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História A Perfeita Imperfeição de Existir - Quadragésimo Terceiro Ato


Escrita por: redrosess

Capítulo 43 - Quadragésimo Terceiro Ato


A manhã seguinte veio muito cedo na opinião de Sakura. Eles não tinha dormido muito na noite passada, mesmo assim era nítido que a ansiedade e exaustão acumulada por ter quase sido assassinada e ter fugido de seu lar destroçado (tudo isso em um intervalo de poucos dias) havia enfraquecido. Ainda estava muito abatida, naturalmente, mas nada poderia impedir que Sakura fizesse o que queria há tanto tempo. As palavras, as brigas, tudo o que tinha dado errado entre eles já não importava, não em um mundo onde o próximo dia poderia ser o último.

Sakura se deu conta de que estava satisfeita com as coisas da forma que estavam. Finalmente tinha a confiança de Sasori, disso agora ela estava certa. Obviamente Sakura não estava vivendo o romance de contos de fadas que as garotas ingênuas sonham, mas era tudo o que ela poderia esperar de Sasori. Sakura tinha quase certeza de que fazia muito tempo desde a última vez em que ele havia se permitido acreditar em alguém que não fosse ele próprio, e por isso ela não se arrependia de ter se humilhado. Tinha sido um passo gigante, contestável, nublado… mas e daí? Ela tinha feito sua escolha e agora já pouco se importava com as consequências.

Tinha dito a ele que o amava, uma declaração forte demais para ser presenteada ao vento. Contudo, Sakura não tinha chegado do nada a tal conclusão. Foram semanas e mais semanas de intenso conflito interno, debatendo sobre todo o turbilhão de emoções antagonistas e confusas que Sasori causada nela.

Todavia, Sakura admitia que havia recebido um empurrão final para ceder de uma vez à necessidade invencível contra a qual ela ainda tentava esforços insignificantes.

Em sua mente Sakura voltou ao dia em que ela tinha acabado de retornar a Konoha após ter conhecimento da morte de Jiraya.

Naquela noite Sakura e Ino ignoraram Sai e convidaram suas amigas Tenten e Hinata para uma noite apenas de garotas. Jantaram juntas e durante esse momento conversaram sobre várias coisas aleatórias, tal como os desjeitosos hábitos sociais de Sai e a bronca que Kiba havia levado de sua mãe após esta saber dos pensamentos poluídos do filho.

"Oh meu Deus, o rosto de Tsume foi impagável!" Ino disse enquanto ria. "Kiba vai ficar na casa do cachorro por um bom tempo!"

"E não é piada…" Tenten falou, fazendo suas amigas rirem histericamente.

"Acho que ele não fez por mal", disse Hinata.

"Sim, certo…" ironizou Sakura. "Qual é, Hinata, Kiba sabia muito bem que Sai diria algo ofensivo. Até parece que você não conhece o meu colega de equipe… Vocês deveriam ter visto o desenho da Equipe Kakashi que ele me enviou. É lastimável, francamente".

"Eu acho que foi uma representação bastante precisa de vocês, para ser sincera", disse Ino.

Sakura encarou a loira e colocou sua bebida sobre a mesa. "Você viu isso e deixou Sai me enviar o desenho assim mesmo?" ela reclamou, colocando um tom falso de drama em sua voz.

"Esperem, de que desenho vocês estão falando?" Tenten questionou.

"Oh Deus, Tenten, era um troço muito engraçado!" Ino falou, tomando um gole de sua bebida. "Sai desenhou Sakura com chifres e pedras no lugar dos punhos!"

Tenten riu, e Hinata teve a decência de tentar mostrar uma expressão de reprovação enquanto lutava para conter suas próprias risadinhas. Sakura sentiu seu olho se contrair.

"Ele desenhou Naruto com excesso de peso e fazendo malabarismos com tigelas de ramen", Sakura acrescentou.

"Isso foi um pouco longe", Hinata falou, ficando imediatamente séria.

Tenten e Ino estenderam suas gargalhadas, e Hinata ficou vermelha.

"Ah Hinata, nunca mude, por favor", disse Tenten.

"Então, Sakura, conte-nos sobre o fabuloso deserto. É mais aconchegante lá com com a companhia do Kazekage?" Ino disse, mudando de assunto.

Sakura corou, e Hinata parecia absolutamente escandalizada.

