História A Perfect Imperfection - Reality?

Calum´s POV

Mal chegamos batemos literalmente com o nariz na porta do bar das sereias. Há um cartaz colado na parte de dentro da porta de vidro que diz: “fechado para remodelações”.

- Fodeu. E agora vamos onde?

- Cal, para casa é que não vou. Espera... aquela cara não te é familiar? – Luke aponta para trás, e vejo uma rapariga que realmente não me é estranha.

- Sim, parece ser uma pita qualquer da escola. Não me digas que a engravidas te...! -  Gozo com Luke como sempre, e voltamos a entrar no Porshe.

Ao entrarmos no carro, Luke recebe uma chamada que parece ser de mais uma rapariga que ele engatou este verão. Enquanto isso, um arrepio me desce pela coluna. Lembro me dos 3 segundos que há uns minutos atrás me virei para ver a rapariga para que Luke apontara. Embora os meus momentos de visão tenham sido apenas três curtos segundos, consegui perceber algo de errado com aquela rapariga. Tinha os olhos vermelhos, o cabelo bagunçado e parecia estar a sangrar dos pulsos. O que mais me chamou a atenção foi que ela estava parada a olhar para o céu. Não se mexeu. Pelo menos durante aqueles 3 segundos parecia uma estátua em apuros.

- Olá? Terra chama Calum Hood que neste momento parece estar bem longe? – Luke já está gritando, o que me faz acordar daquele momento em que pensava na tal rapariga.

Ponho o pé no acelerador e andamos sem destino para aproveitar o dia antes de entrarmos oficialmente para o décimo segundo ano.

Bianca´s POV

Depois de muito andar, apercebo me que tive mais uma crise. Estou paralisada olhando para cima. Provavelmente fiquei assim durante uns 15 minutos, pois os meus olhos já estão irritados de estarem há tanto tempo abertos. Caio de joelhos mesmo ali, na calçada de pedra e vejo que tenho os pulsos cortados. Isto já me tinha acontecido antes, mas já fazia tempo que não tinha esta crise inexplicável. Nem sequer sei se isto são crises. Não sei o que isto é. De há um tempo para cá, quando fico nervosa ou stressada com alguma coisa, parece que o meu subconsciente desliga, e quando estou em mim outra vez, ou tenho os pulsos cortados, ou arranhões no corpo, ou estou num lugar completamente diferente do que ao que estava antes de ser “possuída” sabe se lá por que criatura. Obviamente não conto isto a ninguém, muito menos aos meus pais. Quero dizer, a única pessoa que sabe é o Kevin, que descobriu por conta própria há umas semanas.

- Precisa de ajuda? – oiço uma voz amigável que me estende a mão

- Não! Só quero que me deixem em paz! – levanto me do meio da rua, e começo a correr de volta para casa.

Mal chego, encontro a minha mãe no sofá que estava com um olhar de quem já estava farta de estar á minha espera. Antes de entrar, tapei os meus pulsos com as mangas do casaco, e arrumei o cabelo para a minha mãe não achar que estou doida, e me internar num daqueles hospitais de malucos super religiosos, como o de American Horror Story.

- Oi mãe. Desculpa ter saído assim, precisava de apanhar ar. Ah, e escusas de dizer, já sei que tenho de ir pedir desculpas ao Michael por aquele banho de batido de banana...  – nem dou tempo á minha mãe de responder, e subo as escadas diretamente para a casinha para poder tomar um banho longo e quente, e tentar disfarçar aqueles cortes dos meus pulsos.

Ligo a água no mais quente possível, dispo peça a peça de roupa, e entro na banheira cheia até cima. Estou relaxada, passo o shampoo e o condicionador no cabelo, e lavo o corpo. Antes de sair para me secar, deito a cabeça que fica á tona dá água quente, e consigo ver os meus pés do lado oposto também á tona. Depois de uns minutos relaxando, reparo numa pequena marca no meu tornozelo direito, que parecia uma mordida de um inseto, com dois pequenos furinhos cicatrizados, que pareciam a forma de dois pequenos dentes que tinham sido cravados na minha pele. 

Levanto me da banheira, tiro a rolha para deixar a água esvaziar, e enrolo o meu cabelo numa pequena toalha e o meu corpo a um toalhão azul. Por esta altura, há vapor no ar da casinha, e o espelho está embaciado. Ponho algum desinfetante nos cortes dos meus pulsos, e esfrego o espelho para verificar se há algum vestígio no meu rosto do que acontecera esta tarde. Mas no momento em que me olho, dou um berro e salto para trás. O meu reflexo não era eu. Digamos que era eu sim, mas com um sorriso sinistro e sangrento.

- Bianca valha me Deus o que se passou!? – a minha mãe entra pela casinha dentro, com um ar aflito

- Mãe olha aí no espelho  e diz me o que vês... – eu peço receosa

- Como assim o que eu vejo? Vejo me a mim! Bianca o que está acontecendo?

- Nada esquece. Foi impressão minha.

Por esta altura, eu já não sei o que vi. Foi real? Fui eu mesma? O que se está a passar comigo? Bem, saio da casinha ainda a tremer, visto o pijama, e enfio me na cama sem pregar olho.