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História A Perfeita Imperfeição de Existir - Décimo Nono Ato


Escrita por: redrosess

Capítulo 19 - Décimo Nono Ato


Fanfic / Fanfiction A Perfeita Imperfeição de Existir - Décimo Nono Ato

Na noite do dia seguinte, Sakura encontrou-se no escritório do Kazekage,  insegura sobre como proceder a respeito da questão envolvendo Sasori.

— Ele é muito bom com a brigada de marionetes, e eu ainda não tinha visto aqueles caras tão determinados a melhorar como agora. Todos terminaram protótipos para suas primeiras criações originais. É incrível! — entusiasmou Kankuro.

O Kazekage olhou para seu irmão, aparentemente impermeável ao entusiasmo do mais velho.

— Então Sasori está cooperando sem dificuldade?

— Não apenas isso, ele está interessado em nossa melhoria. Sasori não é o tipo de pessoa que alivia em relação às críticas. É realmente duro para com todos, porém os resultados estão aparecendo. Eu sei que faz poucas semanas que ele começou a nos treinar, agora, é incrível o quão longe já chegamos! Eu odeio admitir mas de nenhuma maneira nós, a brigada, poderíamos ter feito este progresso tão rápido sem a ajuda dele.

Gaara parecia pensativo.

— Além disso — Kankuro prosseguiu —, Sakura deixou-o assistir uma aula sobre venenos que ela deu aos pesquisadores de nossos laboratórios. E Sakura disse-me que todos ficaram impressionados — Kankuro adicionou.

— Eu não estava ciente de que estávamos permitindo que Sasori trabalhasse com venenos — Gaara disse, uma borda em sua voz enquanto olhava para Sakura.

— Foi uma aula de teoria, pois é lógico que eu não sou estúpida para dar-lhe acesso a venenos — disse ela defensivamente. — E honestamente, eu não sou uma especialista nesse assunto, por isso foi realmente útil tê-lo lá para preencher as lacunas em minhas explicações. Mesmo os alunos foram apreciativos da presença dele. Se quiser, você mesmo pode perguntar-lhes.

— Eu preciso lembrar a ambos que esse homem é um criminoso perigosíssimo?! Um verdadeiro genocida?! Se os meus ANBU não estivessem relatando que Sasori realmente está a comportar-se satisfatoriamente, bem como cooperando de forma consistente, eu seria tentado a forçá-los para terapia corretiva. Espero que vocês não estejam muito à vontade na companhia dele.

Sakura se movimentou.

— Na verdade, eu acho que Sasori está começando a ter simpatia para conosco.

— O que você quer dizer? — Gaara perguntou, seu olhar cético.

— Ele me contou um pouco sobre por que se transformou em uma marionete. Normalmente ele mantém informações pessoais para si mesmo, mas às vezes fala sobre isso se eu perguntar.

— Bem, você pode perguntar a ele sobre Akatsuki? Isso faria as coisas correrem um pouco mais rápido — disse Gaara, com tom de irritação.

— Eu poderia se funcionasse... Mas Sasori não revelará seus segredos de uma vez. É óbvio que ele não confia em mim, então é complicado — ela respondeu.

— Mas parece que ele está falando mais agora do que no período dos interrogatórios — Kankuro interveio, fazendo Gaara suspirar abatido.

— Sim, eu percebo isso. Inclusive já concordei com o plano de vocês, então não há necessidade de me lembrar disso. — Ele esfregou as têmporas antes de continuar. — Eu não posso dizer que não estou satisfeito com esta situação.Se estamos tirando o máximo proveito de suas habilidades, então isso é muito bom para Suna. Até compensa o fato de que nós não obtivemos nada significativo até aqui.

Sakura e Kankuro permaneceram em silêncio, meditando sobre esse fato. Sasori estava realmente fazendo algo para ajudar Suna, mesmo contra a sua disposição. Sakura tinha convívio suficiente com ele para saber de suas tendências egoístas, então era uma coisa boa o que ela estava vendo passar-se diante dos seus olhos. Kankuro chamou sua atenção e eles compartilharam um olhar significativo. Ela respirou profundamente.

— Escute, Gaara, há algo em que estamos pensando — começou ela, tentativamente.

O Kazekage imediatamente estreitou os olhos em suspeita.

— O quê? — ele exigiu.

— Quero que lhe devolva o seu chakra para que ele possa fazer treinos mais completos e exigentes com a brigada de marionetes — disse Kankuro sombriamente.

Gaara piscou para seu irmão mais velho.

— Você deve estar brincando.

