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História A Perfeita Imperfeição de Existir - Terceiro Ato


Escrita por: redrosess

Notas do Autor


Aqui está mais uma parte desta história, pessoal. Espero que seja do agrado de vocês. Por favor, me desculpem por qualquer erro de ortografia ou gramática. Não tenho ninguém para me ajudar a editar minhas postagens, então é quase impossível que eu não cometa algum erro.

Capítulo 3 - Terceiro Ato


Fanfic / Fanfiction A Perfeita Imperfeição de Existir - Terceiro Ato

Ao longo da semana seguinte, Sakura trabalhou incansavelmente no coração de Sasori. A jounin descobriu que regenerar o coração dele iria demorar muito mais tempo do que ela tinha inicialmente previsto, uma vez que  estava trabalhando sozinha. Ela tinha que injetar seu chakra para estimular a divisão celular, ao mesmo tempo que concentrava-se no controle de sua investida para não permitir que qualquer quantidade de energia errante pudesse afetar negativamente outros órgãos. Foi um processo muito tedioso, que exigia um alto nível de controle de chakra e paciência. Sakura só tinha a agradecer pelo árduo treinamento de técnicas de regeneração a que ela foi submetida por Tsunade e Shizune, pois estava ajudando-a a manter o foco naquele momento. Entretanto, a jovem percebeu que havia causado algum dano ao corpo de Sasori. Isso estava levando uma eternidade!

Felizmente, Sakura estava quase terminado nessa altura. De fato, não tinha como evitar pequenos incidentes ao longo do processo, dada a complexidade do quadro clínico de Sasori — mais do que uma vez ela se pegou deixando seu chakra vagar desnecessariamente, estimulando outros órgãos. O progresso do seu procedimento estava se movendo na velocidade de um caracol — ainda assim, havia progresso. Apenas um pouco mais e Sasori teria um coração inteiro a trabalhar novamente.

— Bom trabalho, Sakura.

Cuidadosamente, Sakura desconectou-se do organismo de Sasori para que ela pudesse dirigir-se à recém-chegada.

— Temari.

— Como está indo?

— Eu devo ser capaz de completar a regeneração hoje. Então tudo o que restará é remover o chakra estranho que flui pelo corpo dele. Isso deve desativar a técnica de hibernação, ou o que quer seja.

Temari acenou demonstrando compreensão do que Sakura acabara de dizer. A ninja da Areia retornou imediatamente após receber a intimação de Gaara, para alívio de seus irmãos. Temari era, certamente, melhor em lidar com o conselho Jounin do que Kankuro.

— O que traz você aqui?

— Na verdade, eu tenho uma atualização sobre o veredito. — Temari indicou Sasori — O conselho Jounin concordou em permitir que ele seja mantido vivo para ser interrogado logo que despertar.

Bem, isso já era grande coisa. A maior parte dos ninjas mais velhos queria acabar de imediato com a meia-vida de Sasori devido a seus gravíssimos crimes. Parecia que Gaara, com uma pequena ajuda de seus irmãos, tinha conseguido reunir apoio suficiente para sua decisão. Sakura ficou aliviada ao ouvir isso.

— Se ele vai colaborar ou não, é outra história — Temari acrescentou em tom sombrio.

Durante cerca de dez dias nos quais esteve labutando dia e noite em seu intento de acordar Sasori, Sakura notou um tipo de mudança em seus sentimentos diante daquele contexto no qual estava profundamente inserida. Originalmente ela só queria reviver Sasori para testar os limites de suas habilidades como jounin médica. Sakura não se importava nem um pouco com o que aconteceria com o ninja renegado depois que ela tivesse sucesso em acordá-lo. Na verdade, a ruiva ficaria mais que contente em entregar o shinobi criminoso consciente a Gaara, dadas as memórias que ela ainda guardava sobre as atrocidades cometidas por ele. Mas com o tempo a garota não pôde deixar de se perguntar por que ele ainda estava vivo e como exatamente tinha sobrevivido todo esse tempo? Ela estava interessada em ouvir a história do seu singular paciente. A jovem kunoichi odiava sua enorme e, nesse caso, condenável curiosidade.

