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História A Perfeita Imperfeição de Existir - Trigésimo Nono Ato


Escrita por: redrosess

Notas do Autor


Olá de novo, pessoal! Eu não morri, graças a Deus! Algumas pequenas barreiras apareceram e me atrapalharam pra caramba! A principal delas: pura falta de criatividade. Mas o importante é que eu consegui fazer alguma coisa e trouxe pra vocês em plena madrugada (olhem só como estou me esforçando).

Quero deixar meu agradecimento a todos que leram e comentaram no último capítulo. Vocês sabem que eu amo quando vocês deixam suas opiniões e eu costumo responde-las, mas às vezes não dá. Só que eu quero que vocês saibam que eu leio e aprecio muitíssimo cada resposta que me chega.

Também quero deixar meu muito obrigado à sempre adorável Del Rey. Ela é minha maior apoiadora nisso aqui.

Fica um pedido: a revisão desse capítulo foi bem fraca, então eu gostaria que vocês apontassem os eventuais erros, ok? Isso com certeza facilitaria a minha vida.

Capítulo 39 - Trigésimo Nono Ato


Fanfic / Fanfiction A Perfeita Imperfeição de Existir - Trigésimo Nono Ato

A jornada de três dias de Suna para Konoha passou-se como um borrão aos olhos de Sakura. Ela tinha feito a viagem solitariamente, apesar de Gaara ter insistido em lhe oferecer uma escolta. Temari costumava fazer esse trajeto sozinha, e Sakura usou isso para convencer o Kazekage; e depois, ela também​ ponderou que não havia com que se preocupar, afinal, além de ser uma ninja muito forte, ela já tinha revelado nessa altura a importantíssima informação que recebera de Sasori.

Quando o Kazekage finalmente cedeu, Sakura se viu aliviada. A verdade era que ela necessitava para si mesma daquelas horas de viagem até sua terra natal. Muito havia acontecido nos últimos meses de sua vida e sua cabeça estava latejando devido a todas essas informações. Tinha sido acertada em cheio, suas mais profundas e firmes defesas tinham sido embaralhadas completamente desde o primeiro contato com os lábios que a embeberam como nenhum outro havia conseguido fazer. Assim, ela saiu de Suna tão rápido quanto possível e nem teve tempo de se despedir de Temari e Kankuro, tarefa que ela havia confiado a Gaara.

Mesmo necessitando voltar para casa, não estava sendo fácil para Sakura deixar para trás a Aldeia da Areia, o que era de se esperar quando ela havia passado vários meses seguidos naquele lugar. Nesse período ela tinha conhecido muitas pessoas de bom caráter e feito bons amigos; tinha também entendido mais sobre o funcionamento das outras Aldeias Ocultas e como elas tanto se assemelhavam à sua Konoha. Havia sido uma experiência apreciável, que significava um imensurável leque de aquisições para Sakura. E dentre essas experiências que ela havia tido em Suna destacava-se, é claro (não tinha como ser diferente), sua improvável e incongruente relação com Sasori Akasuna...

Sakura pressionou seus lábios e forçou-se, inutilmente, a se concentrar na trilha. Parecia que nem mesmo as possibilidades absurdas que se apresentavam ao mundo nesse momento eram capazes de impedir que ela pensasse sobre Sasori.

Sakura estava profundamente magoada, ainda sentindo os efeitos de cada uma das palavras cruéis de Sasori. As acusações injustas dele cortavam-na como uma lâmina enferrujada. Como ele poderia pensar que ela, de todas as pessoas, seria capaz de manipulá-lo? Como poderia ele vê-la como uma enredadora fria depois de tudo que eles tinham passado juntos? De nada tinham valido os sacrifícios que ela fizera por ele? "Eu sou uma tola," ela sussurrou para si mesma. No fundo, porém, parando para pensar objetivamente, Sakura sabia que as cartas haviam sido empilhadas contra ela. Havia algo de mérito nas suspeitas de Sasori, pois, a valer, todo o processo para dignamente o ressocializar teve como razão essencial convencê-lo a revelar algo relevante sobre o seu passado como criminoso, especialmente as partes envolvidas com a Akatsuki. Obviamente a formação de uma ligação romântica entre Sakura e o traidor não estava incluído no plano.

