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História A Princesa e o Cavaleiro - Encantamento


Escrita por: GiullieneChan

Capítulo 2 - Encantamento


—Princesa!

Plavov, um homem de quase quarenta anos, muito bonito de curtos cabelos loiros e olhos azuis, batia na porta do quarto do luxuoso hotel, esperando que a sua senhora atendesse. Ficou preocupado com a saída dela da sua festa de recepção.

 

A porta abriu e para a surpresa de Plavov, chefe da segurança da princesa de Moltovia, era a duquesa de Sorby.

—Lady Faith Southerton? -ele tentou olhar para dentro do quarto, mas a rechonchuda duquesa não deixava.

—Plavov! Que surpresa agradável! Posso ajudar em algo? -perguntou com ar inocente e exibindo seu melhor sorriso ao belo capitão.

—Desejava saber como a princesa está, duquesa.

—Dormindo. -respondeu rapidamente. -E com uma terrível dor de cabeça, enxaqueca pobrezinha.

—Então seria melhor chamar o médico real e mandá-lo vê-la imediatamente!

—NÃO! -gritou. -Hehehe...Não. -suspirou. - Ela já se medicou, está dormindo. Seria deveras desagradável acordá-la agora.

—E a senhorita? Esse não são seus aposentos. -perguntou desconfiado da atitude da duquesa, conhecida hipocondríaca na corte.

—Ela pediu que ficasse...e achei melhor ficar sim. Você gostaria que ela ficasse sozinha com essa enxaqueca? -bocejou. -Agora, se me der licença, Plavov...preciso do meu sono de beleza.

—Sim, mas... -Faith fechou a porta na cara do pobre Capitão.

Faith encostou-se na porta, colocando a mão sobre o coração que disparara pelo medo de Plavov insistir em entrar e descobrir que Juliane havia fugido em uma aventura. Já se arrependia de estar ajudando a amiga nessa loucura e rezava para que ela não se demorasse mais.

—O que será que ela está fazendo agora? -refletiu.

 

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Saga tentava acompanhar o ritmo de “Diana”, mas a garota possuía uma energia que parecia não ter fim. Ela praticamente o arrastava no meio da multidão de turistas que lotavam um dos vários monumentos históricos da cidade.

—Saga, aqui é lindo! -dizia entusiasmada, olhando para trás.

—Nunca esteve aqui?

—Já...com meu avô, quando era menina. -lhe sorriu e o Cavaleiro sentiu o próprio coração disparar, depois ela parou e o sorriso sumiu. -Mas ele morreu.

—Sinto muito. -Saga se aproximou dela.

—Tudo bem. Sinto falta dele, de meus pais. Minha avó se tornou realmente a minha única família.

—Seus pais também...? -espantou-se.

—No mesmo acidente que morreu meu avô. Foi um choque. Mas lembro que vovó se mostrou tão forte nos dias que se passaram, que se não fosse por ela, acho que não saberia sorrir de novo.

—Deveria agradecer a ela. Seria um crime privar o mundo de apreciar um lindo sorriso. -disse-lhe e ficou sem graça. -Eu disse isso em voz alta?

—Disse. -ela riu do desconcertamento dele. -E eu fico lisonjeada com seu elogio. Um sorveteiro!

Quando a viu correr para o sorveteiro como uma menina, Saga bateu na própria testa. Como pode dizer aquilo a ela? Daquela maneira? O que ela estaria pensando? Mal o conhecia e desfilava elogios.

Mas havia algo em Diana que o fascinava...Várias coisas que o atraiam. O sorriso sem dúvida era uma delas, além de aparentar ser ao mesmo tempo uma menina inocente e uma linda mulher. Sentia que ela escondia alguma coisa, mas não achou que era do seu interesse.

—Diga que não é você me atormentando de novo, Ares. -murmurou em voz baixa.

—Tudo bem? -ela perguntou se aproximando com duas casquinhas. -Morango...por ter dito que gostava do meu sorriso.

—Desculpe se disse aquilo. Não quero que pense que tenho outras intenções com você ou...

—"Você não me parece ser o tipo de pessoa que tentaria algo com uma mulher a força. -respondeu sinceramente, degustando o sorvete. -E além do mais, aqui no meio de tantas pessoas, você não faria nada.

—De que tipo pareço?

—Não sei. Do tipo...misterioso. -e o encarou. -Não me disse nada sobre você nessa hora que estamos juntos, Saga.

—Você não me deu chances, correndo e me arrastando por essas ruas.