— Estou falando sério. Você sabia que ele já controlou cem marionetes ao mesmo tempo? Esse tipo de proeza é inédito, nem mesmo  o Mestre Chikamatsu, que inventou a técnica, conseguiu tal façanha — argumentou Kankuro.

— Kankuro, você está me pedindo para municiar um criminoso de classe S, que pode realizar uma façanha tão monstruosa. Isso tudo bem no meio da nossa aldeia. Diga-me, você perdeu completamente a cabeça?

— Para ser honesto, duvido muito que seja possível para ele controlar cem bonecos como um humano.

— Essa não é a questão.

Sakura observou o intercâmbio silenciosamente, sabendo que era provavelmente inútil. Para ser honesta, bem lá no fundo, ela também queria testar suas habilidades contra Sasori de novo. Será que ela seria capaz de derrotá-lo por conta própria? Ou ele a superaria em todos os sentidos? Estava curiosa, mas sabia que isso provavelmente nunca iria acontecer. Sentiu uma pontada de piedade por Kankuro, sabendo como ele compartilhava seus sentimentos.

— Você poderia liberar apenas uma fração do chakra dele. Eu sei que você pode dosar a técnica de supressão — disse Kankuro.

— Mesmo com uma fração de seu chakra, ele ainda é perigoso. Não estou disposto a colocar a aldeia sob um risco ainda maior do que já está, enquanto abriga um criminoso.

— E se aumentássemos a segurança? Agora, há apenas uma equipe da ANBU vigiando-o, mas talvez possamos acrescentar outra?

— Eu não tenho os recursos de sobra.

Sakura mordeu o lábio, se perguntando se ela deveria falar.

— Gaara, Sasori não mostrou qualquer indicação de hostilidade, e Sakura e eu já gastamos muito tempo com ele para afirmar isso com segurança. Todos sabemos que ele ainda é perigoso, mesmo sem seu chakra, mas o fato é que nem sequer tentou fugir. — Kankuro passou a mão pelo cabelo sujo e marrom, desejando que suas palavras alcançassem seu irmão mais novo e estóico. — Você mesmo disse que a ANBU não relatou nem um problema durante todo esse tempo. De verdade, a brigada de marionetes precisa de mais para voltar a ser uma unidade de forças especiais de elite em Suna. Sem mais treinamento e demonstrações práticas, não dá. É exatamente a mesma coisa que eu fiz durante minha vida inteira. Tentar converter a teoria em prática sem nunca ter visto a segunda é como procurar algo no escuro.

Gaara observou seu irmão, e Sakura notou que o jovem Kazekage parecia muito cansado.

— Kankuro, como o seu irmão, eu não quero nada menos do que o melhor para você. A vera, eu quero que você e os demais membros da brigada tenham a oportunidade de florescer. Sei o quão grande é para você ter a oportunidade de treinar com um mestre em seu campo. Juro que se eu pudesse faria o que fosse necessário para facilitar esse fim. — Gaara fechou os punhos e sentou-se na cadeira. — Mas eu sou o Kazekage, assim sendo tenho que tomar algumas medidas para manter esta aldeia em segurança, e seria um enorme risco pensar em dar a Sasori uma melhor oportunidade de escapar, ou pior, ferir pessoas inocentes.

Uma tensão pesada encheu a sala. O coração de Sakura amoleceu por Kankuro, mas ela sabia que a responsabilidade de Gaara com a aldeia tinha que vir primeiro. Mesmo que Sasori estivesse se comportando bem até então, ele ainda era um prisioneiro potencialmente muito perigoso. Ela entendeu a decisão de Gaara e sabia que Kankuro também. Ainda assim foi um tanto lamentável, especialmente porque Sasori estava demonstrando quase nenhuma propensão para a violência. Sakura estendeu seu braço para Kankuro e tomou a mão dele na sua, apertando-a de forma tranquilizadora.

— Desculpe, Kankuro — disse Gaara, com um tom de remorso.

— Está tudo bem, irmãozinho. Estou orgulhoso de você por fazer seu trabalho, pois não é fácil — disse Kankuro sinceramente.

Gaara assentiu, e Sakura e Kankuro saíram do escritório.

— Eu sei como você se sente — Sakura disse uma vez que pisaram para fora do escritório. — Eu também gostaria de poder ter a chance de lutar com ele novamente.

— Tenho certeza de que vou superar isso eventualmente. Entretanto, não deixei de pensar que ter Sasori aqui sem poder vivenciar o máximo de seus ensinamentos é um enorme desperdício. Me diga, se ele já não se importa com a própria vida para temer tortura ou execução, por que mais estaria aqui treinando a brigada? A atitude dele é genuína, eu sei disso.

