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História A Perfeita Imperfeição de Existir - Vigésimo Sexto Ato


Escrita por: redrosess

Notas do Autor


Oi, meu queridos! Voltei rapidinho desta vez. Não vou enrolar muito, apenas lhes agradecer por todo o apoio tal como lhes desejar uma ótima leitura!

Observação: qualquer erro de digitação é culpa da falta de tempo ;)

Capítulo 26 - Vigésimo Sexto Ato


Fanfic / Fanfiction A Perfeita Imperfeição de Existir - Vigésimo Sexto Ato

— Obrigado pelo seu árduo trabalho hoje, Haruno-sensei! — uma jovem assistência hospitalar disse para Sakura.

— Não tem o que agradecer. Vejo você amanhã — Sakura disse, acenando. Depois de um longo turno trabalhando no hospital de Suna, ela ficou aliviada por estar indo para casa. Um banho quente seria ótimo depois desse dia cansativo.

Ela estava orgulhosa do progresso que todos estavam fazendo. Tachibana até a felicitou em nome de seus alunos. Nesse dia, a classe avançada conseguiu unir membros decepados a um cadáver, isso sem cometer nenhum erro. Tachibana sugeriu que o tempo para trabalhar em pacientes vivos estava se aproximando. Esse pensamento fez Sakura sorrir. Logo que ela chegou a Suna, os médicos do lugar nem sequer imaginavam que era possível reatar membros decepados. Mas, então, eles já estavam a fazer isso sem sequer deixar escapar um pingo de suor. Uma rápida varredura da área confirmou que ninguém estava por perto para vê-la, então ela deu um soco no ar como forma de comemorar todo esse progresso.

— Isso aí!

Sua casa ficava perto do hospital, então chegou em menos de três minutos. Encheu de água uma chaleira sobre o fogão. A banheira podia esperar um pouco mais, decidiu. Assim que ela terminou de trocar sua bata de laboratório por uma vestimenta mais confortável, uma batida chamou sua atenção. Estranho, ela não estava esperando visita. Talvez fosse Kankuro com notícias sobre o primeiro dia de treinamento de Sasori após ter recebido seu chakra de volta. Ela caminhou até a porta e abriu-a, mas a visão que a cumprimentou só a fez ficar esganiçada nas sobrancelhas, confusa.

— Posso ajudá-lo, senhor?

O velho que estava na porta de Sakura piscou para ela através de espessas sobrancelhas. Depois de alguns momentos de seu estranho escrutínio, ele ergueu seus olhos afundados para os dela.

— Você é a ninja médica de Konoha.

— Eu sou — Sakura disse lentamente. 

O homem parecia vagamente familiar, mas ela não conseguia reconhecê-lo plenamente.

— A mesma que ajudou Nee-chan a derrotar Sasori... Sim, foi você, não foi?

— Nee-chan? Espere, você não poderia ser... Ebizo-jii-sama?

— Ah, sim, não nos conhecemos bem na última vez que você esteve aqui, se bem me lembro... Você estava muito ocupada com Kankuro-kun.

Sakura lembrou-se dele enfim. Ele era o irmão mais novo de Chiyo, o outro Ancião de Suna. Não tinham se falado quando ela esteve no resgate do Kazekage, mas o velho shinobi estava sempre com Chiyo. Se ele era seu irmão mais novo, então isso o fazia...

— Será que eu poderia entrar por um instante? — ele perguntou.

— Sim, claro, por favor, entre. Sakura ficou de lado para deixar o velho passar. — Eu estou fazendo chá. Você gostaria de uma xícara?

— Sim, isso seria muito bom.

— Claro.

Sakura assentiu e voltou para a cozinha depois de mostrar a Ebizo uma cadeira à mesa. A chaleira assobiou estridentemente, e a rosada tirou-a do fogão para acariciar o chá. Depois de pegar dois copos, ela voltou para a sala. Ebizo aceitou a xícara de chá fumegante e tomou um gole.

— Por favor tenha cuidado, está muito quente.

— Eu gosto de meu chá quente. É melhor assim — disse ele, tomando outro gole.

Ficaram em silêncio por alguns instantes. Sakura soprou seu chá para esfriá-lo. Quando não parecia que Ebizo iria abordar o silêncio, ela decidiu dar o primeiro passo.

— Você é o avô de Sasori.

