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História A Perfeita Imperfeição de Existir - Trigésimo Terceiro Ato


Escrita por: redrosess

Notas do Autor


Esta parte é um pouco extensa, então, mais uma vez, relevem qualquer erro de digitação. Por favor, comentários são sempre bem vindos. Ajudam-me a saber se estou no caminho certo :)

Capítulo 33 - Trigésimo Terceiro Ato


Fanfic / Fanfiction A Perfeita Imperfeição de Existir - Trigésimo Terceiro Ato

Uma batida na porta chamou sua atenção. Ele caminhou deliberadamente até a porta, um pouco mais rápido do que o normal. Quando a abriu, ele queria fazer carranca e quase suspirar ao mesmo tempo. Aqueles conhecidos olhos verdes miravam-no esperançosos.

— Você me fez esperar três dias — disse ele, irritado, mas também aliviado ao vê-la depois de tanto tempo. Ela parecia um pouco surpresa com suas palavras, como se ele tivesse pensado em a repreender. — Eu-eu sinto muito, eu não quis dizer...

Sasori teve que segurar um sorriso. Deu-lhe uma inexplicável sensação de satisfação fazer Sakura sentir-se culpada por sua prolongada ausência.

Deu um passo para o lado e deixou que ela passasse, fechando e trancando a porta atrás deles.

— Como você está se sentindo hoje? — ela perguntou, parecendo um pouco cansada.

— Tudo bem — disse ele, neutro.

Tinha alguma coisa erra com ela nesse instante, mas Sasori não tinha certeza do quê. Parecia nervosa, quase assustada.

— Deixe-me dar uma olhada — Sasori não protestou, e Sakura realizou sua examinação habitual. Tinha a sensação que ela estava adiando o que quisesse dizer. — Seu chakra está um pouco esgotado. Acho que isso significa que você estava treinando hoje, não estava?

— Só um pouco.

— Nada de cem marionetes, certo?

— Sakura — ele disse, seu tom trazendo certa irritação.

— Desculpe-me. — Ela estendeu a mão para um de seus pulsos para examinar o bracelete. — Ainda estão incomodando você?

Sasori esforçou-se para esconder um sorriso. Ela não se cansava de se preocupar com tudo o tempo todo?

— Não — ele mentiu.

— De alguma forma eu não acredito em você.

A maneira como as mãos dela tremiam ligeiramente era irritante. Algo estava claramente perturbando a mente de Sakura, mas ela estava relutante em falar sobre isso.

Sasori, entretanto, segurou a língua e se limitou a deixá-la injetar seu chakra curativo para acalmar as erupções.

— Eu estive inundada no hospital nesses últimos dias. Tive que reprogramar a aula avançada de venenos duas vezes. Eu não estava evitando você. Acabei de vir de lá, na verdade.

"Então foi isso que aconteceu", pensou Sasori. Ainda assim, ele realmente não entendia por que ela não poderia ter feito uma pausa. O hospital não operava em rotações?

Ela mencionou ter acabado de deixar a aula de venenos, o que fez Sasori se lembrar das anotações que fizera há poucas horas.

Esse era um bom momento, ele supôs. Sem mais palavras, ele se afastou dela e foi buscar a pilha de papéis para dar-lhe.

Sakura estava olhando para o chão quando Sasori se virou para olhar para ela. Parecia preocupada, e ele não gostava desse semblante que ela estava mostrando.

— Sakura.

Sasori estendeu a pilha de papéis para ela, tirando-a de seu devaneio e apagando o olhar quase melancólico dela.

— O que é isso?

— Pegue.

Sakura pegou os papéis e passou a examiná-los em silêncio por vários minutos. Sasori observou-a o tempo todo, notando como suas expressões faciais mudaram de confundidas para chocadas e, por fim, para algo completamente diferente... O que seria?

— Isto é incrível.

Ela parecia totalmente absorvida pelo material, descrevendo suas notas cuidadosamente escritas.

Sasori tinha excelente letra, então não tinha dúvida de que Sakura podia ler tudo sem problemas. Um sorriso de admiração tocou os lábios da jovem.

— Eu deixei a última coluna em branco. Nunca tive um uso para antídotos, mas tenho certeza que você pode preencher as lacunas — disse Sasori com indiferença, no caso de ela não se lembrar do fato de que a última coluna estava reservada para antídotos.