Bem, o que importava era que, sob uma análise fria e minuciosa, havia tido, sim, intenções manipulativas por trás dos tratos a Sasori, uma conclusão que fez o estômago de Sakura se torcer desconfortavelmente, piorando à medida que ela recebia os flashes da luz opaca nos olhos de Sasori no momento em que ele lhe revelou os possíveis planos da Akatsuki. Subitamente, sumiu toda a luz que havia aparecido naquele olhar cor de mel desde seu novo despertar para a vida, deixando apenas a velha e tenebrosa frieza que Sakura testemunhou nos olhos do monstruoso criminoso que tinha sido capaz de transformar-se em uma concha sem alma e cujo coração não servia para mais nada além de sustentar sua vida naquela forma aberrante. E o que mais confundia Sakura era que, mesmo parecendo dominado pela aura enegrecida do antigo assassino integrante da Akatsuki, Sasori lhe revelara o possível próximo passo ofensivo de seus antigos comparsas, o qual, se confirmado, significaria uma nuvem de trevas sobre o relativamente apaziguado mundo ninja contemporâneo. Porém, saber de antemão sobre tal ameaça poderia evitar incontáveis perdas e ser o alicerce para um fim positivo para a época escura que estava se espreitando. Essa atitude de Sasori, um homem que convictamente se declarava avesso a qualquer sentimento sinônimo de altruísmo, dava margem para que Sakura voltasse a acreditar na possibilidade de ele realmente ter tido sentimentos genuínos por ela. Mas se nem mesmo as mais dolorosas torturas físicas tinham obrigado Sasori a revelar seus segredos sobre a Akatsuki, então era absurdo cogitar que ele tivesse feito aquilo por pura resignação por ter se sentido iludido. Ainda assim, havia esperanças no coração de Sakura de que ele realmente tivesse começado a acreditar em um caminho antagonista a aqueles que ele tinha escolhido para desbravar depois que o mundo o corrompera. Mesmo que esse pensamento só aumentasse a inquietude em seu coração, Sakura queria acreditar nessa possibilidade.

Ela sacudiu a cabeça de novo. Repetia a si mesma, pela milésima vez, que agora havia assuntos muito mais urgentes e merecedores​ de preocupação. Os últimos dias no mundo ninja estavam carregados de apreensão e desconfiança. As estruturas das Cinco Grandes Nações tinham sido abaladas e o sinal de alerta havia sido ligado depois do assassinato de um dos três Sannins lendários pelas mãos da Akatsuki. Há muito tempo eles vinham agindo nas sombras, badernando bem debaixo do nariz de todas as grandes nações shinobi, roubando-lhes suas preciosas bestas de caldas e deixando várias baixas e rastros de destruição pelo caminho. A cereja do bolo, porém, ainda poderia estar por vir: um ex membro da própria Akatsuki tinha tocado na possibilidade de uma guerra dessa organização contra o mundo. Quando Sakura contou sobre esse cenário ao Kazekage, o máximo líder da Areia chegou a questioná-la, especialmente depois de escutar que a grande mente da organização seria Madara Uchiha, um homem dado como morto há muitos anos! Ninguém sabia ao certo o próximo passo da Akatsuki, mas isso não queria dizer que eles deveriam confiar cegamente no que Sasori dissera, foi a resposta inicial de Gaara. Fazer isso poderia significar um passo em falso, pois, sendo um antigo membro da Akatsuki, o traidor poderia, de fato, saber sobre os planos de seus velhos companheiros, só que isso somente seria uma vantagem se houvesse como assegurar que ele não tinha intenções traiçoeiras. Mas Sasori era um personagem quase impossível de desvendar. Não dava para confiar que ele entregaria de bom grado, depois de meses de seu despertar e em um contexto tão conturbado, informações tão relevantes e que poderiam romper todo o planejamento de seus antigos aliados. "Por que ele faria isso?" foi um dos primeiros questionamentos do Kazekage. Até onde sabiam, Sasori não tinha se desligado da Akatsuki por vontade própria e tampouco havia mostrado o menor resquício de disposição a abandonar sua fidelidade a eles, mesmo quando posto sob as piores sessões de tortura possíveis. Definitivamente, não poderiam confiar em Sasori. Como o gênio que reconhecidamente era, ele poderia muito bem estar costurando uma teia capaz de apanhar a todos e os levar direto para o calabouço.