Ebizo esquentou suas mãos esguias ao redor do pequeno copo, e Sakura não conseguia dizer para onde os olhos dele estavam apontados. Lembravam-lhe dois buracos negros. Como ele via qualquer coisa? Deveria ser muito velho.

— Está certa.

Ele não elaborou, então Sakura continuou:

— Há algo que eu possa fazer por você, Ebizo-jii-sama?

Ele tomou outro gole do chá e suspirou de satisfação.

— Durante minha vida inteira eu trabalhei para proteger esta aldeia, primeiro como um shinobi e, mais tarde, como um membro do Conselho Jounin. Você sabia que os shinobi de Suna são muito orgulhosos de sua aldeia?

— Sim, eu vejo isso todos os dias. Estou feliz que os ninjas de Suna tenham tanto orgulho de sua aldeia.

— Ah, sim, é muito bom; agora, o orgulho é uma faca de dois gumes. O orgulho dá aos nossos ninjas a força para lutar mesmo quando estão exaustos, tudo por causa da aldeia. Mas o orgulho que vira arrogância torna-os fracos.

Sakura assentiu, sem saber onde ele estava indo com isso.

— Nee-chan e eu... nós éramos opostos à aliança com Konoha desde o começo. Nós, que trabalhamos duramente para fazer de Suna uma aldeia esplêndida para a próxima geração, ficamos revoltados com a decisão. Mas nossa aldeia não iria se levantar contra Konoha logo após esse incidente infeliz no Exame Chuunin. Nós perdemos nosso quarto Kazekage na época... — Sakura tomou um gole de seu chá muito quente e estremeceu. Ela acabou queimando a língua. Não tinha certeza se gostava de onde essa conversa estava indo. — Suna estava em ruínas, e Konoha se aproveitou de nós. — Ebizo parou e olhou diretamente para ela, como se a desafiasse a protestar. Mas Sakura estava bem treinada na arte de segurar sua língua, afinal ela tinha passado tempo suficiente perto de uma volátil Tsunade para obter a mensagem alta e clara. — Mesmo quando nosso Quinto Kazekage foi sequestrado pela Akatsuki, eu ainda não confiava em vocês de Konoha. Foi vergonhoso que os nossos próprios ninjas não pudessem recuperar Gaara-kun sem ajuda de outra aldeia. Se eu fosse um pouco mais jovem, talvez tivesse sido diferente — Ele parou e tomou outro gole de chá. — Sua presença aqui agora prova que Suna ainda é inferior a Konoha em termos de talentos... Confiar em estrangeiros para treinar nossos médicos? É francamente vergonhoso.

— Ebizo-jii-sama, com todo o respeito, eu não aprecio você vir aqui insultar minha vila...

— Não estou aqui para insultá-la, criança. — Deixou a xícara e dobrou as mãos sobre a mesa. — Estou aqui para lhe agradecer.

— Agradecer-me?

— Eles dizem que a sabedoria é uma bênção da velhice, mas às vezes eu sinto que é a geração mais jovem que é a mais sábia. Sem a ajuda de Konoha, Suna não seria tão próspera como é hoje. Sem Konoha, não teríamos o nosso Kazekage de volta. Sem você... — Ele puxou suas suíças brancas e suspirou. — Sem você, eu nunca teria visto meu sobrinho-neto novamente.

Sakura pousou o chá e olhou para o ancião sentado em frente a ela. Ela não conseguia detectar nenhuma duplicidade em suas palavras, mas, novamente, ela nunca fora particularmente adepta de detectar uma mentira.

— Ebizo-jii-sama — ela começou, mas não sabia o que dizer a ele. 

— Você provavelmente me acha estranho, vindo aqui para lhe agradecer por salvar a vida de um criminoso e traidor para minha aldeia.

— A maioria das pessoas pensaria isso.

— A maioria das pessoas, sim. — Inclinou-se ligeiramente para a frente, como se quisesse olhar melhor para ela. — Mas e você?

Sakura se moveu desconfortavelmente.

— Eu só quis dizer que, como familiar de Sasori, é compreensível que você possa estar grato por ter a chance de vê-lo novamente antes...

Ebizo observou-a através dos seus olhos afundados. Certamente, ele devia saber sobre a execução iminente de Sasori. Ele suspirou cansado e se recostou em sua cadeira.

