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História A Perfeita Imperfeição de Existir - Trigésimo Ato


Escrita por: redrosess

Notas do Autor


Finalmente!

Capítulo 30 - Trigésimo Ato


Fanfic / Fanfiction A Perfeita Imperfeição de Existir - Trigésimo Ato

No piloto automático, as pernas de Sakura levaram-na para fora do hospital e para o ar fresco da noite. Era difícil pensar direito, mas algo continuava lutando para ser ouvido acima de todos os outros. Ela queria falar com Sasori sobre seus novos sentimentos. Ele precisava estar consciente da loucura dela. Certamente ele entenderia a delicadeza da situação e trabalharia com ela para mitigar o problema. Ou, pelo menos, ele diria algo desagradável e arruinaria tudo antes que pudesse ficar fora de controle.

Antes que soubesse, Sakura não se encontrou em frente à sua própria porta, mas à de Sasori. Ela não tinha a intenção de visitá-lo ainda, mas, agora que estava ali, não havia volta. Ela levantou a mão para bater e notou que tremia ligeiramente. Por que estava tão nervosa? Não era como se estivesse esperando retribuição da parte dele.

Sasori respondeu depois de três batidas rápidas. Através de sujas franjas ferrugentas, seus olhos de mel miraram Sakura. Ele precisava de um corte de cabelo, um pensamento que a fez sorrir.

— Você me fez esperar três dias. — disse ele, e a garota ficou um pouco assustada com a reprimenda. — Eu-eu sinto muito, eu não quis dizer...

Resolveu interromper-se e esperou que ela entrasse. Os pés de Sakura levaram-na para dentro. Sasori trancou a porta atrás deles por hábito.

— Como você está se sentindo hoje?

— Bem.

— Deixe-me dar uma olhada — Sakura fechou a distância entre eles e tocou o peito de Sasori. Para seu alívio, o coração dele estava muito melhor do que antes de recuperar seu chakra. Enquanto ela se mantivesse de olho nele, o mesmo não faria nada drástico, logo seu coração deveria continuar a ficar mais forte e saudável. —Seu chakra está um pouco esgotado. Acho que isso significa que você estava treinando hoje, não estava?

— Só um pouco.

— Nada de cem marionetes, certo?

— Sakura — ele disse, seu tom trazendo certa irritação.

— Desculpe-me. — Ela estendeu a mão para um de seus pulsos para examinar o bracelete. — Ainda estão incomodando você?

Sasori deixou seus olhos cintilarem para o pulso que Sakura segurava.

— Não.

— De alguma forma eu não acredito em você.

Com certeza, as erupções ainda marcavam sua pele sob os braceletes. Ela não gostava da visão deles, pois faziam-na lembrar da emergência cardíaca e de como Sasori quase morreu. A mão dela vagou da pulseira até a mão de Sasori.

— Eu estive inundada no hospital nesses últimos dias. Tive que reprogramar a aula avançada de venenos duas vezes. Eu não estava evitando você. Acabei de vir de lá, na verdade.

Depois de alguns momentos de silêncio, Sasori se afastou dela e foi até sua mesa. Ela não podia fazer isso, afinal; não tinha como confessar o que estava sentindo, na medida em que Sasori provavelmente iria ridicularizá-la e dizer-lhe para crescer. Ela era uma shinobi e deveria agir como uma. Não havia como apreciar o que ela tinha para lhe dizer.

Sakura apertou os punhos, desejando poder ser mais forte.

— Sakura.

A garota olhou para cima quando ele disse o nome dela. Sasori estendeu para ela uma grossa pilha de folhas soltas. Ela franziu a sobrancelha.

— O que é isso?

— Pegue.

Ela o fez. As letras eram puras e pequenas, feitas em tinta preta e organizadas em várias colunas. A coluna mais à esquerda continha uma lista de estranhas palavras em ordem alfabética, escritas em uma língua estrangeira. As palavras da próxima coluna eram igualmente desconhecidas, mas claramente escritas na língua nativa deles dois. Lágrimas de viúva, beijo de cobra, esboço ideal...

A boca de Sakura se abriu quando a compreensão alcançou-a. Ela virou para a próxima página e para a próxima. A terceira coluna continha listas de uma matriz de plantas, ervas e especiarias, bem como instruções sobre misturas e armazenamentos. Com mãos trêmulas, ela ergueu os olhos para Sasori.

— Isto é incrível.