Com aqueles olhos verdes luminosos contrastando nitidamente com suas franjas de rosa pastel e parecendo poder explodir em lágrimas a qualquer momento, Sakura mirou seu interlocutor.

— Como... Isto é...

Ela estava nitidamente sobrecarregada pelo gesto de Sasori.

— Eu inventei cerca de metade deles. Quanto ao resto, eu os colhi ao longo dos anos. Alguns foram desenvolvidos por Orochimaru quando ainda trabalhávamos juntos.

Estava bastante orgulhoso do fato de que tinha terminado as anotações tão rapidamente. De modo minucioso, havia registrado todos os venenos que criara ou apanhara ao longo dos anos.

Todavia, não tinha nenhum registro com ele nesse momento, então tivera que compilar de memória a lista que acabara de entregar a Sakura. Não fora uma tarefa tão assustadora, porém, dado que Sasori tinha uma excelente memória.

Da mesma forma que ele nunca havia conseguido​ esquecer seu rancor, nunca esquecia de seus venenos​. Eram duas coisas que sempre ficavam com ele, não importava o que acontecesse.

— Por quê? — ela perguntou, com voz tensa.

Sasori encontrou os olhos de Sakura e notou que ela ainda parecia um pouco triste, como se não quisesse acreditar que tinha acabado de receber um presente que lhe seria tão útil.

Nesse momento Sasori lembrou das palavras de Kankuro sobre o efeito positivo que presentes causavam nas pessoas.

Aquele seu presente provavelmente não era o tipo que uma garota sonhava em ganhar. Não se tratava de uma jóia, uma caixa de chocolates​ ou um buquê de flores.

Na verdade, tratava-se de uma fonte de  crescimento para um shinobi, e Sakura era um shinobi.

— Em comparação com os antídotos, sua compreensão dos venenos em si é rudimentar na melhor das hipóteses. Sugiro que você aproveite esta oportunidade e aprenda algo útil.

Sakura balançou a cabeça para ele como se ela não desse nenhum crédito para a explicação que ele acabara de dar-lhe.

— Não, essa não é a razão de você ter feito isso.

Sasori franziu o cenho. O que ela estava tentando dizer? Por que ela não podia simplesmente aceitar o presente e dar-se por satisfeita? Teria ele cometido um erro ao pensar que ela realmente apreciaria esse tipo de presente? Se sim, essa garota não era a pessoa que ele pensou que fosse.

— Sakura...

— Você fez algo sem sentido. Não há nenhum benefício para você nisso, então por que você fez isso por mim? — Sakura deu um passo para mais perto dele, seus olhos de jade procurando a verdade absoluta. — Você fez isso porque sabia que me faria feliz?

O que ela estava tentando fazer? Os instintos de Sasori lhe disseram que algo estava errado, que ela estava tentando manipulá-lo de alguma forma. Que tipo de motivo ela poderia ter ao dizer essas coisas? Algo parecia estranho.

— Não é grande coisa.

Sakura piscou para ele, incrédula, como se as palavras dele tivessem sido ditas em uma língua diferente. E então ela fez a coisa mais estranha de todas naquele momento: rir. Foi um som agradável, mesmo que um tanto deslocado.

Sasori abriu a boca para dizer que ela deveria apenas apreciar o presente e parar de reclamar, mas ela o silenciou com um abraço. Um abraço!

O ruivo congelou. Seus músculos ficaram completamente tensos quando sentiu os braços de Sakura ao redor de seu pescoço, pressionando-o para mais perto do corpo dela. A sensação que lhe causou o mero toque do rosto dela em seu pescoço foi indescritivelmente boa, um gesto intimamente familiar. Ela era tão quente.

— Obrigada — ela sussurrou na curva do pescoço dele

A doce voz dela emitiu-lhe um leve arrepio na espinha. Amaldiçoou seu corpo humano por reagir de maneiras que ele não podia controlar.

Mas não adiantava.

A jovem estava tão perto que Sasori podia sentir o cheiro das flores silvestres em seu cabelo, o mesmo perfume que o tinha saudado no limiar da morte; contra sua vontade, puxando-o de volta para o mundo dos vivos. Na época, ele estivera furioso com a intervenção dela. Agora, ele não tinha tanta certeza se tal sentimento ainda perdurava em seu coração.

