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História A Perfeita Imperfeição de Existir - Oitavo Ato


Escrita por: redrosess

Notas do Autor


Olá de novo!

Capítulo 8 - Oitavo Ato


Fanfic / Fanfiction A Perfeita Imperfeição de Existir - Oitavo Ato

A manhã seguinte estava demorando a chegar. Sakura estava muito ansiosa para ver o que Sasori diria à sua proposta. Embora, pensou, ainda não havia proposta de que falar naquele momento. Ela e Kankuro não sabiam exatamente com qual estratégia estavam tentando levar Gaara a concordar, então decidiram muito maduramente "deixar o vento soprar", como Kankuro colocou. Tradução: na hora figuramos algo. Sakura se considerava um pouco maníaca por controle, por isso não ir com uma sólida estratégia de persuasão até Sasori lhe era um pouco desconfortável. Mas, novamente, não esperava que o ninja renegado lhe desse muita chance para uma conversa. Talvez houvesse uma chance? Ou talvez ela estivesse iludindo-se em pensar que ele poderia cooperar. Em qualquer caso, decidiu que seria um desperdício de energia tentar pensar em todos os cenários possíveis de sucederem-se na manhã seguinte e apenas tentou dar a Kankuro o benefício da dúvida. 

— Bom dia, Haruno-sensei, Kankuro-sama — o guarda ANBU habitual recebeu-os respeitosamente. Kankuro explicou que estaria acompanhando Sakura durante a examinação de Sasori, para o que os guardas não tiveram objeção. Sakura estava muito aliviada pela presença de Kankuro, já que assim não teria os guardas respirando em seu pescoço durante a examinação do seu singular paciente, o que com certeza intensificaria-se após o pequeno incidente do dia anterior. Ela e Kankuro foram levados para dentro da cela, e Sakura avistou Sasori. Como de costume, ele estava caído contra a parede preguiçosamente. Mas justo naquele momento seus olhos estavam em alerta e apontados diretamente para Kankuro. Sakura lutou contra o nervosismo a incomodá-la.

— Kankuro vai ficar observando enquanto cuido de você.

— Por quê?

— Bem... — Parou, realmente não sabendo que tipo de resposta lhe dar.

— Não se importe. Eu só estou aqui para observar — Kankuro cortou.

Ou Sasori tinha ficado satisfeito com a resposta ou simplesmente não se importava. Provavelmente, o último. Em qualquer caso, Sakura sentou-se ao lado dele para começar seu exame preliminar. Kankuro assistia-os da parede oposta, seus olhos em nenhum momento perderam o foco em Sasori.

Sakura notou que o seu paciente parecia um pouco mais pálido do que o habitual e havia olheiras sob seus olhos, como se não tivesse dormido. Bem, quem poderia ter uma boa noite de sono em uma prisão? Ela franziu a testa. Não gostava de ter que visitar pacientes na prisão. Ficava ressentida pelas condições desumanas. Mesmo que fossem criminosos, em seus olhos, todos os pacientes eram iguais e mereciam ser alojados em condições favoráveis ​​para uma recuperação mais eficiente. Não havia nem mesmo um mísero saco de dormir naquela minúscula cela.

Infelizmente, parecia que a condição de Sasori estava só piorando. Ele não apenas parecia abatido, como também apresentava sinais claros de hipotermia. Realmente, ele era um idiota ou apenas impossivelmente teimoso? Sakura mentalmente jurou e chegou ao cobertor jogado ao lado do shinobi renegado. Sem esperar por permissão, ela pôs o cobertor grosso ao redor dos ombros de Sasori.

— Eu não estou com frio — ele retrucou.

— Seu corpo diz o oposto — ela atirou de volta.

Se Sasori não concordou, não disse nada para expressar isso; mas Sakura percebeu que ele não fez questão de ajudá-la com o cobertor. Suspirando exasperada, embrulhou-o da altura dos ombros até as pontas dos dedos dos pés. Honestamente, o mínimo que ele deveria fazer era cobrir a si mesmo. A garota olhou para baixo e notou que os dedos das mãos de Sasori estavam disformes e roxos. Sakura pegou uma das mãos dele para examinar melhor.

— Seus dedos estão quebrados.

Ela alcançou a outra mão para confirmar que estava em condição semelhante.

Sasori não disse nada, tampouco resistiu à examinação feita pela kunoichi

— Estou tão cansada disso. — Ela se virou para Kankuro e deu-lhe um olhar sério.

Eriçada, Sakura começou a endireitar os minúsculos ossos quebrados em cada um dos dez dedos de Sasori. Um pensamento mais perturbador passou por sua cabeça de repente.

— Como você anda comendo?

Sasori olhou para ela, como se as palavras da mesma tivessem o irritado; porém ele não disse nada. Era isso. Sakura já estava saturada. Liberando a mão do ex-Akatsuki e ignorando o olhar furioso do mesmo, levantou-se e fez sinal para um dos guardas ANBU.

— Está tudo bem, Haruno-sensei?

— Não, não está tudo bem. Quando foi a última vez que ele comeu? — Ela indicou Sasori.