Entretanto ela suspeitava que não era a única a estar curiosa a respeito de Sasori. Kankuro visitava o leito do ninja renegado todos os dias para ver a jovem médica de Konoha. Na verdade, ele estava preocupado que ela estivesse sobrecarregando a si mesma. Então Sakura entrou na rotina de fazer uma pausa a cada vez que o prodígio das marionetes aparecia. Eventualmente, ele revelou que estava curioso sobre como Sasori tinha mantido sua forma humana. Sakura suspeitava que, sendo um ninja marionetista, Kankuro tinha por Sasori uma curiosidade semelhante a de um aluno por seu professor. É, deixa para lá o fato de que o marionetista criminoso tinha tentado matar Kankuro no passado, ela pensou sardonicamente. Ainda assim, Sakura não poderia culpá-lo. Por mais que ela não quisesse admitir isso, estava muito ansiosa para ver Sasori acordar, também. A garota nunca poderia esquecer sua épica batalha com ele e definitivamente nunca sairia de sua mente o reconhecido que o grande shinobi de Suna demonstrou abertamente para com ela. O que ele pensaria dela agora? Ele ficaria feliz por estar vivo? Grato? Tantas perguntas passavam pela mente de Sakura, que ela começou a pensar que estava gastando muito tempo perto do corpo em coma de Sasori. Ela realmente queria apressar e acabar com isso logo para que pudesse seguir em frente.

— Eu me pergunto se ele vai cooperar no interrogatório —  Sakura refletiu.

— Eu espero que sim. Este homem é uma lenda, e eu estaria interessada no que ele tem a dizer. Eu fui a fundo na história dele antes do mesmo deixar Suna. E só posso dizer uma coisa: ele é simplesmente extraordinário.

— O que você quer dizer?

— Ele deixou nossa vila com só quinze anos de idade, mas na ocasião já era considerado um assassino classe S. Suas técnicas com marionetes trouxeram uma verdadeira revolução durante a Terceira Grande Guerra Shinobi. Pelo que eu sei, apenas Gaara já correspondia ao nível de habilidade de Sasori em semelhante idade. No entanto, vale lembrar que meu irmão era um Jinchuuriki, Sasori não.

— E por que ele deixou a Aldeia da Areia?

— Eu realmente não sei. Sasori simplesmente decidiu ir embora sem nenhum motivo aparente. Agora sabemos que ele sequestrou e matou o Terceiro Kazekage, pouco depois de deixar a aldeia, então essa foi uma de suas razões para desertar a Aldeia. Entretanto, logicamente não foi a única.

Sakura balançou a cabeça, pensativa.

— Bem, acho melhor eu ir. Alguém tem que se certificar de que Gaara não mate qualquer um dos conselheiros.

— Eles estão dando trabalho?

— Existem alguns que estão bem teimosos diante da decisão de Gaara. Mas acho que não podemos culpá-los por isso. Sasori é definitivamente muito perigoso e odiado por trair Suna. Ah, por falar nisso, eu vou precisar que você avise antes de realmente acordá-lo. Gaara quer estar aqui, juntamente com uma equipe ANBU, para garantir que nada terrível aconteça.

— Claro.

— Certo, então eu vou deixá-la com ele. Boa sorte, Doutora Frankenstein — brincou.

— Até você! — Sakura fez uma careta de tristeza simulada. — Juro, se eu obtiver sucesso e a notícia se espalhar, as pessoas vão começar a me pedir para ressuscitar os mortos.

— Bem, você não se sentiria orgulhosa, Sakura? Afinal, não é todo dia que alguém consegue reviver um cara com apenas metade do coração!

— Sim, eu acho.

— Vejo você mais tarde. E não se esqueça de nos informar antes de acordá-lo, estou falando sério.

— Sim, eu sei.

Assim que Temari saiu, Sakura imediatamente voltou ao trabalho. Ela estava perto demais para relaxar agora. Um par de horas mais tarde, Sakura soltou um suspiro de triunfo. A Primeira fase do processo estava completa.