Mas também não havia razões para ignorar completamente a possibilidade de um confronto de proporções globais ser catapultado pela principal organização criminosa do mundo. Era bem sabido que, por algum motivo ainda obscuro, a Akatsuki queria ter as bestas de caudas sob sua posse; e por esse motivo eles desejavam pôr suas mãos em Naruto, o que, porém, seria bem difícil quando o último discípulo do grande Jiraiya estava protegido pela Aldeia Oculta mais poderosa do mundo. Sem uma investida mais drástica, o principal objetivo da Akatsuki, seja lá qual fosse, ficaria pela metade. A própria morte de Jiraiya era um claro sinal de que eles estavam saindo das sombras em que tinham se escondido ao longo de tanto tempo. Definitivamente, não havia motivos para duvidar de mais nada. Tudo poderia acontecer, e Gaara, após chegar a essa conclusão, calçando os sapatos de líder de uma das cinco grandes nações, convocou uma reunião com os demais grandes líderes do mundo ninja. O que havia acontecido depois disso ainda não era do conhecimento de Sakura.

As botas da kunoichi médica faziam suaves estalos enquanto ela pulava pelas árvores frondosas de seu país de origem. Logo, ela se cansou de seguir caminho pelas copas das árvores e se pôs a correr tradicionalmente. Não demorou muito mais até os portões da Aldeia da Folha aparecerem.

A memória de sua mais recente queda, outra vez, repetiu em sua mente, deixando-a irritada. Sasori podia não ser o tipo romântico, mas ele deveria ter confiado minimamente nela. Sakura não precisava de flores, serenatas e reis de conto de fadas, mas a ideia de que Sasori nem sequer confiava nela fazia com que ela se sentisse como um ser insignificante. A confiança era o objetivo mínimo de qualquer relacionamento saudável, romântico ou não.

Sasori queria que ela confiasse nele, mas ele não estava disposto a mostrar-lhe a mesma cortesia. Esse único fato foi suficiente para convencê-la de que eles dois nunca funcionariam. Bom, Sasori era um prisioneiro que poderia ser executado a qualquer momento... Então como ela tinha sido capaz de alimentar o mais insignificante resquício de esperança de aquilo pudesse dar certo?!

— É culpa minha — ela sussurrou, seus olhos picados​ com a ameaça de lágrimas não derramadas enquanto ela tentava enterrar a emoção esmagadora que sentia ao pensar em tudo que tinha acontecido nos últimos meses. — Por que eu tenho que ser tão ingênua?

Sem realmente perceber, seu próximo passo deixou uma pequena cratera no chão enquanto seu chakra se manifestava. Assustada, Sakura fez uma pausa e tirou um momento para se acalmar. Ela não queria pisar sobre Konoha e destruir as estradas de paralelepípedos.

— Olha só! Se não é a minha enfermeira favorita.

Sakura olhou para cima para ver Kotetsu e Izumo sorrindo para ela do portão leste. A rosada franziu a testa.

— Eu não sou uma enfermeira, Kotetsu.

— Bem, você ainda é a minha favorita​ — disse Izumo, sorrindo

Sakura revirou os olhos, mas não conseguiu evitar o pequeno sorriso que se formou em seus lábios, seu anterior desespero e frustração foram esquecidos por um momento.