"Gaara do Deserto", sussurrou Tenten, parecendo intrigada. "Ele e seus irmãos são muito fortes. Nunca vou esquecer como Temari me dominou totalmente em nosso primeiro Exame Chuunin".

"Eles são pessoas maravilhosas, mas passei a maior parte do tempo com Kankuro", disse Sakura, tomando um bocado de comida. "Oh Deus, Ino, você tem que fazer Takoyaki com mais frequência!"

Ino sorriu. "Eu aprecio o louvor, mas não mude de assunto. Kankuro, você disse? Eu vi ele uma vez sem que toda aquela tinta no rosto dele se interpusesse. Ele é fofo."

"Ele é o ninja que você salvou de envenenamento há uns três anos, certo?" Hinata perguntou sorrindo.

Sakura assentiu.

"Oh, interessante…" Tenten disse enquanto usufruía um gole de sua bebida. "A donzela salvando o cavaleiro".

"Aqui, aqui, Tenten!" Ino exclamou, chamando sua amiga para um brinde.

Sakura sentiu seu rosto se aquecer. Ela nunca chegou a considerar Kankuro como algo mais do que um bom amigo. Não era como seu relacionamento com Sasori, em que amizade parecia não ser mais suficiente.

"Não é assim, pessoal", ela disse, "nós somos apenas amigos."

Sakura foi encarada por Ino e, de repente, teve a impressão distinta de que estava sendo lida como se fosse um livro aberto.

"Mas há alguém", Ino falou com confiança.

Hinata inclinou a cabeça, confusa, e perguntou:"Como você sabe?"

"Porque há algo diferente nela", Ino respondeu a Hinata. Voltando a Sakura, a loira disse: "Você tem esse olhar diferente, como se queresse que alguém estivesse aqui, como se não estivesse conseguindo parar de pensar nele.

Bem, você tem certa razão, Sakura pensou. Ela realmente desejava ser uma melhor mentirosa.

"Ah, então há alguém", Tenten disse depois de registrar o rosto ligeiramente embaraçado de Sakura. A morena riu. "Tudo bem, diga-nos Sakura. Quem é o sortudo da Areia?"

Ino quase cuspiu sua bebida ao ouvir o comentário de Tenten. "Oh Deus, é isso que eu chamo de ir direto ao ponto!" ela brincou.

"Eu nem mesmo confirmei que ele existe!" Sakura protestou.

"Você acabou de fazer isso", intrometeu-se Hinata. "Quero dizer, você aludiu a 'ele'".

Sakura encarou suas amigas e depois admitiu: "Tudo bem, há um cara..."

"Um homem de areia", interrompeu Ino.

"Nós realmente precisamos chamá-lo assim?" Sakura questionou.

"Então nos diga o nome dele", Tenten disse. "É alguém que conhecemos?"

Somente por notoriedade...

"Não", Sakura respondeu. "Ele esteve um longo período longe de Suna e retornou recentemente devido a… questões médicas... Eu estava ajudando-o a se recuperar..."

"Oh, isso é tão romântico!" disse Hinata, sorrindo.

"Na verdade, foi uma experiência de fazer uma pessoa querer arrancar os próprios cabelos", Sakura comentou ao lembrar-se de suas frequentes discussões com Sasori sobre o bem-estar dele. Sem dúvida esse homem era muito teimoso!

"Ah, então ele é um tipo como Kakashi", Ino concluiu.

Hinata ofegou e repreendeu Ino, dizendo que tal pensamento era algo "um pouco inapropriado".

"Não se trata do verdadeiro Kakashi, Hinata, calma", disse Tenten, rindo. "Mas eu tenho a sensação de que esse cara é mais velho, não é, Sakura?"

"Podemos dizer que sim..."

"Você está sendo tão misteriosa!" Ino disse. "Vamos cortar logo o papo furado. Diga, você o ama?"

Todas observaram enquanto Sakura parecia refletir sobre essa questão. A garota de cabelos cor-de-rosa engoliu em seco e tentou responder, mas falhou.

"Não sei... Quero dizer, é só..."

As outras garotas trocaram olhares, mas ninguém a interrompeu.

Essa era uma questão muito difícil para Sakura responder e isso triplicava sua confusão. Ela poderia amá-lo? Outra vez pensava no quão absurdo isso seria. Sasori era um traidor para sua aldeia e um assassino frio. Além das razões mais óbvias para não o amar, Sakura também deveria pôr na balança alguns outros detalhes sobre ele, como sua falta de sensibilidade, seu egoísmo pesado e o seu prazo de vida um tanto limitado..

