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História A Princesa e o Cavaleiro - Depois da Tempestade


Escrita por: GiullieneChan

Capítulo 5 - Depois da Tempestade


Juliane emergiu aos poucos do torpor do sono pesado. Fora despertada pelos sons da chuva que ainda caia, agora de maneira mais suave do que tempestade de antes. Remexeu-se languidamente e ouviu um gemido de protesto seguido de um abraço mais forte em sua cintura.

Virou-se na cama e deparou-se com um par de íris azuis que a olhavam com indisfarçável satisfação e prazer, apesar de sonolentos. Corou ao se lembrar de que algum tempo atrás, ele havia lhe carregado do sofá da sala até o quarto e haviam feito amor.

—Como se sente? -Saga perguntou, puxando seu corpo nu para mais perto do dele.

—Feliz. -respondeu num suspiro, e recebeu como resposta um beijo apaixonado.

—Não se arrepende de...Quer dizer, mal nos conhecemos e... -ele parecia desconcertado com o que ia falar.

—Não me arrependo de nada. -ela sorriu acariciando seu rosto. -Você...acaso se arrepende?

—Não. -ele disse com firmeza, roçando os lábios mais uma vez nos dela em seguida. -Pode parecer loucura, Diana. Mas...

O estômago de "Diana" roncou, acabando com o momento romântico, e ela escondeu o rosto no travesseiro envergonhada e escutou a risada espontânea de Saga.

—Desculpe... -murmurou.

—Está tudo bem. -e a beijou no ombro desnudo. -É comum sentir fome. E pelo que me lembro...não comemos nada além de alguns canapés daquele casamento, o dia todo!

—Isso não é nada romântico. -ainda com o rosto escondido no travesseiro.

Com delicadeza, ele a fez se virar e a fitou, acariciando seu rosto.

—Fica linda envergonhada! -e a beija. -Vamos tomar um banho e depois farei um belo jantar para você.

—Hum...Quem sou eu para recusar esta ordem? -passando os braços pelo pescoço de Saga e retribuindo o beijo que ele depositava em seus lábios. Beijos que se tornaram mais famintos, e que os fez esquecer do mundo mais uma vez, se entregando ao ato de se amarem.

 

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Naquele momento, Plavov andava de um lado para outro do quarto de hotel. Parecia uma fera enclausurada esperando o primeiro momento para dar o bote no primeiro que ousasse irritá-lo.

—Alguma notícia? -perguntou pela enésima vez a seu subordinado que entrava no quarto naquele momento. -Se não tem nada de útil a me dizer, volte e a procure!

—Senhor. -o rapaz tentou manter a calma diante da situação. -Temos uma pista, que sua Alteza fora vista em uma festa em um vilarejo um pouco distante da capital. Numa festa de noivado, acompanhada pelo homem descrito pela recepção do hotel e por um taxista que estava do lado de fora do hotel.

—Graças. -Plavov suspirou. -Enviou uma equipe para ir atrás dela?

—Sim.

—Eu vou também! -declarou pegando seu casaco. -Manteremos o sigilo. Não quero a imprensa fazendo um escândalo com o nome da família real por causa disso.

—Sim, senhor!

—Avise ao aeroporto. Quero o jato particular da princesa pronto para partir assim que a acharmos. Recebemos ordem do duque de Volzemburg. Ele a quer em casa o mais rápido possível!

—Sim, senhor! -o rapaz bateu continência e saiu para realizar as ordens.

Plavov entrou no elevador e suspirou. Conhecia a princesa desde menina e sabia que ela adorava dar suas escapadas para se divertir, mas sempre manteve agentes por perto a vigiando em Moltóvia e durante o tempo que estudou nos Estados Unidos. Nunca se sentiu sem o controle de uma situação como agora.

—Ah, menina. O que andou aprontando agora?

 

Ao abrir o elevador, deparou com a duquesa de Sorby, o encarando com desagrado.

—Faith...digo duquesa! -parecia surpreso. -Não pedi que ficasse em seus aposentos até essa crise passar? O agente Mackenzie a escoltará ao aeroporto e...

—Ele não a machucará. -falou cortando-o.

—Quem?

—O homem que está com a princesa. Sei que ele não a machucará.

—Não pode afirmar isso. -saiu do elevador, passando por ela. -Até segunda ordem, ele deve ser considerado um elemento desconhecido e provavelmente perigoso.

—Ele nem sabe que ela é a princesa Juliane de Dellacroiax, a princesa de Moltóvia! -falou exasperada.

Plavov parou de andar e a encarou.

—Está de brincadeira?

—Não. Ele acha que ela trabalha no hotel. -e depois contou-lhe toda a história que a princesa havia lhe contado antes.

—Mesmo que isso seja verdade. -falou o chefe da segurança após refletir sobre as palavras da duquesa. -Não diminui o fato que ela está se expondo ao perigo e ao escândalo ao se aventurar assim.

—Mas...

—Volte ao seu quarto e se arrume para voltarmos para Moltóvia hoje mesmo, duquesa Faith de Sorby! -ordenou, deixando-a sozinha.