—Acontece que tenho que aproveitar ao máximo esses dias antes de voltar para casa. -falou um pouco triste.

—Problemas? -a fitou intrigado.

—Nada demais. Eu me viro. -desconversou. -Fale-me de você.

—Só se falar mais sobre você.

—Isso é justo. -e fez um gesto solene com a mão. -Eu juro.

—Bem...eu sou órfão. Tenho um irmão mais novo do que eu. Tenho um irmão gêmeo, mas ele é uns três minutos mais novo, mas que é um verdadeiro sanguessuga que não sai da minha casa, pega meu dinheiro e não devolve. -pensou nas palavras certas para dizer a ela, não poderia sair falando que era um cavaleiro ou o acharia louco. -Não tenho muito o que dizer sobre mim. Agora você.

Juliane o analisou. Sabia que ele desviou-se do assunto por querer. Se ele tinha o que esconder, não era o único. Afinal, ela também tinha os seus segredos. Deveria se considerar inconsequente por seus atos se soubesse a verdade. Fugindo do hotel, deixando todos preocupados se descobrissem, com certeza Faith estava de cabelos em pés. E aceitar o convite de um completo estranho, lindo, mas um estranho, para conhecer a cidade, mas não hesitou em fazê-lo.

—Bem...já te falei que minha avó me criou quando perdi meus pais. Cresci praticamente em um colégio interno. Mas aos dezesseis passei a morar em definitivo com minha avó.

—Namorado? -se arrependeu da pergunta.

—Não. Nunca namorei.

—Está brincando?! -espantou-se.

—Bem...já dei uns beijos em alguns rapazes, claro. Já saí com outros, mas...namoro de verdade, para apresentar à família, nunca. -e o encarou. -E você, tem namorada?

—Nunca parei para pensar nisso.

—Não acredito! -ela riu.

—Por que não acredita?

—Um homem como você, sozinho?

—Digamos que eu seja comprometido com minhas obrigações.

—É, eu sei como é isso. -ela suspirou e depois olhou para um grupo de músicos folclóricos. -Que lindo!

—Estão dançando a hassápikos. -Saga explicou.

—Sabe dançar?  –ela perguntou.

—Arrisco alguns passos. -respondeu.

—Um dia quero ver isso. -e depois ficou triste. -Talvez não veja isso.

—Diana?

—O que é?

—Por que fala como se não fossemos nos ver de novo? Está doente ou algo assim?

—Não, não estou doente!

—Então... por que fala assim?

—Eu...eu... -não soube responder.

—Eu gostaria de te ver novamente. -e a fitou, encantado por vê-la corar.

—Eu...também gostaria, mas...

—Mas? -aproximou-se mais. -Eu a acho fascinante, Diana...

—Com licença. -afastou-se dele rapidamente, com o coração disparado. Teve a impressão que ele iria beijá-la!

—Diana!

Ouviu-o chamá-la pelo nome que falsamente lhe dera. Não parou de andar ou virou-se. Sentia-se mal agora por estar enganando-o, e não queria correr riscos de se envolver com alguém, sendo que jamais iria revê-lo novamente. Não achava isso correto! Brincar com sentimentos dos outros.

—Diana, espere! -ele a pegou pelo braço assim que a alcançou. -Disse algo errado? Algo que a ofendeu?

—Não é isso. É que...

—Diana...

Ele a chamou, fazendo-a erguer o rosto para encará-lo. Em seguida, Saga segurou o rosto dela delicadamente pelo queixo, aproximando seu rosto e beijando-a suavemente. A princípio ela ficou chocada, mas em seguida fechou os olhos e se deixou envolver pelos lábios que se mexiam sedutoramente sobre os dela.

O beijo que no início fora suave como o toque de uma pluma, foi se tornando mais ousado, ardente, impetuoso.

Juliane não conseguia mais pensar. Mas, se pudesse se perguntaria como passara tento tempo sem experimentar algo tão bom quanto o beijo daquele homem.

Quando por fim os lábios se afastaram, ambos se olharam longamente, ofegantes, perplexos...

—Saga...

—Não precisa dizer nada. -e se afastou um pouco, fitando-a. -Simplesmente eu quis beijá-La. E gostaria de beijar mais uma vez.

Ela não teve tempo para proferir nenhuma outra palavra ou reação, a não ser segurá-lo pelos ombros largos e fortes, pedindo amparo, enquanto ele a puxava pela cintura, envolvendo-a em um novo e intenso beijo.