Pensar sobre as complicações estava lhe causando dor de cabeça. Realmente não fazia nenhum sentido se importar com alguém como Sasori Akasuna, isso era um fato. Mas ainda assim...

"O que significa amar alguém?" Sakura questionou, não se dirigindo a alguma de suas amigas em particular.

A pergunta pendeu no ar como uma manta grossa sobre as quatro garotas. Depois de um momento, para surpresa de todos, Hinata tomou a frente. "Eu acho que é algo que você passa a saber desde o início", disse ela. "Os detalhes sobre quem você gosta simplesmente te prendem e você não consegue lutar contra isso".

Tenten balançou a cabeça e opinou: "Eu não sei. Acho que o amor é algo em que você trabalha, não acontece da noite para o dia. E os apaixonados nem sempre são felizes. É preciso paciência e trabalho árduo para fazer o amor prevalecer".

Sakura pensou nisso. Ela supôs que ambas as garotas estavam certas de diferentes maneiras. Ela tentou aplicar as explicações das duas à sua situação com Sasori. Era bem seguro dizer que não havia "amor a primeira vista" com ele (o fato era que os dois tinham se conhecido tentando se matar literalmente). Mas agora, sempre que o via, Sakura tinha a sensação de que ele irradiava sua própria força gravitacional, puxando-a para ele até o ponto onde nada mais importava.

Agora, como tinha dito Tenten, as coisas nunca haviam sido um mar de rosas. Haviam discutido mais de uma vez, chegando a ponto de causar danos quase irreparáveis. Não era fácil estar com Sasori em nenhum sentido, pensou Sakura. Ele parecia usar todas as oportunidades para tornar a coisa mais difícil do que precisava ser.

"Eu acho que o verdadeiro amor é apenas o amor verdadeiro", disse Ino.

Sakura franziu a testa e questionou sobre o significado desse comentário aparentemente sem muito sentido.

"Quero dizer que não se trata de algo que você pode planejar. Não importa o quanto você deseja, não há garantia de que isso vai te acontecer. Mas quando acontece, simplesmente não há escapatória". Ino estava olhando fixamente para o nada, seus olhos ilegíveis. "Como eu falei, desse sentimento você não foge — e nem quer fugir. É algo forte e único, que não pode ser desbotado pela distâncias ou pelo tempo".

Sakura sentiu em seu coração o efeito das frases profundas de sua amiga.

"Ino, eu nem sei o que dizer... Eu…"

Ino sorriu e continuou: "O amor é algo que sobrevive a tudo, pois é muito teimoso para desistir. Assim — simplesmente — ele é; caso contrário, não seria amor".

"Eu acho que é uma ótima maneira de definir o amor", disse Hinata, sinceramente.

"Caramba, acho que Sai deve estar escondendo algum tipo de personalidade atrativa sob todos os apelidos insípidos", Tenten brincou.

"Ei, eu sou bem seletiva, ok?" Ino disse.

As garotas riram enquanto Tenten pedia outro brinde, levando as outras kunoichi à mesa a reabastecer seus copos e erguê-los. Depois disso, elas deram a noite por encerrada, já que Tenten e Ino tinham missões no dia seguinte, logo ao amanhecer.

De volta para o seu presente, Sakura concluía que as palavras de suas amigas lhe tinham sido muito importantes. Ataque da Akatsuki e suas implicações à parte, voltar a Konoha serviu para Sakura diluir suas hesitações. Naquela mesma noite ela havia chegado à conclusão de que não importava o quanto ela quisesse convencer-se de que nunca poderia funcionar com Sasori, não podia deixar de querer. No fim, ele já estava no controle e não adiantava correr contra isso.

Sakura resolveu aceitar que Sasori nunca olharia para o amor pelo viés do resto do mundo. Ele queria algo infinito, perfeito, o que Sakura não era e nunca poderia ser, restando a ela apenas a opção de não desistir, de fazê-lo acreditar que os sentimentos dela eram reais e muito fortes. Se seria suficiente, Sakura não podia garantir, mas ela podia falar por si mesma: estava pronta para ir até o fim e suportar as consequências dessa decisão.

Uma mão agarrou os cabelo de Sakura com firmeza, obrigando-a a abrir os olhos e interromper suas reflexões.

Quando foi finalmente recebida pela luz do novo dia, Sakura se encontrou deitada na humilde cama onde tinham se amado plenamente e depois dormido em paz absoluta, fingindo que o mundo não havia se movido sem o consentimento deles.

