História A Primeira Vista - 32

Há alguns meses eu tinha planejado o pedido de casamento para Ana.

Logo quando voltei de turnê, e vi como ela havia cuidado de Vivi e de Muffim, e como ela já estava presente em tudo em minha vida, eu encontrei o anel perfeito para ela.

Não era muito chamativo, pois sabia que no Brasil não é comum o uso dos anéis de noivado e Ana sempre que o assunto aparecia dizia que não sabia como as mulheres americanas usavam joias tão chamativas no dia a dia, mas eu queria que ela tivesse um anel.  Então encontrei um que fosse delicado como ela, e simbolizasse nossa união, mas não a fizesse desconfortável ao usar.

Ao perder a cabeça e afastar Ana de mim, eu guardei o anel na minha gaveta de meias, sem saber se um dia ele encontraria a sua dona, porém com Ana de volta a minha vida, eu estava mais que certo que nunca mais queria passar por um dia no qual ela não fosse minha companheira de vida.

Nos últimos dois meses juntos, ela não demonstrava mais mágoas por todo o episódio do ciúme e tudo parecia estar de volta ao lugar.  E com a calmaria de volta a minha vida eu estava decidido a fazer o pedido. Com a ajuda de Daisy e Judith comecei a planejar um pedido no dia do seu aniversário.

Esse ano o planejado era repetir o jantar com nossos amigos, e eu queria pedi-la antes do jantar, só nós dois, para depois comemorarmos com todos, isso se ela aceitar, porque se ela negar eu aproveito o jantar para afogar a tristeza.  Mas ela vai dizer sim certo? Certo!

Já pedi permissão aos pais dela, via Skype, e minha família também já sabe da minha intenção. Agora só faltava Ana me dizer sim.

Mas mal sabia eu que tudo fugiria do planejado.

Eu estava no sofá bebendo minha cerveja, com os cachorros deitados no meu pé, Ana estava encolhida do meu lado, quase dormindo enquanto eu assistia a TV. Eram dias assim os meus favoritos. Nada de especial, apenas nós dois, confortáveis um ao lado do outro.

- Hoje tá frio, não está? – Ela fala aninhando mais ainda em mim.

- Dizem que a idade faz a gente sentir mais frio. – falo brincando com ela, já que era seu último dia de 34 anos e Ana estava tendo uma crise com a chegada da nova idade.

- Para amor! Não tem graça. Daqui para frente eu vou começar a ter mais rugas – ela fala chateada.

Eu deixo um beijo na sua testa

- Você vai ficar ainda mais linda! – falo e ela resmunga ainda chateada com assunto, quando levanta do sofá reclamando do frio e indo em direção ao quarto atrás de meias para os pés.

De início não liguei muito no que ela estava dizendo, mas quando Ana demorou a voltar para o sofá, eu senti um pânico ao perceber que ela disse que iria buscar meias, pois eu sabia que 99% de chances de ser uma das minhas meias.

Levantei em um pulo, assustando os cachorros que dormiam embolados ao pé do sofá e sai correndo, para só então ver o que eu temia: Ana estava parada em frente ao armário, com um par de meias em uma mão  e uma caixa na outra, que eu sabia bem o que estava dentro: O anel.

- Ana? – eu a chamo e ela vira para mim, com os olhos arregalados e a boca aberta em uma expressão de completa surpresa.

- Não é uma caixa de brincos, é? – ela me pergunta ainda com a mesma cara surpresa, e eu não sei se ela está assustada ou feliz.

- Não amor, não são brincos. – eu me aproximo dela – você preferia que fosse? - Ela me olha sem me responder – Eu tenho essa caixa já faz um bom tempo, antes mesmo da nossa briga. Tudo aquilo acabou atrapalhando meus planos. E agora eu estava montando com as meninas um pedido especial, mas você descobriu e eu não quero esperar nem um segundo mais. 

Vi seus olhos encherem de lágrimas, me aproximei dela, pegando a caixinha de suas mãos e limpando as lágrimas que já escorriam pelo seu rosto. Ajoelhei em sua frente. E com toda a certeza do mundo, fiz a pergunta mais importante da minha vida.

- Quando eu te vi naquele aeroporto eu sabia que você era diferente. Algo dentro de mim mudou, e eu sabia que tinha que te reencontrar. E quando isso aconteceu no parque eu não pude acreditar na minha sorte, muito menos que você estava o tempo todo tão perto e eu não fazia a menor ideia. Nesse tempo juntos você se tornou meu porto seguro, minha casa, meu lar. E não tem nada nesse mundo que eu queira mais do que ter você ao meu lado. – respirei fundo, olhei-a mais uma vez  – Ana, casa comigo?

Ela se ajoelhou na minha frente, segurou meu rosto entre suas mãos e com o rosto molhado pelas lágrimas e um grande sorriso no rosto, me disse:

- Sim, Stone! – me beijando em seguida.

Ali, ajoelhados no chão do meu quarto, de pijamas, com os cachorros ao nosso lado, sem frescura e do nosso jeito simples, minha vida finalmente estava completa, e nada nesse mundo me separaria dessa mulher que agora era definitivamente minha, e para sempre.