O casal estava entregue aquele ato, que não perceberam que eram alvos de alguns homens imensamente interessados, que imediatamente após reconhecer a jovem, utilizou de um celular.

—Eu localizei o alvo.

Em outro lugar...

—Excelente! Ela está sozinha? -alguém escondido nas sombras perguntava.

—Apenas um homem está com ela, senhor. -respondeu do outro lado da linha.

—Então, livre-se dele e traga a princesa. -ordenou antes de desligar o celular.

—E então? -um dos homens perguntou ao o que acabou de desligar o celular.

—Livraremos do Romeu ali e pegamos a princesa. Simples.

—Vamos então.

O grupo formado por seis homens caminharam confiantes até onde o casal estava. Logo, Saga percebeu a movimentação, estranhando aquilo tudo, afastou-se de "Diana", observando os homens que os cercavam. Pensou que poderiam ser apenas membros de uma gangue querendo confusão, mas descartou a possibilidade ao ver que estavam bem vestidos e armados.

—O que? -Juliane ficou assustada e confusa quando viu aqueles homens cercando-os.

—Afaste-se. -Saga pediu, colocando-se entre ela e os homens, e perguntou sarcástico a eles. -Perderam alguma coisa?

—Se você se afastar, não vai acontecer nada. Queremos a garota, só isso. -um deles falou em um tom autoritário.

Saga percebeu quando "Diana" segurou a manga de sua camisa com força, Lançou um olhar para ela pedindo calma e depois se virou para os homens.

—Se vocês forem embora...talvez eu os deixe viverem um pouco mais.

—O que disse? -um deles ficou furioso.

Saga apenas sorriu, ironicamente, afastando-se de "Diana" e caminhando até aqueles homens, mas não antes de preveni-la.

—Afaste-se.

Tudo foi rápido demais, em um momento os homens estranhos avançaram de maneira ameaçadora sobre Saga, no outro estavam caídos ao chão, feridos e gemendo. Saga os derrubara com tanta facilidade que Juliane não acreditava nisso. Que tipo de treinamento ele teve de defesa pessoal?

A confusão fez com que muitos curiosos se acotovelassem para assistir. Homens bem vestidos, ternos pretos...ela já havia visto tipos assim na Polícia Secreta de Moltóvia. Ela deduziu que deveriam tê-la seguido do hotel assim que pulou o muro...Apesar de ter comprovado que sabia se defender muito bem, Juliane não queria mais trazer problemas para Saga. Misturou-se a multidão e saiu dali rapidamente.

—Estou de bom humor agora. -disse Saga. -Que tal se forem embora agora?

Assustados e feridos, os homens que o atacaram saíram correndo. Procurou por "Diana", desejava saber se estava bem e se conhecia aqueles homens, com decepção notara que ela sumira.

—Se está procurando a jovem ruiva que estava com você, ela foi embora. -avisou um homem de idade, que passava por perto durante a confusão.

—Obrigado. -Saga murmurou, colocando as mãos nos bolsos saiu de lá, inquieto pela certeza de que a misteriosa "Diana" escondia muito mais do que imaginava.

 

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Algum tempo depois, Saga subia as escadas das Doze Casas, em direção a sua morada. Não tirava da cabeça aquela jovem, não conseguia. Tomou a decisão de logo ao amanhecer iria ao local onde se conheceram, o hotel, e a procuraria. Nem que tivesse que olhar cada quarto e fresta daquele lugar.

Entrou em sua casa, jogando o paletó sobre um móvel. Um movimento do interior da casa despertou sua atenção. Mas relaxou ao ver quem era.

—Está com cara de quem precisa de um café forte, Mestre Saga.

Era Vassilou. O criado que havia sido designado para serví-lo na Terceira Casa. Um homem de quase sessenta anos, cabelos e um farto bigode branco, mas com força e disposição que muitos jovens invejam. Todos os cavaleiros de ouro possuíam um servo, que mais pareciam mordomos...ou sombras, que sempre cuidavam de seus senhores com devoção.

—Já não deveria estar dormindo, Vassilou?

Saga perguntou se jogando em um sofá, ainda não havia se acostumado ao jeito certinho de fazer as coisas de Vassilou, tão prestativo quanto um mordomo inglês. Kanon se referia a ele como “Alfred”, numa clara referência ao mordomo de Batman nos quadrinhos, em tom de brincadeira. As vezes ele parecia realmente o personagem.