Ela viu Sasori a observando com metade de seu rosto obscurecido por um travesseiro. Ele deixou seus dedos acariciarem as mechas rosadas da garota, sabendo que ela gostava tanto desse gesto quanto ele. Sakura não queria que isso acabasse. Não era justo que algo tão maravilhoso só tivesse chegado a eles no finalzinho do jogo. Ela se aproximou de Sasori, curvando-se na altura do peito dele e desejando mais algumas horas ininterruptas para permanecer nesse aconchego tão saboroso.

— Diga-me o que aconteceu — Sasori falou, sua voz tão suave nos cabelos de Sakura que ela quase sentia mais do que ouvia.

A garota suspirou, deixando uma mão desenhar círculos no peito de Sasori.

— Diga-me você o que aconteceu com aquele discurso de não envolver outros nisso que temos.

Sasori afastou-se dela o suficiente para dar-lhe um olhar desaprovador ao ouvir suas próprias palavras jogadas de volta para ele, o que era um pouco cômico na medida em que só metade do rosto dele podia ser visto pela garota. Sakura ergueu uma sobrancelha para ele. Sem hesitação, Sasori se ergueu sobre a cama e prendeu Sakura sob seu corpo. Na noite anterior, ela não tinha separado um minuto para apreciar a evolução quanto à saúde física de Sasori. Tinha sido um processo lento e estável, mas depois de algum tempo distante as mudanças eram mais do que visíveis.

Sasori havia recuperado completamente sua plenitude física. Já não sofria de complicações cardíacas e seu corpo havia se adaptado a trabalhar com o chakra disponível, reforçando eficientemente seu crescimento muscular. Sakura suspeitava que ele deveria ter levado muito a sério a terapia física indicada por ela para se recuperar tão rapidamente. Olhando para Sasori agora, Sakura não conseguia acreditar que ele estivera à beira da morte duas vezes sob os cuidados dela.

— Bem, agora eu realmente não quero falar sobre isso — ela disse, sorrindo um pouco enquanto passava uma mão sobre os músculos tensos do braço do seu amado.

Sasori sorriu de volta, claramente não se opondo a avaliação à base de toques que Sakura estava fazendo com relação à forma física aparentemente recuperada dele. Lenta e deliberadamente, ele se abaixou e a beijou. Começou como uma saudação lânguida, mas rapidamente se tornou primordial, um ato cheio de desejo. Sakura se sentia mais viva sob cada novo toque de Sasori​, como se ele aquecesse algo adormecido dentro dela. Foram mais vinte minutos antes que eles se colapsassem novamente, cansados. Sakura tomou a liberdade de bater levemente o peito dele e provocar:

— Então, ser humano não é tão ruim assim, não é?

Sasori hesitou em responder, mas talvez ele nem precisasse realmente, dado como segurava Sakura pela cintura. Ela tinha certeza de que ele estava usufruindo cada segundo daquele contato íntimo.

Eles ficaram assim por mais alguns minutos, simplesmente aproveitando o silêncio e adiando o máximo possível o inevitável. Mas Sasori nunca tinha sido uma pessoa muito paciente, então Sakura não se surpreendeu quando ele levantou a questão novamente:

— O que houve em sua aldeia?

Sakura permaneceu brevemente em silêncio, analisando um pouco mais o olhar do atual Sasori. A verdade, qualquer vestígio de dúvida automática que ela ainda tivesse sobre ele já tinha sido completamente sufocada pela noite que tinham compartilhado. Nada mais importava além deles dois. Sakura não mais tentaria o julgar estritamente em relação ao viés dela.

Sem hesitar mais, Sakura revelou suas memórias do ataque maciço de Pein e de seu encontro com Danzou. Ela contou a Sasori tudo, da batalha que ela testemunhou entre Naruto e Pein ao exame médico forçado de Danzou e seus Sharingans roubados. Ela contou também sobre Sasuke e o Jinchuuriki do Hachibi, bem como Sai e sua valiosa ajuda para libertá-la das garras da Raiz. Por sua vez, Sasori ouviu sem a interromper.

— Sai me ajudou, mas estou tão preocupada com ele. Ele é forte, mas se Danzou descobrir o que ele fez... — Sakura parou. — De qualquer forma, eu vim aqui depois de relatar tudo isso ao Kazekage.

