O céu está nublado, o tempo ameno. Resolvo caminhar até em casa. Sentindo o vento, as folhas caindo e junto minhas lágrimas. Começo a enchergar tudo embaçado, resolvo sentar. No chão mesmo, nas folhas. Posiciono minha cabeça entre os joelhos e choro até toda dor parecer diminuir insignificantemente então sinto uma mão tocar meu ombro. Era um guri perguntando se eu estava bem. Respondi que sim enxugando o rosto enquanto ele sentava ao meu lado. Conversamos um pouco e ele resolve me acompanhar até em casa. Contei toda minha vida pra eu desconhecido, ele deve estar com dó de mim ou querendo me matar. De todo modo o caminho até em casa foi muito agradável então o convido para tomar um café. Ele aceita e pego um pedaço de rosca com um café pra ele, então sentamos na sala. Seu nome é Marcelo e tem 23 anos ele me conta que cursa engenharia na Unicamp. Tinha esquecido totalmente desse assunto. Conversamos sobre minha ida pra faculdade e ele diz que precisa ir. Assim que levo-o até a porta meu pai aparece. Me despeço de Marcelo e digo para meu pai sentar que vou chamar meus irmãos. Benjamin não quer vê-lo em compensação Beatrice vem toda alegre e já o cumprimenta com um abraço apertado. Conversamos um pouco sobre sua casa nova, quando vejo são 19hrs. Peço licença e vou preparar o jantar porque ao que tudo indica minha mãe não está aqui. Jantamos comida japonesa que acabei pedindo fora e Benjamin comeu um hambúrguer. A preguiça está reinando aqui. Me despeço do meu pai umas 22hrs e subo para o quarto. Os pássaros vermelhos estão silenciosos hoje. Vou para o quarto da mãe-mãe e tomo um longo banho de banheira para me livrar de todo sujeira que estou vivendo. Acabo dormindo dentro da banheira quentinha então saio e me enrolo em uma toalha. Reparo em algo que não tinha visto antes. Uma carta na cama da mãe-mãe. Como na capa está escrito "para as crianças" resolvo lê-la.
"Queria me desculpar por deixar vocês com seu pai. Estou indo para um lugar bem longe. Amo vocês e quero que saibam que não tem culpa de nada. Beatrice, meu bebê não se chateie com a mamãe. Tentei até não suportar mais. Benjamin, não seja tão amargo. Querido cuide das suas irmãs e viva intensamente e plenamente. E Amélie, minha queridinha, recheio do pão. Sei que isso irá te desapontar, mas não fique triste por mim. Amo vocês. Beijos, mamãe."
Levo alguns segundos tentando entender... abro a porta e corro chorando para a sala. Meu pai pergunta o que aconteceu e eu só consigo xingar e acusar ele de tudo o que está acontecendo jogo a carte no rosto dele e digo em bom som pra que ele veja o que fez. Ele começa a chorar e mostra pra Beatrice que já estava chorando pela situação em que eu me encontrava. Ajoelho no chão sem forças e choro intensamente por pelo menos 20 minutos então levanto com o tocar do telefone e atendo me segurando para não chorar. Eram notícias dela. Ela está morta. Minha mãe está morta. Minha mãe. A minha mãe se jogou de uma ponte. Desligo na cara do policial e me jogo no chão a procura de consolo. A Beatrice estava na cozinha tentando levantar seu rosto molhado da bancada enquanto meu pai dava a notícia para Benjamin. A notícia de que ela tinha fugido, mas ela não fugiu. Grito com toda minha força que ela está morta e meu irmão desce a escada correndo para pedir explicações. Falo com dificuldade que ela... ela se... ela se matou.
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