— Ao prisioneiro é permitido uma refeição por dia, no horário de almoço.

Sakura cerrou os punhos.

— E existe alguém que verifica para ver se ele está realmente consumindo sua refeição?

— Sim, claro.

— E quanto à refeição de ontem?

— Ele não tocou a comida. Nós achamos que não estava com fome.

Sakura estava grata porque haviam grossas barras de titânio separando-a do guarda ANBU. Caso contrário, não conseguiria controlar os seus punhos em fúria. Tsunade não ficaria satisfeita em saber que Sakura havia matado um ANBU de Suna.

— Você pensou que ele não estava com fome? — perguntou com sarcasmo. — Diga-me, ANBU-san. Você sabia que os dedos de Sasori estão todos quebrados?

— Nós não supervisionamos seus interrogatórios, apenas o seu confinamento.

Sakura ignorou sua desculpa.

— E você sabia que é quase impossível para comer quando todos os seus dedos estão quebrados?

O ANBU não respondeu, mas Sakura realmente esperava que ele estivesse suando sob aquela máscara de porcelana estúpida.

— Irei relatar a sua incompetência ao Kazekage. Sasori Akasuna pode ser um prisioneiro, mas é o meu trabalho mantê-lo vivo e saudável. Se seus pressupostos, ou melhor, sua negligência levar a saúde dele a deteriorar-se a tal ponto que seja posto sob perigo de morte, vou por sua cabeça em uma bandeja de prata, está claro?

— Sim, Haruno-sensei. Por favor, desculpe esse descuido bruto.

Sakura não perdeu a sugestão de desprezo na voz do guarda. Claro, por que ele iria cuiadar da saúde de Sasori, de todas as pessoas?

— Eu entendo a sua posição, ANBU-san, mas sei que não tenho que lembrar que a vida dele é da maior importância. — Ela gesticulou para Sasori. —  Tenho certeza de que o próprio Kazekage informou a você deste fato.

— Claro, Haruno-sensei.

O guarda inclinou-se rapidamente em sinal de respeito e voltou ao seu posto. Sakura contou até dez em sua cabeça, querendo que sua raiva se esvaísse. Não seria bom deixar que emoções voláteis nebulassem seu julgamento durante uma sessão de cura. Kankuro chamou sua atenção e lhe deu um "precisava disso, Sakura?" Ela deu de ombros para ele, que não insistiu em protestar pela pequena explosão da kunoichi médica.

— Não quero sua preocupação.

Sakura virou-se de volta para Sasori, quem olhava para ela com uma expressão de tédio.

— Sendo a principal médica responsável pela sua saúde, eu acho que tenho todo o direito de preocupar-me se você está morrendo. Não ignore isso, por favor.

Sasori parecia um pouco confuso com as palavras da garota, mas não se dignou a comentar a respeito, o que foi bom para Sakura que apenas se ocupou em curar os apêndices danificados do prisioneiro, um por um. 

— Existe alguma outra coisa de que eu deva estar ciente?

— Estou vivo e bem.

Sakura não perdeu o leve toque de sarcasmo.

— Você está cinquenta por cento certo.

— Há pouco sentido em continuar me tratando. Hoje é o terceiro dia, afinal.

Sakura tirou seus olhos do trabalho para encontrar Sasori fitando-lhe com curiosidade. Eles ficaram encarando um ao outro por vários momentos, desafiando-se. Obviamente, ninguém tinha dito ao prisioneiro ainda que haveria uma ligeira mudança de planos. Talvez fosse melhor assim para que Kankuro pudesse ter mais tempo para figurar sua ideia.

— Eu vejo que a sua nuvem negra não lhe abandonou ainda.

Isso rendeu a ela um olhar estranho de Sasori. Ótimo, ele provavelmente estava pensando que ela era louca. Seja como for, o que importava? 

— Eu só quis dizer que sua atitude está deprimente como de costume.

— Se você acha que a morte me entristece, está muito errada.

— É um instinto humano tentar evitar a morte a todo custo.

Ela o ouviu soltar uma respiração afiada, como se estivesse menosprezando suas palavras.

"Ah, que seja."

— Você decidiu reconsiderar a cooperar com o interrogatório?

— Não.

Sakura suspirou, sem realmente estar surpresa.

— Pelo menos você poderia pensar nisso como um favor para que eu não tenha que perder meu chakra curando todas essas lesões terríveis. — Ela deixou um lado já curado e mudou-se para o outro. — Suas mãos estão frias.

A jovem usou o seu chakra para promover a circulação em um esforço para aquecer as mãos geladas antes de continuar a curar os dedos quebrados.

— Você realmente não acha que eu faria qualquer coisa para seu benefício.

Sakura revirou os olhos.

— Sasori — disse Kankuro do outro lado da sala. —, para quem não diz nada para os interrogadores, você está falando muito. Nunca ouvi falar que você fosse do tipo de ficar de conversa fiada.

Sakura olhou para Sasori e fez uma careta. 