Sasori olhou para o teto, absorvendo tudo o que Sakura havia dito. Ele não ofereceu nenhum comentário nem compartilhou nenhuma opinião sobre o assunto.

Depois de um momento, Sasori suspirou e lentamente se sentou. Sakura ergueu-se com ele e apoiou uma mão em seu ombro, imaginando o que poderia estar passando por aquela cabeça tão enigmática.

— Vamos nos vestir — ele disse finalmente —, já está ficando tarde.

Sakura hesitou um momento antes de segui-lo, agora muito confusa quanto ao motivo pelo qual ele não estava oferecendo nem a menor reação ao que ela lhe dissera.

— Isso me faz lembrar que eu tenho um compromisso com o Kazekage — ela disse. — Tenho que saber o que acontecerá a partir de agora.

Sasori parou em frente a uma das janelas da habitação e olhou através dela, um olhar distante presente em seu rosto. As palavras seguintes de Sasori foram absolutamente surpreendentes. "Eu vou dizer detalhadamente a vocês tudo o que sei de relevante", ele falou.

Caminhando para o banheiro, Sakura quase tropeçou nos próprios pés, incerta se ela tinha ouvido direito.

— Sasori... — ela sussurrou, sem saber formular uma resposta.

— O que vou dizer agora não é tão importante quanto o que eu lhes disse anteriormente — Sasori declarou —, até porque ter dito que Madara Uchiha controla a Akastsuki era o máximo ao meu alcance quanto aos segredos mais bem guardados deles. Entretanto, ainda sei de alguns detalhes importantes que podem ser úteis a vocês.

Sakura encarou bem fixamente Sasori e se perguntou se ele estava tomando aquela atitude por sentir remorso pelo ocorrido com a Aldeia da Folha, ou melhor, com a própria Sakura. Ela admitia que estivera muito magoada por saber que ele, provavelmente, sabia sobre a técnica secreta de Pein. Mas (de novo) julgar Sasori tendo as regras do mundo dela como parâmetro não era uma opção. Apenas Sasori era como Sasori.

— Quero falar tudo na presença do próprio Kazekage — Sasori declarou. — Você pode arranjar isso, Sakura?

Sakura piscou, percebendo que não estava alucinando. "Sim claro", ela respondeu.

Antes de ir tomar banho, Sakura se aproximou de Sasori, estendeu a mão e agarrou um dos pulso dele, obrigando-o a encará-la. Lutando com as palavras certas, a boca da garota se abriu e fechou várias vezes antes que a pergunta mais apressada pudesse finalmente sair: "Por quê?"

Sasori ficou durante longos segundos considerando a pergunta de Sakura, depois foi a vez dele a segurar pelos pulsos. Colocou os braços dela em volta do seu pescoço e se aproximou mais. Ele havia passado a apreciar o contato corporal com aquela garota como poucos vezes havia apreciado algo. E, por último, ele repetiu seu costumeiro gesto de alisar com a mão os cabelos de sua amada, um hábito que parecia servir para acalmar ambos. Para alguém tão contundente e impaciente, Sasori estava hesitando com muita frequência nos últimos tempos.

— Porque os humanos, frágeis como são, precisam de todas as vantagens disponíveis para se manterem vivos.

Era uma resposta tão típica de Sasori, que poderia ter sido facilmente interpretada como um insulto. Mas a maneira como ele estava olhando para Sakura deu a ela outro significado para a frase. Era como se ela fosse a única coisa que valesse a pena olhar em todo o mundo. Sakura estava ficando mais hábil quanto a ver os significados implícitos em cada palavra dita por Sasori.

— É porque você não quer correr novamente o risco de me perder — ela afirmou.

Sasori não se surpreendeu com tal afirmação audaz e nem tentou refutar. A mão nos cabelos de Sakura se moveu e começou a traçar linhas imaginárias por sua mandíbula, em um gesto de extremo afeto feito por um homem que praticamente nunca tinha sido capaz de mostrar qualquer evidência de tal capacidade. Mas aqui neste mundo, onde ninguém mais poderia incomodá-los, Sasori poderia ser o que quisesse ser.

— Sim, você está certa.

Era uma razão egoísta, só que Sakura não se importava mais. Pois todas as vítimas do terrorismo da Akatsuki poderiam significar absolutamente nada para Sasori, é verdade, mas ela… bem, ela parecia significar o próprio mundo na visão dele. Isso era suficiente.

— Obrigada — ela disse, simples e sinceramente.



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