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História A Porta dos Tempos - Elric


Escrita por: QueenBree , Magnolya e Maegyr

Capítulo 2 - Elric


Fanfic / Fanfiction A Porta dos Tempos - Elric

Os sons da chuva lá fora soavam como uma trombeta que anunciavam o prelúdio do fim do mundo. O fim do seu mundo, pelo menos.

O assoalho de madeira do chão lhe servia de cama desde que se entendia por gente, quando se levantou sentiu a cabeça girar na escuridão que se refugiava no canto do casebre toda vez que a luzes violentas da tempestade violavam os céus. Elric colocou-se totalmente de pé, sentindo o equilíbrio do corpo comprometido por uma razão que ainda desconhecia. Em seus treze anos de vida jamais tinha se sentido assim; cansado, nos limites de suas forças. Amedrontado. Não era o medo trivial de um jovem com medo da tempestade. Era o real sentido de sentir medo, de sua testa brotavam gostas de um suor frio que fazia sua pele se arrepia a cada gotícula que se arrastava por sua face, contornando seu queixo e escorregando pelo pescoço e perdendo-se em seu corpo esguio.

Quando arriscou dar um passo para frente, sentiu suas pernas fracas, e se não fosse pelo auxilio da velha mesa que ocupava o centro do cômodo, ele teria voltado ao chão. A casa estava como sempre esteve: empoeirada, pobre e vazia. Os poucos móveis eram apenas uma mesa, uma cadeira e um velho cobertor que lhe protegia do frio quando dormia no estrado de madeira. A casa só possuía uma janela, e dela que ele podia ver o terror da chuva que assolava a pequena vila no norte de Roma.

Tenho que reagir, pensou, - céus o que diabos está acontecendo comigo?!

Quando a explosão atingiu o telhado de madeira, a casa ruiu sobre o garoto sem pestanejar.

A sensação estranha de metade de o corpo estar dormente e a outra explodirem em uma ardência excruciante, o mantinha consciente o suficiente para entender o estado em que se encontrava.

A chuva era egoísta o bastante para se mantiver constante. Os deuses não são nada benevolentes. Não me dão uma maldita morte tranquila. Não há bondade quando se pode controlar o mundo, concluiu por si só.

- Realmente, garoto. – Sua respiração parou assim como o barulho da chuva. Tudo parecia ter parado por um momento – Não sabemos o que é essa tal de bondade

Seus olhos se depararam com uma figura que se ocultava ante a luz do luar. Ele podia ver o desenho da silhueta, era alto e com os ombros largos. O corpo assim como sua cabeça era revestido em uma armadura negra como a noite. Talvez a chuva ou seu próprio pânico tenham abafado os passos ou a própria presença do homem.

- Mas não generalize. Alguns realmente desconhecem a bondade. Outros, como eu, ignoram sua existência por completo.

O guerreiro se moveu chutando os escombros como alguém que enxota um cão vira-lata do caminho. Ele era grande o suficiente para cobrir dois Elrics, mas se movia de forma quase que graciosa; eram gestos precisos e taciturnos. Quando se deu por si já estava com o corpo totalmente livre, e se fosse à outra ocasião, poderia dar-se ao luxo de analisar o estado que se encontrava. Mas invés disso procurou manter-se sentado com os olhos presos na figura imponente a sua frente.

Quando o homem estendeu-lhe a mão aberta para lhe auxiliar, sentiu um tremor pela sua espinha. A onde paralisante do pânico voltou a assolar sua mente, paralisando-o novamente.

- Venha, Elric, eu lhe mostrarei o caminho.

Invés de lhe dar a mão em resposta, o garoto rebateu:

- Quem é você? – Era primeira vez que falava naquela noite e sua voz saiu mais como uma súplica sussurrada do que uma indagação.

- Ora, rapaz. Quem mais eu poderia ser? – Em puro escárnio, o homem respondeu com um sorriso nítido, mesmo no breu da noite. – Eu sou o Medo.

O sangue de seu corpo abandonou sua pele, fazendo-a ficar pálida como a neve. Sua boca ficou seca quando seus dentes se batiam em um tremor cômico.

O homem se afastou indo para onde a luz da lua podia iluminar sua figura claramente. Em um gesto proposital para que seu rosto fosse visto pelo garoto amedrontado, pela primeira e última vez naquela noite.

- Eu sou Fobos, ora essas. Eu sou o Deus do pavor, mortal.

Talvez fosse aquilo que chamavam de ações tomadas pelo medo, ou a adrenalina da possível morte que o deu forças o suficiente para se levantar e encarar Fobos de igual.

- Gosto da sua audácia, garoto. – sua fala era lenta, como se ele degustasse cada palavra que sua língua sibilava. – Não é a toa que é filho de sua mãe, huh.

Aquilo o fez engolir em seco. Seus pais era algo que nunca conheceu e fez questão de esquecer qualquer vestígio raro que sua memória guardava.

- Não tenho mãe nem pai! – Exclamou, tentando fazer sua raiva suprir a dor que sentia em cada músculo do seu corpo.

- Não se faça de tolo, mortal. Não estou aqui para lhe ensinar ou qualquer coisa do tipo... Estou aqui a mando de sua mãe: Belona, a deusa da guerra.

Belona.