Sasori sempre fora uma pessoa decidida. Ele nunca havia hesitado. E uma vez que tivesse tomado uma decisão, não deixava espaço para vacilos. Agora que essa garota havia chegado tão perto dele, disse a si mesmo, faria algo que a mesma provavelmente não aceitaria.

— Uma coisa é certa, porém, se você quiser algo, tem que conseguir por conta própria. Nada neste mundo tem dono, para começar. — novamente palavras de seu principal aprendiz ecoaram em sua cabeça.

Então pensou:"Ah, dane-se o resto! Farei o que quero sem me importar com as consequências."

Sasori deixou seu braço esquerdo serpentear em volta da pequena cintura de Sakura, prendendo-a contra si e roubando dela mais calor. Sentiu que ela o abraçava com mais força, em uma aceitação silenciosa.

— Obrigada — ela murmurou novamente.

Tendo sua confiança sido reforçada pelas palavras tranquilas da garota, Sasori deixou sua outra mão finalmente se entregar à fantasia que ele tinha nutrido por algum tempo.

Os dedos do artista teceram seu caminho através de longos cabelos cor-de-rosa, revelando sua suavidade. Até os cabelos dela pareciam quentes ao toque.

Quando a afastou para ver seus dedos a acariciar aqueles cabelos tão perfumados, Sasori começou a hesitar. O pensamento de perder o controle sobre a situação começou a dissipar suas ilusões de grandeza. Droga! Nessa altura ele já estava cruelmente entregue às suas fantasias​. Só lhe restava uma esperança: a resistência dela. Ela tinha que resistir a aquela loucura que estava prestes a acontecer.

— Sasori...

Pois Sasori não podia mais lutar contra seus desejos.

A forma como as pálpebras de Sakura abaixaram-se para dar-lhe um olhar sutilmente íntimo, suavizando o verde ardente de seus olhos, fez Sasori pensar que nem ela estava acreditando no que estava fazendo.

Ele se esforçou para sufocar aquela maldita voz em sua cabeça a dizer-lhe que poderia não ser capaz de persuadi-la.

Sim, ele poderia persuadi-la.

Então o ruivo fechou a distância entre eles, roubando o beijo que desejou por muito mais tempo do que ele queria admitir. O som de papéis voando para o chão atingiu seus ouvidos, mas ele não lhe deu importância.

O fato de que Sakura não o afastou deu-lhe coragem, fazendo com que ele viesse a intensificar o ato. Pressionou-se mais e mais contra ela... mais fundo, e mais fundo,  apenas para ver até onde ela o deixaria ir.

Se ele tivesse o poder de fogo de seu antigo corpo, teria queimado toda aquela habitação no momento em que Sakura se afastou um pouco.

A irritação trouxe-o de volta a si. Todo o êxtase rapidamente deu lugar à amargura ao pensar que, no final, ele não poderia persuadi-la.

Os olhos âmbar escurecidos se abriram para encontrar seus correspondentes verdes brilhantes.

— Sakura, você...

Sakura o cortou com outro beijo, e de repente ele sentiu sua raiva refletir como a maré sob a lua cheia.

Nunca em sua vida Sakura tinha sido tão surpreendida ao ser beijada por um homem. De onde tinha vindo isso? E porque? Aquele brilho nos olhos de Sasori quando ela se afastou dele era inegável. Ele a queria, podia vê-lo naqueles olhos que a lembravam de mel quente.

E Sakura, por sua vez, sentiu-se absolutamente incapaz de afastá-lo quando viu ele olhando-lhe assim, como se ela fosse a única coisa que ele via e sempre quisera ver.

Ela queria existir para ele naquele mundo escuro e frio que ele parecia se trancar na maioria dos dias.

Ela queria alcançar esse potencial, puxá-lo para fora desse sarcófago e forçá-lo a reconhecer-se da maneira que a tinha reconhecido há três anos. A maneira como ele a lembrava que ela era digna de algo melhor, algo mais alto e nobre por simplesmente existir.

Ela seria condenada se deixasse essa oportunidade escapar.