— Bem-vinda de volta — disse Kotetsu, fazendo sinal para ela através do portão. — Tsunade-sama a espera.

Sakura assentiu com a cabeça, um pouco chateada por ela ter que começar a trabalhar antes de ter a chance de rever seus amigos.

"O dever chama", pensou Sakura, cansada mas também consciente de que a situação não permitia descanso. Um banho e depois um jantar com os seus amigos teriam que esperar.

                           [ ... ]


— Eu tenho que dizer que não sei se devo ficar orgulhosa ou assustada — disse Tsunade, sua expressão neutra como seus penetrantes olhos de mel fixados em sua protegida.

Sakura deslocou-se sob o escrutínio da Hokage, lembrando-se com curiosidade da maneira como Sasori às vezes mostrava esse mesmo olhar. Ela nunca tinha percebido que tinham cor semelhante aos olhos...

— Sim, bem... — disse Sakura, sem saber como responder a isso. — O Kazekage tomou uma decisão convicta quanto a isso. — Ela fez uma pausa, tentando amansar suas emoções. — Eu acho que foi o melhor dado as circunstâncias. Você deveria ver o progresso com a brigada de marionetistas, é realmente incrível.

— Eu respeito o julgamento de Gaara por entender que sua decisão foi tomada sempre em prol do bem de sua vila — comentou Tsunade, imperturbável. — Mas ainda me incomoda. Não acho que eu teria tomado a mesma decisão.

Sakura se limitou a assentir. Pensou por um instante na ideia de alguém como Itachi Uchiha ser reintegrado à aldeia, transitar livremente entre os civis e, ainda, treinar os jovens ninjas... Isso lhe enviou calafrios muito desagradáveis à espinha.

Após comentar um pouco do seu ponto de vista sobre os procedimentos da Aldeia da Areia em relação ao seu mais incomum prisioneiro, Tsunade fez questão também de mostrar sua satisfação com o desempenho de sua aprendiz, não obstante as circunstâncias que a última relatou ter se metido para dar seguimento ao objetivo que sua missão acabou ganhando, especialmente depois do novo sumiço de Sasuke.

— Quero que você escreva um relatório sobre a modificação da técnica de regeneração de Shizune e a recuperação de Sasori — Tsunade disse. — Seu sucesso é notável, e acho que vai ajudar muitas pessoas no futuro.

Os elogios de Tsunade receberam em troca um tímido agradecimento por parte de Sakura. A ninja mais jovem estava bem nervosa pelo conteúdo daquela conversa. Parecia que a qualquer momento ela seria desmascarada pelo olhar penetrante de sua mestra. Sakura queria evitar de toda forma se aprofundar demais nos seus dias com Sasori. Naturalmente, falar abertamente sobre o que tinha acontecido entre eles estava totalmente fora de cogitação. Tudo aquilo parecia mais absurdo à medida que Sakura pensava mais sobre todo o contexto por trás daquela gigantesca bagunça em que ela tinha se metido. Agora que estava fisicamente longe da estranha e indescritivelmente imparável atração que tinha passado a sentir em relação a Sasori, Sakura era capaz de pensar mais racionalmente e ver sua situação em uma perspectiva com mais amplitude. Quem, em sã consciência, iria entender o que ela fez, seu indesculpável momento de fraqueza? Não havia qualquer argumento que pudesse justificar suas últimas escolhas. O que ela poderia dizer a seu favor? Que havia se apaixonado por Sasori? Isso era uma loucura que nem ela própria conseguia confirmar. Decerto, aquele seu sentimento talvez nem devesse ser classificado como amor, pois ao longo de sua vida Sakura tinha aprendido um único paradigma sobre o amor: um sentimento que consiste em uma avaliação positiva abrangente das pessoas amadas. Então, a explicação que ela tanto queria, como poderia ela amar um criminoso? Ama-se, pelo menos romanticamente, apenas pessoas boas, certo?