 

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Sentada na cozinha, Juliane observava Saga demonstrar seu dotes culinários ao tentar cozinhar alguma coisa com o que havia na dispensa da cozinha. O rapaz olhava desolado para os armários vazios e a geladeira abandonada, não conseguindo disfarçar seu constrangimento.

—Vassilou não é tão eficiente assim. -suspirou fechando a geladeira. -Podemos ir até a vila e comermos em algum restaurante.

—Por mim está perfeito! -concordou.

Saindo da casa, ela observava a paisagem do mar não muito distante, enquanto Saga fechava a casa.

—Que lugar lindo! Seus pais deveriam ter sido muito felizes aqui.

—Pelo o que consigo me lembrar, foram sim. Meu pai morreu quando meu irmão e eu tínhamos só cinco anos. Minha mãe morreu de tristeza um ano depois.

—Sinto muito.

—Tudo bem, com o tempo acostumamos com a ideia. -mas seu olhar ficou triste de repente. -A pessoa que cuidou de nós era muito bondosa. Embora eu não tivesse uma infância como as dos outros garotos, fui feliz.

—Como era o Saga quando menino? -perguntou pegando em sua mão e caminhando juntos.

—Eu era um menino até calmo. Meu irmão era o peralta da família que sempre aprontava com nossos amigos. Eu tenho um amigo chamado Aiolos, se o conhecesse jamais diria que ele era o demônio dos sete aos doze anos.

—Gostaria de conhecê-los. Seus amigos.

De mãos dadas conversaram sobre vários assuntos, sobre o que apreciavam e o que não gostavam, até chegarem a uma vila próxima ao Santuário. Entraram em um modesto, mas aconchegante restaurante onde foram imediatamente atendidos.

Começava a anoitecer, e haviam poucos turistas pelas ruas. A maioria já havia retornado aos seus hotéis, o que fez Juliane pensar que deveria voltar antes que seu sumiço criasse um incidente internacional, mas não queria abrir mão de mais alguns momentos ao lado de Saga.

—Algo errado, Diana? -ele perguntou preocupado ao notar seu olhar distante.

—Não...quer dizer. Há algo sim... -ela torceu as mãos sobre a mesa nervosa. -Eu precisava lhe falar algo...sobre mim. Mas não sei como começar.

—Que tal do início? -incentivou-a pegando em sua mão.

—Agora sei o que andou fazendo o dia todo.

Uma voz zombeteira chamou a atenção deles e Juliane viu dois homens, um deles de cabelos castanhos bem claros e olhos verdes, bem bonito. Ele usava um faixa vermelha na cabeça. Ao seu lado a cópia exata de Saga, mas que ostentava um sorriso no rosto. Obviamente, seu irmão gêmeo.

—Não nos apresenta, Saga? -o irmão perguntou, fixando o olhar em Juliane.

—Meu irmão Kanon, e nosso amigo Aiolos. -falou Saga, um pouco irritado pela intromissão dos outros dois. -Quero que conheçam Diana.

—Eu lhe disse que ele estava muito bem, Aiolos. -falou Kanon, pegando a mão de Juliane. -Um lindo nome, Diana.

—Obrigada.  -ela achou graça nos dois juntos. Embora fisicamente parecidos, seus olhares e entonação das vozes eram diferentes. Saga possuía um ar mais formal e Kanon era despojado, até em suas roupas. Um jeans e uma camiseta vermelha larga e folgada.

—Diana? -Aiolos perguntou como se quisesse ter certeza de quem ela era, parecia pelo seu olhar que a conhecia de algum lugar. -Seu rosto não me é estranho.

—Tenho um rosto muito comum. -ela desconversou.

—Ao contrário. Não deve ter mulheres tão lindas assim pela Grécia. -Kanon falava puxando uma cadeira e sentando com eles.

—Kanon, você e Aiolos não tem nada mais importante para fazer? -Saga deu uma indireta para que os dois saíssem.

Aiolos notou e escondeu o riso, Kanon deu os ombros.

—Não. Podemos ficar aqui?

—Não! -disse o outro geminiano.

Juliane acompanhava a discussão com um sorriso.

—As brigas destes dois são homéricas! -suspirou Aiolos. -Não é grega. Seu sotaque é parecido com o usado no norte da Europa. Morou em algum lugar ao norte?

—Ah...sim! -respondeu nervosa e virou-se para Saga que fuzilava Kanon com o olhar, e o irmão ignorava. -Saga, acho que eu preciso voltar.

—Agora? Ah...claro. -parecia desapontado.

—Sim, eu... -parou de falar e ficou lívida ao ver quem entrava no restaurante acompanhado por vários homens de ternos pretos. -Ah, não...Plavov.

—Quem? -Kanon e Saga perguntaram ao mesmo tempo.

—Estávamos de passagem em direção a Rodorio. -falou Plavov se aproximando da mesa. -Quando a vi, mal acreditei em minha sorte. Vamos voltar imediatamente para o hotel, sua Alteza.

—Espere! -Saga pediu erguendo-se da mesa, Kanon acompanhou o movimento encarando os homens. -O que está havendo e quem são vocês?