Mas não era o momento para amolecer. A segunda fase seria bem difícil, entretanto Sakura tinha esperança que tudo fosse bem mais rápido comparado à fase de regeneração. Depois de uma pequena pausa para o almoço, a jovem estalou os nós dos dedos, pronta para recomeçar. Ela já havia preparado um recipiente cheio de um agente neutralizante de chakra, que seria usado para extrair o chakra estranho sem que a kunoichi tivesse que tocar o paciente. Tratava-se de um processo semelhante à técnica de extração de veneno que Tsunade havia lhe ensinado. Sakura se pôs sobre Sasori e levou uma das mãos até um recipiente, apalpando uma bolha do líquido ali presente. Lentamente, ela empurrou o fluido  no peito de Sasori e deixou que seu chakra levasse a substância para dentro do organismo do ruivo, em busca de vestígios da presença estranha. Depois seu chakra começou a atrair de volta o agente neutralizante até que voltasse a ficar concentrado numa bolha, agora cheia do chakra estranho. Sakura removeu com cuidado a energia estranha para um tubo de vidro cilíndrico feito para conservar chakra.

Como esperado, o processo foi lento, mas a kunoichi conseguiu remover a maioria do chakra estranho — uma pequena quantidade permaneceu no corpo de Sasori, para a qual ela teria que fazer uma varredura total do organismo dele para extrair. Depois de várias horas, Sakura ficou de pé e alongou sua costa. Ela enxugou sua testa suada na sua bata de laboratório e alcançou um copo de água.

Quando ela fez os testes no rato, este despertou logo que o chakra estranho foi removido do seu organismo, então Sakura esperava que Sasori respondesse de forma similar. Antes de continuar com os procedimentos, a jounin médica virou-se para um dos guardas ANBU e disse:

— Você poderia, por gentileza, informar ao Kazekage que eu estou quase terminando?

O ANBU fez sinal positivo e deixou o quarto. Satisfeita, Sakura retornou sua atenção para seu paciente.

— Certo. Mãos à obra! — ela exclamou.

Sakura colocou uma nova bolha da substância apanhadora de chakra  sobre o peito de Sasori e realizou outra varredura, vestígios da energia forasteira eram capturados feito peixes em uma rede de arrasto. Ela retirou a bolha e foi até outro cilindro de vidro. De repente a cama começou a tremer. Assustada, Sakura voltou sua atenção para seu paciente. O corpo do Sasori estava convulsionando violentamente. Alarmada, a ruiva imediatamente pressionou as palmas de suas mãos contra o peito nu do shinobi da Akatsuki para segurá-lo no leito.

— O que está acontecendo? — o guarda ANBU restante perguntou assim que ele se aproximou para auxiliar Sakura.

— Ele está tendo uma convulsão. Algo semelhante aconteceu com o rato de laboratório anteriormente — ela falou entre dentes.

"Vamos, Gaara, onde está você?", a kunoichi de Konoha pensou freneticamente

— Haruno-sensei, afaste-se. Se ele acordar...

— Ele está tendo uma convulsão! Ele não vai acordar ainda.

Poucos segundos depois de sua convulsão, Sasori caiu completamente imóvel. Sakura piscou, pega de surpresa. Ela observou-o com cautela. Seu paciente não estava se movendo. Ele não estava nem mesmo respirando.

— Droga!

A jounin desencadeou seu chakra no organismo de Sasori. Nesse momento um pouco de pânico começou a se apoderar dela, pois aquilo não tinha acontecido antes com o rato. Será que ela tinha cometido algum erro em reparar o coração de Sasori? Mas durante várias vezes ela verificou para ter certeza que o coração dele estava funcionando normalmente! A kunoichi médica rapidamente concentrou seu chakra em torno do órgão reparado do ninja desertor para dar-lhe estímulo, mas não estava respondendo. Droga, por que ele não estava respondendo?

— Não se atreva a morrer diante de mim — ela grunhiu.

Antes de Sakura poder registrar um pensamento coerente, ela sentiu punhos de ferro agarrarem  seus pulsos. Assustada, a garota instintivamente tentou retirar a mão, mas não conseguiu.

