História A pior das Missões - Capítulo 02 - Um passo á frente

Shikamaru correu até sua casa para avisar a família, arrumou suas coisas e rumou para onde Temari estava hospedada, feliz por saber que estaria com a sua parceira de missão.

Chegando ao lugar onde Temari estava Shikamaru bate na porta e espera uma resposta por um curto espaço de tempo. Quando a loira abriu a porta, ficou um pouco intrigada de tê-lo visto ali, com seu traje de jounin e uma mochila nas costas.

— O que faz aqui, Shikamaru?

— Você já está saindo?

— Estou terminando de arrumar minhas coisas, tenho que sair apenas pela tarde.

— Você poderia se apressar? – falou, assistindo as reações dela, que ficavam cada vez mais desconfiadas. – Pretendo ir com você até Suna.

— Entre. – abriu caminho para ele passar. – Ainda vou demorar uns 20 minutos, pois quero comer antes de sair.

Shikamaru, passou por ela e se assentou em uma das duas cadeiras que havia na pequena cozinha. O lugar onde Temari morava, tinha apenas um quarto, um banheiro e a cozinha, já que era um local temporário e a loira não fazia questão de ter muitos luxos.

— Precisa de ajuda com alguma coisa? – ele estava tentando evitar o assunto que estava em sua cabeça, o pedido de desculpas que queria fazer, afinal fora correndo até ela o mais rápido possível para isso, mas como tudo parecia normal, achou desnecessário fazê-lo.

— Apenas tenho que arrumar as roupas que vou usar nesses dias de viagem, e também preciso saber porquê está aqui. – falou o encarando com uma feição pouco expressiva.

Shikamaru suspirou fundo e falou, achando tudo aqui muito desnecessário e problemático.

— Tenho uma missão em Suna, então pretendo lhe fazer companhia e quero pedir desculpa pelo o que aconteceu antes com Ino, mesmo que eu não tenha feita nada de errado. – Viu que ela tinha dado um sorrisinho de lado, e relaxou, parece que nada de ruim iria acontecer.

— Sim, você não fez nada de errado, mas por alguma razão aquela garota me tira do sério. – falou indo para o quarto, para terminar de arrumar suas coisas, e gritou de lá – Me senti infantil assim que cheguei em casa, senti como se tivesse voltado aos meus 10 anos, por ter ficado irritada como algo que nem aquilo.

O tom risonho estava em sua voz, bem diferente de quando estava na presença de Ino.

— Mas sabe Shika, - ela falou mais baixo, vendo que ele tinha ido até a porta do quarto observá-la – tenho certeza que se eu tivesse de ficar na presença dela, algo assim aconteceria de novo, pois vejo que ela sente prazer em me menosprezar, por algum motivo que não posso afirmar com certeza, mas acredito que seja porque ela tem sentimentos especiais por você, e sente-se ameaçada quando estou por perto.

Ele fica surpreso com a afirmação, mas não pode deixar de notar que o tom de voz dela havia ficado um pouco mais tenso enquanto falava aquilo. Shikamaru sabia que Temari havia desenvolvido sentimentos especiais por ele, e ele por ela, mas ainda não era algo forte o suficiente para que eles começassem algum tipo de relacionamento.

— A Ino muda de sentimentos muito facilmente, acredito que ela não tenha encontrado o amor de verdade, talvez ela sinta ciúmes de você comigo, mas por outros motivos. Talvez ela ache que você é melhor do que ela, e tenha algum complexo de inferioridade.

Ela sorriu de canto novamente, e continuou largando as roupas que levaria em cima da cama, as quais dobraria depois de comer.

— Shikamaru, você sabe que não gosto muito dela, mas também não precisa dizer que sua amiga tem algum complexo em relação a mim só para me agradar. – falou passando muito próxima a ele na porta, sentindo um pouco de tensão por isso, - Vou comer, você já se alimentou?

— Sim, já me alimentei, quer que eu faça algo para adiantarmos a nossa saída?

— Você dobra as roupas para mim e coloca na minha mochila, senhor Preguiçoso?

— Sabe, eu estava torcendo para que você simplesmente negasse. Tsk. – ele foi em direção das roupas em cima da cama.

Temari soltou uma risada baixa, achando graça no modo que Shikamaru agia, com certeza ele nunca deixaria de ser um preguiçoso, um preguiçoso bastante prestativo, e um preguiçoso pelo qual estava desenvolvendo cada vez mais seus sentimentos.