—Deveria. Se não tivesse que me levantar de madrugada para abrir a porta a seu irmão que retornou de sua viagem. -explicou enquanto servia a Saga uma xícara de café quente. -Ele está recolhido ao quarto de hóspedes. Parece-me extremamente cansado, senhor. E se me permite a ousadia, sei que não esteve no Baile com a senhora Atena, pois esta chegou procurando-o horas atrás, preocupada.

—Droga! -suspirou, devolvendo a xícara de café ao servo. -Esqueci completamente disso!

—O senhor esquecer? Isso é novidade para mim. -espantou-se o servo. –Nesses meses nunca o vi esquecer de algum compromisso sério.

—É que hoje conheci uma pessoa...uma mulher tão fascinante quanto misteriosa. E eu nem sei se o seu nome é verdadeiro. -suspirou.

—Então devo parabenizá-lo por encontrar tal jovem. Aleluia! –Saga ergueu a sobrancelha encarando-o. –Sair com uma bela mulher é algo que recomendo ao senhor, mestre Saga.

—Já lhe disseram que parece um mordomo inglês, Vassilou?

—Algumas vezes.

—Vou dormir. Acredito que amanhã bem cedo, Atena me chamará. -Saga retirou-se para o quarto. Pensando em procurar "Diana" o mais rápido possível.

 

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Batidas insistentes na porta fizeram Faith levantar do sofá onde dormira de maneira tão incomoda, assustada. Seria Plavov novamente? Ou pior? A sua surpresa e alívio foram enormes ao abrir as portas e encontrar sua amiga.

—Princesa! -exclamou dando-lhe passagem. -Que horas são...três da manhã? Enlouqueceu? Disse que retornaria à meia noite!

—Eu sei, Faith...perdoe-me. -colocou as mãos unidas como se orasse. -Mas é que além de perder a noção do tempo, precisei esperar uma brecha na segurança para subir!

—O que houve de tão extraordinário que a fez perder a noção do tempo? -perguntou curiosa, seguindo-a até o quarto.

—Eu...encontrei um homem maravilhoso!

—Jura? -ficou extasiada. -Conte mais? Onde o conheceu?

—Aqui mesmo no hotel. Quando tentei fugir pulando o muro, cai e ele me amparou. -sorriu lembrando-se, Faith ficou boquiaberta.

—Conte isso direito! -pediu.

E assim ela o fez, contando sobre o passeio...mas ocultando a parte sobre os homens de ternos escuros. Preferia ter uma conversa com Plavov, mas precisava pensar em como abordar o assunto.

—Que noite agitada! -suspirou Faith. -Eu morrendo de preocupação e você se divertindo com um bonitão grego. Ele tem irmão?

—Tem. E gêmeo pelo o que me disse. -e riu do olhar sonhador de Faith. -E ele me beijou, Faith...o beijo mais doce que já experimentei.

—Jura? –A amiga parecia uma adolescente com a história.

—Sim. Meu coração dispara só de lembrar.

—E como chama esse deus grego?

—Saga Tasoulli -disse o nome como em um sussurro. -Esse é o seu nome.

—Diferente. O que estou dizendo? Todos os nomes gregos são bem diferentes do que estamos acostumadas!

—Único. -suspirou abraçando ao travesseiro. -E que nunca mais verei novamente.

—Sinto muito. -Faith cobriu o corpo da amiga com o lençol e lhe deu um abraço. -Agora descanse. Teremos muito o que fazer amanhã.

—Como o que? -perguntou desinteressada.

—Como o almoço com a senhorita Kido. -Juliane gemeu. -Ela lhe convidou e você aceitou, lembra? A bilionária japonesa que quer investir suas empresas em nosso reino.

—Devo ir mesmo?

—Deve. Não ficaria bem se recusasse. Boa noite princesa. -e saiu do quarto.

—Boa noite. -respondeu, no escuro tocou os lábios com a ponta dos dedos e sorriu lembrando-se do beijo e de Saga. -Ao menos terei uma doce lembrança de Atenas.

 

Continua...


Notas Finais


Notas:

Obrigada aos comentários e reviews recebidos. Agradecimentos especiais a Fabi Washu que betou esse fic.

O hassápikos é derivado de hassápis, que, em turco, significa "açougueiro". Durante a ocupação otomana, os açougueiros helenos de Constantinopla dançavam o hassápikos durante as festividades de sua associação de ofício. As frases musicais coincidem com as figuras das danças. Normalmente dançado por duas ou três pessoas de igual estatura, que colocam as mãos um no ombro do outro.

Essa dança foi absorvida pelas músicas ditas rebétika e tornou-se popular.


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