— O que...

— Você.

Os olhos de Sakura de imediato direcionaram-se para os do seu paciente, para logo encontrá-los apontados diretamente para ela! A garota sentiu uma ilógica raiz de pânico apoderar-se dela e seus olhos se arregalaram em choque. Os olhos de Sasori estavam abertos e ele estava olhando para a kunoichi como se a mesma fosse a figura mais abominável do mundo. Seus olhos cor de mel quase queimavam com raiva. Mas antes que Sakura pudesse encontrar sua voz, um turbilhão de areia a rodeou e com força puxou-a para trás. O movimento dolorosamente livrou seu pulso do aperto de Sasori, e Sakura teve que abafar um grito de surpresa. Ela aterrissou contra algo rígido e quente.

— Sakura, você está bem? — A voz de Kankuro falou de cima.

Sakura levantou a cabeça para ver que Kankuro estava apoiando-a contra seu peito largo, um olhar preocupado em seu rosto.

— Sim.

Um som de batidas abafadas tomou sua atenção naquele momento. Ela se virou para olhar de volta para a cama de hospital e viu Gaara de pé sobre Sasori, que agora estava coberto de areia. Quatro guardas ANBU cercavam, prontos para reagir com força, se necessário. Ela viu o shinobi desertor tentar levantar-se sem sucesso — a areia de Gaara era mais rígida do que aço temperado.

— Sasori Akasuna — Gaara falou, sua voz fria.

Sasori olhou para o Kazekage, e Sakura notou que sua ira ardente anterior tinha abandonado seus olhos. No máximo, o ninja debilitado demonstrava um pouco de irritação em seu rosto. Um momento de silêncio passou enquanto Sasori continuou a fitar Gaara.

— Ela reviveu você.

Sua voz era leve e ligeiramente curiosa, mas não era uma pergunta. Sakura imediatamente percebeu que ele estava falando de Chiyo. A ninja anciã morreu para trazer Gaara de volta à vida.

— Eu sou o único a fazer perguntas aqui.

Sasori levantou uma sobrancelha para o jovem Kazekage, mas não falou.

— Sasori Akasuna — Gaara continuou —, Você vai cooperar com um interrogatório a respeito de toda e qualquer informação que você tiver sobre a organização criminosa conhecida como Akatsuki, da qual você foi membro por muitos anos. Uma vez que eu estiver convencido de que você revelou tudo o que sabe sobre a organização e seus objetivos, você irá enfrentar a execução por traição e assassinato do Terceiro Kazekage, entre outros crimes.

Sasori piscou e deixou escapar uma risada suave, sem humor.

— Isso não é brincadeira, Sasori. Você deve considerar-se com sorte por estar vivo agora. Você recebeu uma rara oportunidade de se redimir.

A expressão do mestre titereiro ficou rígida, seus olhos frios em Gaara.

— Se não cooperar, você será executado de imediato.

— Você pretende me matar de qualquer maneira, mesmo se eu cooperar. Então por que eu me importaria?

— Você não tem o direito de dizer qualquer outra palavra sobre o que eu decidir, além de sim ou não. Ou morrer agora, ou morrer mais tarde. A escolha é sua.

— Isso não é uma escolha — Sasori disse em tom amargo.

Sakura engoliu em seco. Foi a mesma voz assombrosa de anos atrás. Ela quase podia ouvi-lo insultando-a e insultando-a; relutantemente, elogiando suas habilidades. E agora ele estava vivo e encontrava-se apenas a alguns passos dela. Como se sentisse seus pensamentos, os olhos frios de Sasori repentinamente se apontaram para os dela. Sakura sentiu o ar deixar seus pulmões, mas ela não conseguia desviar o olhar. A jovem não se esqueceu daqueles olhos desde quando pensou tê-los fechado para sempre.

— Você... — ele falou em tom de acusação — O que você fez?

— Ela salvou sua vida — Kankuro falou detrás de Sakura.

Sasori pareceu finalmente notar a presença do jounin marionetista, o que o surpreendeu muito.