Sakura tentou lhe dar um sorriso reconfortante, mas ele acenou.

— Está tudo bem, Sakura. Eu aprecio sua simpatia, mas não é o fim do mundo.

Kankuro estava sendo surpreendentemente maduro dada a situação. Sakura sabia que isso era muito difícil para ele aceitar. Ela realmente queria que houvesse algo que pudesse fazer por seu amigo. Mas não havia. Sasori era um criminoso, um assassino. Isso não ia mudar. Ela faria bem em se lembrar desse fato mórbido.

— Ei, eu tenho que ir verificá-lo agora. Você quer vir comigo?

— Claro. Eu gostaria de ver o que ele fez com aquelas peças de reposição que eu lhe dei. Conhecendo-o bem, provavelmente criou alguma obra-prima.

Eles chegaram ao apartamento de Sasori e foram logo saudando os ninjas da ANBU. Kankuro conversou com um dos guardas enquanto Sakura bateu na porta. Não houve resposta. Ela franziu o cenho. Sasori já estava dormindo? Mas as luzes ainda estavam acesas. Ímpar...

— Sasori? — ela tentou, batendo de novo.

De repente, a garota ouviu um som como vidro quebrando. Seus olhos se estreitaram em suspeita quando uma inquietante onda de pânico a segurou.

— Vocês ouviram isso? — perguntou Kankuro, e um dos guardas da ANBU respondeu-lhe com outra questão:

— Ouvimos o que?

Quase imediatamente, outro barulho baixo soou de algum lugar dentro da habitação, como algo pesado caindo ao chão. Sem pensar duas vezes, Sakura usou sua super força para arrancar a porta de suas dobradiças e correu para dentro, Kankuro e os guardas ANBU nos calcanhares dela. A visão que a cumprimentou fez o sangue escorrer de seu rosto.

— Sasori! — gritou ela, caindo ao chão ao lado dele.

O rosto do ruivo estava contorcido de dor. Apertava o lado esquerdo de seu próprio​ peito, logo acima de seu coração. Logo que Sakura chegou ao seu lado, ele fez um grunhido sufocante e caiu coxo. Tomada pelo pânico, a rosada pôs suas mãos sobre o peito dele e injetou-lhe chakra para avaliar o problema. Kankuro e os guardas ANBU correram para o lado de Sasori. Um dos shinobi  puxou um rádio e chamou mais companheiros de equipe.

O que Sakura encontrou durante sua análise fez o ar sair de seus pulmões, como se tivesse sido perfurada no estômago.

— Ele está tendo uma parada cardíaca súbita! Seu coração está falhando! — ela gritou.

Isso era péssimo! A falta de oxigênio devido à insuficiência cardíaca deixaria Sasori com danos cerebrais irreparáveis! Ela não tinha muito mais que cinco minutos para lidar com o problema. Teria que agir rápida e decididamente se quisesse ter alguma chance de salvá-lo.

Mordendo o interior de sua boca, Sakura forçou os pensamentos instintivos para fora de sua cabeça. Focalizou-se singularmente na tarefa em mãos. Kankuro observava com uma expressão sombria as mãos brilhantes da garota.

— Maldição! — ela jurou.

— O que é que há de errado? — Kankuro perguntou, sua voz rouca de preocupação.

— Eu preciso chocá-lo. Seu coração precisa de impulsão elétrica para estimular as contrações normais. Geralmente há sempre por perto um médico com chakra do estilo relâmpago — ela falou.

Um impulso súbito para chorar em frustração a superou, mas ela apertou os dentes com força para manter-se o mais firme possível. Droga! Por que Sasori tinha que cair assim? Quase desejava que ele tivesse sofrido um derrame, em vez de uma parada cardíaca, já que pelo menos isso não exigiria uma habilidade que ela não possuía. A culpa era dela. Deveria ter se planejado para essa possibilidade. Por que ela não pensou nisso antes? E por que ela não tinha a afinidade necessária da natureza do chakra para resolver esse problema? Kakashi dominava o relâmpago. Ela desejou tê-lo por perto nesse momento. Sasuke também dominava o estilo relâmpago. Ele provavelmente saberia o que fazer nesse tipo de situação. Sempre foi um improvisador mais rápido do que ela...

— Haruno-sensei, se você precisar de eletricidade, eu posso ser capaz de ajudar — veio uma voz atrás dela.

Sakura virou-se para ver outro guarda ANBU do esquadrão que geralmente guardava Sasori. Os demais provavelmente correram para informar ao Kazekage sobre as novas circunstâncias.