Essa bagunça estava quebrando muitos dos paradigmas em que Sakura acreditara. Ela já estava duvidando de tudo, até mesmo das convicções que tinha sobre seu próprio caráter. Pois, cogitava ela, o caráter moral de um criminoso seria muito mais baixo do que o de alguém que consegue ser capaz de amá-lo?

Droga! Por que ela tinha que se sentir fisicamente tão atraída por ele? Além disso, tinha ela que ter nascido com um coração tão amolecido que sempre via qualquer pessoa como um ser humano inteiro, mesmo que condenasse seu comportamento. Não obstante sua frustração, Sakura queria focar toda a sua energia na esperança de que seus sentimentos fossem muito mais uma confusão de sua cabeça do que a expressão de um amor profundo.

Não sabendo que estava causando desconforto em sua aprendiz, Tsunade deu seguimento à conversa envolvendo o nome de Sasori. Não demorou para ela fazer os questionamentos que Sakura mais esperava e temia. Sob que circunstâncias Sasori tinha feito as revelações sobre a Akatsuki? Por que confiar nele?

— Essas dúvidas não foram sanadas pela mensagem que nos chegou da Aldeia da Areia — disse a Hokage.

— Fizeram de tudo para tirar algo dele, mas nada funcionou. Então por que a mudança súbita? Estou cética quanto a isso.

Naturalmente, Sakura se viu ainda mais retraída. Ela lutava de forma ferrenha contra qualquer gesto que pudesse entregá-la. Isso já tinha se passado com o Kazekage. Revelar a informação recebida de Sasori sem mostrar um abatimento que pudesse levantar suspeitas foi uma tarefa dificílima para Sakura. O que Sasori tinha dito a ela era primordial para conhecer a Akatsuki e seus objetivos, podendo ser de grande valia para prever seus próximos passos. Justificar a Gaara o porquê de Sasori resolver revelar de bom grado uma informação tão significativa (sendo que nem toda tortura conhecida em Suna havia sido capaz de o coagir) fora uma tarefa nada simples. Sakura nem tinha ficado surpresa com o ceticismo do Kazekage quanto às reais intenções de Sasori. Tampouco estava agora surpresa com os questionamentos de Tsunade.

Contudo, não obstante sua própria natural e involuntária desconfiança em relação ao criminoso mais infame da Aldeia da Areia, Sakura sabia que não poderia vê-lo com os mesmos olhos do resto do mundo. Isso era até natural depois do que eles tiveram. Talvez Sakura não devesse confiar nele, mas a verdade era que não havia muitas opções para escolher. Ou guiavam-se pelas informações dadas por Sasori, sob todos os riscos que isso implicaria, ou ficavam de braços cruzados esperando pelo próximo movimento do inimigo, uma opção tão arriscada quanto a primeira.

Sakura já tinha feito sua escolha. Ela queria acreditar em Sasori, fazer das palavras dele o seu ponto de partida. Talvez fosse esse o único jeito de impedir a Akatsuki de por suas garras em Naruto; talvez fosse a única maneira de encontrar Sasuke; talvez só assim o mundo pudesse ser salvo.

— Tsunade-sama — Sakura começou —, realmente não tenho uma resposta oficial para suas perguntas, mas eu tenho uma opinião a dar. Sasori é integralmente humano agora, então talvez ele ainda guarde algum resquício de consideração por sua vila.

Sakura não tinha dúvidas sobre Sasori ainda ter humanidade, a dúvida residia no peso que isso poderia exercer nele.

Tsunade fixou seu olhar sagaz em sua aprendiz. Sakura começou a suar frio nesse momento, como se seu íntimo estivesse sendo invadido.

— Não sei até que ponto alguém como Sasori é capaz de ter apreço por qualquer coisa que não seja seu egocentrismo — Tsunade finalmente falou. — De todo modo, precisarei falar com as lideranças de Suna para saber mais detalhes que possam tornar crível a informação que recebemos.