— Shika, - a loira tomou coragem para chama-lo assim, com a face um pouco corada, mas sem encará-lo da cozinha, onde estava comendo sua refeição recém aquecida – que tipo de missão você tem que fazer em Suna?

O moreno não deixou de notar a mudança no modo que Temari o chamou, e vendo-a encarar a comida como fosse um caso de vida ou morte, dando assim um pequeno sorriso de satisfação.

— Hum, é apenas uma missão de decodificação... – ele engasgou um pouco nas últimas palavras, pois havia pegado uma das calcinhas que Temari tinha separado para dobrar, ficando meio embasbacado, pois foi a primeira vez que tocava em algo tão intimo de uma mulher, fazendo com que pensamentos meio pervertidos passassem por sua cabeça. –Ur-rum ur-rum... – ele pigarreou e sacudiu a cabeça, tirando as imagens de Temari de lá. – Decodificação, isso, Suna precisa que eu vá para lá pois a decodificação é importante, e não há como nenhum agente vir para cá no momento, devido as circunstâncias atuais.

— Entendo. – Shikamaru notou que ela ficou meio cabisbaixa, pois a situação estava tão ruim que nem um decodificador podia sair de Suna. – Pelo menos vou ter uma boa companhia até lá, e aposto que você se sentira muito seguro ao meu lado, Shikamaru. – falou mudando drasticamente de humor.

— A-ha, vamos lutar um contra o outro pra ver quem vencerá ai então você me diz quem se sente mais seguro com quem. – o sorriso e o tom de voz debochados estavam aparentes nas falas de Shikamaru, o que fez Temari soltar um riso.

— Está me desafiando? Depois que perder para mim não se arrependa viu? – falou enquanto se levantava para lavar as louças que acabara de usar. – Terminei de comer Shikamaru, tudo pronto para irmos?

— Sim, senhora. – ele largou a mochila dela por cima dos ombros e passando por ela, muito perto dela, pois não queria derrubar nada com as mochilas nas costas, fazendo com o corpo dois se colassem por poucos segundos, até que o momento se foi, e ele estava na rua, enquanto ela pegava seu leque gigante, e saia atrás dele.

—___X____

Na saída de Konoha, Temari teve uma surpresa nada agradável, pois novamente se encontrou com quem menos queria.

— Eeei, estava esperando você aqui, para me despedir. – Ino havia se levantado de supetão do banco onde estava sentada esperando e correu em direção deles. – Soube que você está indo em uma missão longa, e não queria que você fosse sem eu lhe dar um abraço. – ela já ia se jogando nos braços dele, quando Temari se interpôs na frente.

— Oh é mesmo bonequinha? Então venha que lhe dou um abraço bem sufocante. – Temari falou debochada, abrindo os braços.

Shikamaru não conseguiu segurar o riso vendo a cara surpresa de Ino, e achando que Temari andava muito ciumenta ultimamente. O que mesmo sendo problemático, ele gostava. Se aproximou da princesa de Suna e afagou os cabelos dela, deixando-a satisfeita, porque a expressão de Ino se fechou totalmente.

— Não sabia que você era tão afetiva, Temari. – o rubor tinha subido levemente no rosto do rapaz – E você também Ino, tem andado muito carente esses dias. – Ele andou mais uns passos em direção à Ino, e afagou os cabelos dela também, vendo o sorriso da mesma voltar ao rosto, radiante, e olhando com cara de vitoriosa para Temari.

Já Temari, que estava antes com o rosto corado pelo toque de Shikamaru, ficou ainda mais vermelha de raiva pelos atos do rapaz com a Yamanaka. Ela sentiu como se estivesse perdendo para a garota, fazendo com que ela sentisse inferior, e afinal, quem tinha esse complexo era a kunoichi de Suna, e não a loira vulgar que estava sempre se atirando nos braços de Shikamaru.

Temari se afastou dos dois, ressentida, percebendo que os sentimentos que estava desenvolvendo por Shikamaru não estavam sendo propriamente correspondidos, e decidiu que não agiria mais como uma garota intrometida, e não os atrapalharia.

— Quando você terminar, Shikamaru, já sabe por qual caminho seguir. – e assim correu na frente, sabendo que a viagem com ele seria muito longa.

