Já haviam se passado algumas horas e já era noite. Estávamos sentados no chão do buraco um ao lado do outro depois de várias tentativas frustradas de sair dali. Alex ficava a todo tempo murmurando um “Eu não acredito”, aquilo me irritava muito e então eu explodi:
- Sim, eu também não acredito! As coisas acontecem mesmo!- gritei. – Sabe, faz dois dias que cheguei aqui e percebi que você é um grosso! Sim, um grosso! – virei o rosto.
Ele me olhou e começou a rir.
- Já me acostumei com o fato de me chamarem assim, não me importo porque não estou aqui para agradar ninguém!
- Eu sei que você é assim por causa de sua mãe, foi uma pena mas você não precisar ser assim!
Ele abaixou o rosto.
- Quem te contou? Meu pai? – perguntou.
- Eu apenas soube. – suspirei. – Olha, eu perdi minha família esses dias e acredite em mim, nem por isso eu vou ficar desse jeito, grossa.
Quando falei de meus pais ele arregalou os olhos, depois ele pareceu envergonhado.
- Me desculpa, eu sempre perco a paciência com meu pai, ele parece não se importar comigo. – levantou a cabeça. – Fico irritado porque ele me prende dentro de nossa casa.
- Ai meu Deus, eu ouvi um pedido de desculpa, foi? – brinquei. – Você está falando comigo!
Ele riu e depois disse:
- Você nem parece ser tão chata assim!
Enquanto conversávamos ouvimos sons de passos e depois escutamos a voz dos empregados chamando nossos nomes.
- Estamos aqui no buraco! – gritamos em coro.
Então vimos a cabeça de alguns guardas e empregados, reconheci a voz de Julia.
- Graças a Deus, procuramos vocês por todo canto!
Depois de um tempo eles nos tiraram dali com cordas, não foi fácil mas nós conseguimos subir com elas. Caminhamos até o castelo e Robert nos recebeu com muita preocupação, depois de explicarmos tudo o que havia acontecido ele nos deixou ir para a enfermaria. Eu não tinha nenhum machucado direito, somente alguns arranhões e estava muito suja, já Alex tinha um corte na testa que não parava de sangrar mas foi resolvido, quando terminaram de me examinar caminhei até o pequeno sofá em que ele estava sentado, segurava um grande saco de gelo na cabeça e tinha vários curativos pelo corpo.
- Bom, parece que você não tem tanta sorte!- disse ao chegar perto dele.
- E foi você que caiu primeiro. – ele respondeu.
Rimos. Ele se levantou e vi que ele também estava muito sujo. Começamos a caminhar para nossos quartos, estava tranquilo então eu resolvi quebrar o silêncio:
- O que você faz fora daqui? – perguntei.
- Diversas coisas, cavalgo, corro, às vezes só escuto música. É que gosto de ficar ao ar livre. – ele disse.
- Entendi. – falei.
Chegamos a porta do meu quarto e nos despedimos, depois entrei e a primeira coisa que fiz foi tomar um banho, depois me deitei na minha cama e fiquei olhando para o teto, estava escuro mas não tão tarde e eu não tinha sono, tinha muitos pensamentos que eu estava evitando acumulados e isso fazia minha cabeça explodir. Me levantei da cama e fui para a sacada, havia começado a chover fraco e depois forte, não molhava a sacada já que a mesma era coberta. Me sentei e fiquei observando a água cair. Ao lado da minha sacada tinha tinham outras que eram de diversos outros quartos, ouvi a porta da sacada ao lado se abrir e de lá de dentro o garoto sair, seus cabelos estavam molhados e estava usando agora roupas lindas, ele se apoiou ali e deixou algumas gotas de água cair em seu rosto, depois de alguns minutos ele percebeu que eu estava ali perto.
- É uma bela noite, não é? – ele disse.
- Chuva? Claro!
- Você sem importa se eu...- e apontou para minha sacada.
- Me impor...
Interrompi minha fala enquanto olhava ele pular do seu lado paro o meu, ele fez com grande facilidade e então se sentou a minha frente. Ficamos olhando a chuva cair o tempo todo, sem falar nada. Depois de um tempo adormecemos.
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