— Entendo, Tsunade-sama.

— O mais absurdo de tudo isso é a inclusão do nome de Madara Uchiha. Como vamos acreditar nisso?

Como não poderia deixar de ser, todos (que tiveram acesso à mensagem de Suna) na Aldeia da Folha estavam chocados com a possibilidade de Madara Uchiha ainda estar vivo. Sakura ouviu de sua mestra um pouco mais sobre a história desse famoso ninja, um dos fundadores da Aldeia da Folha, fato esse que tornava ainda mais inacreditável o que Sasori havia dito ( ! ) — mesmo assim, ponderou Sakura, o que poderia ser impossível quando estavam incluídos aqueles malucos da Akatsuki.

Tsunade contou que Madara tinha sido um antigo líder do clã Uchiha e fundara a Aldeia da Folha ao lado de seu rival, Hashirama Senju, avô de Tsunade. O objetivo dessa aliança entre eles, líderes máximos de dois grandes clãs rivais, era começar uma era de paz em que vidas inocentes não tivessem mais que ser sacrificadas a todo momento. Entretanto, Madara e Hashirama entraram em desacordo ao longo do tempo e acabaram batalhando mortalmente. Hashirama havia saído como vencedor, e Madara fora dado como morto.

Sakura estava muito curiosa para saber dos próximos passos pretendidos por Konoha, entretanto, também havia um outro assunto que espetava profundamente seu coração e cujo efeito deveria ser, imaginava ela, triplicado em Tsunade.

Depois de um momento de hesitação, enquanto a Hokage procedia a reorganizar alguns documentos em sua mesa, Sakura mordeu o lábio e decidiu que poderia muito bem falar:

— Sobre Jiraiya-sama... — Tsunade congelou momentaneamente antes de olhar nos olhos de sua aluna. — Sinto muito, eu deveria ter estado aqui.

Tsunade abriu a boca para dizer algo, mas fechou-a. Sakura decidiu atirar o decoro ao vento e inclinou-se sobre a enorme mesa de madeira, pegando de forma reconfortante uma das mãos da Hokage. Tsunade parecia esforçar-se para tentar não chorar, e Sakura, conhecendo tão bem sua mestra, não achava que Tsunade quisesse suas lágrimas.

— Obrigada, Sakura — disse Tsunade, sua voz tremendo um pouco enquanto olhava para a mão de sua pupila entrelaçada na sua.

Sakura sentiu a Hokage apertar a mão quando aceitou as condolências. Depois de respirar, Tsunade ergueu o olhar de novo, seus olhos um pouco marejados.

— Naruto ainda não sabe — Tsunade declarou, e Sakura sentiu os olhos abertos. Antes que a mais jovem pudesse dizer qualquer coisa, Tsunade continuou: — Ele saiu para treinar no Monte Myoboku antes que tudo acontecesse. Seu treinamento está quase completo, mas não consegui contatá-lo.

Sakura olhou sem ver a Hokage. Naruto ficaria absolutamente devastado quando descobrisse.

— Tsunade-sama, o que vai acontecer agora?

Tsunade voltou a sentar-se na cadeira, entrelaçou as mãos, apoiou o queixo sobre elas e suspirou profundamente. E então falou sobre a mensagem criptografada que Jiraiya havia sido capaz de enviar. Lamentou que estivessem tendo dificuldades para discernir o significado da mensagem, porém.

— Uma mensagem... — Sakura sussurrou. — Você acha que pode se tratar de informação sobre o líder da Akatsuki? Sobre Madara Uchiha?

— Ainda é muito vago para especularmos algo, mas, seja lá o que for que Jiraiya tenha nos mandado, deve ser muito importante. — Tsunade beliscou a ponte do nariz. — De qualquer forma, estou me encarregando disso. Quanto a você, eu quero que se concentre em obter esse relatório que eu pedi. Shizune quer discutir suas descobertas assim que você puder.