— Sim, sou a única família que ele deixou.

Suas palavras soaram amargas nos ouvidos de Sakura. Ou era essa a sua imaginação? Ele estava realmente envergonhado de seu parente? Sakura achava que não podia culpá-lo se realmente fosse o caso. Afinal, Sasori tinha feito muito e mais para merecer o desprezo de todos de Suna. Mas isso não poderia estar certo. O ancião tinha ido agradecer a ela por dar-lhe a chance de ver Sasori uma última vez. Ele ainda abrigava sentimentos por seu sobrinho-neto, apesar de tudo que Sasori tinha feito. Ele simplesmente parecia triste pelas coisas terem chegado a isso. O que Chiyo disse quando Sasori estava no seu leito de morte? Algo sobre como eram os ensinamentos de Sunagakure que haviam transformado Sasori em um monstro. Sakura não tinha dado devida atenção a tais palavras na época, interrompida por sua fúria muito fresca. Mas ali, nesse momento, falando com Ebizo, ela sentiu a necessidade de dar-lhe algum tipo de segurança.

— Ele não é como costumava ser.

— O que você quer dizer, criança?

— Ele está ... — Sakura tentou pensar em como expressar isso. 

Sasori não estava arrependido, mas também não era hostil. Sakura nunca o descreveria como agradável no sentido convencional, mas havia algo nele que o tornava facilmente familiar no ponto de vista dela. Havia potencial nele para que fosse uma pessoa melhor, se assim quisesse. E Sasori também lhe era um lembrete constante de que ela era capaz, de que ela poderia ser mais do que era se trabalhasse duro. Ele lhe ensinara isso quando se chocaram cerca de quatro anos antes. Perguntou-se se poderia ajudá-lo a ser mais, também.

— Ele é mais do que era — ela disse suavemente.

— Gostaria muito de acreditar nisso.

Ficaram em silêncio por mais algum tempo. Sakura encheu suas xícaras de chá.

— Sabe... Sasori está sozinho há muito tempo — disse Ebizo, com uma pitada de melancolia em suas palavras. 

No minuto em que ele as disse, Sakura se viu acreditando que eram verdadeiras. Solidão... sempre era a raiz dos infelizes acontecimentos na vida de quem quer que fosse. Naruto estivera sozinho por tanto tempo simplesmente porque ele era o Jinchuuriki da Kyuubi, um fato que fez o sangue de Sakura ferver. Kakashi visitava o memorial de Konoha diariamente. Tinha perdido tantas pessoas importantes... E Sasuke... Uma imagem do último Uchiha passou pela mente dela... Aqueles olhos... Por que ela não tinha feito a conexão antes? Sasori tinha aquele mesmo olhar distante às vezes, como se estivesse se lembrando de alguma coisa. Era óbvio demais! Sasuke era solitário, e a idiota, de doze anos de idade, nunca tinha conseguido entender esse tipo de dor.

Ela sabia que os pais de Sasori haviam morrido quando ele era criança, mas ela não sabia os detalhes. Primeiramente, por que ele deixara Suna? Ele ainda tinha família ali, então por que jogar tudo fora? E por que ele fora capaz de atacar Chiyo sem sentir mesmo o menor indício de remorso?

"O que aconteceu com você, Sasori?"

— Bem, ele não está sozinho agora. Kankuro e eu estamos com ele todos os dias.

Ebizo sorriu.

— Talvez vocês dois possam tirar um pouco daquela dor que ele tem mantido trancada por tanto tempo, mesmo que seja apenas temporariamente. Acho que ele precisa disso.

— Sasori odeia o temporário. — Sakura sorriu amargamente. — Ele é o tipo de pessoa que só pode apreciar algo infinito. É assim que ele pensa.

— Sim, isso é verdade. — Ebizo colocou seu copo vazio sobre a mesa e se levantou. Sakura ajudou-o. — Obrigado, Sakura, por ter escutado as divagações deste velho. Você é certamente mais agradável que sua mestre.

Sakura reprimiu uma gargalhada. Tsunade não era conhecida por sua paciência com os idosos. Sakura abriu a porta para ele e curvou-se educadamente, agradecendo-lhe por ter parado para conversar com ela.

— Escute. — ele disse enquanto estava na porta. — Sasori é de fato casado com seus ideais artísticos, mas talvez ainda haja tempo.