— Kankuro.

Sasori e Kankuro trocaram olhares, mas nada além disso.

O ninja renegado voltou a direcionar-se à Sakura:

— Você perdeu seu tempo.

Sasori soava como um homem resignado com sua sorte, ela pensou. Mas fazia sentido. Afinal, ele ia morrer de qualquer maneira. Uma pequena parte de Sakura queria protestar a iminente execução do ninja desertor, dado todo o trabalho duro que ela teve para acordá-lo. Seria um enorme desperdício de tempo, como ele mesmo disse.

— Talvez você precise de algum tempo para pensar sobre isso —  falou Gaara.

Sasori suspirou e voltou a fitar a única mulher naquele quarto. Depois retornou sua atenção para o Kazekage e disse:

— Eu odeio arrastar as coisas, então vou ser bem direto com você. Nenhuma quantidade de tortura me fará cooperar. De qualquer maneira, você estaria me fazendo um favor se acabasse logo com minha vida humana.

Sakura ficou boquiaberta. O Akatsuki estava realmente tão indiferente sobre seu destino? Ela olhou em sua direção.

— Isso é o que veremos.

Gaara virou-se para o guarda ANBU à sua direita e falou:

— Leve-o para uma das celas. Vamos começar o interrogatório imediatamente. Em três dias, se eu ainda não falei, vamos avançar com a execução, tal como acordado.

O ANBU mascarado expressou o seu entendimento. Ele acenou para um de seus pares, que revelou imediatamente duas finas algemas prateadas. Eles rapidamente puseram as algemas nos pulsos de Sasori. Gaara executou uma enxurrada complicada de selos de mão. Cada banda de algema brilhou em tom vermelho e encolheu até que ficasse pequena demais para ser removida. A kunoichi ouviu Sasori gemer de dor pelo aperto das pulseiras.

— Vou encontrá-lo nas celas em quinze minutos — Gaara abordou o mesmo guarda ANBU.

De repente, a areia restringindo Sasori à cama de hospital rodeou no ar e desapareceu através das rachaduras nas paredes, deixando-o mais à vontade. Mas o prisioneiro não fez qualquer movimento para sentar-se ou escapar, e Sakura notou que sua respiração parecia dificultosa. Dois guardas ANBU içaram Sasori e o arrastaram para fora da cama. Antes que Sakura pudesse piscar, eles foram teletransportados para fora da sala, deixando uma nuvem de fumaça. Gaara se virou para ela e Kankuro.

— Sakura, você teve êxito em concluir sua parte da missão. Bom trabalho.

Sakura piscou para Gaara, finalmente encontrando sua voz novamente.

— O que você vai fazer com ele agora? Ele não parecer disposto a cooperar.

— Vou fazê-lo cooperar.

Sakura estremeceu.

— Se Sasori Akasuna não falar nada durante os próximos três dias, então será executado. Simples — O Kazekage determinou.

— Gaara, eu não tenho certeza se essa é a melhor estratégia a seguir no caso dele — disse Kankuro.

— Por que você diz isso?

— Ele não é o tipo de pessoa que é persuadido através de dor física.

— Todo mundo tem um limite.

— Sim, mas, na última vez que verifiquei, vingança não estava na descrição do trabalho de um Kazekage. — A voz de Kankuro assumiu uma qualidade ligeiramente venenosa, ganhando um olhar de seu irmão mais novo.

O silêncio impregnou o momento da acusação de Kankuro. Memórias do dia mais longo da vida de Sakura emergiram, espontaneamente, em sua mente. A marionete corcunda, com uma longa cauda venenosa. Um atraente jovem louro em um pássaro branco gigante. O corpo sem vida de Gaara, rachado e pálido depois do processo de extração. E as lágrimas de Naruto. Acima de tudo, as lágrimas de Naruto.

Gaara falou com um tom de voz que parecia constrangido:

— Não se trata de vingança. Qualquer informação que ele nos der pode significar a diferença entre a vida e a morte para muitos inocentes.