Óbvio que Sakura estava apreensiva para saber quais atitudes a Hokage estava disposta a tomar contra a ameaça da Akatsuki. Sakura queria estar diretamente involucrada com qualquer passo mais ofensivo de sua aldeia. Pelo bem de todos que amava, Sakura não hesitaria em ser um soldado solitário na linha de frente.

— Sakura — Tsunade chamou —, é óbvio que todos estamos esperando ansiosamente por respostas. Ninguém aqui quer ficar de braços cruzados! — Sakura concordou com um movimento de cabeça. Não espantava a jovem essa capacidade especial que sua mestra tinha para conseguir antecipar o que ela pensava. — Mas não podemos ser precipitados — Tsunade continuou. — Não podemos nos dar ao luxo... Temos que analisar cada detalhe, checar os fundamentos do que nos chegou de Suna... — a Hokage fez uma breve pausa, estreitou levemente os olhos, aspirou mais um punhado de ar e prosseguiu: — Além disso, temos que nos resguardar.

Tsunade tinha razão, pensou Sakura. Sendo que o principal objetivo da Akatsuki parecia ser Naruto, Konoha não poderia ceder à ingenuidade trazida pelo desejo de vingar a morte de um de seus ninjas mais ilustres. Não era absurdo pensar que esse movimento em falso estivesse nos cálculos da Akatsuki, e pensar nisso só fazia o sangue ferver mais nas artérias e veias da jovem kunoichi.

— Entendo perfeitamente, Tsunade-sama.

— Que bom, Sakura.

A jovem se virou para sair, mas a voz de Tsunade a deteve:

— Provavelmente sou a última pessoa que deveria estar dizendo isso, mas tente relaxar um pouco. Pois...

Sakura viu o olhar da Hokage cair para o piso. Ela ainda estava abalada pela morte de seu velho amigo, bem como entristecida pelo que estava prestes a dizer. "À nossa frente há um futuro ainda muito turvo", Tsunade finalizou.

Sakura sorriu amargamente. Parecia muito errado a ideia de tentar relaxar e fingir que tudo estava em seu devido lugar... quando na verdade o pior dos cenários aparecia no horizonte. Mas Tsunade sabia melhor do que a maioria que um shinobi precisava apreciar o tempo que tinha, especialmente quando tudo poderia ser tirado em uma fração de segundo. A morte de Jiraiya foi prova suficiente disso.

— Eu vou tentar, Tsunade-sama.

                             [...]    


— Você precisa de um banho.

Sakura sentiu todo o seu corpo se enrigecer ao som de uma voz conhecida. Ela girou nos calcanhares no meio da rua e se deparou com seu amigo Sai. Ele mostrava seu conhecido sorriso automático.

— Vejo que você não aprendeu nada sobre boas maneiras durante todo esse tempo que eu estive longe — disse Sakura.

Sai sorriu brilhantemente para ela e estendeu os braços, convidando-a para um abraço. Sakura instantaneamente esqueceu sua irritação e se atirou em seu amigo.

— Eu realmente senti sua falta — disse ela suavemente.

— Sim, eu também. Admito que as coisas ficaram tranquilas demais sem sua presença destrutiva.

Sakura revirou os olhos e se afastou, verdadeiramente feliz por vê-lo.

— O Capado não...

— Não está aqui, eu sei. Tsunade-sama já antecipou — interrompeu Sakura, nem sequer dando atenção para o apelido emasculante que Sai tinha concedido há muito tempo ao seu companheiro de equipe loiro.

— Olha, você realmente está cheirando mal — insistiu Sai. — Quero dizer, mais do que o habitual.

— Sai, eu ingenuamente cheguei a pensar que Ino ensinaria você a agir como uma pessoa normal.

— Ele é impossível. Eu basicamente desisti de levá-lo a qualquer lugar público.

Sakura e Sai viraram-se ao som da voz recém chegada. O rosto da garota de cabelo cor de rosa iluminou-se enquanto Ino se aproximava, retribuindo a alegria de sua velha rival. Elas compartilharam um abraço enquanto Sai as deixava ter sua mini reunião.

