto. Mas Ashton e Kevin, aqueles dois que eu achava que eram os meus melhores amigos, já não me falam há semanas. Nem um “olá”, nem um “mata te”, nem sequer um olhar. É como se nunca nos tivéssemos visto na vida... Eu não percebo porque é que tudo á minha volta parece estar cair aos poucos e poucos. Quem sabe um dia se até Calum vai cair.

Michael´s POV

- Mãe estás bem? – digo, olhando a nos olhos e vendo a tristeza a pairar sobre ela

- Como é que eu posso estar bem? A tua irmã não está bem, e se ela não está eu também não estou.

Ajudo a minha mãe a subir as escadas e levo a até ao seu quarto. São 11 da noite, e não resisto em ir dar um grande raspanete a Bianca. Entro no seu quarto furioso, quando me apercebo que ela já dorme profundamente. Não sei porquê, mas quando a vejo dormir, parece que vejo aquela pirralha de 6 aninhos a dormir que nem um anjinho, que agora se transformou numa matulona de 16 anos que mais parece um diabo. Mas mesmo assim, Bianca sempre será a minha irmãzinha, e eu a vou amar sempre, tal e qual como a nossa mãe. Gostava de saber o que se está a passar dentro da cabeça desta adolescente. Gostava mesmo. Mas tendo em conta que ela já dorme, não a acordo, e deito me ao seu lado como dantes.

Quando ponho o meu braço á sua volta, ela acorda ligeiramente.

- Michael? Desculpa pelo que aconteceu... – ela diz baixinho

- Shhh dorme amanhã falamos

[...]

Calum´s POV

- Calum!? Onde está o gato da Senhora Delfina? – a minha mãe pergunta enquanto corre de um lado para o outro á procura de alguma coisa

- Hum o gato... O gato? Não sei deve ter fugido. – digo secamente fingindo que não sabia que o tal gato fora o pequeno almoço de Bianca no dia anterior.

- Ai vá lha me Deus! A mulher vai ficar devastada se o bicho não voltar! Aí Calum isto será o fim do mundo para todos nós!... – como de costume, a minha mãe exagera dramaticamente

- Oh mãe se um gato fugitivo fosse realmente o fim do mundo... – ao mesmo tempo que digo isto deixando a minha mãe a pensar, saio de casa em direção ao meu Porsche pronto para ir para a escola.

Pelo caminho, penso na conversa que ficou por terminar ontem, quando Bianca viu os registos de que há onze gerações atrás na sua família, houve uma adolescente que era chamada de bruxa, quando na verdade era uma vampira. Acho que Bianca ainda não interiorizou essa informação.

Chego á escola, e encontro me logo com Luke á entrada do portão.

- Mano á tanto tempo!

- É, tenho andando um bocado distante da escola e de tudo. Como vão as cenas? – pergunto

- Não vão. Está tudo muito parado! Não acontece nada de jeito! E contigo? Tás com uma cara de quem anda a fumar demasiadas ganzas.

- Nem tantas assim – soltamos uma risada – Olha tenho de ir só fazer uma coisa, vê mos nos por aí – avisto Bianca ao fundo do prédio 3 da escola, e caminho até junto dela.

- Bom dia Bi

- Mau dia

- Porquê? – pergunto desapontado

- Só me beija Calum – Bianca me puxa para junto dela

A campainha de entrada toca. Fodasse não estou com a mínima paciência para ir á aula de Inglês. E da maneira como tenho andado a faltar ás aulas ultimamente, acho que mais uma não faz grande diferença.

- Oh não... não quero ir para a aula Cal...

- Possa nem eu. E assim podíamos aproveitar a parte da manhã para continuar a conversa que ontem deixámos a meio pode ser Bi? – Bianca revira os olhos

- Ainda tens aí aqueles papéis?

- Sim. Queres vê los outra vez?

- Não... Quero é descobrir de uma vez por todas no que é que eu me transformei. Eu continuo a achar esta ideia de eu ser uma vampirinha um tanto ridícula, mas a verdade é que já nem tenho sangue a circular me pelas veias. Se é que ainda tenho veias...

- Do que é que estás a falar?

- Ontem fiquei esfomeada outra vez se é que me entendes, e tentei cortar os meus pulsos para tentar me alimentar do meu próprio sangue. Mas eu simplesmente não tenho sangue dentro de mim.

Bianca estende a sua mão esquerda, mostrando me as marcas e os cortes das lâminas em seu pulso.

Olhos vermelhos, pele fria, sangue como alimento, mas sem sangue dentro do seu corpo. Caramba ela é mesmo uma vampira. Acho que Bianca me leu os pensamentos, porque no segundo a seguir, ela diz:

- Parabéns, a tua namorada é uma vampira.