Aquele beijo era tão suave e doce quanto o sabor de maçãs. Sakura não pôde deixar de expressar sua satisfação em um simples gemido mudo.

Sasori aparentemente tomou isso como um sinal de boas vindas para continuar, porque, de repente, Sakura se encontrou batendo contra a mesa com uma das mãos no cabelo dele e a outra agarrando sua camisa. Como alguém que tinha ficado por vinte anos sem qualquer tipo de toque humano beijava assim?

Sem dúvida haveria consequências, Sakura sabia. Isso não poderia terminar bem. Ela sabia disso também. Mas agora ela não se importava, pois tudo o que queria era simplesmente existir e não se preocupar ou questionar as coisas.

Deixar-se arrastar pelo beijo de Sasori era como se afogar, ela pensou. Era como sufocar e querer se libertar, mas, paradoxalmente, quanto mais tempo ele a prendia, mais viva ela se sentia.

Nesse momento, ela não apenas existia para ele. Ela era a única coisa que existia para ele. E ele era tudo o que existia para ela.

Era apenas os dois, num universo próprio deles, um tipo mais íntimo de existência.

Sasori fez algo com os dentes no lábio inferior de Sakura que a fez ofegar com prazer diante do áspero contraste no meio de uma infinita suavidade. Ele a pressionou, empurrando-a até que ela estivesse ligeiramente inclinada sobre a mesa.

Uma das mãos dele acariciava os cabelos da garota enquanto a outra alisava as curvas de sua cintura, terminando por descansar firmemente contra seu quadril, segurando-a firmemente no lugar.

Sakura deixou sua mão se mover sobre os músculos do braço dele, mal registrando que ainda não estavam de volta à sua massa total.

Ela se agarrou a ele, apertando-se cada vez mais contra seu corpo enquanto ele parecia bebê-la.

Um suave ruído de papéis atraiu uma parte da atenção da jovem, mas o corpo de Sasori a trancou no lugar e os dedos dele puxando seus cabelos a distraíram. Uma pequeno passo para o lado e ela ouviu novamente, desta vez um pouco mais alto. Foi então que ela percebeu o que se tratava. Seus olhos de jade se abriram, as pupilas dilatadas pelo desejo. A sensação do peito de Sasori pressionado intimamente contra o dela fez o começo de um rubor aquecer suas bochechas enquanto ela piscava.

— Sasori — ela sussurrou contra os lábios bastante insistentes do ruivo.

Ele, entretanto, a ignorou, engolindo as palavras dela com outro beijo que a excitou ainda mais.

O estômago dela parecia girar ao notar que ele a desejava tanto. Mas nesse instante era importante que eles parassem, caso contrário aquelas anotações sobre venenos seriam destruídas.

— Sasori —  ela tentou novamente, empurrando levemente contra o peito dele.

Ele abriu os olhos preguiçosamente. Parecia irritado por ela estar interrompendo o momento íntimo deles. Isso a fez querer sorrir.

— O quê? — ele murmurou, seu rosto apenas a centímetros do dela.

— Nós estamos pisando nos papéis — disse ela, engolindo em seco para pôr um amortecedor em seu desejo. — Eu não quero que eles sejam arruinados...

Sasori piscou para ela, franzindo a testa, como se isso não parecesse uma desculpa boa o suficiente.

— Eles são importantes para mim — ela acrescentou, implorando-lhe para entender.

Tremendo de desejo, Sasori parecia hesitar em deixar Sakura sair de seu abraço, mas logo a chama nos seus olhos foi enterrada por aquele olhar familiar e gelado.

No primeiro momento, Sakura se preocupou que ele tivesse pensado que ela poderia estar afastando-o. Tingindo dedos delicados no cabelo dele, ela ofereceu-lhe um sorriso suplicante.

— Por favor — ela sussurrou tão suavemente que ele não o teria ouvido se não estivesse tão perto.

Depois de mais um momento de hesitação, ele a soltou, dando um passo para atrás para não pisar nos papéis que agora jaziam espalhados em várias pilhas no chão.

Sakura imediatamente se inclinou para pegar os mais próximos​, afastando o rubor que estava fazendo seu rosto se sentir um pouco quente demais.