Claro que ele iria querer vingança pelo que a Akatsuki tinha feito com ele e sua aldeia — por muito pouco Deidara não destruiu Suna.  Sasori tinha sido cúmplice do ataque. Ainda assim, a médica em Sakura não poderia facilmente aceitar o que ela suspeitava que estava por vir.

— Sabe de uma coisa, eu vou ter que concordar com Kankuro. Você simplesmente o levou de repente e agora eu não posso sequer imaginar em quais tipos de táticas de interrogatório repulsivas você estará colocando-o. Não vou discutir seus métodos, tampouco vou argumentar que ele não merece isso. Mas como médica, tenho que protestar. A condição de Sasori não é estável, então preciso de mais tempo para monitorá-lo e certificar-me que seu coração está em ordem. Ainda podem haver vestígios do chakra estranho em seu sistema. É arriscado. Se ele morrer agora, a minha parte da missão terá sido um fracasso completo. Você mesmo disse que as informações que ele nos disponibilizar podem salvar vidas inocentes. Seria melhor mantê-lo vivo por ora.

Gaara estudou por alguns segundos as feições de seu irmão e Sakura, mas seus olhos permaneceram rígidos.

— Muito bem. Sakura, eu vou mantê-la informada no caso do coração de Sasori falhar.

— Poderá ser tarde demais se você esperar até que ele realmente apresente algum problema.

Gaara coçou a cabeça, desejando que a sua enxaqueca diminuísse um pouco. Sakura notou seu desconforto e automaticamente estendeu uma mão com chakra curativo para aliviar a dor do Kazekage. Quando ela terminou, ouviu Gaara suspirar e segurar a mão dela, como se estivesse em busca de conforto.

— Tudo bem — ele cedeu. — Nós vamos fazer isso do meu jeito por enquanto. Se não funcionar, então eu vou mudar a minha estratégia. Seria muito estúpido da minha parte desperdiçar tamanha oportunidade de obter informações sobre a Akatsuki. — Ele fez uma pausa, então se dirigiu à kunoichi da Folha diretamente: — Sakura, você pode examiná-lo sempre que desejar nos próximos três dias. Depois disso, ele não será mais relevante a menos que fale algo. Isso é tudo que eu tenho a dizer por agora.

Kankuro não parecia muito satisfeito com a resposta do seu irmão, mas permaneceu em silêncio. Com Gaara era assim. Havia necessidade de esperar o momento oportuno para convencê-lo. Sakura assentiu em aceitação, mas ela também não estava totalmente agradada com a situação. Afinal, eles arrastaram Sasori usando somente uma calça para o meio do deserto.

"Só estou preocupada porque Sasori é, tecnicamente, meu paciente. E se ele morrer agora, será um enorme desperdício de  tempo e energia. Tudo o que preciso fazer é mantê-lo vivo até a hora de sua execução", ela pensou.

No entanto, a ideia de que Sasori seria executado de qualquer jeito fazia com que Sakura sentisse que suas habilidades como médica estavam sendo abusadas por Suna. Não que a garota não odiasse Sasori — lembrar do que ele fez para Gaara e a forma repugnante que tratou Chiyo eram motivos suficientes para repudiar o Akatsuki. Sakura cumpriria seu dever e também satisfaria sua própria curiosidade mórbida a respeito de como ele tinha se colocado naquela condição tão única, mas seria apenas isso. A jounin não tinha qualquer obrigação para com um criminoso que uniu-se por vontade própria a uma organização dos infernos cujo objetivo era matar o melhor amigo dela.

Gaara deixou Sakura e Kankuro a sós, depois de dizer a ela para verificar "o prisioneiro" (como eles estavam chamando-o), na parte da manhã. Sem mais objeções, a jounin médica concordou prontamente. Ela precisava treinar bastante sua autoconfiança antes de aventurar-se na cela de Sasori, na manhã seguinte. De forma nenhuma ela iria deixar memórias do seu passado ​assustá-la ao ponto de impedir seu trabalho.

Mas algo na mente de Sakura lhe dizia que, a partir daquele dia, sua vida não seria mais a mesma.


Notas Finais


Muito obrigada e até logo.


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