Eram páginas e páginas de diferentes venenos, suas propriedades e efeitos, e como misturá-los. Uma rápida análise do primeiro par de páginas lhe disse que ela não conhecia nem sequer a metade dos nomes, muito menos como misturá-los.

— Eu deixei a última coluna em branco. Nunca tive um uso para antídotos, mas tenho certeza que você pode preencher as lacunas.

Sakura quase queria chorar. Devia haver pelo menos setenta páginas da escrita compacta, instruindo a respeito de centenas de venenos diferentes, identificados por seus nomes científicos e comuns.

— Como... Isto é...

— Eu inventei cerca de metade deles. Quanto ao resto, eu os colhi ao longo dos anos. Alguns foram desenvolvidos por Orochimaru quando ainda trabalhávamos juntos.

Sakura não tinha palavras. Era tão inesperado que ela nem conseguia pensar direito. Sasori devia ter passado dias compilando essa lista. Ele não tinha livros, então como poderia se lembrar de todos os venenos em tais detalhes? Sua habilidade mental era espantosa, mas o mais importante...

— Por quê? — ela perguntou, com voz tensa.

Ele a observava cuidadosamente, como se estivesse tentando encontrar um motivo por trás de suas palavras.

— Em comparação com os antídotos, sua compreensão dos venenos em si é rudimentar na melhor das hipóteses. Sugiro que você aproveite esta oportunidade e aprenda algo útil.

Ela balançou a cabeça.

— Não, essa não é a razão de você ter feito isso.

Ele franziu o cenho para ela.

— Sakura...

— Você fez algo sem sentido. Não há nenhum benefício para você nisso, então por que você fez isso por mim? — Sakura deu um passo para mais perto dele, seus olhos de jade procurando a verdade absoluta. — Você fez isso porque sabia que me faria feliz?

Os olhos de Sasori reluziam de irritação e algo a mais que Sakura não conseguia discernir.

— Não é grande coisa.

Sasori não estava negando. Sakura riu, sem se importar que um par de lágrimas tivesse escapado. Ela estava ali para pôr fim a seus sentimentos antes que eles saíssem do controle. Ela estava ali para lembrar a si mesma que esse homem ainda era um criminoso e um traidor, alguém muito perigoso, com quem ela não poderia se envolver. Ela não estava ali para fechar a distância entre eles e abraçá-lo pelo pescoço. Ela não estava ali para puxá-lo para mais perto.

Mas algumas coisas não podiam ser planejadas (ou talvez sempre tinham sido planejadas, mas estavam simplesmente fora do controle humano). Sakura desejava muito que Sasori se importasse um pouco, que pudesse olhar para além de seu egoísmo. Mas ele só se preocupava consigo mesmo, e Sakura sabia disso, muito bem. Mas agora, pela segunda vez desde que o conhecera, ele fizera algo que não era pelo próprio benefício. A primeira vez pode ter sido porque ele não tinha nada a perder em face da morte, mas ele não estava morrendo agora, pelo contrário, estava quente, real e vivo, e Sakura o sentiu.

— Obrigada — ela sussurrou na curva do pescoço dele

Era a segunda vez que ela estava tão perto dele. Como no campo de treinamento, ela podia sentir seu coração batendo através de suas roupas, cheirar o vento do deserto em seu cabelo. Ela o abraçou mais forte. O braço dele lentamente serpenteava em torno da cintura dela, o que a fez sorrir.

— Obrigada — repetiu.

Alguma coisa quente e tentativa fez cócegas nos cabelos de Sakura. Ela percebeu que Sasori havia entrelaçado sua outra mão entre suas mechas rosadas ​. Foi uma carícia gentil no início, mas então seu aperto se fortaleceu e ele a afastou um pouco.

Sakura procurou os olhos de Sasori, mas eles estavam parcialmente obscurecidos por suas franjas. Ele ainda a segurava pela cintura; e ela congelou quando sentiu os dedos dele correrem por seu cabelo, de modo agonizantemente lento. Havia algo de terno e melancólico sobre a ação.

— Sasori...

Os olhos do ruivo cintilaram para os dela. Viu aquele mesmo brilho ilegível neles do outro dia depois da sessão de sparring. A partir dessa distância, a poucos centímetros um do outro, não havia dúvida. Ela abriu a boca para dizer alguma coisa, mas se perdeu antes mesmo que tivesse chegado a falar algo.

As palavras não pareciam mais importantes enquanto Sasori rapidamente tocava seus lábios nos de Sakura, que deixou a pilha de papéis sobre venenos cair no chão, esquecida.



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