O nome de sua mãe foi como a mão de Fobos naquela época lhe puxando para cima, tirando-o das memórias do seu passado. Deveria agradecer a Somnus pelo sono cada vez mais leve, pois a cada noite que se passava, dormia menos. Mas aí se lembrou do mesmo sonho que tem toda noite. Não, pesadelo. – Não há bondade nos deuses

Era seu mantra, sua oração; tais palavras davam-lhe forças para se levantar mais um dia. Quando abriu os olhos tocou os cobertores finos e bem trabalhados que cobriam seu corpo no quarto espaçoso que ocupava no último andar da construção. Quando se sentou na cama levou os dedos até a parte do abdômen que tinha a maior parte da pele negra e seca, um lembrete do dia que conheceu Fobos e o que era o medo. Não, disse a si mesmo. Esses pensamentos eram uma letargia para sua mente. E com eles, seus pesadelos voltavam, ganhavam vida a luz do dia, e se enroscavam em sua cabeça como uma serpente prende a presa.

Após o curto banho, olhou-se no espelho como veio ao mundo. Seu rosto ainda mantinha a mesma expressão neutra, acompanhado dos cabelos negros e desiguais que caiam sobre seus olhos escuros. Tocou os lábios com a ponta dos dedos sentindo o gosto metálico familiar. Já era um hábito morder os lábios durante as horas de sono até arrancar-lhe filetes de sangue.

Quando saiu do quarto em direção ao corredor, encontrou a singela figura da garota sentada em uma poltrona. Hysteria dormia ainda menos que Elric, e mesmo em um ambiente familiar como a casa de prazeres do Cupido, ela se mantinha próxima a sua íntima foice. Trajava as roupas costumeiras de cavalgar, uma calça de couro escuro, apertado o suficiente para desenhar as curvas de suas longas pernas e uma túnica que agora é uma blusa que lhe cai até a cintura, onde é perigosamente apertada por dois cintos de couro trançado com fivelas de bronze. Seus cabelos longos e escuros como as noites sem luar, caiam-lhe sobre os ombros e o rosto, cobrindo-lhe os olhos escuros. A filha do deus Leto permanecia sentada na formosa poltrona, calada como sempre.

- Em qual quarto? – Elric se dirigiu a garota, enquanto afivelava a própria espada ao cinto. Em resposta a filha da morte lhe indicou o caminho com o dedo.

Seguindo sua orientação, Elric se encaminhou até o final do luxuoso corredor, a cada porta que passava os suspiros e gemidos se alternavam, trocando de suplicas de prazer a gritos de dor. Mas ele não precisava de muito para descobrir qual era a porta que queria, era só entrar no quarto mais barulhento.

No final do corredor, havia uma porta, indicando que os seguintes quartos estavam dispostos após os lances de escadas que subiam e desciam, flanqueando os lados do corredor. Como já se era sabido, era o quarto mais barulho, mesmo a passos de distância da porta, podia ouvir os arfantes gemidos dos presentes no quarto.

Sem cerimônias, o semideus rompeu a porta com um movimento brusco das mãos, ignorando a existência de uma maçaneta ali presente.

A cama estava ocupada não só por mulheres, mas homens também ocupavam todo o perímetro do quarto. Se já não estivesse acostumado, seria chocante para ele também decifrar o que realmente estava acontecendo no cômodo. Havia jovens homens brancos como marfim troncando carícias com outros homens com a pele escura como azevinho. Moças de cabelos longos dedilhando entre as pernas de outras moças sem cabelo algum. E no meio de tantos corpos buscando prazer, estava quem Elric veio procurar. Seu parceiro, irmão de armas estava entre dois homens maiores que o rapaz e uma garota que não tinha mais de dezessete anos. Entre toques dos lábios e das mãos, Zolf estava inclinado sobre a garota apoiando seu peso de forma gentil sobre ela, por trás dela, estavam os homens, que revezavam entre si a posse do corpo do filho de Mercúrio.

- Vamos Zolf, termine logo com isso. – Elric permanecia inerte sob a porta, impedindo que a mesma se fechasse. – Temos que partir o quanto antes.

Entre uma rápida troca de gemidos de dor e prazer, o jovem ergueu a cabeça, olhando Elric nos olhos.

- Calma meu bom guerreiro. Há guerras que se travam nos lençóis e nessas, usam-se outros tipos de espadas.

Em um rápido movimento, um dos homens que possuía Zolf por trás, o agarrou pelos ombros, virando o para, o possuindo enquanto o ele mesmo prendia as pernas em volta da cintura do homem que o colocava pra sentar com movimentos rápidos que fazia o filho de Mercúrio virar a cabeça para trás de entusiasmo por mais. A sincronia dos movimentos aumentava, fazendo os dois homens se moverem como um só em uma dança que fazia qualquer filho de Vênus se contorcer de inveja. Entre os gemidos de êxtase, Zolf falou:

- Sabe que você é mais que um amigo, Elric. - Ainda olhando o filho de Belona nos olhos, ele instigou – Há sempre um lugar para você em minha casa, assim como em minha cama.

Por um momento, Elric pensou em hesitar, e aguardar com Hysteria no corredor, mas quando cogitou girar o corpo e voltar, duas das garotas que se emaranhavam no chão o tomaram pela mão tocando sua pele com suas mãos suaves e ágeis já lhe despiam, agarrando-lhe pela cintura e o envolvendo em seus braços convidativos.

Em voluptuosos e ligeiros minutos, Elric já estava emaranhado com mais corpos do que podia contar. A cama parecia maior do que cogitara, enquanto acariciava os lábios de Zolf com os seus.

Assim com Hysteria, seu cliente podia esperar.

 



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