— Eu não sabia que você voltaria tão cedo! — Ino disse. — Você deveria ter me contado, eu teria organizado uma festa de boas-vindas ou algo assim.

Pelo que parecia, só um seleto grupo estava a par das últimas informações sobre a Akatsuki, Sakura pensou enquanto analisava o rosto sorridente e tranquilo de sua amiga.

— Sim, desculpe por isso. É que os últimos dias foram bem difíceis.

Ino ergueu uma sobrancelha com a desculpa enigmática, mas Sai falou antes dela ter a chance.

— Ino, espero que você planeje tomar banho depois de ter abraçado ela. O fedor é contagioso.

Ambas as garotas se viraram e mostraram os punhos para Sai.

— Você também me abraçou, idiota — disse Sakura.

— Sai, se você seguir se comportando mal, não vou fazer seu jantar esta noite — Ino ameaçou.

Com isso, Sai realmente pareceu um pouco chateado.

— Então você quebrará sua promessa.

— Bem, as promessas podem ser quebradas.

— Não é uma boa maneira de criar confiança entre amigos — respondeu Sai.

— Eu sou sua namorada. Tenho todo o direito de reter minhas fabulosas habilidades gourmet se estou insatisfeita. As regras habituais de amigos não se aplicam a isso necessariamente.

— Às vezes eu me pergunto se você está fazendo essas coisas para se beneficiar — Sai disse, derrotado.

Sakura e Ino trocaram um olhar.

— Não seja assim — disse Ino, aproximando-se de Sai e beijando-o levemente. — Alguém tem que evitar que você diga algo que o matará um dia.

— Boa sorte com isso — resmungou Sakura.

— De qualquer forma — disse Ino, afastando-se de Sai para encarar sua melhor amiga —, você e eu, Sakura, temos muito que conversar. Quero ouvir tudo sobre suas aventuras em Suna.

Ino sorriu brilhantemente, mas Sakura sentiu qualquer coisa, exceto empolgação. A primeira coisa que veio à sua mente quando ela pensou em suas aventuras em Suna foi o tempo que ela passou com Sasori, mas ela não poderia contar a Sai e Ino sobre isso. O assunto envolvendo Sasori era secreto demais, de modo que ninguém em Konoha, além daqueles que precisavam saber, tinha conhecimento disso.

— E eu tenho escolha? — disse Sakura. — Já que estavam falando de jantar, que tal nos reunirmos hoje à noite?

Ino bateu as mãos juntas, satisfeita.

— Combinado!

Sai as observou, pensativo.

— Oh, eu entendo agora.

Ambas as meninas se viraram para ele.

— Você entende o que, exatamente?— Sakura disse, já suspeitando do que sairia da boca do moreno.

Sai mostrou seu sorriso falso e respondeu:

— Bem, eu ouvi de Kiba que, quando um cara e duas mulheres se juntam à noite para "jantar", isso realmente significa uma noite de sexo a t...

Ino cobriu a boca dele com a mão tão rápido que quase o jogou para trás. Sakura só lamentava que sua amiga não tivesse sido mais rápida.

— Kiba me paga — disse Ino, severamente.

— O que foi que eu disse? — Sai perguntou.

— Você é adorável, mas nunca aprende — a loira respondeu.

De repente, Sai adotou um olhar malicioso que Sakura não o vira mostrar alguma vez antes.

— Já te disse que você está linda hoje?

— Eu volto atrás. — Ino sorriu para o namorado. — Você aprende rápido.

Sakura revirou os olhos, mas teve que conter um sorriso. Era bom estar em casa.


Notas Finais


Eu sei que esse capítulo é aquele típico em que tantas palavras estão escritas mas pouco avanço acontece. As ideias realmente estavam escassas. Mas o próximo vai melhorar! Espero as respostas de vocês. Até logo!


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