—Isso é algo que não lhe diz respeito, senhor. -falou retirando os óculos escuros. –Alteza, por favor me acompanhe agora.

As pernas de Juliane tremiam diante do que acontecia, não queria que Saga soubesse sobre ela desta maneira!

—Ela não vai a lugar nenhum até me contar o que está havendo! -declarou Saga sustentando um olhar frio que fez alguns seguranças recuarem um passo, depois encarou Juliane. -O que está havendo aqui?

—Não se dirija a princesa de Moltóvia com esse tom, senhor!-falou Plavov.

—Plavov, por favor! -ela pediu e o chefe da segurança calou-se. -Era o que eu queria te contar, antes de seu irmão e seu amigo chegarem. Eu não me chamo Diana Hunter.

—O que?

—Eu sou Juliane Alexandra Catarina Elizabeth Marie de Dellacroiax, a princesa de Moltóvia.

—Que nome enorme! -Kanon sussurrou para Aiolos que fez um gesto para que ele se calasse.

—Mentiu para mim?

—Eu tentei te contar. Aliás eu te disse quem eu era no hotel, nos jardins e você não acreditou em mim.

—Pensei que estava... -Saga passou as mãos pelos cabelos.

—Princesa. -Plavov a chama. -Vamos partir hoje mesmo de volta para Moltóvia, onde o duque de Volzemburg e a rainha lhe esperam com seu noivo.

—Noivo? -Saga estava perplexo.

—Isso não foi decidido ainda! -Juliane falou entre os dentes.

—Então...eu fui a sua despedida de solteira? -perguntou com raiva em seus olhos. -Ora, isso é interessante!

—Não é nada disso...

—E o que é então? Uma princesa que sai com um completo estranho, se diverte como plebeia e volta para casa, para seu castelo e seu noivo real! Espero que eu tenha sido do seu agrado, "alteza"!

—Não fale neste tom com a princesa! -falou Plavov com raiva.

—Cale sua boca! -o olhar que Saga lançou a Plavov fez o chefe de segurança estremecer e depois olha para Juliane com mágoa. -E o que eu devo pensar de todas as suas mentiras?

—Você também não me disse quem realmente é. -falou tentando não chorar.

—Mas não menti em nenhum momento a você sobre quem sou.

—Saga...não é nada disso que você...

Ele não quis ouvir mais nada. Saiu do local, quase derrubando alguns seguranças para lhe dar passagem, sendo seguido por Aiolos. Kanon ainda permanecia parado, observando o desfecho.

—Alteza? -perguntou Plavov, ao vê-la sentar-se novamente na cadeira trêmula e com os olhos marejados. -Sinto muito, princesa. Quer que eu...

—Ele está certo em me odiar agora. -falou quase em um sussurro.  -Sou uma mentirosa.

 

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Menos de duas horas depois do incidente no restaurante, a comitiva formada pelos seguranças e pela princesa chegava ao aeroporto internacional, levando a princesa para seu jato particular.

Assim que se acomodaram, Plavov a deixou com três seguranças e tratou de procurar saber onde estava o restante de sua equipe e a duquesa de Sorby. Alheia a tudo, Juliane mantinha o olhar fixo na janela do avião, fitando o nada.

Estava se remoendo pela culpa de ter mentido. E pela tristeza de ter magoado alguém que estava ocupando um lugar especial em seu coração.

—Eu não menti sobre o que sinto por você, Saga. -dizia-se em pensamentos, deixando uma lágrima rolar solta pelo rosto.

—Oi, sou seu copiloto. O piloto pediu que coloquem seus cintos para a decolagem. -falou um homem saindo da cabine.

—Espere. -um dos seguranças fala. -Eu não conheço você. Cadê o Marco?

O copiloto olhou para um dos seguranças, que sacou sua arma e disparou contra seus dois colegas diante do olhar aterrorizado da princesa, que não conteve um grito.

—Psssiu! -pediu o atirador.

—Jogue os corpos para fora e vamos embora. -ordenou o copiloto.

—O que significa isso? -ela perguntou, recuperando-se do choque e encarando com raiva os outros dois homens. -Assassinos!

O copiloto virou-se e deu um fortíssimo tapa no rosto da princesa, fazendo-a sentar-se contra sua vontade em uma poltrona. Ela o encarou com indisfarçável ódio, com a mão em sua face vermelha e dolorida.

—Coloque o cinto, Alteza. -avisou, apertando o cinto dela. -É um sequestro, se não notou.

—Para onde me levarão? Exijo saber de tudo! -falou com altivez.

O copiloto a ignorou e voltou a cabine.

Do aeroporto, Plavov indagava pelo celular o atraso de seu pessoal e da duquesa, quando notou que o avião da princesa estava estacionando para decolar...e sem ele! Foi quando percebeu os dois corpos jogados na pista. Seguranças do aeroporto notam a movimentação e correm para a pista, dando alerta.

—Mas...que diabos? -correu para a pista, fazendo sinal que ele parasse.

Tarde demais. O avião decolou, e Plavov percebe impotente que seu maior pesadelo estava acontecendo naquele momento. Alguém que deveria proteger com sua vida, havia sido levada.

 

Continua...

 



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