Ela sentia que o tempo parecia arrastar-se Concentrar-se na tarefa mundana de recuperar e organizar aqueles documentos deu-lhe algo de uma reação atrasada para o que tinha acabado de acontecer. Depois de um momento, ela ouviu baralhar a sua esquerda e imaginou que Sasori estava recuperando outra pilha de papéis. Ela mordeu o lábio, seu rubor se intensificou quando se lembrou por que este pungia um pouco.

Eles fizeram a tarefa em silêncio, o único som presente era o de papéis esvoaçantes e dedos delicados, mas isso foi suficiente para Sakura ficar sóbria um pouco.

Quando o último dos papéis descansou firmemente em seus braços, ela levantou-se do assoalho. Sasori estendeu-lhe outra pequena pilha de papéis, a qual ela aceitou.

— Obrigada — disse ela, grata por ele ter ajudado nessa pequena tarefa.

Ela se virou para a escrivaninha e cuidadosamente pousou as folhas soltas, tomando uma respiração firme.

"E agora?"

Um medo arrepiante percorreu sua espinha enquanto a natureza de suas ações a atingia como uma onda de maré, rígida e implacável. Eles cruzaram uma linha e não havia volta. Sakura sabia que nenhuma quantidade de auto-censura iria desfazer os danos. Seria melhor pensar no que fazer no futuro.

A garota cerrou os punhos. Nada disso era prudente.

— Sakura.

Ela se virou ao som da voz de Sasori e o encontrou encostado na mesa. Ele parecia tão calmo e imperturbável, como se eles não tivessem passado o ponto sem retorno. Inclinou a cabeça ligeiramente, com a expressão completamente vazia, e disse para ela:

— Acalme-se.

Sakura piscou, estupefata. Simplesmente "acalme-se"?  Era tudo que ele tinha para dizer? Como se fosse tão fácil! Ele não havia entendido as consequências de suas ações? Se alguém descobrisse...

— Se isso escapar do controle...

Se continuasse assim, negando seus sentimentos e punindo-se, afundaria-se na miséria e talvez levasse Sasori consigo. Então um pensamento muito sombrio chegou-lhe: independente do caminho que escolhesse, o que eles compartilhavam estava fardado a durar muito pouco, pois Sasori era um homem condenado. Se ela realmente quisesse ajudá-lo, teria que arriscar.

Ele se inclinou para que seus narizes ficassem separados por apenas uma polegada, efetivamente silenciando os pensamentos da garota enquanto a prendia com os olhos.

— Não envolva outros nisso.

Era a mesma sensação de poucos minutos atrás, como se estivesse puxando-a para um lugar onde só existissem os dois, um lugar onde nada e ninguém mais importaria.

Como um shinobi, sem nunca saber quando a morte chegaria, Sakura colocava um imenso valor no aqui e agora. E o que ela sabia, por enquanto,  era que nada que fizesse poderia alterar o destino dele enquanto permanecesse cativo. Mas ele estava aqui e agora, e ela também. Ela tinha fugido dele uma vez, alimentada por um mal-entendido cruel.

Se ela fugisse agora, talvez ele não estivesse ali quando ela voltasse. Mesmo o melhor ninja médico não poderia desfazer esse tipo de dano.

— O que você quer? — ela perguntou.

Ele a olhou com curiosidade, tomando seu tempo para formular uma resposta adequada.

— Tudo.

Ela riu sem humor.

— Você é egoísta.

— Eu sei.

Ela fora ali para pôr fim a seus sentimentos antes que eles saíssem do controle. Agora, era um pouco tarde para isso. Estranhamente, ela não se arrependia tanto quanto temia que o faria antes do fato. A valer, ela se sentia... mais leve, de alguma forma. Era como se ela estivesse livre para avançar, em vez de ficar atolada em dúvida, angústia e dever.

Sim, no fim, ela também queria isso.

Tentativamente, como se tivesse medo de quebrar a ilusão e acordar em uma cela escura e úmida, Sakura fechou a distância entre eles. Suas mãos pequenas, as mesmas que podiam derrubar montanhas e ressuscitar os mortos, encontraram os ombros de Sasori

— Talvez seja bom ser egoísta às vezes —  disse ela.

Sasori a puxou de novo, e Sakura desejou com todo seu coração que o tempo pudesse, mesmo que apenas um pouco mais, se arrastar para eles.



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