Shikamaru viu o rosto raivoso de Temari, e deu um sorrisinho de lado, ele não sabia o porquê de estar agindo de forma tão problemática, mas só sabia que gostava de ver as reações da princesa para com ele. Só confirmava cada vez mais o que ele suspeitava, e que se fosse pra despertar um pouco mais disso nela, ele agiria sim, de forma problemática.

— Tchau Ino, assuntos importantes me esperam. – e correndo atrás dela, ele pensou que essa viagem poderia mudar drasticamente a vida dos dois, e esperava que fosse para um lado bom e de preferência, um romântico. Shikamaru sentia que seria muito agradável.

— Ei, Tema-chan... – gritou para que ela visse que estava logo atrás. E claro, para que ela ficasse um pouco mais calma depois da cena com Ino. – Me espere.

— Veio rápido, Nara. – falou com secura, com o rosto ainda vermelho de raiva. – Achei que você ficaria mais tempo com a sua boneca.

— Eu queria ficar mais tempo com a minha boneca, por isso deixei a Ino lá e vim rápido. – falou divertido, estava se sentindo confiante depois de sentir o ciúme de Temari.

— Como é que é? – quase parou para espera-lo, e ir ao lado dele. – Acho que não ouvi direito.

— Então, o que vai fazer quando chegar no Deserto? – A mudança de assunto foi drástica, tudo bem que Shikamaru estava confiante, mas não o suficiente para repetir o que havia falado. – Tem algo em mente?

— Tenho que ir direto resolver assuntos burocráticos, então pretendo não me desgastar muito nos dias de viagem, descansando o máximo possível. Por quê?

— Eu estava pensando que talvez você pudesse me mostrar os lugares que gosta, no meu pouco tempo que terei livre. – ele não ousou olhar para o lado, abrindo a boca para um longo bocejo, fazendo com que a sua fala tivesse saído de maneira natural e desinteressada.

— Certo... posso fazer isso. – ela o olhou desconfiada, esperando mais do que um bocejo como reação. Temari realmente não o entendia, um rapaz que estava sempre com vontade de tirar um cochilo estaria lhe pedindo para sair com ela, mas a poucos minutos estava acarinhando outra garota. Parou pra pensar na situação com Ino, e não conseguiu conter a curiosidade, e perguntou do modo mais seco e desinteressado que conseguiu. – Me explica Nara, qual seu relacionamento com a Yamanaka? Você gosta dela? – a garota deu um sorriso debochado, dando a entender que gostar daquela kunoichi de Konoha era uma coisa patética.

Após o susto inicial que o rapaz levou – mesmo que não tivesse demonstrado – ele respondeu de modo natural, como se tivessem perguntado se o dia estava bonito.

— Sim, eu gosto dela. – Temari, arregalou os olhos e abriu um pouco a boca, não esperava que a resposta fosse tão direta, mas ela logo se recompôs e colocou a face de debochada de novo – É como uma irmã mais nova pra mim, já que convivemos há muito tempo, sempre juntos e em quase todo tipo de situação.

— Quero saber se gosta dela como mulher, seu Preguiçoso. – a essência de Temari estaria sempre nela, mesmo que tentasse se manter calma, o tom de irritação estava presente em sua voz, e obvio, Shikamaru notou isso.

— Não, não gosto dela como mulher, por mais que a veja como uma. – Resolveu não mentir para ela, mas não estava gostando do rumo que a conversa os estava levando.

— Oh, entendo. – e para surpresa de Shikamaru, a conversa parou por ali, sem chacotas por parte de Temari, e sem mais especulações sobre algo. Ele esperava pelo menos por um acesso de raiva, mas nada partiu de sua companheira.

O moreno a olhou de canto de olhou, e notou que seu semblante estava normal, sem expressão nenhuma a qual pudesse ler, mas ele tinha certeza, que no fundo ela estava chateada, e tinha certeza também de que ela carregava sentimentos por ele, e já estava mais do que na hora de parar de falar sobre outras mulheres, porque a tática de deixa-la com ciúmes não funcionaria, pelo contrário, ela não daria o luxo de ter um ataque de ciúmes na frente dele, não a orgulhosa princesa de Suna.

Passou-se mais algumas horas em que eles apenas andavam pelas trilhas sem se falarem mais do que o necessário, e Shikamaru percebeu que se quisesse fazer com os dois se aproximassem um pouco mais, teria de tomar a iniciativa.