— Tempo para quê?

— Ah, me perdoe, Sakura. Costumo balbuciar sem sentido na minha velhice.

— De jeito nenhum, Ebizo-jii-sama.

Ela lançou-lhe um sorriso brilhante, o mesmo sorriso de marca registrada que tinha saudado Naruto depois de seu treinamento solo com Jiraiya.

Ebizo parecia visivelmente surpreso, mas assentiu com a cabeça.

— Sim, talvez ainda haja tempo precioso para ele... — insistiu antes de partir, deixando Sakura um pouco perplexa por suas palavras enigmáticas.

 Ela fechou a porta e transferiu os copos de chá usados ​​para a pia da cozinha para lavar depois. 

Dez minutos mais tarde, ela estava pensando cobiçosamente em sua banheira. Enquanto mergulhava na água quente do banho, refletia sobre seu breve encontro com o parente de Sasori.

Tinha sido bastante estranha a visita improvisada, mas não de uma maneira ruim. Na verdade, foi bastante bom saber que Sasori tinha um membro da família que ainda se importava com ele de alguma forma. Ele provavelmente não merecia, e ela estava um pouco surpresa que Ebizo ainda tivesse admitido se importar com seu sobrinho alienado. Mas o sangue é mais grosso do que a água. Mesmo Chiyo tinha amado Sasori até o momento em que ela morreu. Sakura não podia começar a imaginar o que devia ter sido para a velha lutar contra seu amado neto. Ela morreu pensando que Sasori era um vilão.

— Um vilão...

Ele é um vilão.

No entanto, era uma declaração vazia. O Sasori que morreu naquele dia no País dos Rios fez todos os esforços para demonstrar sua maldade, mas também deliberadamente falhou no final, Sakura lembrou a si mesma. Ele deixou Chiyo dar-lhe o golpe definitivo...

Sakura meneou a cabeça sob a superfície e abriu os olhos. As luzes no teto cintilavam dentro e fora de foco. Subaquática, o mundo parecia diferente, e ela teve que usar sua imaginação para escolher as rachaduras no teto de arenito. Suas formas mudavam com cada ondulação da água, fazendo-os aparecer curvado em vez de irregulares. Ela fechou os olhos e tentou acalmar seu corpo. Kakashi tinha feito muitas vezes a equipe 7 praticar a respiração debaixo d'água como medida de precaução, pois um jutsu dessa natureza encarado erradamente poderia significar o fim da linha. Sakura poderia prender a respiração por uns bons dois minutos, mas mesmo os melhores shinobis não podiam viver sem ar.

De repente, os olhos de Sakura se abriram e ela sentou-se abruptamente na banheira. A água escorria através de seus cabelos e sobre sua pele nua. Ela sugou um gole de ar fresco e sentiu-se rejuvenescida. Algumas piscadas e o mundo voltou ao foco. As rachaduras no teto eram serrilhadas em vez de lisas.

— Sasori está sozinho há muito tempo.

Mesmo o melhor shinobi não pode viver sem ar.

Sakura secou-se e rapidamente se vestiu. Sasori não estava em tanto perigo após ter seu chakra de volta. Certamente não havia necessidade de ela pairar sobre ele como uma mãe nervosa. Ele nunca se cansava de lembrar-lhe de seus modos exageradamente meticulosos.

Em menos de dez minutos, Sakura estava fora de sua casa, correndo sobre telhados de arenito em direção à casa de Sasori. O ar da tarde era frio, e o vento carregava pequenos grânulos de areia, como sempre fazia. Ela teria que tomar outro banho mais tarde. Passaram-se apenas alguns minutos antes de chegar à porta de Sasori. Ela cumprimentou os guardas da ANBU, como de costume. Eles não a questionaram.

— Sasori? — ela disse, após bater na porta.

O ruivo respondeu prontamente. Sakura notou que ele parecia cansado.

— Olá! — disse ela, sorrindo brilhantemente pela segunda vez naquele dia.

"Sasori está sozinho há muito tempo."

— Sakura.

Ele olhou suavemente para ela no instante em que reconheceu sua presença, e isso fez o coração dela bater um pouco mais rápido. Passou por ele e se virou para olhá-lo por cima do ombro, seu sorriso brilhante ainda no lugar.

— Sasori.

Mesmo o melhor shinobi não podia viver sem ar...



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