— Eu domino a liberação de relâmpago — o ANBU mascarado adicionou rapidamente.

Suas palavras afastaram os pensamentos espontâneos de Sasuke, ajudando-a a se concentrar no presente. Esse não era o momento.

— Ótimo! — Ela assentiu — Sente-se ali. — indicou o lado oposto a ela.

— O que você precisa que eu faça? — o guarda perguntou enquanto tomava o lugar de Kankuro em frente a Sakura.

— Preciso que você dirija 360 Joules para o coração exatamente quando eu lhe disser. Você pode ter que fazer isso mais de uma vez. Acha que consegue liberar essa quantidade exata?

— Eu posso, mas não prometo que não fará nenhum dano. O jutsu é feito para ferir, não curar.

— Sou capaz de regular seu chakra de uma forma que não seja prejudicial para Sasori — disse Sakura. Ela não sabia quão exata era essa declaração, mas não estava disposta a deixar que aquele pequeno detalhe a dissuadisse, não quando eles passaram a ter uma chance real.

— Certo — o ANBU disse enquanto invocava cintilação branca para suas mãos.

Sakura posicionou as mãos do ANBU sobre o peito imóvel de Sasori: uma no peitoral direito, e a outra logo abaixo do peitoral esquerdo. Colocou suas próprias mãos brilhantes sobre as do ANBU, pronta para dirigir seu chakra.

— Agora! — ela ordenou.

— Claro!

Um choque de eletricidade fez os pêlos por todo o corpo de Sakura ficarem de pé. Ela trabalhou seu próprio chakra para não permitir que Sasori sofresse danos. Quando o choque passou, ela rapidamente começou a administrar ressuscitação cardiopulmonar.

Dez compressões torácicas.

Vinte.

"Eu não vou deixar você morrer ", ela pensou fervorosamente.

Trinta compressões torácicas. Sakura rapidamente baixou sua boca para a de Sasori e respirou por ele. Depois de duas respirações, ela recuou para examiná-lo, mas não houve reação. Um pânico frio apertou o peito dela.

— Outra vez — Sakura comandou, suor escorrendo em sua testa, e sua garganta fechando pelo pânico. — Agora!

A eletricidade acariciou o coração latente de Sasori mais uma vez, desejando que bombasse livremente. Sakura sentiu-o picar suas mãos enquanto ela tentava impedir que as descargas o queimassem. Sem nem sequer esperar que o ANBU movesse as mãos, ela começou outro ciclo de primeiros socorros. Trinta compressões torácicas seguidas de duas respirações assistidas. E ainda, nada.

"Não, não, não!"

Sakura sentiu um calor estranho se formar atrás de seus olhos quando recordou que cada segundo perdido colocava-o mais perto de sofrer danos cerebrais permanentes. Cada segundo aproximava-o mais da morte.

— Novamente! — ela dirigiu-se ao ANBU.

Outra descarga elétrica, e Sakura começou o terceiro ciclo. "Não vou perder você assim", pensou enquanto suas mãos comprimiam o peito do ruivo.

— Droga! Acorda! — a voz trêmula de Kankuro alcançou os ouvidos de Sakura. Isso a fez querer puxar os próprios cabelos. Aquela desgraça não estava acontecendo!

— Eu não vou deixar você desistir — ela sibilou enquanto novamente se abaixava para ajudá-lo a respirar.

Os lábios de Sakura mal tocaram nos de Sasori quando ele tossiu. O corpo dele começou a apresentar leves espasmos.

— Sasori! — Kankuro gritou. Com o auxílio do ANBU, usou seu peso corporal para conter o ruivo.

Sakura não perdeu tempo. Assim que testemunhou a reação do enfermo, ela moveu suas mãos para o peito dele, chakra verde flamejante passou a ser imediatamente transferido. Focou-se no coração e nos pulmões antes de mover uma mão para a testa dele. Estava queimando, mas seu cérebro estava recebendo um fluxo normal e saudável de sangue rico em oxigênio. Estava fora de perigo imediato.

Uma gota de líquido transparente caiu sobre o rosto dele, seguido de outra. E outra. Sakura estendeu a mão para confirmar que eram suas próprias lágrimas.

— Ele vai viver? — perguntou um recém-chegado guarda da ANBU, que tinha acabado de se ajoelhar ao lado de Sakura.

A rosada olhou para o rosto de Sasori. Estava mormente pálido e úmido... e inconsciente. Contudo, estava respirando, e o chakra de Sakura lhe disse que o coração dele estava batendo normalmente outra vez.

— Sim... — disse fracamente. — Ele vai.


Notas Finais


Até mais, pessoal!


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