— Bem, sorte a minha de pegá-lo no seu momento mais falador até aqui.

Sasori não recompensou o sarcasmo dela com uma resposta.

— Aliás, você perdeu todos os bonecos que coletou? — Kankuro mudou de assunto.

— Não.

— Mas você não os tem, obviamente.

Sasori estreitou os olhos para o outro shinobi artesão na cela.

— Sabe, ainda temos guardadas todas as suas criações anteriores. A brigada de fantoches usa-os para o treinamento.

— Verdade?

Sakura piscou. A pergunta de uma palavra só de Sasori tinha mostrado uma pitada de curiosidade genuína? De jeito nenhum. Será? Sasori poderia estar interessado em alguma coisa? Aparentemente, Kankuro notou esse detalhe também. 

— Claro. Por quê? você está curioso sobre a sua antiga divisão?

— Não.

— Os mais jovens não sabem muito sobre os primeiros dias da brigada, além das histórias. Mas todo mundo sabe o seu nome. Tenho certeza de que adorariam ter a chance de ver o grande mestre Sasori Akasuna em ação.

— Sinto-me lisonjeado. — Ele fez soar como se fosse uma coisa ruim.

— Nós ainda lutamos com suas antigas criações. São marionetes muito resistentes, mesmo depois de todos esses anos.

— Eu pensei que tivesse lhe dito para 
criar seus próprios bonecos naquela outra vez que nos cruzamos. Segue ignorando completamente o meu conselho?

— Bem, isso é verdade, eu lembro que você me disso isso. Mas já que você é o único que conhece os seus truques, então esse detalhe não deve importar. Acho que nessa altura dos acontecimentos não iremos encontrar você no campo de batalha.

Sakura olhou para Sasori, perguntando-se o que ele estava pensando quando não respondeu. Será que estava sentindo qualquer tipo de raiva pelo fato de que provavelmente nunca lutaria com seus bonecos de novo? Não que ela se importasse. Menos um bandido louco à solta era definitivamente um plus. 

— Eu gostaria que pudéssemos lutar mais uma vez, porém — Kankuro acrescentou melancolicamente. — Eu estaria interessado em ver qual seria o meu desempenho contra você agora.

— Isso não será possível.

Sakura examinou-o, pensativa. Certamente, Sasori deveria estar um pouquinho chateado com a sua situação. 

— Hipoteticamente falando, Sasori — ela arriscou. —, você realmente gostaria de lutar contra Kankuro novamente se não estivesse preso aqui?

— Nem cá nem lá.

— Esse seu jeito taciturno e resignado é realmente deprimente.

— Sua ingenuidade é detestável.

 Sakura e Sasori olharam um para o outro até que ela fizesse uma careta, quebrando o contato visual. Que homem apodrecido!

Kankuro balançou a cabeça para aquela discussão. Era muito interessante, pensou, o quão  diferente Sasori era quando não estava sendo torturado para obter informações. Isso fez o marionetista mais jovem se perguntar se poderia usar isso para sua vantagem.

— Parece que você não está tão abatido quanto de costume — Sakura disse, tendo voltado a sua atenção para o seu exame médico. — Mas, se você continuar a ignorar esse cobertor e comer apenas uma refeição por dia, vai murchar feito uma ameixa.

— Você tem um jeito com as palavras.

Sakura evitou o olhar de Sasori e falou:

— Já me disseram isso.

— Bem, eu acho que é hora de eu ir — Kankuro anunciou. 

Sakura olhou para ele enquanto o mesmo caminhava para a porta da cela, com a intenção de sair. Antes de ir, porém, ele bloqueou seus olhos nos dela.

— Eu vejo você mais tarde.

Quando ele saiu, Sakura ficou mais uma vez a sós com Sasori. Ela imediatamente sentiu a ausência da presença tranquilizadora de Kankuro. Por que ele tinha se levantado e saído tão subitamente? Teria descoberto o que estava procurando e ido relatar? 

— Por que ele veio hoje?

Sakura foi pega de surpresa com a pergunta. 

— Você ficou incomodado com isso?

— Não.

— Eu acho que Kankuro realmente respeita você, apesar de suas diferentes situações.

— Ele tem muito a aprender.

— Eu não sei, ele é muito forte pelo que tenho visto. Muita coisa aconteceu nos últimos três anos. Eu meio que gostaria de poder ver como vocês dois lutariam agora, também. 

Ele deixou sua cabeça descansar contra a fria parede de pedra da cela. Depois de alguns segundos de silêncio olhando para o teto, ele falou:

— Mesmo que eu quisesse, seria impossível.

— Isso significa que você quer?

— Eu não disse isso.

— Oh.

Sakura começou a ignorá-lo assim que ela terminou com a examinação. Sasori observava a kunoichi afastar-se. Antes de partir, ela virou-se ligeiramente para olhar para ele.

— Não descarte esse cobertor de novo. Os corpos humanos sentem frio, ao contrário dos artificiais.

Sem esperar qualquer resposta, ela o deixou para aguardar o próximo interrogatório.


Notas Finais


Até a próxima!


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